Introdução a Como funciona a Ressonância
Nuclear Magnética Funcional (RNMf)
A tecnologia médica evoluiu tanto nos últimos anos que,
hoje, os exames por imagem conseguem cortar o corpo
em fatias extremamente finas obtendo imagens e criando
modelos tridimensionais de órgãos e tecidos para
descobrir anormalidades e diagnosticar doenças.
Entretanto, um tipo relativamente novo de exame
chamado ressonância nuclear magnética funcional
(RNMf) leva a tecnologia um passo além. Ele não apenas
consegue ajudar a diagnosticar doenças cerebrais, como
também permite que os médicos entrem em nossos
processos mentais para determinar o que estamos
pensando e sentindo. A RNMf ainda pode ser capaz de
detectar se estamos falando a verdade.
O exame se baseia na mesma tecnologia da ressonância
nuclear magnética (RNM) - um teste não-invasivo que
utiliza um forte campo magnético e ondas de rádio para
criar imagens detalhadas do corpo. Mas em vez disso, a
RNMf analisa o fluxo sanguíneo no cérebro para detectar
as áreas de atividade. Essas mudanças no fluxo, que são capturadas em um computador, ajudam os
médicos a compreender melhor a forma como o cérebro funciona.
O conceito por trás de RNM existe desde o início do século 20. E no início da década de 30, Isidor Isaac
Rabi, físico da Universidade de Columbia, fez experimentos com as propriedades magnéticas dos
átomos. Ele descobriu que um campo magnético associado a ondas de rádio fazia com que os núcleos
dos átomos "se movessem", uma propriedade conhecida hoje como ressonância magnética. Em 1944,
Rabi ganhou o Prêmio Nobel de Física por seu trabalho pioneiro.
Na década de 70, Paul Lauterbur, professor de química da Universidade Estadual de Nova Iorque, e
Peter Mansfield, professor de física da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, usaram
individualmente a ressonância magnética como base para o desenvolvimento de uma nova técnica
diagnóstica chamada de ressonância nuclear magnética. O primeiro scanner de RNM comercial foi
produzido em 1980.
Então, no início da década de 90, o físico Seiji Ogawa - que estava trabalhando na Bell Laboratories, em
Nova Jersey - descobriu, enquanto realizava estudos com animais, que a hemoglobina pobre em
oxigênio (a molécula no sangue que conduz o oxigênio) era afetada por um campo magnético de forma
diferente da hemoglobina rica em oxigênio. O físico percebeu que podia usar esses contrastes na
quantidade de oxigênio do sangue para mapear as imagens da atividade cerebral em um exame normal
de RNM.
A ideia básica por trás da descoberta de Ogawa foi proposta mais de meio século antes pelo químico
Linus Pauling. Na década de 30, Pauling descobriu que a reação do sangue rico em oxigênio e do
sangue pobre em oxigênio à força de um campo magnético era diferente em até 20%. Na RNMf, a
localização dessas diferenças permite que os cientistas determinem as partes do cérebro que estão
sendo irrigadas por sangue e por isso são mais ativas.
Como a RNMf escaneia o cérebro?
A RNMf baseia-se na ideia de que o sangue que carrega o oxigênio dos pulmões se comporta de forma
diferente, isso em um campo magnético, do que o sangue que já liberou seu oxigênio às células. Em
outras palavras, o sangue rico em oxigênio e o sangue pobre em oxigênio possuem uma ressonância
magnética diferente. Os cientistas sabem que áreas mais ativas do cérebro recebem mais sangue
oxigenado. A RNMf captura esse fluxo sanguíneo elevado para localizar onde há maior atividade. A
medida do fluxo e volume de sangue e do uso de oxigênio é chamada de sinal BOLD (nível
dependente de oxigênio no sangue).
© istockphoto.com / Scott Hirko
Visão geral de um aparelho de
ressonância magnética