Este arquivo apresenta uma profunda reflexão sobre o papel da ética no cotidiano escolar, articulando referências filosóficas clássicas e literárias com os desafios vividos na educação pública contemporânea. A partir do pensamento de Platão, questiona-se a sabedoria humana, evidenciando q...
Este arquivo apresenta uma profunda reflexão sobre o papel da ética no cotidiano escolar, articulando referências filosóficas clássicas e literárias com os desafios vividos na educação pública contemporânea. A partir do pensamento de Platão, questiona-se a sabedoria humana, evidenciando que o verdadeiro saber está em reconhecer os próprios limites e a ignorância sobre aquilo que não se conhece. Essa postura crítica e humilde sobre o conhecimento é fundamental para o exercício docente, pois impede julgamentos precipitados e estimula o educador a buscar compreender, antes de agir ou impor certezas. As citações da “Apologia de Sócrates” reiteram a necessidade de considerar fatos e não apenas palavras, orientando práticas pedagógicas embasadas no diálogo e na reflexão constante sobre a própria atuação.
No diálogo com a literatura, trechos de “O Pequeno Príncipe” são utilizados para destacar temas como responsabilidade, empatia, escuta e distinção entre o essencial e o supérfluo. Frases como “é o tempo que gastaste com tua rosa que a torna importante” e “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” ilustram a ética do cuidado no ambiente escolar, onde o educador é convidado a investir tempo e atenção nas relações humanas para fortalecer vínculos afetivos e construir sentidos coletivos. Assim, o julgamento de si mesmo, a abertura ao outro e a compreensão de que “as palavras são uma fonte de desentendimento” ganham centralidade para uma educação verdadeiramente inclusiva e democrática.
A ética, nesse contexto, não é vista como um conjunto rígido de preceitos, mas como travessia: um caminho pautado pela escuta, pela dúvida, pelo diálogo e pela participação ativa na construção do conhecimento. Os apontamentos de Nietzsche e Epicteto, evocados no artigo, ampliam essa reflexão, indicando que a busca pelo autoconhecimento e pela superação de si mesmo é parte fundamental do processo educativo. Além disso, problematiza-se a noção de justiça, destacando que valores e normas não são absolutos ou universais, mas frutos de impressões e de experiências compartilhadas na coletividade escolar.
A partir dessas bases, o arquivo defende práticas pedagógicas que promovam a democracia, a inclusão e o protagonismo dos sujeitos, valorizando a pluralidade das experiências e o respeito às diferenças. Defende-se a responsabilidade do educador de criar ambientes escolares abertos ao diálogo, à colaboração e à construção coletiva de sentidos, reconhecendo-se também a importância de lidar com conflitos, desafios e incertezas de maneira ética e reflexiva. Em síntese, o texto oferece um panorama filosófico e prático sobre as bases da ética escolar, propondo uma atuação docente sensível, comprometida e voltada para a transformação social por meio da educação pública.
Size: 297.03 KB
Language: pt
Added: Sep 23, 2025
Slides: 11 pages
Slide Content
“Sou sim mais sábio que esse homem ; pois corremos o risco de não saber, nenhum dos dois , nada de belo nem de bom , mas enquanto ele pensa saber algo, não sabendo , eu , assim como não sei mesmo , também não penso saber... É provável , portanto , que eu seja mais sábio que ele numa pequena coisa , precisamente nesta : porque aquilo que não sei, também não penso saber.” Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND PLATÃO, [2008], p. 49, loc. 942
Porque naturalmente, varões, temer a morte não é outra coisa senão parecer que se é sábio, quando não se é – pois é parecer que se sabe o que não se sabe... Mas a morte, ninguém sabe se acaso não é o maior de todos os bens para o homem – porém a temem como se soubessem ser o maior dos males! E o que é isso, senão aquela ignorância mais reprovável: a de se pensar saber o que não se sabe? PLATÃO, [2008], p. 114, loc. 1154
Referências PLATÃO. Apologia de Sócrates. Introdução, tradução do grego e notas de André Malta. Porto Alegre: L&PM Pocket, [2008?]. E-book Kindle. Disponível em: https://www.lpm.com.br . Acesso em: 17 set. 2025.
O Pequeno Príncipe Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND
“A verdade é que eu não sabia compreender coisa alguma. Devia levar em consideração os fatos e não apenas as palavras.” “...eu terei de suportar a presença de duas ou três lagartas se quiser conhecer borboletas “ “ Não se deve exigir de cada um senão o dever que cada qual pode cumprir” “É muito mais difícil julgar-se a si mesmo do que julgar aos outros. Se conseguires julgar com retidão a ti próprio, és então um homem de real sabedoria.” “Tenho amigos a descobrir e muitas coisas que preciso compreender”
“As palavras são uma fonte de desentendimento.” “Os ritos são coisas também muitas vezes negligenciadas – disse a raposa. – São eles que fazem um dia diferente dos outros dias, uma hora diferente das outras horas.” “ ... somente com o coração é que se pode ver direito; o que é essencial é invisível para os olhos.” “ ... É o tempo que gastaste com a tua rosa que assim a torna tão importante.” “És responsável, para sempre, pelo que domesticaste. És responsável pela tua rosa...”
O manual de Epicteto Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA-NC
“Para a Divindade, tudo é belo, bom e justo, mas os homens supuseram umas coisas injustas, outras justas”[16]” “És impressão e de modo algum és o que se apresenta”. “Se fores aos banhos públicos, considera o que acontece na sala de banho: os que atiram água, os que se esbarram, os que insultam, os que roubam.” “Não te exaltes por nenhuma vantagem [15] que pertença a outro. Se um cavalo, exaltando-se, diz: “Sou belo”, isso é tolerável. Mas tu, quando dizes, exaltando-te: “Possuo um belo cavalo”, saibas que te exaltas pelo bem do cavalo. Então o que é teu? O uso das impressões [16].”
Friedrich Nietzsche Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND
“O animal mais veloz que nos conduz à perfeição é a dor.” “Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.” “Somente penso no que fiz e pensei durante o dia. Ruminando, interrogo-me pacientemente como uma vaca. Então, quais foram as tuas dez vitórias sobre ti mesmo? E quais foram as dez reconciliações, e as dez verdades, e os dez risos, com que se alegrou o meu coração? Maquinando nestas coisas e acalentado por quarenta pensamentos, o sono, que eu não chamei, logo me surpreende. ”