pelas origens, o Candomblé é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele
continente, que é o berço da terra. De uma f orma
básica, no Candomblé não existem "incorporações" de espíritos, pois os orixás de quem sentimos força
e vibrações, são energias puras da natureza, que não passaram pela vida, ou seja, não são
"entidades", mas elementais puros da natureza, criados por Olorún. No Candomblé a consulta é feita
através da leitura esotérico/divinatória do jogo de búzios (no Brasil) - forma de leitura exclusiva do
povo candomblecista - e o tratamento para cada caso, é feito com elementos da natureza, oriundos
dos reinos vegetal, animal e mineral, através de ebós (oferendas), Orôs (rezas) e rituais africanos.
A Umbanda por sua vez - sem qualquer demérito a quem a pratica,
pois se levada de uma forma séria e consciente tem seu mérito, valor e aplicação -, é uma religião
brasileira, que advém do sincretismo católico-fetichista, necessário em uma época de grande repressão
das religiões africanas, em que era proibido o culto dos orixás na sua forma de origem. A partir desta
premissa, a Umbanda começou a tomar corpo, com algu m conhecimento de alguns africanos no trato
com seus ancestrais, onde se fazia a "incorporação" de algum ente falecido, por um elégún por motivos
familiares. Na Umbanda por sua vez, a consulta é feita através de um médium "incorporado" , e os
"trabalhos" pelo espírito ali incorporado com seus elementos rituais. A umbanda é deste século, e
utiliza os orixás do Candomblé, sob outra forma e outro aspecto. Qualquer incorporação, deste gênero,
que se fale com as pessoas, beba ou fume em público, não é Candomblé, é umbanda; a única
manifestação "semelhante" no Candomblé é a figura d o Erè, que, assim como o orixá, é um elemental
da natureza, com uma conduta infantilizada, e que nunca passou pela vida, portanto não é um egun
(espírito de morto). Ele tem função específica, e uma delas é se comunicar pelo orixá, justamente pelo
fato de que ele não fala. Assim, nos referimos como "estado de erê".
O RITUAL DE ENTRADA
O ritual de iniciação no candomblé é uma cerimônia secreta. Antes de ser iniciada, a noviço (a) fica
quase um mês trancada na camarina, um quartinho mui to simples que tem uma portinha, a palha do
dendezeiro e para entrar é necessário tirar os sapatos. O teto é de amianto e a camarina tem uma
janelinha, para ventilar o ar. No chão, uma esteira e atrás uma mesinha, um prato, uma caneca e a
noviço (a) só pode comer com colher.
Durante o período de clausura, o futuro filho de s anto passa por um processo de
entorpecimento, tendo a cabeça raspada, bebendo san gue de animais sacrificados e fazendo o
juramento ao candomblé. No dia da festa, o terreiro fica cheio de convidados. O barracão canta com os
atabaques. O iniciado (a) é finalmente apresentado ao público.
ENCORPORAÇÃO E POSSESSÃO
Assunto polêmico até mesmo entre os adeptos, o qual dá margem, a interpretações e atitudes,
erradas, exageradas e equivocadas, dentro e fora da comunidade.
Duas situações de extrema seriedade, normatizam e d efinem na sua essência a "incorporação" pelo
orixá do seu "filho", lista na categoria dos adoxús, aqueles que "sentem" o orixá:
1º - A Lei de Deus não permite, em momento ou insta nte algum, que o ser humano, não esteja sempre
em condições de exercer seu livre arbítrio, ou seja, comandar a si mesmo.
2º - Este mesmo livre arbítrio está presente em todas as horas e situações no Candomblé, e, como
dissemos, o orixá, é uma energia pura da natureza.
Portanto, o que sentem os adoxúns quando "incorpora dos", é uma forte vibração dessa energia, que no
primeiro impacto, é muito forte e com o decorrer do tempo de "incorporação", vai enfraquecendo, para
explicar melhor ao leigo, é como uma forma de "encanto", motivo pelo qual a atitude, de quando ainda
a pessoa é iniciada, não abre os olhos ou fala, pois se o fizer, some o "encanto", com o passar dos
anos, este orixá "incorporado" assume algumas atitudes independentes, pelo seu próprio
amadurecimento e compreensão desta forma de energia . O que varia bastante de pessoa para pessoa,
é a intensidade dessa energia, e, como se sente, quando está sob esse efeito. A única possibilidade,
fora disso, para uma perda de consciência, é de que, na África, conforme consta em alguns livros,
eram ministrados aos iniciados (mas somente nesta fase) um tipo de beberagem. Composta de plantas
que teriam este poder, da pessoa ficar num estado de letargia ou sub-consciência.
A RELIGIÃO
O Candomblé é uma religião dinâmica, ao contrário da imaginação de muitos, pela sua variedade de
deuses, é essencialmente monoteísta, crê em um únic o Deus e criador, Olorún (olo=dono, senhor ;
orun= céu, espaço celeste sagrado), que criou o céu e a terra, os orixás e o homem. O Orún sua
moradia e dos Araorún, todos os ancestres e elementais divinizados; o Aiyé, moradia dos Araiyé, os