DOENCAS TRANSMISSIVEIS PELA TRANSFUSAO DE SANGUE.pdf

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About This Presentation

Coloca os quadros e imanes e no cabeçáeio d todas folhas deve ter o nome do Instituto e o logotipo que está na capa


Slide Content

HOSPITAL MILITAR PRINCIPAL
INSTITUTO SUPERIOR
DEPARTAMENTO DE HEMOTERAPIA




TEMA:
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELA
TRANSFUSÃO DE SANGUE






Autor(a): 2º Sargento Maria Domingos António




Luanda, 2025

ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 4
Objetivo Geral .................................................................................................................................... 4
Objetivos Específicos......................................................................................................................... 4
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 5
Conceito ou Definição Abrangente .................................................................................................... 5
QUADRO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELO SANGUE ................................................ 6
PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELO SANGUE .................................................... 7
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO PADRONIZADOS NAS HEMOTERAPIAS A NÍVEL
INTERNACIONAL ........................................................................................................................... 8
NAT (TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DE ÁCIDOS NUCLEICOS) ............................................... 10
TÉCNICAS DE INATIVAÇÃO DE PATÓGENOS ...................................................................... 10
1. Método por Solvente/Detergente (S/D) ....................................................................................... 10
2. Método com Azul de Metileno e Luz Visível .............................................................................. 11
3. Método com Amotosaleno e Luz Ultravioleta A (UVA) ............................................................. 11
4. Método com Riboflavina (Vitamina B2) e Luz Ultravioleta ....................................................... 11
5. Filtração de Leucócitos (Leucorredução) .................................................................................... 11
FORMAS DE PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NAS HEMOTERAPIAS .. 12
Principais medidas de prevenção ..................................................................................................... 12
Importância da prevenção ................................................................................................................ 13
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 15

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1. INTRODUÇÃO
A transfusão sanguínea constitui um dos avanços mais significativos da medicina moderna,
sendo considerada procedimento terapêutico essencial em diversas situações clínicas, como
hemorragias, anemias graves, cirurgias de grande porte e tratamento de doenças hematológicas. A
disponibilidade de sangue e hemocomponentes seguros tem contribuído de forma decisiva para a
redução da mortalidade e a melhoria da qualidade de vida de inúmeros pacientes.
Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos e da implementação de rígidos protocolos de
triagem, a transfusão não está isenta de riscos. Entre os principais desafios encontram-se as doenças
transmissíveis pelo sangue, que podem comprometer a segurança do receptor e gerar repercussões
clínicas significativas. Patógenos como os vírus da imunodeficiência humana (HIV), da hepatite B
(HBV) e da hepatite C (HCV), além de agentes como Trypanosoma cruzi (doença de Chagas),
Treponema pallidum (sífilis) e Plasmodium spp (Malária), representam ameaças relevantes no
contexto da hemoterapia.

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OBJETIVOS
Objetivo Geral
Analisar as principais doenças transmissíveis pela transfusão de sangue, destacando seus
agentes etiológicos, formas de transmissão, métodos diagnósticos, técnicas de inativação de
patógenos e medidas preventivas adotadas nas hemoterapias, com o intuito de reforçar a
importância da segurança transfusional na prática médica e hospitalar.
Objetivos Específicos
 Identificar e classificar as doenças transmissíveis pelo sangue em virais, bacterianas e
parasitárias;
 Descrever as principais doenças de relevância para as hemoterapias, incluindo agentes
causadores, formas de transmissão e grupos de risco;
 Apresentar os métodos de diagnóstico padronizados internacionalmente utilizados na
triagem de doadores;
 Explicar o funcionamento e a importância do Teste NAT (Teste de Amplificação de
Ácidos Nucleicos) na detecção precoce de infecções;
 Descrever as técnicas de inativação de patógenos aplicadas aos hemocomponentes;
 Destacar as formas de prevenção e controle das doenças transmissíveis nas práticas
hemoterápicas;

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conceito ou Definição Abrangente
As Doenças Transmissíveis pelo Sangue (D.T.S) são aquelas infecções causadas por
agentes patogênicos — como vírus, bactérias, fungos ou parasitas — que podem ser transmitidos
de uma pessoa para outra através do contato direto com sangue contaminado ou seus derivados,
principalmente por meio de transfusões sanguíneas, transplantes de órgãos, uso compartilhado
de seringas, materiais cortantes não esterilizados e acidentes ocupacionais envolvendo
exposição a sangue.
Essas doenças representam um dos maiores desafios para a segurança transfusional, pois
o sangue é um veículo potencial de diversos microrganismos capazes de causar infecções graves e,
em muitos casos, crônicas. Por esse motivo, os serviços de hemoterapia adotam protocolos
rigorosos de triagem clínica e laboratorial de doadores, com o objetivo de garantir que o sangue
doado seja seguro e livre de agentes infecciosos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as principais doenças transmitidas
pelo sangue incluem as hepatites virais (B, C e D), o HIV/AIDS, a sífilis, a malária, e a doença
de Chagas, entre outras. A infecção pode ocorrer tanto em receptores de sangue quanto em
profissionais de saúde expostos de forma acidental a material biológico contaminado.
Assim, as Doenças Transmissíveis pelo Sangue constituem um importante problema de
saúde pública, exigindo monitoramento constante, diagnóstico preciso, controle laboratorial
rigoroso e adoção de medidas preventivas em todos os processos que envolvem o manuseio de
sangue humano.

QUADRO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELO SANGUE
< Doença Agente Etiológico Observações Relevantes
VIRAIS Hepatite B
(HBV)
Vírus da Hepatite B
(HBV)
Uma das principais causas de
infecção crônica transmitida por
transfusão.

Hepatite C
(HCV)
Vírus da Hepatite C
(HCV)
Transmissão principalmente por
sangue e hemoderivados.
Hepatite D
(HDV)
Vírus da Hepatite D
(HDV)
Ocorre apenas em coinfecção com o
vírus da hepatite B.
HIV/AIDS Vírus da
Imunodeficiência
Humana (HIV-1 e HIV-
2)
Transmissão sexual, vertical e
transfusional.

HTLV-I/II Vírus Linfotrópico
Humano de Células T
tipo I e II
Pode causar leucemia e doenças
neurológicas.

Citomegalovirose Citomegalovírus
(CMV)
Pode causar infecção grave em
imunossuprimidos e neonatos.
BACTERIANAS Sífilis Treponema pallidum Transmissão por sangue
contaminado e relações sexuais.
Brucelose Brucella spp. Rara transmissão transfusional, mas
possível em áreas endêmicas.

Bartonelose Bartonella bacilliformis Possível transmissão por transfusão
em regiões tropicais.
PARASITÁRIAS Malária Plasmodium spp. Principal parasitose transmitida por
transfusão em áreas endêmicas.
Doença de
Chagas
Trypanosoma cruzi Um dos principais riscos
transfusionais na América Latina.
Toxoplasmose Toxoplasma gondii Rara, mas possível em receptores
imunodeprimidos.

Leishmaniose Leishmania donovani Transmissão documentada por
transfusão em regiões tropicais.

Babesiose Babesia microti Causada por parasita
intraeritrocitário, transmitido por
transfusão.

PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PELO SANGUE
As principais doenças transmissíveis pelo sangue são aquelas que apresentam maior risco
de serem transmitidas durante os procedimentos hemoterápicos. Entre elas, destacam-se as
doenças virais, bacterianas e parasitárias, que são objeto de vigilância constante nos serviços de
hemoterapia em todo o mundo.
As doenças virais representam a categoria mais relevante em termos de risco transfusional.
Entre elas, a hepatite B (HBV) ocupa uma posição de destaque. Essa infecção é causada pelo Vírus
da Hepatite B, pertencente à família Hepadnaviridae. Sua transmissão ocorre por meio do contato
com sangue contaminado, fluidos corporais, transfusões sanguíneas, uso compartilhado de agulhas
e objetos cortantes, além de transmissão vertical (de mãe para filho). Profissionais de saúde,
usuários de drogas injetáveis, pacientes que necessitam de transfusões frequentes e recém-nascidos
de mães infectadas são considerados grupos de risco.
Outra infecção de grande importância é a hepatite C (HCV), causada pelo Vírus da
Hepatite C, da família Flaviviridae. A principal forma de transmissão ocorre através do sangue,
especialmente em transfusões, procedimentos médicos sem esterilização adequada e
compartilhamento de seringas. Indivíduos submetidos a hemodiálise, receptores de sangue antes
da triagem obrigatória, e profissionais da saúde estão entre os grupos mais vulneráveis.
O HIV/AIDS também representa uma das doenças virais mais temidas no contexto
transfusional. O agente causador é o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV-1 e HIV-2),
pertencente à família Retroviridae. A infecção ocorre por via sexual, transfusão de sangue
contaminado, uso compartilhado de seringas, transmissão vertical e acidentes ocupacionais. Os
grupos de risco incluem profissionais de saúde, usuários de drogas injetáveis, pessoas com
múltiplos parceiros sexuais, receptores de sangue e recém-nascidos de mães infectadas.
Outra infecção viral relevante é a causada pelo HTLV-I/II (Vírus Linfotrópico Humano de
Células T tipo I e II). Esses vírus podem ser transmitidos por transfusão de sangue, amamentação,
relações sexuais desprotegidas e uso de agulhas contaminadas. Em alguns casos, o HTLV-I está
associado a doenças neurológicas e leucemias. Os grupos mais suscetíveis incluem usuários de
drogas injetáveis e receptores de sangue de doadores infectados.
Entre as doenças bacterianas, a sífilis é a principal preocupação transfusional. É causada
pela bactéria Treponema pallidum, uma espiroqueta que pode ser transmitida por via sexual,
transfusional ou vertical (de mãe para feto). Embora o risco de transmissão por sangue seja
reduzido devido à triagem rigorosa e ao armazenamento refrigerado, ainda é obrigatória a
realização de testes sorológicos para garantir a segurança. Pessoas com comportamento sexual de
risco e receptores de sangue sem triagem adequada estão entre os grupos vulneráveis.
No grupo das doenças parasitárias, destacam-se a Doença de Chagas, a malária e a
toxoplasmose.
A Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é transmitida principalmente
pelo inseto vetor conhecido como “barbeiro”, mas também pode ocorrer por transfusão sanguínea,

transplante de órgãos ou via congênita. Essa doença é endêmica na América Latina e representa
uma das principais preocupações em bancos de sangue da região. Grupos de risco incluem
indivíduos que vivem em áreas endêmicas e receptores de sangue de doadores infectados.
A malária, causada por parasitas do gênero Plasmodium (como P. falciparum e P. vivax),
é outra infecção parasitária que pode ser transmitida por transfusão de sangue. Embora a forma
mais comum de transmissão seja pela picada do mosquito Anopheles, a transmissão transfusional
é possível quando o doador se encontra na fase parasitêmica. O risco é maior em regiões tropicais
e endêmicas.
A toxoplasmose, por sua vez, é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. A infecção
ocorre principalmente pela ingestão de alimentos contaminados ou contato com fezes de gatos
infectados, mas também pode ser transmitida por transfusão de sangue contaminado, especialmente
em pacientes imunodeprimidos e receptores em estado crítico.
Essas doenças constituem as principais ameaças à segurança transfusional e, por isso, são
alvo de políticas internacionais de vigilância e prevenção. Todos os serviços de hemoterapia são
obrigados a realizar triagem clínica e laboratorial rigorosa de doadores, com o objetivo de
identificar e excluir indivíduos potencialmente infectados.
A adoção de testes sorológicos e moleculares avançados, associada à utilização de
tecnologias de inativação de patógenos e protocolos de biossegurança, tem reduzido
significativamente a ocorrência de infecções transmitidas por transfusões de sangue. Dessa forma,
as práticas hemoterápicas modernas buscam equilibrar a disponibilidade de sangue seguro com a
máxima proteção aos receptores.

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO PADRONIZADOS NAS HEMOTERAPIAS
A NÍVEL INTERNACIONAL
Os métodos de diagnóstico padronizados nas hemoterapias são essenciais para garantir
a segurança transfusional e prevenir a transmissão de doenças infecciosas através do sangue e
de seus componentes. De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS),
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Centers for Disease Control and Prevention
(CDC) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), todos os bancos de sangue devem
realizar testes laboratoriais rigorosos antes da liberação de qualquer unidade de sangue para
transfusão.
O objetivo principal desses métodos é detectar precocemente agentes infecciosos —
como vírus, bactérias e parasitas — mesmo em fases iniciais da infecção, quando o indivíduo ainda
não apresenta sintomas. Essa triagem laboratorial é composta por testes sorológicos, testes
moleculares (como o NAT) e, em alguns casos, testes rápidos de triagem complementar,
realizados com precisão e padronização internacional.

Os testes sorológicos são os mais amplamente utilizados nos serviços de hemoterapia. Eles
identificam anticorpos (IgM e IgG) ou antígenos específicos presentes no sangue do doador,
indicando infecção atual ou prévia. Já os testes moleculares são capazes de detectar diretamente
o material genético (DNA ou RNA) dos microrganismos, reduzindo o período de janela
imunológica e aumentando a segurança transfusional.
A seguir, apresentam-se os principais exames obrigatórios realizados nos bancos de sangue,
padronizados a nível internacional:
 Hepatite B (HBV):
o Testes aplicados: HBsAg (antígeno de superfície), anti-HBc (anticorpos contra o
core do vírus) e, em alguns casos, Teste NAT para detecção de DNA viral.
o Finalidade: Identificar infecção ativa ou passada pelo vírus da hepatite B.
 Hepatite C (HCV):
o Testes aplicados: Anti-HCV (anticorpos) e Teste NAT para detecção direta do
RNA do vírus.
o Finalidade: Confirmar exposição ou infecção ativa pelo HCV.
 HIV-1 e HIV-2 (Vírus da Imunodeficiência Humana):
o Testes aplicados: Testes imunoenzimáticos (ELISA ou quimioluminescência) e
Teste NAT para RNA viral.
o Finalidade: Detectar antígenos p24 e anticorpos específicos, mesmo no período de
janela imunológica.
 Sífilis (Treponema pallidum):
o Testes aplicados: VDRL, RPR (não treponêmicos) e testes confirmatórios
treponêmicos (FTA-Abs, TPHA).
o Finalidade: Identificar infecção ativa ou passada pelo Treponema pallidum.
 HTLV I/II (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas):
o Testes aplicados: ELISA e Western Blot.
o Finalidade: Detectar anticorpos contra os vírus HTLV I e II, responsáveis por
doenças neurológicas e leucemias.
 Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi):
o Testes aplicados: ELISA, imunofluorescência indireta ou hemaglutinação indireta.
o Finalidade: Identificar anticorpos específicos anti-Trypanosoma cruzi.
 Malária (Plasmodium sp.):
o Testes aplicados: Exame parasitológico (gota espessa), testes
imunocromatográficos rápidos e sorologia.
o Finalidade: Detectar a presença de parasitas do gênero Plasmodium,
especialmente em regiões endêmicas.
Esses exames são de caráter obrigatório e universal, sendo aplicados em todos os serviços
de hemoterapia do mundo. Sua execução rigorosa assegura que apenas o sangue livre de agentes
infecciosos seja liberado para uso clínico, preservando a integridade e a segurança dos receptores.

NAT (TESTE DE AMPLIFICAÇÃO DE ÁCIDOS NUCLEICOS)
O NAT (Teste de Amplificação de Ácidos Nucleicos) é um método laboratorial de alta
sensibilidade e especificidade utilizado nos bancos de sangue e centros de hemoterapia para
detecção precoce de infecções virais em doadores de sangue. Essa técnica representa um grande
avanço na segurança transfusional, pois permite identificar o material genético (RNA ou DNA)
de vírus como HIV, HCV e HBV, mesmo antes que o organismo produza anticorpos detectáveis
pelos testes sorológicos convencionais.
O princípio do NAT baseia-se na amplificação de sequências específicas de ácidos
nucleicos (DNA ou RNA) presentes nos microrganismos. Dessa forma, mesmo uma quantidade
mínima de vírus no sangue pode ser detectada com extrema precisão. O método reduz
significativamente o chamado período de janela imunológica, que é o intervalo entre a infecção
e o momento em que o sistema imunológico do doador produz anticorpos detectáveis.
Por exemplo, enquanto o teste sorológico para o HIV pode detectar a infecção em
aproximadamente 22 dias após o contágio, o NAT é capaz de identificá-la em até 9 dias. No caso
do vírus da hepatite C (HCV), o NAT reduz o período de janela de 70 para cerca de 7 a 10 dias,
e para o vírus da hepatite B (HBV), de cerca de 59 para 20 dias. Essa diferença representa um
avanço crucial na segurança dos hemocomponentes utilizados em transfusões.
Existem dois principais formatos de aplicação do NAT: o teste individual (ID-NAT) e o teste em
TÉCNICAS DE INATIVAÇÃO DE PATÓGENOS
As técnicas de inativação de patógenos são estratégias fundamentais utilizadas na
hemoterapia moderna para reduzir ou eliminar a capacidade infecciosa de vírus, bactérias e
parasitas presentes em hemocomponentes. Esses métodos têm como objetivo aumentar a
segurança transfusional, garantindo que o sangue coletado e processado seja seguro para o
receptor.
De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Food and Drug
Administration (FDA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os principais
métodos aplicados atualmente nos bancos de sangue são os seguintes:
1. Método por Solvente/Detergente (S/D)
É um dos métodos mais eficazes e amplamente utilizados para a inativação de vírus envelopados,
como HIV, HBV e HCV.
Baseia-se no uso de compostos químicos — geralmente trietilfosfato (TEP) e polissorbato-80 —
que dissolvem o envelope lipídico dos vírus, tornando-os incapazes de infectar as células
hospedeiras.

Esse processo é aplicado principalmente ao plasma fresco congelado e seus derivados, mantendo
a integridade das proteínas plasmáticas.
2. Método com Azul de Metileno e Luz Visível
Consiste na adição de azul de metileno, um corante fotossensível, ao plasma, seguida de
exposição à luz visível.
A reação fotoquímica resultante gera espécies reativas de oxigênio (radicais livres) que
danificam o material genético (DNA ou RNA) dos microrganismos, impedindo sua replicação.
Esse método é eficiente contra vírus envelopados e algumas bactérias, sendo amplamente
utilizado em bancos de sangue europeus devido à sua eficácia e baixo custo operacional.
3. Método com Amotosaleno e Luz Ultravioleta A (UVA)
O amotosaleno (S-59) é um agente fotossensibilizante que, quando ativado pela luz ultravioleta
A (UVA), liga-se ao DNA ou RNA dos patógenos, bloqueando a replicação e a transcrição do
material genético.
Essa técnica é eficaz na inativação de vírus, bactérias e parasitas e é utilizada em concentrados
de plaquetas e plasma.
O método faz parte do sistema INTERCEPT Blood System, aprovado pela FDA (EUA) e
recomendado pela OMS como padrão internacional de segurança biológica.
4. Método com Riboflavina (Vitamina B2) e Luz Ultravioleta
A riboflavina (vitamina B2), quando exposta à luz ultravioleta (UV), provoca alterações
químicas no material genético dos microrganismos, impedindo sua multiplicação.
Esse método é eficaz contra vírus envelopados e não envelopados, bactérias e parasitas.
É amplamente utilizado em países da Europa e América do Norte através do sistema Mirasol®,
garantindo um nível adicional de segurança no processamento do sangue.
5. Filtração de Leucócitos (Leucorredução)
Embora não seja uma técnica de inativação direta, a remoção de leucócitos (glóbulos brancos)
do sangue doado reduz significativamente o risco de transmissão de vírus intracelulares, como
o citomegalovírus (CMV), e de reações imunológicas adversas .
A leucorredução é considerada obrigatória em muitos países e representa uma medida
complementar essencial para aumentar a segurança transfusional.
Esses métodos, aplicados individualmente ou em combinação, constituem um sistema de
barreiras biológicas altamente eficaz contra a transmissão de patógenos pelo sangue,
representando um dos maiores avanços na área da hemoterapia moderna.

FORMAS DE PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NAS
HEMOTERAPIAS
A prevenção das doenças transmissíveis pelo sangue é um dos pilares fundamentais da
segurança transfusional. As medidas preventivas adotadas nos serviços de hemoterapia visam
reduzir ao máximo o risco de transmissão de agentes infecciosos — como vírus, bactérias e
parasitas — durante o processo de coleta, processamento, armazenamento e transfusão de
sangue e seus componentes.
Essas ações envolvem um conjunto de etapas rigorosamente controladas, desde a seleção dos
doadores até a administração final do sangue ao receptor, sendo todas baseadas em normas e
protocolos definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e Ministério da Saúde.
Principais medidas de prevenção
1. Seleção criteriosa dos doadores de sangue:
A triagem clínica é o primeiro e mais importante passo na prevenção. Nela, o profissional de
saúde realiza uma entrevista confidencial e detalhada para identificar comportamentos ou
condições de risco para infecções transmissíveis pelo sangue, como uso de drogas injetáveis,
múltiplos parceiros sexuais, histórico de transfusões recentes, doenças infecciosas e
viagens a áreas endêmicas. Doadores com qualquer fator de risco são temporariamente ou
definitivamente inaptos para doar.
2. Testes laboratoriais obrigatórios:
Todo sangue coletado deve ser submetido a triagem sorológica e molecular (NAT) para
detectar a presença de agentes infecciosos como HIV, Hepatite B (HBV), Hepatite C
(HCV), Sífilis, Doença de Chagas, HTLV I/II e Malária (em áreas endêmicas). Esses
testes são padronizados internacionalmente e constituem uma das principais barreiras
contra a transmissão transfusional.
3. Técnicas de inativação de patógenos:
Como medida adicional de segurança, os hemocomponentes podem ser submetidos a
procedimentos físico-químicos (como solvente/detergente, luz ultravioleta e riboflavina) que
eliminam microrganismos remanescentes não detectáveis pelos testes laboratoriais. Essas
técnicas reduzem o risco residual de transmissão de agentes infecciosos.
4. Controle rigoroso dos processos hemoterápicos:

A segurança transfusional também depende do cumprimento de boas práticas de fabricação,
armazenamento e transporte do sangue. Isso inclui o uso de materiais esterilizados e
descartáveis, a manutenção de cadeias de frio adequadas, e o registro de todas as etapas do
processo para garantir rastreabilidade e qualidade do produto final.
5. Capacitação contínua dos profissionais de saúde:
Médicos, enfermeiros, bioquímicos e técnicos de laboratório devem receber treinamento
periódico sobre biossegurança, controle de infecções e protocolos de emergência em caso de
exposição acidental ao sangue. Essa capacitação reduz erros humanos e aumenta a eficiência das
medidas preventivas.
6. Educação e conscientização dos doadores:
A promoção da doação voluntária e responsável é essencial para a prevenção. Doadores regulares
e conscientes tendem a apresentar menor risco de infecção. As campanhas de educação em saúde
devem enfatizar a importância da honestidade durante a triagem clínica e da doação segura
como um ato de cidadania e solidariedade.
7. Uso racional e criterioso do sangue:
O sangue deve ser transfundido somente quando realmente necessário, de acordo com protocolos
clínicos bem definidos. O uso desnecessário aumenta o risco de eventos adversos e de exposição a
possíveis agentes infecciosos. Essa prática é conhecida como hemovigilância e é uma das bases
da medicina transfusional moderna.
8. Hemovigilância e monitoramento contínuo:
Trata-se de um sistema de registro e análise de eventos adversos relacionados à transfusão, com
o objetivo de identificar falhas, corrigir processos e prevenir novas ocorrências. A hemovigilância
é obrigatória em vários países e contribui para a melhoria contínua da qualidade dos serviços de
hemoterapia.
Importância da prevenção
A aplicação rigorosa dessas medidas garante que o sangue destinado à transfusão seja seguro,
rastreável e de alta qualidade, protegendo tanto o receptor quanto o doador. A prevenção é mais
eficaz e economicamente vantajosa do que o tratamento de infecções após a transfusão. Além disso,
o fortalecimento dos programas de triagem, testagem e educação em saúde contribui para a
redução global das doenças transmissíveis pelo sangue e reforça os sistemas nacionais de vigilância
sanitária.

CONCLUSÃO
As Doenças Transmissíveis pela Transfusão de Sangue (D.T.S) representam um
importante desafio para a saúde pública mundial e exigem atenção contínua por parte dos serviços
de hemoterapia e das autoridades sanitárias. Apesar dos avanços tecnológicos e científicos
alcançados nas últimas décadas — como a introdução do Teste NAT, a aplicação de técnicas de
inativação de patógenos e a implementação de sistemas rigorosos de triagem clínica e
laboratorial — o risco de transmissão de agentes infecciosos pelo sangue ainda não foi totalmente
eliminado.
O fortalecimento das medidas de prevenção, controle e vigilância é, portanto, essencial
para assegurar a segurança transfusional. A adoção de práticas como a doação voluntária e
responsável, a capacitação contínua dos profissionais de saúde, a hemovigilância e o uso
racional do sangue são pilares fundamentais na redução dos riscos associados às transfusões.
Além disso, a aplicação rigorosa dos protocolos internacionais recomendados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), ANVISA e Ministério da Saúde garante a qualidade e
a confiabilidade dos hemocomponentes utilizados em procedimentos médicos e hospitalares. Esses
esforços, somados ao investimento em pesquisa científica e inovação tecnológica, contribuem
significativamente para a diminuição da incidência de doenças como HIV, Hepatites B e C, Sífilis,
Doença de Chagas e Malária.
Em síntese, a luta contra as doenças transmissíveis pelo sangue é um compromisso ético
e coletivo que envolve toda a sociedade. Garantir sangue seguro é salvar vidas com
responsabilidade, ciência e solidariedade, assegurando que cada transfusão seja um ato de
confiança e segurança entre doador e receptor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução da Diretoria
Colegiada – RDC nº 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue.
Disponível em: https://www.gov.br/anvisa. Acesso em: 14 out. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual Técnico de Hemoterapia: procedimentos e condutas para
a segurança do sangue. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em:
https://www.gov.br/saude. Acesso em: 14 out. 2025.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Blood Transfusion Safety
Guidelines. Atlanta: CDC, 2023. Disponível em: https://www.cdc.gov. Acesso em: 14 out. 2025.
FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA). Pathogen Reduction Technologies for Blood
Safety. Silver Spring, EUA, 2023. Disponível em: https://www.fda.gov. Acesso em: 14 out. 2025.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Blood Safety and Availability. Genebra:
World Health Organization, 2023. Disponível em: https://www.who.int. Acesso em: 14 out. 2025.