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aglomeravam dezenas de pretos escravos.
(GERLACH; MACHADO, 1982, p. 21)
Os tropeiros nas suas viagens do planalto ao litoral traziam
variados alimentos como o charque, o queijo e o pinhão, além do
gado e levavam para o planalto, aquilo que tinha sua produção
reduzida ou pela sua inexistência própria (SIMAS, 2010). São
José demonstrava neste período, forte influência no comércio
catarinense. Os engenhos de mandioca, que produziam farinha
até a altura da década de 1970, se localizavam em diferentes
localidades, hoje bairros como Forquilhas, Picadas do Norte,
Serraria e Barreiros, são indícios da importância desta produção
na economia local (SILVA, 2006). Ainda segundo esta mesma
autora, o algodão e o linho, este último utilizado para a confecção
de tecidos, apetrechos de pesca como redes, tarrafas, espinhéis
e cordas, eram cultivados em Barreiros, Sertão do Maruim,
Picadas do Norte e Serraria. Neste sentido Farias (2001)
completa ao afirma que:
A produção das pequenas propriedades e
das maiores gerava um volume significativo
de farinha, milho, feijão, açúcar, café,
cachaça, vinho e frutas diversas que,
somado ao peixe seco, abastecia o comércio
de Desterro, do planalto catarinense e de
outras partes do Brasil. Foi graças a este
comércio que São José se tornou um grande
centro sociocultural em meados do século
XIX. Para fazer funcionar esta engrenagem
socioeconômica de produção e prestação de
serviços havia inúmeros profissionais
autônomos: ferreiros, pedreiros, carpinteiros,
seleiros, construtores de embarcações,
oleiros, cartorários, artesãos, sapateiros,
padeiros, classificados como artistas, os
quais somados aos comerciantes,
agricultores, militares, funcionários públicos,
dinamizavam a economia local. (FARIAS,
2001, p. 124)
Este comércio que se configurava de forma forte entre a
região do planalto lageano e o litoral, foi importante para o
povoamento da região, pois, concomitantemente com a