1. Compreender as relações entre as principais atividades económicas dos séculos XIII e XIV e os recursos naturais disponíveis 1.1. Salientar a vulnerabilidade das populações medievais face às condições naturais e às técnicas rudimentares disponíveis. 1.2. Caracterizar as principais atividades económicas medievais, destacando a agricultura como atividade principal, bem como o desenvolvimento do comércio interno e externo. 1.3. Caracterizar as principais rotas de comércio externo no século XIII, salientando o papel dos portos portugueses nesse comércio. 1.4. Relacionar o desenvolvimento do comércio nos séculos XII e XIII com o crescimento das cidades e da população urbana no mesmo período. METAS CURRICULARES
Meio rural Meio Urbano Teriam as mesmas atividades?
2. Exploração florestal 3. Pecuária (criação de animais) 5. Artesanato 6. Comércio 4. Pesca 1. Agricultura A reconquista cristã terminou no século XIII (1249), seguindo-se um período de paz (fim das guerras) e estabilidade, o que permitiu o aproveitamento dos recursos naturais e o desenvolvimento económico do país. Atividades económicas Atividade económica: Atividade a que se dedicam as pessoas para garantirem a sua subsistência.
Agricultura A maior parte da população tinha que se dedicar à agricultura e dependia do relevo, clima e solo. Apesar das novas técnicas e instrumentos agrícolas trazidas pelos muçulmanos, era um trabalho duro e ingrato.
Os reis promoveram o aumento das áreas de cultivo, através do aproveitamento de terrenos aráveis e os baldios . Baldio: terreno inculto, sem proveito. Colono : aquele que cultiva uma porção de terra.
Tarefas agrícolas Calendário agrícola medieval, Pietro Crescenzi, c. 1306
Para assegurar que o terreno arável cumpria a sua função produtiva, era essencial manter a sua fertilidade, deixando- o descansar de vez em quando, estrumá-la e ará-lo. O rendimento do cultivo de cereais dependia da eficiência com o conjunto destas tarefas. Mas a eficiência deste processo estava intimamente ligada à qualidade da criação de animais. A frequência do cultivo podia ser maior e era mais rendosa, consoante o número e a força dos animais dos animais de tração. Quando maior era a manada a pastar no pousio, melhor era a fertilização natural. A interdependência entre as atividades de cultivo e de pastoreio é a chave do sistema agrícola tradicional da Europa. Georges Duby , Guerreiros e camponeses Porque é que era importante descansar o terreno? 2. Qual a atividade ligada à agricultura? Porquê? 3. Comenta a seguinte frase: "Quando maior era a manada a pastar no pousio , melhor era a fertilização natural ". Pousio: Descanso que se dá a uma terra cultivada, interrompendo-lhe a cultura por um ou mais anos.
Cena de caça. Floresta Como a maior parte do território estava coberto por florestas, foi necessário desbravar o terreno . As florestas eram exploradas para aproveitamento da madeira , instalação de colmeias para obtenção do mel , cera, cogumelos, castanhas e permitiam a caça . A madeira era usada lenha e construção de casas de instrumentos.
Criação de animais. Pecuária (criação de animais) Era uma atividade normalmente associada à agricultura e que a complementava. A criação de animais ajudava nos trabalhos agrícolas e fornecia alimentos e matérias-primas. Criavam: - aves de capoeira (galinhas, patos, gansos) e coelhos; - gado bovino (vacas e bois); - gado ovino (ovelhas e carneiros); - gado caprino (cabras e bodes); - equídeos (cavalos, burros, mulas). Obtinham carne , leite , lã , ovos e peles .
A pesca do sável no rio Tejo (século XIV). Pesca Portugal tem um vasto litoral e muitos rios. A pesca sempre teve muita importância e era feita perto da costa – pesca costeira – ou nos rios – pesca fluvial .
Pesca O peixe nos hábitos alimentares dos Portugueses Nos dias de jejum impostos pela Igreja, era interdito o consumo de carne, mas autorizado o do peixe. Isso contribuiu para o aumento da sua importância nos hábitos alimentares dos Portugueses. Pesca artesanal.
Conservação de alimentos A salicultura (sal extraído do mar) era importante para a conserva dos alimentos em sal. Principais formas de conservação: Secagem ao sol; Fumeiro; Conservação em sal (técnica trazida pelos Cartagineses). Peixe seco ao sol.
A alimentação do camponês A sua alimentação baseava-se em: legumes e hortaliças; cereais (trigo, centeio, cevada, aveia); castanhas e bolotas; vinho; algum peixe (se vivessem junto de um rio ou no Litoral); pouca carne.
Artesanato Os camponeses, os pastores e os pescadores eram também artesãos , na medida em que fabricavam os objetos, o calçado, o vestuário e instrumentos agrícolas que necessitavam no seu quotidiano. Os artesãos faziam manualmente os utensílios domésticos e o vestuário , necessários à população . Utilizam ferramentas muito simples e as matérias-primas da região. Produção manual: Produtos feitos à mão.
O ferreiro. O tanoeiro. Nas cidades já existiam artesãos que se dedicavam a tempo inteiro ao seu ofício: ferreiros; tanoeiros; alfaiates; carpinteiros; pedreiros; Sapateiros; Correeiros; oleiros. O carpinteiro.
Produtos obtidos Matérias-primas Artesanato Agricultura Exploração florestal Pecuária Pesca Legumes Frutos (figos, avelãs, castanhas, maçãs, laranja amarga) Cereais (aveia, cevada, trigo, milho miúdo) Vinho Azeite Linho (vestuário) Lenha e madeira Cortiça Mel Cera Carne Ovos Leite Queijo Couro Lã Força de trabalho Peixe (no mar : sardinha, carapau, pescada, truta, atum; nos rios : salmão, lampreia) Moluscos Marisco Instrumentos variados Vestuário Calçado
Comércio Enquanto não houve condições de segurança e a produção se limitava à auto subsistência , o comércio era pobre, não passando, muitas vezes, da troca direta . A partir do século XIII, o clima de estabilidade e paz permitiu o aumento da produção que ajudou no desenvolvimento do comércio. Agricultura de subsistência: produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da comunidade em que está inserido. Comércio : Atividade que consiste na compra e venda de produtos. Comércio Interno (dentro do mesmo país) Externo (com outros países)
Aproveitamento dos recursos naturais Desenvolvimento das atividades económicas Comércio
Comércio interno Devido ao aumento da produção, assistiu-se a um crescimento dos mercados e feiras . Aí, apesar de se manterem as trocas diretas, a moeda já circulava com alguma frequência . Reconstituição de um mercado medieval.
O almocreve. O comércio interno era praticado em feiras cuja realização estava dependente de uma autorização do rei, através da carta de feira . As feiras podiam ser diárias , semanais , mensais ou anuais . Os reis promoviam também a realização de feiras francas , isto é, feiras nas quais os vendedores não pagavam impostos sobre os produtos que vendiam . Comércio interno Para além das feiras , onde se vendia e comprava , existiam também os almocreves , que viajavam de terra em terra a vender os seus produtos .
Mercado medieval. A importância dos mercados e feiras Permitiam o acesso a produtos que faltavam. Davam ao produtor a possibilidade de aumentar os seus rendimentos. Estimulavam a produção. Eram locais de convívio e de festa. acontecimento mais frequente, limitado a uma região. Mercado era, por vezes, de realização anual e de maior duração, concentrando vendedores de várias regiões. Feira
Comércio externo O comércio externo era realizado por mercadores de outros lugares da Europa e de outras regiões que utilizavam os portos naturais , como o de Lisboa e do Porto, por onde passavam rotas que seguiam para o norte da Europa. Têxteis, madeiras, especiarias, metais, objetos de adorno Comprava Frutos secos, peixe seco, sal, vinho, azeite, mel, cera, cortiça, peles Vendia PORTUGAL
As cidades de Lisboa e Porto passaram a ser importantes centros de comércio. O dinamismo comercial das cidades destes portos levou ao desenvolvimento das suas cidades e ao aumento da sua população . Comércio
No século XIII, a população portuguesa era cerca de um milhão de habitantes, que se concentrava mais no litoral norte. Crescimento das cidades O aumento da população fez com que se construíssem novas muralhas para proteger todos os moradores das cidades.
Crescimento das cidades Com o aumento da população, alargaram-se as cidades para fora das muralhas, as ruas eram batizadas com nomes de artes e ofícios . Fanqueiro: comerciante de tecidos de algodão Dourador: artífice que revestia a folha de ouro os livros, os quadros e outras peças. Correeiro: pessoa que fabrica e/ou comercializa produtos em couro
Comércio na Guarda Carta de foral: Documento escrito real que autorizava uma localidade a tornar-se um Concelho . Os cereais (centeio), o gado, o queijo da serra e a lã, sempre foram produtos da maior importância e peso na economia nesta zona. dinamismo comercial crescimento urbano Pastorícia, comércio de queijo, cereais, fibras de lá, cobertores de papa Objetivo : a fixação de população , o reconhecimento de vários privilégios e liberdades aos centros urbanizados e dinâmicos em comércio e artesanato. A feira anual da Guarda foi instituída por D. Afonso III, por carta de feira de 25 de março de 1255 (séc. XIII).
António Correia (Foto Hermínios, Guarda), Pastor com cão [1930-1940]. Col. Museu da Guarda. Imagem MatrizPix . Cobertores de papa - mantas de lã churra (lã em rama, grossa e em estado bruto) selecionada e fiada especificamente para este fim, tecidas num enorme tear totalmente manual.