Epístolas paulinas e gerais

DeuzenirACarneiro 2,903 views 136 slides Dec 31, 2017
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Epístolas paulinas e gerais


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Bíblia

IBADEP Instituto Bíblico da Assembléia de Deus -
Ensino e pesquisa
IBADEP - Instituto Bíblico da Assembléia de Deus -
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Av. Brasil, S/N° - Eletrosiü - Cx. Postal 248
85980-000 - Guaíra - PR
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DIGITALIZAÇÃO
IBADEP
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Epístolas Paulinas e Gerais
Pesquisado e adaptado pela Equipe
Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP - Instituto
Bíblico das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus
do Estado do Paraná.
Com auxílio de adaptação e esboço de vários
ensinadores
3a Edição - Junho / 2004
Todos os direitos reservados ao IBADEP

Diretorias
CIEADEP
Pr. José Pimentei de Carvalho - Presidente de Honra
Pr. José Alves da Silva - Presidente
Pr. Israel Sodré - Io Vice-Presidente
Pr. Moisés Lacour - 2o Vice-Presidente
Pr. Ival Theodoro da Silva - Io Secretário
Pr. Carlos Soares - 2o Secretário
Pr. Simão Bilek - Io Tesoureiro
Pr. Mirislan Douglas Scheffel - 2o Tesoureiro
AEADEPAR - Conselho Deliberativo
Pr. José Alves da Silva - Presidente
Pr. Ival Teodoro da Silva - Relator
Pr. Israel Sodré - Membro
Pr. Moisés Lacour - Membro
Pr. Carlos Soares - Membro
Pr. Simão Bilek - Membro
Pr. Mirislan Douglas Scheffel - Membro
Pr. Daniel Sales Acioli - Membro
Pr. Jamerson Xavier de Souza - Membro
AEADEPAR - Conselho de Administração
Pr. Perci Fontoura - Presidente
Pr. Robson José Brito - Vice-Presidente
Ev. Gilmar Antonio de Andrade - Io Secretário
Ev. Gessé da Silva dos Santos - 2o Secretário
Pr. José Polini - Io Tesoureiro
Ev. Darlan Nylton Scheffel - 2o Tesoureiro
IBADEP
Pr. Hércules Carvalho Denobi - Coord. Administrativo
Pr. José Carlos Teodoro Delfino - Coord. Financeiro
Pr. Walmir Antonio dos Reis - Coord. Pedagógico

Cremos
Em um só Deus, eternamente subsistente em
três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4;
Mt 28.19; Mc 12.29). Na inspiração verbal da Bíblia
Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a
vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). No nascimento
virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em
sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua
ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).
Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória
de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na
obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que o
pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19). Na
necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em
Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da
Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino
dos céus (Jo 3.3-8). No perdão dos pecados, na
salvação presente e perfeita e na eterna justificação das
almas recebidas gratuitamente de Deus pela fé no
sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At
10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9). No batismo
bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só
vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt
28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12). Na necessidade e na
possibilidade que temos de viver em santidade
mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no
Calvário, através do poder regenerador, inspirador e
santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver
como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14;
IPe 1.15). No batismo bíblico com o Espírito Santo que
nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo,
com a evidência inicial de falar em outras línguas,

conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo
Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a
sua soberana vontade (ICo 12.1-12). Na Segunda vinda
premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira
- invisível ao mundo para arrebatar a sua Igreja fiel da
terra, antes da grande tribulação. Segunda - visível e
corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre
o mundo durante mil anos (lTs 4.16,17; ICo 15.51-54;
Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). Que todos os cristãos
comparecerão ante o tribunal de Cristo, para receber a
recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo
na terra (2Co 5.10). No juízo vindouro que
recompensará os fiéis (Ap 20.11-15). E na vida eterna
de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e
tormento para os infiéis (Mt 25.46).
Equipe Redatorial

Metodologia de Estudo
Para obter um bom aproveitamento, o aluno
deve estar consciente do porquê da sua dedicação de
tempo e esforço no afã de galgar um degrau a mais em
sua formação.
Lembre-se que você é o autor de sua história
e que é necessário atualizar-se. Desenvolva sua
capacidade de raciocínio e de solução de problemas,
bem como se integre na problemática atual, para que
possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à igreja
em que está inserido.
Consciente desta realidade, não apenas
acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou
trabalhos por fazer. Tente seguir o roteiro sugerido
abaixo e comprove os resultados.
1. Devocional:
a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela
sua salvação e por proporcionar-lhe a
oportunidade de estudar a sua Palavra, para assim
ganhar almas para o Reino de Deus;
b) Com a sua humildade e oração Deus irá iluminar e
direcionar suas faculdades mentais através do
Espírito Santo, desvendando mistérios contidos
em sua Palavra;
c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que
ser organizados, ler com precisão as lições,
meditar com atenção os conteúdos.
2. Local de Estudo: Você precisa dispor de um lugar
próprio para estudar em casa. Ele deve ser:
a) Bem arejado e com boa iluminação (de
preferência, que a luz venha da esquerda);
b) Isolado da circulação de pessoas;
c) Longe de sons de rádio, televisão e conversas.

3. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança
bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar
voluntariamente, sem imposições. Conscientize-se
da importância dos itens abaixo:
a) Estabelecer um horário de estudo extradasse,
dividindo-se entre as disciplinas do currículo
(dispense mais tempo às matérias em que tiver
maior dificuldade);
b) Reservar, diariamente, algum tempo para
descanso e lazer. Assim, quando estudar, estará
desligado de outras atividades;
c) Concentrar-se no que está fazendo;
d) Adotar uma correta postura (sentar-se à mesa,
tronco ereto), para evitar o cansaço físico;
e) Não passar para outra lição antes de dominar bem
o que estiver estudando;
f) Não abusar das capacidades físicas e mentais.
Quando perceber que está cansado e o estudo não
alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa
para descansar.
4. Aproveitamento das Aulas: Cada disciplina
apresenta características próprias, envolvendo
diferentes comportamentos: raciocínio, analogia,
interpretação, aplicação ou simplesmente habilidades
motoras. Todas, no entanto, exigem sua participação
ativa. Para alcançar melhor aproveitamento, procure:
a) Colaborar para a manutenção da disciplina na
sala-de-aula;
b) Participar ativamente das aulas, dando
colaborações espontâneas e perguntando quando
algo não lhe ficar bem claro;
c) Anotar as observações complementares do
monitor em caderno apropriado;
d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos.

5. Estudo Extradasse: Observando as dicas dos itens 1
e 2, você deve:
a) Fazer diariamente as tarefas propostas;
b) Rever os conteúdos do dia;
c) Preparar as aulas da semana seguinte (caso você
tenha alguma dúvida, anote-a, para apresentá-la
ao monitor na aula seguinte). Não deixe que suas
dúvidas se acumulem.
d) Materiais que poderão ajudá-lo:
• Mais que uma versão ou tradução da Bíblia
Sagrada;
• Atlas Bíblico;
• Dicionário Bíblico;
• Enciclopédia Bíblica;
• Livros de Histórias Gerais e Bíblicas;
• Um bom dicionário de Português;
• Livros e apostilas que tratem do mesmo
assunto.
e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente:
• A necessidade de dar a sua colaboração
pessoal;
• O direito de todos os integrantes opinarem.
6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações:
a) Revise toda a matéria antes da avaliação;
b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!);
c) Concentre-se no que está fazendo;
d) Não tenha pressa;
e) Leia atentamente todas as questões;
f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis;
g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a
prova.
Bom Desempenho!

Currículo de Matérias
1. Educação Geral /
ca História da Igreja v
£Q Educação Cristã\/
£Q Geografia Bíblica/
2. Ministério da Igreja
CO Ética Cristã / Teologia do Obreiro
CQ Homilética / Hermenêutica
ca Família Cristã
GQ Administração Eclesiástica
3. Teologia
CQ Bibliologia
CO A Trindade s/r
CQ Anjos, Homens, Pecado e Salvação.
CQ Heresiologia
tB Eclesiologia / Missiologia
4. Bíblia
CQ Pentateuco
m Livros Históricos
ea Livros Poéticos
CQ Profetas Maiores
CQ Profetas Menores v
ea Os Evangelhos / Atos
ca Ep ístolas Paulinas / Gerais \/
CQ Apocalipse / Escatologia

Abreviaturas
a.C. - antes de Cristo.
ARA - Almeida Revista e Atualizada
ARC - Almeida Revista e Corrida
AT - Antigo Testamento
BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje
BV - Bíblia Viva
c. - Cerca de, aproximadamente,
cap. - capítulo; caps. - capítulos,
cf. - confere, compare.
d.C. - depois de Cristo.
e.g. - por exemplo.
Fig. - Figurado.
fig. - figurado, figuradamente,
gr. - grego
hb. - hebraico
IBB - Impressa Bíblica Brasileira
i.e. isto é.
Km- Símbolo de quilômetro
lit. - literal, literalmente.
LXX - Septuaginta (versão grega do AT)
m - Símbolo de metro.
MSS - manuscritos
NT - Novo Testamento
NVI - Nova Versão Internacional
p. - página.
ref. - referência; refs. - referências
ss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos
de um capítulo até o seu final. Por exemplo: IPe 2.1ss,
significa IPe 2.1-25).
séc. - século (s).
v. - versículo; vv. - versículos.
ver - veja

/
índice
Lição 1 - Cartas de Paulo - ............................................15
Romanos
Gálatas
Efésios
Lição 2 - Cartas de Paulo - ............................................39
ICoríntios
2Coríntios
Lição 3 - Cartas de Paulo -
...................................... 63
Filipenses
Colossenses
ITessalonicenses
2Tessalonicenses
ITimóteo
2Timóteo
Tito
Filemom
Lição 4 - Cartas Gerais -
............ ....................................87
Hebreus
Tiago
Lição 5 - Cartas Gerais -
.................................................111
IPedro
2Pedro
1 João
2João
3João
Judas
Referências Bibliográficas 135

- I__

Lição 1
mmimmmmmKmmmKamÊtÊmm ÊÊKmm maÊm mim Êm mm am am miinmm mm mm Êmm Km am Kmamm Êm am mm mm mm m Êm mm Kiim mm sm Km ÊÊÊHÊam mm am aBm Êmm
Cartas de Paulo: Aos Romanos,
Gálatas e Efésios
Carta aos
Romanos
Romanos é a epístola de Paulo mais longa,
mais teológica e mais influente. Talvez por essas
razões foi colocada em primeiro lugar entre as do
apóstolo. De modo contrário à tradição católica
romana, a igreja de Roma não foi fundada por Pedro,
nem por qualquer outro apóstolo. Ela talvez foi
iniciada por convertidos de Paulo provenientes da
Macedônia e da Ásia, bem como pelos judeus e
prosélitos1 convertidos no dia de Pentecostes (At 2.10).
Paulo não tinha Roma como campo específico de outro
apóstolo (Rm 15.20).
Em Romanos, Paulo afirma que muitas vezes
planejou ir até Roma para ali pregar o evangelho, mas
que, até então fora impedido (Rm 1.13-15; 15.22).
Reafirma seu desejo de ir até eles (Rm 15.23-32).
1 Pagão que abraçou o judaísmo.
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 57 d.C.
Tema: A Revelação da Justiça de Deus
Palavras-Chave: Justiça, fé, justificação,
lei, graça.
Versículos-chave: Rm 1.16 e 17
15

Em vista de seus planos pessoais, Paulo
escreveu para apresentar-se a uma igreja que nunca
tinha visitado. Ao mesmo tempo, ele apresentou uma
declaração completa e ordenada dos princípios
fundamentais do evangelho que pregava.
Paulo, ao escrever esta epístola, perto do fim
da sua terceira viagem missionária (cf. Rm 15.25,26;
At 20.2,3; ICo 16.5,6), estava em Corinto como
hóspede na casa de Gaio (Rm 16.23; ICo 1.14).
Enquanto escrevia Romanos através do seu auxiliar
Tércio (Rm 16.22), planejava voltar a Jerusalém para o
dia de Pentecoste (At 20.16; provavelmente na
primavera de 57 ou 58 d.C.) e entregar pessoalmente
uma oferta de socorro das igrejas gentias aos crentes
pobres de Jerusalém (Rm 15.25-27). Logo a seguir,
Paulo esperava partir para a Espanha levando-lhe o
evangelho, visitar de passagem a igreja de Roma e
receber ajuda dos crentes ali para prosseguir em sua
caminhada para o oeste (Rm 15.24,28).
Nenhum livro da Bíblia tem tantos títulos
como Romanos: Evangelho Segundo Paulo, Evangelho
do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais
Puro Evangelho, Principal das Epístolas Paulinas, A
Catedral da Doutrina Cristã, etc.
Destinatários
“Todos os que estais em Roma, amados de
Deus” são os destinatários desta carta. Pode-se notar
que Paulo nesta saudação não usa a palavra igreja
(como faz em 1 e 2Coríntios, Gálatas, 1 e
2Tessalonicenses). Isto pode mostrar que nessa época
não existia nenhuma igreja organizada, mas várias
igrejas de casa (Rm 16.5,14). Em todos os lugares
havia cristãos que ali se reuniam para cultuar a Deus.
16

Não sabemos com certeza como e quando o
Cristianismo chegou a Roma. Em Atos 18.2 fala-se
acerca de Aquila e Priscila que pertenciam àqueles
judeus que Cláudio expulsara de Roma, cerca de 49
d.C. No final do quarto decênio1 já havia cristãos em
Roma. Agostinho informa que o cristianismo chegou a
Roma durante o governo do imperador Calígula (37 -
41 d.C.).
Autor
Conforme a primeira palavra, Paulo, o servo
e apóstolo de Jesus Cristo, é o autor da Epístola. O
conteúdo do livro indica que seja Paulo, não só pelas
muitas referências pessoais (Rm 1.8-15; 9.1-5; 11.1,13
e 16.3-23), mas também pela profundeza dos seus
ensinamentos e conhecimentos da verdade de Deus (Rm
3.20-25; 11.33-36, etc.). O livro todo fala do seu autor
como de um homem erudito, profundamente espiritual,
inteiramente consagrado e conscientemente inspirado.
Justino Mártir, Policarpo, Inácio, Clemente de Roma e
Hipólito fazem citações desta Epístola. Aceitavam-na
como fazendo parte do cânon e até os próprios inimigos
do Cristianismo reconheceram a carta como escrita
pelo apóstolo Paulo. Não há motivos para se rejeitarem
as muitas evidências e favor de que a Epístola seja o
que pretende ser. Não é de estranhar que Paulo
conhecesse tantas pessoas por seus nomes em uma
cidade onde ele nunca tivesse estado, porque essa
cidade era Roma, a capital do mundo, e o apóstolo
conhecia pessoalmente centenas de pessoas, tanto
judeus, como gentios, que poderiam ter-se mudado para
Roma por motivos comerciais ou particulares. Antes,
1 Período de 10 anos; década.
17

seria difícil que fosse de outro modo. O capítulo 16
com saudações para tantas pessoas não é um argumento
válido para se rejeitar a Epístola como genuína.
Convém acrescentar que os 300 manuscritos existentes
da carta aos Romanos, todos os que não têm sido
danificados, contêm a Epístola completa tal qual se
acha hoje no Novo Testamento.
Data e as Circunstâncias
É claro que Paulo não tinha visitado esta
cidade antes de enviar-lhes esta carta (Rm 1.8-15;
15.22-24,28,29), que foi escrita pelo apóstolo durante a
sua terceira viagem missionária, quando se achava em
Corinto. Durante sua permanência na Macedônia, Paulo
escreveu duas cartas à Igreja de Corinto (Grécia), nas
quais lhe falou a respeito da preparação de uma oferta
para os necessitados em Jerusalém (ICo 16.1,2; 2Co 8
e 9). Em Atos 20.2,3 vemos que o apóstolo, depois de
recolher as ofertas das igrejas sediadas na Macedônia,
desceu à Grécia onde ficou três meses. Em Romanos
15.25-28 vemos que Paulo tinha levantado a oferta em
Corinto e está pronto para levá-la a Jerusalém que,
tendo desempenhado esta missão, pensava ir a Roma
(At 19.21; Rm 1.8-15). Também evidencia a verdade o
fato de que a portadora da carta aos Romanos foi Febe,
de Cencréia, porto de Corinto. Portanto, cremos que
Paulo escreveu esta Epístola estando em Corinto,
durante a sua terceira viagem missionária, lá pelo ano
57 d.C.
Muito se tem discutido a questão a respeito
de quem teria sido o fundador da Igreja Cristã na
cidade de Roma. Talvez não tenha importância, mas é
quase impossível crer-se que tivesse sido algum
apóstolo, muito menos, Pedro, que permaneceu em
18

Jerusalém pelo menos até o ano 49, o qual concordou
em ir para os judeus, e que Paulo fosse para os gentios
(G1 2.7-9). E provável, ainda, em face de Romanos
16.5,14,15, que os irmãos crentes que estavam em
Roma não. estivessem organizados em uma só igreja
ainda, quando Paulo escreveu esta carta, talvez devido
ao fato de que nenhum apóstolo os tivesse visitado.
Paulo chegou a Corinto (At 20.2,3) depois de
ter passado dois anos em Efeso discutindo diariamente
na escola do mestre Tirano1 (At 19.9,10). Não se
menciona o número de horas que Paulo falava cada dia,
porém é provável que o apóstolo terminasse o seu
ministério em Efeso com a sua teologia organizada em
sua mente. Ao mesmo tempo entenderia melhor as
necessidades espirituais dos gentios e o modo mais
claro e eficaz de apresentar-lhes a verdade. Não é de
estranhar, então, que ele pensasse nas condições do
grande número de crentes que estavam em Roma, e o
Espírito Santo lhe fez ver a importância de que todos
fossem corretamente instruídos na doutrina verdadeira
do Evangelho. Melhor era lançar um fundamento
sólido, o mais depressa possível, antes que as heresias
chegassem a levantar suas cabeças entre os irmãos.
Propósito
Paulo escreveu esta carta a fim de preparar o
caminho para a obra que ele esperava realizar em Roma
e na sua missão prevista para a Espanha.
Seu propósito era duplo:
1. Segundo parece, os romanos tinham
ouvido boatos falsos a respeito da mensagem e da
teologia de Paulo (Rm 3.8; 6.1,2,15); daí ele achar
1 Supõe-se que ele era gentio e mestre em filosofia.
19

necessário registrar por escrito o evangelho que já
pregava há vinte e cinco anos.
2. Queria corrigir certos problemas da igreja,
causados por atitudes erradas dos judeus para com os
gentios (Rm 2.1-29; 3.1,9), e dos gentios para com os
judeus (Rm 11.11-32).
Visão Panorâmica
Doutrinariamente, Romanos é o maior livro
já escrito. E o coração e a alma da revelação de Deus
ao povo desta época. Todo o conjunto da verdade da
redenção, chamado na Escritura “o Evangelho”, Está
aqui detalhado. A mais completa história da
necessidade, do remédio e dos resultados da morte de
Cristo, encontra-se em Romanos. O pensamento chave
é a justiça de Deus. A progressão da verdade vai da
completa condenação até a integral e justa glorificação.
O tema de Romanos está em 1.16,17, a saber:
que no Senhor Jesus a justiça de Deus é revelada como
a solução à sua justa ira contra o pecado. A seguir,
Paulo expõe as verdades fundamentais do evangelho.
Primeiro, destaca o fato de que o problema do pecado e
a necessidade humana da justificação são universais
(Rm 1.18-3.20). Posto que tanto os judeus quanto os
gentios estão sujeitos ao pecado e, portanto, sob a ira
de Deus, ninguém pode ser justificado diante d’Ele à
parte do dom da justiça (Rm 3.24) mediante a fé em
Jesus Cristo (Rm 3.21-4.25).
• Sendo justificado generosamente pela graça de Deus,
e tendo recebido a certeza da salvação (capítulo 5);
• O crente demonstra que recebeu o dom divino da
justificação, ao morrer com Cristo para o pecado
(capítulo 6);
• É liberto da luta com a justiça da lei (capítulo 7);
20

• É adotado como filho de Deus, recebendo nova vida
segundo o Espírito, o que o conduz à glorificação
(Rm 8.18-30).
• Deus está levando a efeito o seu plano da redenção,
a despeito da incredulidade de Israel (Rm 9-11).
Finalmente, Paulo declara que uma vida
transformada em Cristo resulta na prática da retidão e
do amor em todos os aspectos da vida social, civil e
moral da pessoa (Rm 12-14). Paulo termina Romanos
expondo seus planos pessoais (capítulo 15), uma longa
lista de saudações pessoais, uma última admoestação e
uma doxologia1 (capítulo 16).
Romanos em Síntese
• A Pessoa do Evangelho: Cristo 'S
• O poder do Evangelho: Poder de Deus ^
• O propósito do Evangelho: Para a salvação ^
• As pessoas a quem se destinam: de todo aquele
• O plano de aceitação: Aquele que crê v''
• O plano de vida: O justo viverá por fé l /
Divisões Principais
Romanos é a alma da coerência2. Começa
com condenação, e prossegue através da salvação,
justificação, santificação (e depois uma secção a
respeito da verdade dispensacional, conciliando as
promessas de Deus a Israel com as promessas de Deus
à Igreja), terminando com glorificação.
1 Fórmula litúrgica de louvor a Deus, geralmente ritmada.
2 Ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos ou idéias;
relação harmônica; conexão, nexo, lógica.
21

Características Especiais
Sete destaques principais caracterizam
Romanos:
1. Romanos é a mais sistemática epístola de Paulo; a
epístola teológica por excelência do Novo
Testamento.
2. Paulo escreve num estilo de pergunta e resposta, ou
de diálogo (Rm 3.1,4-6,9,31).
3. Paulo usa amplamente o Antigo Testamento como a
autoridade bíblica na apresentação da verdadeira
natureza do evangelho.
4. Paulo apresenta “a justiça de Deus” como a
revelação fundamental do evangelho (Rm 1.16,17);
Deus restaura e ordena a situação do homem em
Jesus Cristo e através d’Ele.
5. Paulo focaliza a natureza dupla do pecado, bem
como a provisão de Deus em Cristo para cada
aspecto: O pecado como uma transgressão1 pessoal
(Rm 1.1-5.11) e o pecado como um princípio ou lei
(gr. he hcimartia), isto é, a tendência natural e
inerente2 para pecar, existente no coração de toda
pessoa, desde a queda de Adão (Rm 5.12-8.39).
6. O capítulo 8 é o mais longo da Bíblia sobre a obra
do Espírito Santo na vida do crente.
7. Romanos contém o estudo mais profundo da Bíblia
sobre a rejeição de Cristo pelos judeus (excetuando-
se um remanescente), bem como sobre o plano
divino-redentor para todos, alcançando por fim
Israel (Rm 9-11).
1 Ato ou efeito de transgredir; infração, violação.
2 Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa
ou pessoa
22

Cristo Revelado
A epístola inteira é a história do plano de
redenção de Deus em Cristo: a necessidade dele (Rm
1.18-3.20), a descrição detalhada da obra de Cristo e
suas implicações para os cristãos (Rm 3.21-11.36) e
aplicação do evangelho de Cristo à vida cotidiana (Rm
12.1-16.27).
Mais especificamente, Jesus Cristo é o nosso
Salvador, que obedeceu perfeitamente a Deus como
nosso representante (Rm 5.18-19) e que morreu como
nosso sacrifício substituto (Rm 3.25; 5.6,8). É nele que
devemos ter fé para a salvação (Rm 1.16-17; 3.22;
10.9-10). Através de Cristo temos muitas bênçãos:
reconciliação com Deus (Rm 5.11); justiça e vida
eterna (Rm 5.18-21); identificação com ele em sua
morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.3-5); estar
vivos para Deus (Rm 6.11); livres de condenação (Rm
8.1); herança eterna (Rm 8.17); sofrimento com ele
(Rm 8.17); ser glorificados com ele (Rm 8.17); tornar-
se como eles (Rm 8.29); e o fato de que ele ora por nós
mesmo agora (Rm 8.34). Na verdade, toda a vida cristã
parece ser vivida através dele: oração (Rm 1.8),
regozijo (Rm 5.11), exortação (Rm 15.30), glorificar a
Deus (Rm 16.27) e, em geral, viver para Deus e
obedecer-lhe (Rm 6.11-14; 13-14).
23

Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 49 d.C.
Carta aos Tema: Salvação Pela Graça Mediante
Gálatas a Fé
Palavras-Chave: Graça, evangelho, fé,
justificado, promessa, liberdade, lei
Versículo-chave: G1 5.1
A epístola aos Gálatas foi escrita para sa 1 var
o cristianismo do legalismo judaico. Apesar de ser uma
das mais breves epístolas do apóstolo Paulo, tem
exercido grande influência na vida da Igreja. Seu
assunto continua atual, pois em qualquer época há
sempre o risco de alguém, ou de um segmento da Igreja
se inclinar para o legalismo religioso.
O assunto principal de Gálatas é o mesmo
debatido e resolvido em Jerusalém (c. de 49 d.C.; cf.
At 15). Tal assunto implica uma dupla pergunta:
• A fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador é o
requisito único para a salvação?
• É necessário obedecer a certas práticas e leis
judaicas do Antigo Testamento para se obter a
salvação em Cristo?
Talvez Paulo haja escrito Gálatas antes da
controvérsia da lei, na Assembléia de Jerusalém (At
15), e antes de a igreja comunicar a sua posição final.
Se assim foi, então Gálatas é a primeira epístola que
Paulo escreveu.
Destinatários
Paulo escreveu esta epístola (G1 1.1; 5.2;
6.11) “às igrejas da Galácia” (G1 1.2). As autoridades
no assunto declaram que os gálatas eram gauleses
24

oriundos do Norte da Galácia e que, mais tarde, parte
deles emigrou para o Sul da Europa, de cujo território a
França de hoje faz parte. É muito mais provável que
Paulo haja escrito esta epístola às igrejas do Sul da
província da Galácia (Antioquia da Pisídia, Icônio,
Listra, Derbe), onde ele e Barnabé evangelizaram e
estabeleceram igrejas durante sua primeira viagem
missionária (At 13,14).
Autor
Ainda que por duas vezes a mesma carta diga
que Paulo é o escritor (G1 1.1; 5.2), o mesmo estilo da
carta, seus ensinamentos a respeito da Lei, e
especialmente o que diz de Pedro “resisti-lhe face a
face” (G1 2.11), juntamente com a sua contenção de
que os demais apóstolos não lhe deram nada, mas sim
que sua comissão veio de Deus (G1 1.16,17; 2.6); tudo
prova que somente Paulo pode ser o autor. O apóstolo
aos gentios é o único que falaria dos judeus, da lei, e
da graça, com a profundeza de entendimento e a
certeza que ele o faz. A evidência interna desta
Epístola é concludente1 a favor de que Paulo seja seu
autor humano.
Desde os dias de Policarpo em diante o livro
tem sido citado pelos “Pais”. Marción é o primeiro que
cita por nome esta carta, colocando-a em primeiro
lugar nos escritos de Paulo. Quase todos os escritores
antigos, desde o segundo século em diante, citavam-na
e se encontra nas versões latinas, siríacas e o Cânon
Muratori.
Na antiguidade nem suspeita existiu da
autenticidade, de que a carta fosse de Paulo, e é difícil
1 Que conclui, ou merece fé; terminante, categórico.
25

imaginar-se que outra pessoa pudesse ter falsificado
tão facilmente e sem motivo aparente, em época
posterior, tal documento.
Como disse Lightfoot: “Cada sentença
gramatical reflete tão perfeitamente a vida e o caráter
do apóstolo aos gentios, que ninguém tem duvidado de
que seja genuíno”.
A maioria das cartas de Paulo foi escrita por
seus amanuenses1 ou escribas. Como a situação das
igrejas da Galácia era crítica, estava em jogo não só a
fé desses irmãos e nem apenas a autoridade apostólica
de Paulo, mas principalmente o futuro do cristianismo.
Ele mesmo escreveu de seu próprio punho (G1 6.11),
pois não queria deixar margem para os gálatas
duvidarem da autenticidade da carta.
Data
Tem havido muita controvérsia quanto à data
e destinatário dessa epístola. Há três possíveis datas,
mas todas elas têm os seus “senões2” - 49,53 e 56 d.C.
A seqüência de eventos é a seguinte: primeira viagem
missionária, em seguida foi escrita a epístola aos
Gálatas, depois ocorreu o concílio de Jerusalém e
segue-se a segunda viagem. Isso nos dá subsídios para
datá-la por volta de 49 d.C., e escrita da região entre
Antioquia da Síria e Jerusalém.
A data mais provável da carta situa-se logo
após o regresso de Paulo à igreja que o enviou -
Antioquia da Síria, e pouco antes do Concílio de
Jerusalém (At 15).
1 Escrevente, copista.
2 De outro modo; do contrário; aliás. Mas sim; e sim; mas,
porém.
26

Propósito
Paulo tomou conhecimento de que certos
mestres judaicos estavam inquietando seus novos
convertidos na Galácia, impondo-lhes a circuncisão e o
jugo da lei mosaica como requisitos necessários à
salvação e ao ingresso na igreja. Ao saber disso, Paulo
escreveu:
• Para demonstrar cabalmente que as exigências da lei,
como a circuncisão do velho concerto, nada tem a
ver com a operação da graça de Deus em Cristo para
a salvação sob o novo concerto;
• Para reafirmar claramente que o crente recebe o
Espírito Santo e com Ele a nova vida espiritual por
meio da fé no Senhor Jesus Cristo e não por meio da
lei do Antigo Testamento.
Características Especiais
Quatro fatos singulares caracterizam esta
epístola:
1. É a defesa mais veemente no Novo Testamento da
natureza do evangelho. Seu tom é enérgico, intenso e
urgente, uma vez que Paulo lida com oponentes em
erro (G1 1.8,9; 5.12), enquanto repreende os gálatas
por se deixarem iludir tão facilmente (G1 1.6; 3.1;
4.19,20);
2. Quanto ao número de referências autobiográficas,
Gálatas é superada somente por 2Coríntios;
3. Esta é a única epístola de Paulo em que ele
explicitamente se dirige a várias igrejas (ver, no
entanto, a introdução a Efésios);
4. Contém a descrição do fruto do Espírito (G1 5.22,23)
e a lista mais completa do Novo Testamento das
obras da carne (G1 5.19-21).
27

Cristo Revelado
Paulo ensina que Jesus coloca aqueles que
têm fé nele (G1 2.16; 3.26) em uma posição de
liberdade (G1 2.4; 5.1), libertando-os da servidão ao
legalismo e à libertinagem1. A principal ênfase do
apóstolo está na crucificação de Cristo como base para
a libertação do crente da maldição do pecado (G1 1.4;
6.14), do próprio eu (G1 2.20; ver 5.24) e da lei (G1
3.12; 4.5). Paulo também descreve uma dinâmica união
de fé com Cristo (G1 2.20). Visivelmente retratada no
batismo (G1 3.27), que relaciona todos os crentes como
irmãos e irmãs (G1 3.28). Em relação à pessoa de
Cristo, Paulo declara tanto sua divindade (G1 1.1,3,16)
quanto sua humanidade (G1 3.16; 4.4). Jesus é a
substância do evangelho (G1 1.7), que ele próprio
revelou a Paulo (G1 1.12).
1 Devassidão, desregramento, licenciosidade, crápula.
28

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
1. É a epístola de Paulo mais longa, mais teológica e
mais influente
a)| I lCoríntios
b)| I Gálatas
c)| I Efésios
d ) 0 Romanos
2. É errado afirmar
a)[€\ Paulo diz que Gálatas é a Revelação da Justiça
de Deus
b )H Doutrinariamente, Romanos é o maior livro já
escrito
c)l~c1 Romanos é o coração e a alma da revelação de
Deus ao povo desta época
d ) 0 A mais completa história da necessidade, do
remédio e dos resultados da morte de Cristo,
encontra-se em Romanos
3. A epístola aos Gálatas foi escrita para salvar o
cristianismo
a)| I Do legal ismo Romanos
b)| I Do legalismo gentio
C)0 .D ° legalismo judaico
d)| I Do legalismo grego
» Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4.IÊ1 E claro que Paulo tinha visitado a cidade de Roma
antes de enviar-lhes a carta aos Romanos
5.IHI Romanos contém a descrição do fruto do Espírito
e a lista mais completa do Novo Testamento das
obras da carne
29

Carta aos
Efésios
Esta epístola destaca-se pela universalidade
do seu conteúdo, não só à igreja em Efeso, mas a todas
as igrejas sob a liderança de Paulo, bem como a toda a
Igreja de Deus em todo o mundo e em todos os tempos.
O caráter universal dessa epísto 1 a é percebido pelo
plano da salvação proposto por Deus desde a fundação
do mundo e que alcança a toda criatura humana,
independente de raca, cor ou nação. Esse plano não
discrimina judeu nem gentio, mas coloca todos debaixo
da graça imensurável de Deus em Cristo Jesus.
Efésios é um dos picos elevados da revelação
bíblica, ocupando lugar único entre as Epístolas de
Paulo. Ela não foi elaborada no árduo trabalho da
bigorna1 da controvérsia doutrinária ou dos problemas
pastorais (como muitas outras epístolas de Paulo). Ao
contrário, Efésios transmite a impressão de um rico
transbordar de revelação divina, brotando da vida de
oração de Paulo. Ele escreveu a carta quando estava
prisioneiro por amor a Cristo (Ef 3.1; 4.1; 6.20),
provavelmente em Roma. Efésios tem muita afinidade
com Colossenses, e talvez tenha sido escrita logo após
esta. As duas cartas podem ter sido levadas
simultaneamente ao seu destino por um cooperador de
Paulo chamado Tíquico (Ef 6.21; cf. Cl 4.7).
1 Peça de ferro, com o corpo central quadrangular e as
extremidades em ponta cilíndrica, cônica ou piramidal, sobre a
qual se malham e amoldam metais; incude.
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 62 d.C.
Tema: Cristo e Sua Igreja
Palavras-Chave: Glória, corpo,
lugares celestes
Versículo-chave: Ef 1.3
30

É crença geral que Paulo escreveu Efésios
também para outras igrejas da região, e não apenas a
Éfeso. Possivelmente ele a escreveu como carta
circular às igrejas de toda a província da Ásia.
Autor
Duas vezes na Epístola se diz que foi Paulo
quem a escreveu (Ef 1.1; 3.1). Também poderemos
fazer a pergunta: Quem, além de Paulo, poderia ter
escrito uma carta tão profunda na doutrina cristã?
Porventura algum outro dos apóstolos teria escrito o
capítulo dois, versículos onze a vinte e dois, colocando
os gentios em pé de igualdade com os judeus, alegando
que não há diferença? E quem, senão Paulo, foi preso
por causa dos gentios? O versículo dois do capítulo
terceiro afirma que o escritor recebeu de Deus a
administração ou ministério do Evangelho entre os
gentios, coisa que só Paulo podia alegar (Ef 3.1-13). O
estilo da carta é o de Paulo, sendo especialmente
semelhante à Epístola aos Colossenses. Primeiramente
expõe as verdades doutrinárias, como é costume de
Paulo.
A evidência externa é a melhor possível. E
citados por Clemente de Roma, Inácio, Policarpo,
Hermes, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Irineu,
Hipólito e outros. Nenhum deles teve dúvidas a
respeito da autenticidade da Epístola e de que Paulo
fosse seu autor. Até o próprio Marción a inclui entre as
epístolas de Paulo, mas diz que foi escrita à igreja de
Laodicéia, em vez de a de Éfeso. Como em alguns dos
manuscritos antigos não aparecem no texto do primeiro
versículo as palavras “Em Éfeso” alguns insistem em
que esta tem de ser a Epístola de Paulo aos de
Laodicéia mencionada em Colossenses 4.16. Outros
31

afirmam que é antes uma carta particular. A tradição e
a maioria dos manuscritos dizem que foi a enviada a
Éfeso, mas o que importa é que foi e é inspirada pelo
Espírito de Deus, e é para nós hoje a própria Palavra de
Deus.
-— ry Quando Paulo escreveu a epístola aos
Efésios, estava preso em Roma, de onde a enviou
àquela igreja através de Tíquico, por quem, também,
enviou as cartas a Filemom e à igreja de Colossos,
provavelmente entre 60 e 62 d.C.
Data e Circunstâncias
Vê-se em Efésios 3.1; 4.1 e 6.20 que Paulo
estava na prisão, em cadeias, quando escreveu a carta.
Da história de sua vida no livro dos Atos dos
Apóstolos, calculamos que esta Epístola foi escrita
cerca do ano 60 ou 62 a.C. A semelhança do seu
conteúdo com a de Colossenses e o fato de que Tíquico
foi o portador da carta (Ef 6.21,22), como também a
dos Colossenses (Cl 4.7,8), fazem-nos crer que foram
escritas na mesma época. É provável que Onésimo, que
acompanhou a Tíquico (Cl 4.9) levasse a carta de Paulo
a Filemom nessa mesma época.
Em sua segunda viagem missionária, Paulo
ficou em Éfeso poucos dias, prometendo voltar (At
18.19-21). Deixou Priscila e Áquila na cidade, ao passo
que ele seguiu para Jerusalém e Antioquia. Antes que
Paulo regressasse, Apoio chegou a Éfeso e teve um
ministério ali (At 18.18,19,24-28). Em sua terceira
viagem, Paulo ficou em Éfeso cerca de três anos,
realizando o melhor ministério de toda a sua longa
carreira (At 19.1-20). Nos três primeiros meses pregava
na sinagoga, mas a oposição obrigou-o a afastar-se e se
estabeleceu em uma escola, onde “falou ousadamente”
32

durante dois anos. Não é estranho, então, que a igreja
de Efeso pudesse receber e entender uma carta tão
espiritualmente profunda como esta. Durante os anos
do ministério pessoal do apóstolo, os novos crentes
aprofundaram-se em seus conhecimentos bíblicos e do
Evangelho; estavam em condições de apreciarem estes
ensinamentos, e Paulo bem o sabia.
Não há na carta referências a problemas
especiais como os mencionados nas cartas aos
Coríntios e aos Gálatas. Por que, então, foi escrita?
Não há quase dúvida de que existiu um problema sério
em Colossos, e Paulo, preparando a viagem de Tíquico
para que levasse a Epístola aos Colossenses, e
enviando a Onésimo de volta para Filemom com sua
carta de recomendação, quis escrever esta carta aos
efésios (ou carta-circular para todas as igrejas da Ásia,
se assim o desejarmos). E possível que Paulo tivesse
tido novas revelações durante as suas prisões, e o
Espírito Santo desejava que Paulo deixasse por escrito
estas verdades. Uma mente como a de Paulo,
meditando longas horas, mês após mês, no significado
da morte, ressurreição e entronização do Senhor Jesus
Cristo, sem dúvida seria guiada pelo Espírito a novos
passos e conhecimentos de verdades espirituais, como
deduções lógicas do que já conhecia. A experiência da
maturidade e a aplicação no estudo mais assíduo do
Velho Testamento (2Tm 4.13) também contribuíram
para que Paulo tivesse verdades novas para transmitir
aos efésios, e aprouve a Deus que as deixasse em forma
permanente para que nós, as gerações vindouras, nos
aproveitássemos também delas. Não obstante, livremo-
nos da idéia de que esta Epístola cria uma nova
dispensação, de modo que só ela e as Epístolas escritas
depois por Paulo, sejam para nós, atualmente, em vez
de todo o Novo Testamento. Graças ao Pai Celestial,
33

que por Seu Espírito Santo impeliu o grande apóstolo
aos gentios a escrever esta Epístola.
Não só devia preveni-los contra o erro que
entrou em Colossos, e o outro que transtornou os
gálatas, mas também os fez merecer a admoestação do
Senhor Jesus em Apocalipse 2.4,5.
É considerada uma das “cartas da prisão”
porque as escreveu enquanto estava preso em Roma. Na
primavera de 63 d.C., provavelmente, foi liberto.
Propósito
O propósito imediato de Paulo ao escrever
Efésios está implícito em Efésios 1.15-17. Em oração,
ele anseia que seus leitores cresçam na fé, no amor, na
sabedoria e na revelação do Pai da glória. Almeja
profundamente que vivam uma vida digna do Senhor
Jesus Cristo (Ef 4.1-3; 5.1,2). Paulo, portanto, procura
fortalecer-lhes a fé e os alicerces espirituais ao revelar
a plenitude do propósito eterno de Deus na redenção
“em Cristo” (Ef 1.3-14; 3.10-12) à igreja (Ef 1.22,23;
2.11-22; 3.21; 4.11-16; 5.25-27) e a cada crente (Ef
1.15-21; 2.1-10; 3.16-20; 4.1-3,17-32; 5.1-6.20).
Visão Panorâmica
Há dois temas fundamentais no Novo
Testamento:
• Como somos redimidos por Deus;
• Como nós, os redimidos, devemos viver.
Os capítulos 1-3 de Efésios tratam
principalmente do primeiro desses temas, ao passo que
os capítulos 4-6 focalizam o segundo.
Os capítulos 1-3 começam por um parágrafo
de abertura que é um dos trechos mais profundos da
34

Bíblia (Ef 1.3-14). Esse grandioso hino sobre redenção
tributa1 louvores ao Pai pela eleição, predestinação e
adoção que Ele nos propiciou (Ef 1.3-6), por nossa
redenção mediante o sangue do Filho (Ef 1.7-12) e pelo
Espírito, como selo e garantia da nossa herança (Ef
1.13,14).
Nesses capítulos, Paulo ressalta que na
redenção pela graça mediante a fé, Deus nos reconcilia
consigo mesmo (Ef 2.1-10) e com outros que estão
sendo salvos (Ef 2.11-15), e, em Cristo, nos une em um
só corpo, a igreja (Ef 2.16-22). O alvo da redenção é
“tornar a congregar em Cristo todas as coisas... tanto as
que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef
1.10).
Os capítulos 4-6 consistem mais de
instruções práticas para a igreja no tocante aos
requisitos que a redenção em Cristo demanda de nossa
vida individual e coletiva. Entre as 35 diretrizes dadas
em Efésios, sobre como os redimidos devem viver,
destacam-se três categorias gerais.
1. Os crentes são chamados a uma nova vida de pureza
e separação do mundo. São chamados a serem
“santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), a
crescer “para templo santo no Senhor” (Ef 2.21), a
andar “como é d|gno da vocação com que fostes
chamados” (Ef 4.1), a “varão perfeito” (Ef 4.13). a
viver “em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24),
a andar “em amor” (Ef 5.2; cf. 3.17-19) e a serem
santos “pela Palavra” (Ef 5.26), a fim de que Cristo
tenha uma “igreja gloriosa, sem mácula2, nem ruga...
santa e irrepreensível” (Ef 5.21).
2. O crente é chamado a um novo modo de viver nos
relacionamentos familiares e vocacionais (Ef 5.22-
1 Prestar ou dedicar a (alguém ou algo), como tributo.
2 Nódoa, mancha.
35

6.9). Esses relacionamentos devem ser regidos por
princípios de conduta que distingam o crente da
sociedade descrente à sua volta.
3. Finalmente, o crente é chamado a manter-se firme
contra as astutas1 ciladas do diabo e as terríveis
“hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais” (Ef 6.10-20).
Cinco Características Especiais
1. A revelação da grande verdade teológica dos
capítulos 1-3 é interrompida por duas grandiosas
orações apostólicas. Na primeira, o apóstolo pede
para os crentes sabedoria e revelação no
conhecimento de Deus (Ef 1.15-23); na segunda,
roga que possam conhecer o amor, o poder e a glória
de Deus (Ef 3.14-21).
2./ “Em Cristo”, uma expressão paulina de peso (106
~R^Cj J vezes nas epístolas de Paulo), sobressai grandemente
\ em Efésios (cerca de 36 vezes). “Toda bênção
J espiritual” e todo assunto prático da vida relaciona-
V se com o estar “em Cristo”.
3. Efésios salienta o propósito e alvo eterno de Deus
para a igreja.
4. Há um realce multifacetado2 do papel do Espírito
Santo na vida cristã (Ef 1.13,14,17; 2.18; 3.5,16,20;
4.3,4,30; 5.18; 6.17,18).
5. Efésios é tida, às vezes, como epístola gêmea de
rj-l) Colossenses, pelo fato de apresentarem definidas
V- semelhanças em seus conteúdos e terem sido escritas
quase ao mesmo tempo.
1 Habilidade em enganar; lábia, solércia, manha, artimanha,
ardil. Finura, malícia, sagacidade.
2 Que tem muitas facetas; multiface.
36

Cristo Revelado
Efésios foi chamado de “Os Alpes do Novo
Testamento”, “O Grande Cânon da Escritura” e “O
Ápice Real das Epístolas”, não somente por seu grande
tema, mas devido à majestade do Cristo revelado aqui.
Capítulo 1: Ele é o Redentor (Ef 1.7), aquele em quem
e por quem a história será definitivamente
consumada (Ef 1.10); e Ele é o Senhor ressuscitado
que não apenas ressuscitou dos mortos e do inferno,
mas que reina como rei, derramando sua vida através
de seu corpo, a Igreja - a expressão atual dele
mesmo na terra (Ef 1.15-23).
Capítulo 2: Ele é o pacificador que reconciliou o
homem com Deus e que também torna possível a
reconciliação entre os homens (Ef 2.11-18); e Ele é a
“principal pedra da esquina” do novo templo, que
consiste de seu próprio povo sendo habitado pelo
próprio Deus (Ef 2.19-22).
Capítulo 3: Ele é o tesouro em que são encontradas as
riquezas inescrutáveis da vida (Ef 3.8); e Ele é o que
habita nos corações humanos, garantindo-nos o amor
de Deus (Ef 3.17-19).
Capítulo 4: Jesus é o doador dos dons do ministério à
sua Igreja (Ef 4.7-11); e Ele é o vencedor que
acabou com a capacidade do inferno de manter a
humanidade cativa (Ef 4.8-10).
Capítulo 5: Ele é o marido modelo, dando-se sem
egoísmo para realçar sua noiva - sua Igreja (Ef 5.25-
27,32).
Capítulo 6: Ele é o Senhor, poderoso na batalha, o
recurso de força para seu povo enquanto eles se
armam para a batalha espiritual (Ef 6.10).
37

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
6. É percebido pelo plano da salvação proposto por
Deus desde a fundação do mundo
a)| I O caráter universal da epístola aos Romanos
b)| I O caráter universal da epístola aos Gálatas
c)12LO caráter universal da epístola aos Efésios
d)| | O caráter universal da epístola aos Hebreus
7. Efésios tem muita afinidade com
a)l I Romanos
b)| I Gálatas
c)| | Filipenses
d ) 0 Colossenses
8. Quando Paulo escreveu a epístola aos Efésios, estava
preso em '/Zo/tq/Q
___, de onde a enviou àquela igreja
através de
a)| I Roma, Timóteo
b)0~Roma, Tíquico
c)| I Jerusalém, Timóteo
d)| | Jerusalém, Tito
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9 .\f\ Em Cristo”, uma expressão paulina de peso (106
vezes nas epístolas de Paulo), sobressai grandemente
em Gálatas (cerca de 36 vezes)
10.[g] Efésios salienta o propósito e alvo eterno de
Deus para os judeus
38

Lição 2
Cartas de Paulo: ICoríntios e
2Coríntios
Primeira
Carta aos
Coríntios
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: 55/56 d.C.
Tema: Problemas da Igreja e Suas
Soluções
Palavras-Chave: A cruz, pecados
sexuais, dons espirituais, amor, a
ressurreição
Versículos-chave: ICo 13.1; 14.33a
$ Corinto, uma cidade antiga da Grécia, era,"j> _ j
em muitos aspectos, a metrópole grega de maior " "
destaque nos tempos de Paulo. Assim como muitas das
cidades prósperas do mundo de hoje, Corinto era
intelectualmente arrogante, materialmente próspera e
moralmente corrupta. O pecado, em todas as suas
formas, grassava1 nessa cidade de má fama, pela sua
licenciosidade2.
Juntamente com Priscila e Aquila (ICo
16.19) e com sua própria equipe apostólica (At 18.5),
Paulo fundou a igreja em Corinto, durante seu
ministério de dezoito meses ali, na sua segunda viagem
1 Desenvolver-se; alastrar-se, propagar-se progressivamente.
2 Sensual, libidinoso; libertino.
39

missionária (At 18.1-17). A igreja era composta de
alguns judeus, sendo sua maioria constituída de gentios
convertidos do paganismo. Depois da partida de Paulo
de Corinto, surgiram vários problemas na jovem igreja,
que requereram sua autoridade e doutrina apostólica,
por carta e visitas pessoais.
Autor
A autenticidade de ICoríntios nunca foi
seriamente desafiada. Em estilo, linguagem e filosofia,
a epístola pertence ao apóstolo Paulo.
A própria índole1 da carta é uma prova de
que Paulo é o autor humano da mesma. No primeiro
capítulo diz ele que é Paulo, que exerceu um longo
ministério entre eles, porém, que não batizou muitas
pessoas ali. Fala da sua conduta exemplar enquanto
esteve em Corinto e manifesta uma compreensão de
seus problemas e sua solução que só o apóstolo dos
gentios poderia ter. A melhor explicação para se
justificar a omissão do ensino doutrinário no começo
da carta é que Paulo pregara em Corinto por espaço de
quase dois anos, de maneira que não havia necessidade
de que lhes escrevesse sobre as verdades fundamentais
do Evangelho (ICo 1.1,12-17; 3.4,6,22; 16.21).
Os antigos “Pais” deram evidência de sobra
quanto à sua aceitação deste livro como uma carta
escrita pelo apóstolo Paulo. Tem feito parte do cânon
desde o seu começo. Clemente de Roma chama-a
“Epístola do bendito apóstolo Paulo” e Clemente de
Alexandria fez mais de cem citações dela. Os cristãos e
os inimigos do Cristianismo citaram-na como Epístola
1 Propensão natural; tendência característica; temperamento.
Feitio, condição, caráter.
40

autêntica escrita por Paulo, o apóstolo aos gentios.
Apresenta esta carta mais evidência em seu favor do
que a maioria dos escritos antigos, sem existir
controvérsia quanto a este assunto.
Data e as Circunstâncias
Existem vários motivos para aceitar-se a
declaração de Paulo de que ele se achava em Éfeso
quando escreveu a Epístola (ICo 16.8,9). Seu
ministério exercido em Éfeso durante três anos provê a
oportunidade (At 19.8,10,21,22; 20.31). Não era coisa
fácil escrever-se naqueles dias, porém de acordo com
ICoríntios 5-9, Paulo já tinha escrito a estes irmãos,
mas ignoramos como se perdeu a mencionada carta.
Ao sair Paulo de Corinto, levou consigo a
Aquila e Priscila até Éfeso onde os deixou (At
18.18,19). Enquanto Paulo seguiu para Jerusalém,
chegou a Éfeso o eloqüente orador Apoio, d e ^
_
Alexandria, até pregou com muito poder, porém não ^
conhecia senão o batismo de João Batista. Depois de
ouvi-lo falar, Priscila e Áquila tomaram-no e
ensinaram-lhe as demais verdades a respeito do Senhor
Jesus e da vinda do Espírito Santo. Depois Apoio
passou por Corinto onde pregou com tanta eloqüência
que alguns formaram um partido dando-lhe seu nome,
ao passo que outros ficaram fiéis a Paulo, que tinha
pregado a pura verdade, porém com simplicidade, com
o propósito de evitar que os gentios fixassem sua
atenção nele. Em Atenas Paulo falou perante os
eruditos e filósofos da sua época e uns poucos se
converteram a despeito daqueles que zombavam da
doutrina. De Atenas o apóstolo foi a Corinto, e ele
mesmo se expressou nestes termos: “E eu, irmãos,
quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho
41

de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de
sabedoria, porque decidi nada saber entre vós, senão a
Jesus Cristo, e Este crucificado. E foi em fraqueza,
temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha
palavra e a minha pregação não consistiram em
linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e do poder, para que a vossa
fé não se apoiasse em sabedoria humana; e, sim, no
poder de Deus” (ICo 2.1-5).
Paulo também vivia do trabalho de suas
próprias mãos, fabricando tendas de campanha ou
barracas, e aos sábados discutia com os que
freqüentavam as sinagogas. Só quando chegaram Silas
e Timóteo de Macedônia, sem dúvida trazendo-lhe uma
oferta (Fp 4.15) é que Paulo abandonou o trabalho
manual que estava fazendo para dedicar-se
integralmente ao seu ministério. Naturalmente houve
um contraste entre a humildade e abnegação de Paulo e
a eloqüência de Apoio. Os dois pregadores não
desejaram que isso acontecesse, nem pretendiam causar
divisões entre os irmãos, nem houve ciúme ou inveja
entre eles (ICo 16.12). A formação dos dois partidos
entre os coríntios foi simplesmente uma manifestação
de sua carnalidade, e assim foi que Paulo considerou o
fato (ICo 3.3,4).
Enquanto Paulo estava em Efeso, de regresso
de Jerusalém e no começo de sua terceira viagem
missionária, ouvia falar destas divisões entre crentes de
Corinto, e também de certas imoralidades ali
praticadas. Escreveu-lhes acerca do dever de se
separarem dos que estavam em pecado e recebeu uma
resposta por escrito na qual lhe faziam certas
perguntas. Talvez Estéfanas, Fortunato e Acaio
trouxessem o recado e dessem mais notícias
verbalmente (ICo 16.17). Além da mencionada carta da
42

Igreja de Corinto, veio a Éfeso a família do irmão Cloe
e os membros desta família contaram a Paulo
detalhadamente a condição espiritual dessa igreja. O
apóstolo enviou Timóteo para lá imediatamente, sem
esperar para escrever-lhes. Já vimos, então, como foi
que ele sentiu a necessidade de escrever esta carta, a
fim de aplicar a cada problema da igreja de Corinto a
solução ditada pelo Espírito Santo. Como fundador da
mencionada igreja e como apóstolo dos gentios por
determinação de Deus, a responsabilidade pesava sobre
ele (2Co 11.28). A inspiração divina na composição da
epístola nota-se no fato de que Paulo explica as
verdades fundamentais que formam os princípios ou
regras para as decisões ou procedimentos que cabem
em cada caso. Assim sendo, a carta é de grande
importância e utilidade para a instituição de igrejas na
atualidade, e damos graças a Deus que no-la tem
conservado.
Pelas razões acima expostas consideramos
que esta Epístola foi escrita lá pelo fim dos três anos
do ministério de Paulo em Éfeso, entre 55 ou 56 da era
cristã.
Propósito
Paulo tinha dois motivos principais ao
escrever esta epístola:
• Tratar dos sérios problemas da igreja de Corinto, de
que fora informado. Eram pecados que os coríntios
não levavam muito a sério, mas que Paulo sabia
serem graves.
• Aconselhar e doutrinar sobre variados assuntos que
os coríntios lhe encaminharam por escrito. Isso
incluía assuntos doutrinários e de conduta e pureza,
tanto individual, como da congregação.
43

Visão Panorâmica
Esta epístola trata dos problemas que uma
igreja experimenta quando seus membros continuam
“carnais” (ICo 3.1-3) e não se separam de uma vez,
dos incrédulos a seu redor (2Co 6.17). São problemas
tipo espírito de divisão (ICo 1.10-13; 11.17-22),
tolerância de pecado tipo incesto1 (ICo 5.1-13),
imoralidade sexual em geral (ICo 6.12-20), ação
judicial entre os cristãos (ICo 6.1-11), idéias
humanistas a respeito da verdade apostólica (ICo 15) e
conflitos a respeito da “liberdade cristã” (ICo 8-10).
Paulo também instrui os coríntios a respeito do
celibato2 e do casamento (ICo 7), o culto público,
inclusive a Ceia do Senhor (ICo 11-14) e a oferta para
os santos de Jerusalém (ICo 16.1-4).
Entre os ensinos mais importantes de Paulo
em ICoríntios, está o das manifestações e dons do
Espírito Santo nos cultos da igreja (ICo 12-14). O
ensino desses capítulos é o mais rico do Novo
Testamento sobre a natureza e o conteúdo da adoração
na igreja primitiva (ICo 14.26-33).
Paulo mostra que o propósito de Deus para a
igreja inclui uma rica variedade de dons do Espírito
através de crentes fiéis (ICo 12.4-10) e de pessoas
chamadas para exercer certos ministérios (ICo 12.28-
30) - uma diversidade dentro da unidade, comparável
às múltiplas funções do corpo humano (ICo 12.12-27).
No da operação dos dons espirituais na congregação,
Paulo faz uma distinção essencial entre a edificação
individual e a coletiva como assembléia (ICo 14.2-
1 União sexual ilícita entre parentes consangüíneos, afins ou
adotivos.
2 O estado de uma pessoa que se mantém solteira.
44

6,12,16-19,26), e reitera que todas as manifestações
públicas dos dons devem brotar do amor (ICo 13) e
existirem para a edificação de todos os crentes (ICo
12.7; 14.4-6,26).
Características Especiais
Cinco características especiais vemos em
ICoríntios:
1. De todo o Novo Testamento, é a epístola que mais
trata de problemas. Ao tratar dos vários problemas e
assuntos de Corinto, Paulo apresenta princípios
espirituais claros e permanentes, sendo cada um
deles universalmente aplicáveis à igreja (ICo 1.10;
6.17,20; 7.7; 9.24-27; 10.31,32; 14.1-10; 15.22,23).
2. Há um destaque geral sobre a unidade da igreja local
como corpo de Cristo, destaque este no ensino sobre
divisões, Ceia do Senhor e dons espirituais.
3. Esta epístola contém o mais amplo ensino do Novo
Testamento em assuntos de grande importância como
o celibato, o casamento e novo casamento (capítulo
7); a Ceia do Senhor (ICo 10.16-21; 11.17-34);
línguas, profecias e dons espirituais durante o culto
(ICo 12,14); o amor cristão (ICo 13); e a
ressurreição do corpo (ICo 15).
4. A epístola é de valor incalculável para o ministério
pastoral, no tocante à disciplina eclesiástica (ICo 5).
5. Salienta1 a possibilidade indubitável2 de decair da fé,
aqueles que persistem numa conduta ímpia e que não
têm firmeza em Cristo (ICo 6.9,10; 9.24-27; 10.5-
12,20,21; 15.1-2).
1 Tornar-se saliente ou notável; evidenciar-se, distinguir-se,
sobressair.
2 Sobre que não pode haver dúvida; incontestável, irrefragável.
45

Correções na Conduta Cristã (ICo 1-11)
A maravilhosa igreja de Corinto, a jóia
brilhante da coroa do trabalho de Paulo, estava
fracassando, porque o mundanismo (carnalidade) se
tinha introduzido em seu seio.
Tudo corria bem enquanto a igreja penetrava
na cidade de Corinto, mas quando Corinto penetrou na
igreja, o desastre começou.
O maior perigo da igreja de Corinto vinha de
dentro. É uma verdade sempre confirmada.
Espírito de partidos.
Paulo fala das divisões e grupos na igreja.
Nada destrói mais o coração e a vida de uma igreja, do
que a política de partidos. Cristianismo é amor. Só
Jesus Cristo pode curar o mal das divisões (ICo 1.13).
Todo olhar, todo coração e todo espírito deve voltar-se
para um objetivo: Jesus Cristo, nosso Salvador pessoal.
A Cruz.
1. A cruz era “escândalo para os judeus”.
Algo com que não podiam conformar-se
(ICo 1.23). Não era possível compreender como tal
demonstração de fraqueza podia ser fonte de poder.
Para eles, um homem morrendo na cruz não parecia o
Salvador do mundo. A cruz significava fracasso para
eles.
2. A cruz era “Loucura para os gregos”.
Os gregos olhavam com desdém a religião
sem base científica, ensinada primeiro num recanto
atrasado do mundo, como Nazaré, pelo filho de um
carpinteiro que nunca estudara em Atenas ou Roma. Os
gregos idolatravam “cérebros”.
46

Mas Deus nunca desprezou as coisas
humildes. Ele usou a funda1 de Davi para derrubar
Golias, o pior inimigo de Israel. Usou a merenda2 de
um menino para alimentar uma multidão. Ou a cruz é
“o poder de Deus” ou é “loucura”. Nenhuma pessoa
jamais deixa a cruz na mesma condição em que a ela
veio. Terá de aceitá-la ou de rejeitá-la. Se a aceita,
torna-se filho de Deus (Jo 1.12); se a repudia, é réu,
condenado (Jo 3.36). Paulo não pregou um Cristo
conquistador ou filósofo, porém, Cristo crucificado e
humilde (ICo 2.2). Paulo diz: “Nem eu tão pouco julgo
a mim mesmo” (ICo 4.3).
Não sabeis?
Esta é uma expressão usada por Paulo. Sua
fé se baseava em fatos. Ele queria saber das coisas.
Sublinhe os “não sabeis?” do capítulo 6. Que nos
compete saber? “Ou não sabeis porque o nosso corpo é
o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai,
pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os
quais pertencem a Deus” (ICo 6.19,20). Se o nosso
corpo foi redimido pelo Senhor Jesus Cristo, então não
nos pertence mais, e sim Aquele que nos comprou com
o seu precioso sangue. “Porque fostes comprados por
preço”. A Escritura não estabelece regrinhas de
conduta nem diz que coisas devem ou não fazer, antes,
estabelece princípios pelos quais o cristão deve
orientar suas ações. Alguém disse que a liberdade
cristã não quer dizer o direito que temos de fazer o que
1 Laçada de couro ou de corda para arrojar pedras, ou outros
projetis, ao longe.
Refeição leve, entre o almoço e o jantar. O que se leva em
farnel para comer no campo ou em viagem.
47

queremos, e sim o que devemos. Paulo diz: “Todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm;
todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma” (ICo 6.12).
Casamento.
Deus apresenta com clareza os princípios do
casamento. Quando duas pessoas se casam, fazem-no
por toda a vida. Leiam o que disse Jesus acerca do
divórcio (Mt 5.31,32; 19.3-11; Mc 10.2-12). São
declarações claras. Anotem ICoríntios 7.9,13 na
Bíblia. Meditem nesses versículos.
A Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor é descrita em quatro
trechos bíblicos: Mateus 26.26-29; Marcos 14.22-25;
Lucas 22.15-20; ICoríntios 11.23-32.
Sua importância relaciona-se com o passado,
o presente e o futuro.
Sua importância no passado.
É um memorial (gr. anamnesis; ICo 11.24-
26; Lc 22.19) da morte de Cristo no Calvário, para
redimir os crentes do pecado e da condenação. Através
da Ceia do Senhor, vemos mais uma vez diante de nós
a morte salvífica de Cristo e seu significado redentor
para nossa vida. A morte de Cristo é nossa motivação
maior para não cairmos em pecado e para nos
abstermos de toda a aparência do mal (lTs 5.22). É um
ato de ação de graças (gr. eucharistia) pelas bênçãos e
salvação da parte de Deus, provenientes do sacrifício
de Jesus Cristo na cruz por nós (ICo 11.24; Mt
26.27,28; Mc 14.23; Lc 22.19).
48

Sua importância no presente.
A Ceia do Senhor é um ato de comunhão (gr.
koinoniá) com Cristo e de participação nos benefícios
da sua morte sacrificial e, ao mesmo tempo, comunhão
com os demais membros do corpo de Cristo (ICo
10.16,17). Nessa ceia com o Senhor ressurreto, Ele,
como o anfitrião, faz-se presente de modo especial (cf.
Mt 18.20; Lc 24.35). E o reconhecimento e a
proclamação da Nova Aliança (gr. kaine diatheke)
mediante a qual os crentes reafirmam o senhorio de
Cristo e nosso compromisso de fazer a sua vontade, de
permanecer leais, de resistir o pecado e de identificar-
nos com a missão de Cristo (ICo 11.25; Mt 26.28; Mc
14.24; Lc 22.20).
Sua importância no futuro.
A Ceia do Senhor é um antegozo do reino
futuro de Deus e do banquete messiânico futuro,
quando então, todos os crentes estarão presentes com o
Senhor (Mt 8.11; 22.1-14; Mc 14.25; Lc 13.29;
22.17,18,30). Antevê a volta iminente de Cristo para
buscar o seu povo (ICo 11.26) e encena a oração:
“Venha o teu Reino” (Mt 6.10; cf. Ap 22.20). Na Ceia
do Senhor, toda essa importância acima mencionada, só
passa a ter significado se chegarmos diante do Senhor
com fé genuína, oração sincera e obediência à Palavra
de Deus e à sua vontade.
Instruções Quanto à Conduta Cristã
(ICo 12-16)
Em ICoríntios 12 encontramos os dons que o
Espírito dá aos crentes. Nos versículos 1-3 ele fala da
transformação que se deu na vida dos cristãos coríntios
após abandonarem o culto de ídolos mortos para adorar
49

Autor: O Apóstolo Paulo
Segunda Data: 55/56 d.C.
Carta aos Tema: Glória Através do Sofrimento
Coríntios Pa^avras-Chave: Consolação, sofrimento,
ministério, glória, poder, fraqueza
Versículos-chave: 2Co 4.5; 5.20-21
Tendo Paulo fundado a igreja em Corinto,
durante sua segunda viagem missionária, manteve
contato freqüente com os coríntios a partir de então,
por causa dos problemas daquela igreja (ver a
introdução a ICoríntios).
A seqüência desses contatos e o contexto em
que 2Coríntios foi escrito são os seguintes:
• Depois de alguns contatos e correspondência inicial
entre Paulo e a igreja (ICo 1.1; 5.9; 7.1), ele
escreveu ICoríntios, de Efeso (primavera de 55 ou
56 d.C.).
• Em seguida, ele fez uma viagem a Corinto, cruzando
o mar Egeu, para tratar de problemas surgidos na
igreja. Essa visita, no período entre 1 e 2Coríntios
(2Co 13.1,2), foi espinhosa para Paulo e para a
congregação (2Co 2.1,2).
• Depois dessa visita afanosa1, informes chegaram a
Paulo em Efeso de que seus adversários estavam
atacando a sua autoridade apostólica em Corinto,
tentando persuadir uma parte da igreja a rejeitá-lo.
• -'Respondendo, Paulo escreveu 2Coríntios, na
Macedônia (outono de 55 ou 56 d.C.).
• Pouco depois, Paulo viajou outra vez a Corinto (2Co
13.1), permanecendo ali cerca de três meses (cf. At
20.1-3a). Foi ali que escreveu a Epístola aos
Romanos.
1 Cheio de afã; trabalhoso, laborioso.

Autor
Paulo escreveu esta epístola à igreja de
Corinto e aos crentes de toda a Acaia (2Co 1.1),
identificando-se duas vezes pelo nome (2Co 1.1; 10.1).
Há duas afirmações de que Paulo escreveu a
carta (2Co 1.1 e 10.1). As coisas detalhadas que
escreve e as referências particulares especialmente no
capítulo dois, onde fala do mesmo homem que indica
na primeira Epístola, o capítulo cinco: estas constituem
provas de que o autor desta Epístola é o mesmo que o
da primeira. Não podia ser outro senão Paulo, o
apóstolo dos gentios, e que fundou a igreja de Corinto
(2Co 3.1-3). Só Paulo podia ter escrito 2Coríntios
12.19-13.10.
O testemunho externo é mais do que
suficiente para provar a mesma coisa. Desde Policarpo
em diante encontram-se referências a este livro, e
ocupa o terceiro lugar no Apostolicón de Marción (Ano
145).
Tema e Propósito
Tendo em mente que 2Coríntios é a defesa
pessoal do ministério de Paulo, resumiremos o seu
tema da seguinte maneira: o ministério de Paulo, seus
motivos, sacrifícios, responsabilidades e eficiência.
• Paulo escreveu esta epístola a três classes de pessoas
em Corinto;
• Primeiro escreveu para encorajar a maioria da igreja
que lhe era fiel, como seu pai espiritual;
• Escreveu para contestar e desmascarar os falsos
apóstolos que continuavam a difamá-lo, para, assim,
enfraquecer a sua autoridade e o seu apostolado, e
distorcer a sua mensagem;
53

• Escreveu, também, para repreender a minoria na
igreja influenciada por seus oponentes e que não
acatavam a sua autoridade e correção. Paulo
reafirmou sua integridade e sua autoridade
apostólica em relação a eles, esclareceu os seus
motivos e os advertiu contra novas rebeliões.
2Coríntios visou a preparar a igreja como um todo,
para sua visita iminente1.
A Data e as Circunstâncias
Depois de enviar a primeira Epístola aos
Coríntios Paulo esperou em Éfeso até o alvoroço no
teatro (At 19.23-41), que o fez sair da cidade. Já tinha
o propósito de visitar a Macedônia e Acaia e tinha
enviado adiante dele Timóteo e Erasto (At 19.21,22).
Partiu de Éfeso e chegou a Trôade. Nesta cidade teve
muitas oportunidades para pregar o Evangelho, mas
não teve sossego em seu espírito, pelo fato de Tito não
ter regressado, o qual fora enviado a Corinto por Paulo
para adverti-los a respeito da oferta (2Co 12.18-8.6,16)
e para saber de que maneira os irmãos de Corinto
tinham recebido a carta anterior (2Co 2.12,13).
Paulo partiu de Trôade para Macedônia, onde
Tito o encontrou quando de seu regresso de Corinto
(2Co 7.5-7). As notícias que trouxe da submissão da
igreja às coisas que foram ordenadas na carta: sua
pronta obediência c a tristeza da maioria pelo que
acontecera, não se acham somente neste capítulo sete,
mas também de vez em quando por todo o livro.
Também 2Coríntios 8.1 e 9.24 provam que esta carta
foi escrita desde a Macedônia, de modo que é claro que
Paulo a escreveu quando do regresso de Tito com as
1 Que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro.
54

notícias da recepção da primeira Epístola, talvez uns
seis meses após aquela, cerca do ano 55 depois de
Cristo.
«»Quando Tito contou a Paulo que a igreja de
Corinto tinha disciplinado o culpado de acordo com as
suas instruções (ICo 5), e que a dita disciplina tinha
tido o efeito desejado pelo fato de o homem estar muito
triste e desejarem perdoá-lo (2Co 2.5-8), o apóstolo
naturalmente sentiu a sua responsabilidade de escrever-
lhes imediatamente com as instruções sobre o caso.
Com mais detalhes de Tito a respeito do caráter da
oposição ao apóstolo e a tendência de alguns em
prestar-lhes atenção quanto à importância da lei
mosaica, Paulo quis deixar claro também esse ponto,
tanto para defender seu próprio apostolado, como
também para dar autoridade aos seus ensinamentos.
Estas considerações, juntamente com os assuntos
materiais, com a sua visita e a coleta para os santos em
Jerusalém, fizeram-no sentir o impulso de escrever.
Deus usava as circunstâncias para fazê-lo cumprir a
vontade divina e assim temos este precioso livro no
cânon do Novo Testamento.
Visão Panorâmica
2Coríntios tem três divisões principais:
1. Na primeira (2Co 1-7), Paulo começa
dando graças a Deus pela sua consolação em meio aos
sofrimentos em prol do evangelho, elogia os coríntios
por disciplinarem um grande transgressor e defende a
sua integridade ao alterar seus planos de viagem. Em
2Coríntios 3.1-6.10, Paulo apresenta o mais extenso
ensino do Novo Testamento sobre o verdadeiro caráter
do ministério. Ressalta a importância da separação do
mundo (2Co 6.11-7.1) e expressa sua alegria ao saber,

através de Tito, do arrependimento de muitos na igreja
de Corinto, que antes desacatavam a sua autoridade
apostólica (2Co 7).
2. Nos capítulos 8 e 9, Paulo exorta os
coríntios a demonstrar a mesma generosidade cristã e
sincera dos macedônios, ao contribuírem na campanha
por ele dirigida, a favor dos crentes pobres de
Jerusalém.
3. O estilo da epístola muda nos capítulos
10-13. Agora, Paulo defende o seu apostolado,
discorrendo sobre a sua chamada, qualificações e
sofrimentos como um verdadeiro apóstolo. Com isso,
Paulo espera que os coríntios reconheçam os falsos
apóstolos entre eles, o que os poupará de futura
disciplina quando ele lá chegar. Paulo termina
2Coríntios com a única bênção trinitária no Novo
Testamento (2Co 13.13).
Características Especiais
Quatro fatos principais caracterizam esta
epístola:
humildade, desculpas e até mesmo constrangimento,
mas foi necessário, tendo em vista a situação em
Corinto.
2. Ultrapassa todas as demais epístolas paulinas no que
tange à revelação da intensidade e profundidade do
amor e cuidado de Paulo por seus filhos espirituais.
3. Contém a mais completa teologia do Novo
Testamento sobre o sofrimento do crente (2Co 1.3-
11; 4.7-18; 6.3-10; 11.23-30; 12.1-10), e de igual
modo, sobre a contribuição cristã (2Co 8-9).
56

4. Termos-chave, tais como fraqueza, aflição, lágrimas,
perigos, tribulação, sofrimento, consolação,
jactância, verdade, ministério e glória, destacam o
conteúdo incomparável desta carta.
Comentário
Paulo estava um pouco preocupado sobre
como a igreja de Corinto teria recebido sua primeira
carta. Perguntava-se a si mesmo como teriam aceitado
suas exortações. Por isso mandou Tito e talvez Timóteo
a Corinto para verificar o resultado da epístola.
Durante sua terceira viagem missionária, em Filipos,
Tito contou que a maioria da igreja recebera a carta
com bom espírito.
Alguns, porém, duvidaram dos seus motivos,
chegando mesmo a negar o seu apostolado. Talvez
pusessem isto em dúvida porque Paulo não pertenceu
ao grupo dos doze.
Nessas circunstâncias, Paulo escreveu a
segunda epístola, não só para expressar sua alegria por
causa das notícias alegres sobre a maneira como sua
primeira epístola foi recebida, como também para
defender o seu apostolado.
O Ministério de Paulo (2Co 1-7)
Paulo começa sua segunda epístola com as
saudações habituais e ações de graças (2Co 1.1-11).
Todos nós apreciamos uma história verdadeira. Paulo
narra, nesse documento, tantas experiências pessoais da
sua vida, que não há quem não goste de lê-las. Começa
contando as grandes aflições pelas quais tem passado.
Através de todas as suas provações, aprendeu a
conhecer melhor a Deus.
57

Paulo tinha consciência da sua sinceridade e
fidelidade quando trabalhou entre os coríntios.
Explicou-lhes que tinha mandado sua primeira carta em
vez de vir pessoalmente, a fim de poder, quando viesse,
louvá-los e não repreendê-los (2Co 1.23-2.4). Ele
invoca o testemunho de Deus para a sua declaração.
Os doutores da lei, dos dias de Paulo, sempre
levavam consigo cartas de apresentação. Procuravam
combater Paulo por todos os meios. Perguntavam:
“Quem é esse Paulo? Que carta de recomendação traz
de Jerusalém?” Como era tola a pergunta! Acaso Paulo
precisaria de carta de recomendação para uma igreja
que ele próprio fundara? “Por que”? “Vós sois a nossa
carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por
todos os homens” (2Co 3.2).
As vidas dos verdadeiros cristãos em Corinto
eram cartas, que serviam para recomendar tanto a
Paulo, o servo, como a Cristo, o Senhor.
Paulo teve um ministério triunfante, mas
cheio de aflições. A vitória tem um preço! Paulo conta
muita coisa a respeito das suas tribulações (capítulos
4,6 e 11). Na sua gloriosa conversão, o Senhor disse:
“Pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo
meu Nome” (At 9.16).
As provações parecem ter começado logo
depois e o acompanharam durante trinta anos. Paulo,
porém, mostrava-se sempre otimista, pois sabia que as
aflições presentes tornavam maior a glória vindoura1
(2Co 4.17,18).
Em todas as suas aflições Paulo encontra
conforto na ressurreição. Vivia sob a inspiração de que,
um dia, seu corpo seria transformado e glorificado
(2Co 5.10).
1 Que há de vir ou acontecer; futuro, venturo.
58

V-Ur ^ a^v0 ministério de Paulo é levar os
homens a se reconciliarem com Deus (2Co 5.20). O
supremo interesse de Deus está no homem. Como
embaixador de Cristo o apóstolo apela aos homens do
mundo.
Segue-se o seu apelo para uma vida de
santidade (2Co 6.11-7.16). Santidade de vida quer
dizer “tudo” para Deus. Paulo roga aos seus
cooperadores que não recebam em vão a benignidade
de Deus, porém, abram seus corações a Ele.
Liberdade no Ar (2Co 8 e 9)
Paulo relata à igreja de Corinto a
generosidade das igrejas da Macedônia em favor do
Fundo de Socorro para a Palestina, contra a fome.
Embora fossem pobres, primeiro se haviam dado ao
Senhor. Todas as igrejas da Ásia Menor e da Grécia
contribuíram para o fundo. Isto começara um ano antes
(2Co 8.10).
Paulo escreveu isto quando estava na
Macedônia. Não tinha aceitado de nenhuma igreja
qualquer salário para o seu trabalho. Cristo era o
exemplo desses cristãos primitivos (2Co 8.9). Como
Dar:
• Da vossa pobreza (2Co 8.2); y /
• Generosamente (2Co 8.3); y/
• Espontaneamente (2Co 9.7);
• Proporcionalmente (2Co 8.12,13,14);\ J
• Com alegria (2Co 9.7); sJ
• Abundantemente (2Co 9.6). v/
Deus sempre prometeu recompensas ao que
dá com generosidade (2Co 9.6). Ele nos enriquece não
só de bênçãos espirituais como também materiais.
Essas dádivas serviam para fortalecer os laços de
59

fraternidade entre os cristãos judeus e gentios. “Graças
a Deus pelo seu dom inefável1“ (2Co 9.15).
O Apostolado de Paulo (2Co 10-13)
Alguns membros da igreja acusavam Paulo
de covardia. Diziam que era corajoso nas suas cartas,
mas fraco em pessoa. O Novo Testamento não nos dá
qualquer idéia da aparência de Paulo. Imaginar que
esse homem, capaz de revolucionar cidades, era fraco,
seria absurdo. Devia ter uma personalidade poderosa e
dominante. Era pessoa de extraordinários dons e dotado
de intelecto agudo e pesquisador. Além disso, Cristo
habitava nele e operava através dele. Ele ocultava-se
atrás da cruz.
Seus inimigos diziam que nenhum apóstolo
trabalhava com as próprias mãos para sustentar-se.
Apontavam os outros apóstolos, mas Paulo explicou
que tinha direito de receber um salário, porém o
recusava a fim de que os falsos mestres não abusassem
do seu exemplo comercializando o ministério. Declarou
que, ao menos, havia fundado suas próprias igrejas e
não andava perturbando igrejas fundadas por outros,
como eles faziam. “Mas eles, medindo-se consigo
mesmos, e comparando-se consigo mesmos, revelam
insensatez2“ (2Co 10.12-18).
'jX - g Paulo foi arrebatado ao “Paraíso”, a saber, o
terceiro céu. Você se lembra que Jesus, ao morrer, foi
ao Paraíso (Lc 23.43). Lá Paulo teve visões e
revelações maravilhosas, e ouviu coisas que ao homem
não era lícito falar (2Co 12.4). Nenhuma linguagem
1 Que não se pode exprimir por palavras; indizível. Encantador,
inebriante.
2 Falto de senso ou razão; demente, louco; descocado. Que não
revela bom senso.
60

humana, jamais poderia descrever a glória delas. Seria
o mesmo que tentar descrever um pôr de sol para um
cego de nascença. Paulo não tinha com que compara-
las para poder fazer-nos compreendê-las.
Parece que por causas dessas visões
celestiais, Deus permitiu que Paulo sofresse um
impedimento físico. O Senhor conhece o perigo do
orgulho do coração humano depois de uma experiência
assim e, por isso, consentiu num “mensageiro de
Satanás para esbofetear” o seu servo. O Próprio
apóstolo chamou a essa aflição “espinho na carne”
(2Co 12.7).
61

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
6. A segunda carta de Paulo aos Coríntios foi escrita
a)| | Em Roma
b)l | Em Jerusalém
c)IXl Na Macedônia
d)| | Em Alexandria
7. Noticiou Paulo sobre a recepção da primeira
Epístola, contou a Paulo que a igreja de Corinto
tinha disciplinado um culpado de acordo com as suas
instruções
a)| I Silvano
b)K1 Tito
c)| I Erasto
d)| I Tíquico
8. Lá Paulo teve visões e revelações maravilhosas, e
ouviu coisas que ao homem não era lícito falar •
a)í~~| No Paraíso
b)| | Em Corinto
c)| I No Templo
d ) 0 Em Roma
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9 . <c O alvo do ministério de Paulo é levar os homens a
se reconciliarem entre eles
1 0 . 2Coríntios é a mais autobiográfica das epístolas
de Paulo
62

Lição 3
Cartas de Paulo: Aos Filipenses,
Colossenses, 1 e 2Tessalonicenses, 1 e
2Timóteo, Tito e Filemom
Autor: O Apóstolo Paulo
Carta aos Data: Cerca de 62/63 d.C. f
Filipenses Tema: Alegria de Viver por Cristo
r Palavras-Chave: Alegria, regozijar
Versículo-chave: Fp 4.4
A igreja de Filipos foi fundada por Paulo e
sua equipe de cooperadores (Silas, Timóteo e Lucas) na *
sua segunda viagem missionária, em obediência a uma
visão que Deus lhe dera em Trôade (At 16.9-40).
Um forte elo de amizade desenvolveu-se
entre o apóstolo e a igreja em Filipos. Várias vezes a
igreja enviou ajuda financeira a Paulo (2Co 11.9; Fp
4.15,16) e contribuiu generosamente para a coleta que
o apóstolo providenciou para os crentes pobres de
Jerusalém (cf. 2Co 8-9). Parece que Paulo visitou a
igreja duas vezes na sua terceira viagem missionária
(At 20.1,3,6).
1 Causar regozijo a; alegrar muito.
63

Propósito
Da prisão (Fp 1.7,13,14), certamente em
Roma (At 28.16-31), Paulo escreveu esta carta aos
crentes filipenses para agradecer-lhes pela sua oferta
generosa, cujo portador foi Epafrodito (Fp 4.14-19) e
para informá-los do seu estado pessoal. Além disso,
escreveu para transmitir à congregação a certeza do
triunfo do propósito de Deus na sua prisão (Fp 1.12-
30), para assegurar à igreja que o mensageiro por ela
enviado (Epafrodito) cumprira fielmente a sua tarefa e
que não estava voltando antes do devido tempo (Fp
2.25-30), e para levar os membros da igreja a se
esforçarem para conhecer melhor o Senhor,
conservando a unidade, a humildade, a comunhão e a
paz.
Visão Panorâmica
Diferente de muitas das cartas de Paulo,
Filipenses não foi escrita primeiramente devido a
problemas ou conflitos na igreja. Sua tônica básica é de
cordial afeição e apreço pela congregação. Da saudação
inicial (Fp 1.1) à bênção final (Fp 4.23), a carta
focaliza Cristo Jesus como o propósito da vida e a
esperança da vida eterna por parte do crente. Nesta
epístola, Paulo trata de três problemas menores em
Filipos:
• O desânimo dos crentes ali, por causa da prisão
prolongada de Paulo (Fp 1.12-26);
• Pequenas sementes de discórdia entre duas mulheres
da igreja (Fp 4.2; cf. Fp 2.2-4);
• A ameaça de deslealdade sempre presente entre as
igrejas, por causa dos mestres judaizantes e dos
crentes de mentalidade terrena (Fp 3).
64

Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 62 d.C.
Carta aos Tema: A Supremacia de Cristo
^ , Palavras-Chave: Plenitude, sabedoria,
Colossenses . . _ .
conhecimento, misteno
Versículos-chave: Cl 1.18-29; 2.10
A cidade de Colossos estava localizada perto
de Laodicéia (cf. Cl 4.16), no sudeste da Ásia Menor,
cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso. A igreja
colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do
grandioso ministério de Paulo em Éfeso, durante três
anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos e de
tão grande alcance que “todos os que habitavam na
Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus” (At 19.10).
Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos
pessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a
igreja através de Epafras, um dos seus convertidos e
cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12).
O motivo desta epístola foi o surgimento de
ensinos falsos na igreja colossense, ameaçando o seu
futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras, dirigente da
igreja colossense e seu provável fundador, viajou com
o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a respeito da
situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então
escreveu esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava
preso (Cl 4.3,10,18), possivelmente em Roma (At
28.16-31), aguardando comparecer perante César (At
25.11,12). O cooperador de Paulo, Tíquico, entregou
pessoalmente a carta em Colossos, em nome do
apóstolo (Cl 4.7).
Não está descrita claramente na carta a
heresia surgida em Colossos, uma vez que os leitores
originais a conheciam bem.
65

No entanto, pelas refutações1 de Paulo ao
falso ensino, deduz-se que era uma mistura estranha de
ensinos cristãos, tradições judaicas extrabíblicas e
filosofias pagãs (semelhante ao sincretismo2 religioso
das seitas falsas de hoje). Tal ensino subvertia3 e
substituía a centralidade de Jesus.
Esta carta foi escrita de Roma, Cerca de 62
d.C. Colossenses é uma das “epístolas da prisão”.
Propósito
Paulo escreveu esta carta:
• Para combater os falsos ensinos em Colossos, que
estavam suplantando4 à centralidade e supremacia5
de Jesus Cristo na criação, na revelação, na
redenção e na igreja;
• Para ressaltar a verdadeira natureza da nova vida em
Cristo e suas exigências para o crente.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja e expressar
gratidão pela fé, amor e esperança dos crentes
colossenses, bem como pelo seu progresso contínuo,
Paulo focaliza dois assuntos principais: a doutrina
correta (Cl 1.13-2.23) e exortações práticas (Cl 3.1-
4.6).
Teologicamente, Paulo enfatiza o verdadeiro
caráter e glória do Senhor Jesus Cristo. Ele é a imagem
1 Réplica, contestação; resposta.
2 Tendência à unificação de idéias ou de doutrinas diversificadas
e, por vezes, até mesmo inconciliáveis.
3 Perverter, corromper.
4 Abater, prostrar, derribar, derrubar.
5 Superioridade, preeminência, hegemonia. Poder supremo.

do Deus invisível (Cl 1.15), a plenitude da deidade em
forma corpórea (Cl 2.9), o criador de todas as coisas
(Cl 1.16,17), o cabeça da igreja (Cl 1.18) e a fonte
toda-suficiente da nossa salvação (1.14,20-22).
Enquanto Cristo é todo-suficiente, a heresia colossense
é totalmente insuficiente - vazia, enganosa e humanista
(Cl 2.8); de espiritualidade superficial e arrogante (Cl
2.18) e sem poder contra os apetites pecaminosos do
corpo (Cl 2.23).
Nas suas exortações práticas, Paulo faz um
apelo em favor de uma vida alicerçada na suficiência
completa de Cristo, como o único meio de progresso no
viver cristão. A realidade da habitação de Cristo neles
(Cl 1.27) deve evidenciar-se na conduta cristã (Cl 3.1-
17), no relacionamento doméstico (Cl 3.18-4.1) e na
disciplina espiritual (Cl 4.2-6).
67

Autor: O Apóstolo Paulo
P r i m e i r a C a r t a Data: Cerca de 51 d.C.
aos Tema: A Volta de Cristo
Tessalonicenses Palavras-Chave: Agradecimento,
vinda, fe, esperança e
caridade1
Versículos-chave: lTs 1.9-10
Tessalônica, situada a pouco menos de 160
km a sudoeste de Filipos, era a capital, cidade principal
e porto da província romana da Macedônia. Entre os
200.000 habitantes da cidade, havia ali uma grande
comunidade judaica. Quando Paulo fundou a igreja
tessalonicense, na sua segunda viagem missionária, seu
frutífero ministério ali foi encerrado prematuramente
devido à intensa hostilidade2 judaica (At 17.1-9).
Forçado a sair de Tessalônica, Paulo foi a
Beréia, onde outro ministério breve, porém bem-
sucedido, foi interrompido pela perseguição movida
pelos judeus que o seguiram desde Tessalônica (At
17.10-13).
A seguir, viajou para Atenas (At 17.15-34),
onde Timóteo se encontrou com ele; depois, Paulo
enviou Timóteo de volta a Tessalônica para verificar a
condição da nova igreja (lTs 3.1-5); ao mesmo tempo,
Paulo seguiu para Corinto (At 18.1-17). Timóteo, ao
completar sua tarefa, viajou para Corinto levando a
Paulo informações sobre a igreja tessalonicense (lTs
3.6-8), o que levou Paulo a escrever esta carta, talvez
três a seis meses depois de fundada a igreja.
1 Amor.
2 Contrário, adverso, inimigo. Agressivo; provocante.
68

Tema
|\ ' b O assunto principal é a Volta de Cristo. Pelo
fato de ter sido um tanto breve o ministério de Paulo
em Tessalônica, Havia necessidade de confirmar os
novos crentes nas verdades que Paulo já lhes havia
ministrado. Ligado a este assunto, há uma exortação
para santidade de vida, coragem a despeito da
perseguição (lTs 3.2-4) e consolo para os que haviam
perdido entes queridos (lTs 4.1-13).
Propósito
Por ter sido Paulo forçado pela perseguição a
sair de Tessalônica, os novos convertidos receberam
apenas um mínimo de ensino sobre a vida cristã. Ao
saber Paulo,, por meio de Timóteo, das reais
circunstâncias, escreveu esta epístola:
• Para expressar sua alegria pela fé e perseverança dos
tessalonicenses em meio à perseguição;
• Para instruí-los na santidade e na vida piedosa;
• Para elucidar1 certas doutrinas, especialmente no
tocante à situação dos crentes que morrem antes da
volta de Cristo.
Visão Panorâmica
Depois de saudar a igreja (lTs 1.1), Paulo,
com alegria, enaltece2 os tessalonicenses pelo seu zelo
e fé perseverantes em meio à adversidade"3 (lTs 1.2-10;
2.13-16). Responde às críticas contra ele, relembrando
1 Tornar compreensível; esclarecer; explicar.
2 Exaltar, engrandecer.
3 Contrariedade, aborrecimento.
69

à igreja a pureza dos seus motivos (lTs 2.1-6), a
sinceridade da sua afeição e solicitude1 pelo rebanho
(lTs 2.7,8,17-20; 3.1-10) e a integridade da sua
conduta entre eles (lTs 2.9-12). Paulo destaca a
necessidade e importância da santidade e do poder na
vida cristã. O crente precisa ser santo (lTs 3.13; 4.1-8;
5.23,24), e o evangelho, acompanhado pelo poder e
manifestação do Espírito Santo (lTs 1.5). Paulo
admoesta os tessalonicenses à não extinguirem o
Espírito, a não desprezar as suas manifestações,
especialmente a profecia (lTs 5.19,20).
Um tema de destaque é a volta de Cristo para
livrar seu povo da ira de Deus sobre a terra (lTs 1.10;
4.13-18; 5.1-11). Parece que alguns crentes haviam
morrido em Tessalônica, motivando preocupação sobre
a sua salvação final. Por isso, Paulo explica o plano de
Deus para os santos que já tiverem partido quando
Cristo voltar para buscar a sua igreja (lTs 4.13-18), e
exorta os vivos sobre a importância de estarem
preparados quando Ele vier (lTs 5.1-11). Paulo termina
a carta com uma oração pela santificação e preservação
espiritual dos tessalonicenses (lTs 5.23,24).
1 Desejo de atender a alguma solicitação da melhor forma
possível; boa vontade.
70

Segunda Carta
aos
Tessalonicenses
Ao escrever Paulo esta epístola, a situação
na igreja de Tessalônica era quase a mesma da ocasião
em que ele escreveu a primeira carta (ver introdução a
ITessalonicenses).
É provável, pois, que esta carta tenha sido
escrita apenas poucos meses depois de
ITessalonicenses, quando Paulo ainda se encontrava
trabalhando em Corinto com Silas e Timóteo (2Ts 1.1;
cf. At 18.5).
Tudo indica que Paulo, ao ser informado do
acolhimento1 da sua primeira carta e do progresso dos
crentes tessalonicenses, foi movido a escrever esta
segunda carta.
Propósito
O propósito de Paulo nesta epístola é
semelhante ao de ITessalonicenses:
• Animar seus novos convertidos perseguidos;
Exortá-los a dar bom testemunho cristão e a
trabalhar cada um pelo seu sustento;
• Corrigir certos erros doutrinários sobre eventos dos
tempos do fim, ligados ao Dia do Senhor - “Dia de
Cristo” (2Ts 2.2).
1 Ato ou efeito de acolher; recepção. Atenção, consideração.
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 51 ou 52 d.C.
Tema: A Volta de Cristo
Palavras-Chave: Dia do Senhor,
homem do pecado, tradição
Versículo-chave: 2Ts 2.15
71

Visão Panorâmica
O tom da primeira carta de Paulo aos
tessalonicenses é o de uma ama que cria os seus filhos
(lTs 2.7). Na segunda, o tom é primeiramente o de um
pai que disciplina os filhos desobedientes para corrigir
seus caminhos (2Ts 3.7-12; cf. lTs 2.11). Elogia-os,
porém, pela sua fé perseverante e volta a encorajá-los a
permanecer fiéis em todas as perseguições (2Ts 1.3-7).
A seção principal da carta trata do Dia do
Senhor, no seu aspecto escatológico (2Ts 2.1-12; cf.
2Ts 1.7-10). Afigura-se de 2Tessalonicenses 2.2 que
alguns em Tessalônica afirmavam por “espírito”
(suposta revelação profética), por “palavra” (mensagem
verbal) ou “epístola” (supostamente escrita por Paulo),
que o tempo da grande tribulação e o Dia do Senhor já
haviam começado. Paulo corrige tal erro, declarando
que três eventos notáveis assinalarão e precederão a
chegada do Dia do Senhor (2Ts 2.2):
• Ocorrerá uma grande apostasia e rebelião (2Ts 2.3);
• A restrição determinada por Deus para resistir à
injustiça, será removida (2Ts 2.6,7);
• “O homem do pecado” se revelará (2Ts 2.3,4,8-11).
Paulo repreende aqueles que, na igreja, estavam se
aproveitando da expectativa da iminente volta de
Cristo como desculpa para a ociosidade1. Exorta os
crentes a serem diligentes e disciplinados no seu
viver (2Ts 3.6-12).
1 Qualidade ou estado de ocioso, de quem gasta o tempo
inutilmente; inatividade.
72

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
1. Paulo em sua segunda viagem missionária, em
obediência a uma visão que Deus lhe dera em Trôade
fundou a igreja de Filipos com sua equipe de
cooperadores
a)| | Barnabé, Tito e Timóteo
b)| | Lucas, Tíquico e Silas
c)| | Áquila, Priscila e Tito
d ) 0 Silas, Timóteo e Lucas
2. O motivo que levou a Paulo escrever esta epístola
foi o surgimento de ensinos falsos na igreja
a)| | De Filipenses
b)[~~| De Colossenses
c)| | De ITesalonicenses
d)l | De 2Tesalonicenses
3. É o tema principal das cartas de Paulo a
Tessalonicenses
a)| | Glória através do sofrimento
b)l I Supremacia de Cristo
c)ÍKl A volta de Cristo
d)| | Alegria de viver por Cristo
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4.m Colossenses é uma das “epístolas da prisão”
5.|g~l Em 2Tessalonicenses Paulo exortá-os a dar bom
testemunho cristão e a trabalhar cada um pelo seu
sustento
73

Primeira
Carta a
Timóteo
Um dos cuidados principais que Paulo
transmite ao seu jovem auxiliar é que Timóteo lute com
denodo1 pela fé e refute os falsos ensinos que estavam
comprometendo o poder salvífico do evangelho (lTm
1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21). Paulo também instrui
Timóteo a respeito das qualificações espirituais e
pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quadro
geral das qualidades de um obreiro candidato a futuro
pastor de igreja.
Entre outras coisas, Paulo ensina Timóteo
sobre o relacionamento pastoral com os vários grupos
dentro da igreja, como as mulheres em geral (lTm 2.9-
15; 5.2), as viúvas (lTm 5.3-16), os homens mais
idosos e os mais jovens (lTm 5.1), os presbíteros (lTm
5.17-25), os escravos (lTm 6.1,2), os falsos mestres
(lTm 6.3-6) e os ricos (lTm 6.7-10,17-19). Paulo
confia a Timóteo cinco tarefas distintas para ele
cumprir (lTm 1.18-20; 3.14-16; 4.11-16; 5.21-25;
6.20-21). * * 2.
Nesta epístola, Paulo exprime sua afeição a
Timóteo como seu convertido e filho na fé, e
estabelece um elevado padrão de piedade para a vida
dele e da igreja.
1 Qualidade de denodado; ousadia, intrepidez, valor, coragem,
bravura, destemor.
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 65 d.C.
Tema: A Sã Doutrina e a Piedade
Palavras-Chave: Cuidado, vigilância,
força, compromisso
Versículos-chave: lTm 3.15; 4.12
74

Autor
l V - i_e 2 Timóteo e Tito - comumente1 chamadas
“epístolas pastorais” - são cartas escritas por Paulo
(lTm 1.1; 2Tm 1.1; Tt 1.1) a Timóteo (em Éfeso) e
Tito (em Creta) concernente2 ao cuidado pastoral das
igrejas. Alguns críticos questionam a autoria destas
cartas por Paulo, mas a igreja primitiva corroborava3
sua autoria paulina. Embora haja diferenças de estilo e
de vocabulário nas epístolas pastorais ao compará-las
com as outras cartas de Paulo, estas diferenças podem
decorrer da avançada idade de Paulo e sua solicitude
pessoal com os ministérios de Timóteo e Tito.
Paulo escreveu ITimóteo depois dos eventos
relatados no fim de Atos, a primeira prisão de Paulo em
Roma terminou (At 28), segundo parece, com a sua
libertação (2Tm 4.16,17). Posteriormente, segundo
Clemente de Roma (cerca de 96 d.C.) e o Cânon
Muratoriano (cerca de 190 d.C.), Paulo viajou de
Roma, dirigindo-se para o oeste, até a Espanha, e
ministrou a Palavra de Deus ali, como era seu desejo há
longo tempo (cf. Rm 15.23,24,28).
Conforme relatam as Epístolas Pastorais,
Paulo a seguir, voltou à região do mar Egeu
(especialmente Creta, Macedônia e Grécia) e aí
continuou seu ministério. Durante esse período (cerca
de 64,65 d.C.), Paulo comissionou Timóteo como seu
representante apostólico para ministrar em Éfeso, e
Tito para fazer o mesmo em Creta. Da Macedônia,
Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo, e, pouco
mais tarde, escreveu a Tito. Posteriormente, Paulo foi
preso de novo em Roma, quando então escreveu uma
1 Em geral, ordinariamente.
2 Que concerne; relativo, atinente, referente.
3 Dar força a; fortificar, fortalecer, confirmar, comprovar.

segunda carta a Timóteo pouco antes do seu martírio,
em 67/68 (ver 2Tm 4.6-8; ver também introdução a
2Timóteo).
Propósito
Paulo teve um tríplice propósito ao escrever
ITimóteo:
• Exortar o próprio Timóteo a respeito do seu
ministério e da sua vida pessoal;
• Exortar Timóteo a defender a pureza do evangelho e
seus santos padrões da corrupção causada por falsos
mestres;
• Dar a Timóteo instruções a respeito de vários
assuntos e problemas de Efeso.
76

Segunda
Carta a
Timóteo
No capítulo 1, Paulo assegura a Timóteo o
seu incessante amor e orações, e exorta-o a nunca
transigir1 na fidelidade ao evangelho, a guardar com
diligência a verdade e a seguir o seu exemplo.
No capítulo 2, Paulo incumbe seu filho
espiritual a preservar a fé, transmitindo suas verdades a
homens fiéis que, por sua vez, ensinarão a outros (2Tm
2.2). Admoesta o jovem pastor a sofrer as aflições
como bom soldado (2Tm 2.3), a servir a Deus com
diligência e a manejar corretamente a palavra da
verdade (2Tm 2.15), a separar-se daqueles que se
desviam da verdade apostólica (2Tm 2.18-21), a
manter-se puro (2Tm 2.22) e a trabalhar com paciência
como mestre (2Tm 2.23-26).
No capítulo seguinte, Paulo declara a
Timóteo que o mal e a apostasia aumentarão (2Tm 3.1-
9), porém, ele precisa permanecer sempre, e em tudo,
leal às Escrituras (2Tm 3.10-17).
No capítulo final, Paulo incumbe Timóteo de
pregar a Palavra e de cumprir todos os deveres do seu
ministério (2Tm 4.1-5). Termina, informando a
Timóteo quanto aos seus assuntos pessoais, quando ele
já encarava a morte, e instando com o jovem pastor a
vir logo ao seu encontro (2Tm 4.6-21).
1 Chegar a acordo; ceder, condescender, contemporizar.
Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 67 d.C.
Tema: Perseverança Inabalável na Fé
Palavras-Chave: Batalha, instrução,
responsabilidade
Versículos-chave: 2Tm 3.14-17; 4.1-5
77

Autor
t h V Esta é a última carta de Paulo. Ela foi escrita
quando o imperador Nero procurava impedir a
expansão da fé cristã em Roma, perseguindo
severamente os crentes. E Paulo voltara a ser
prisioneiro do imperador em Roma (2Tm 1.16,17).
Estava sofrendo privações como se fosse um criminoso
comum (2Tm 2.9), abandonado pela maioria dos seus
amigos (2Tm 1.15), e tinha consciência de que o seu
ministério chegara ao fim, e que sua morte se
aproximava (2Tm 4.6-8,18; ver introdução à ITimóteo
para um exame mais completo da autoria e do contexto
da epístola).
Paulo escreve a Timóteo como “amado filho”
(2Tm 1.2) e fiel cooperador (cf. Rm 16.21). Sua
intimidade com Timóteo e sua confiança nele percebe-
se no fato de o apóstolo mencioná-lo como seu
cooperador na escrita de seis epístolas, de Timóteo
haver permanecido consigo durante sua primeira prisão
(Fp 1.1; Cl 1.1; Fm 1), e de lhe haver escrito duas
cartas pessoais. Ante sua execução iminente, Paulo
pede duas vezes a Timóteo que venha estar novamente
com ele em Roma (2Tm 4.9,21). Timóteo ainda residia
em Éfeso quando Paulo lhe enviou esta segunda
epístola (lTm 1.3; 2Tm 1.18). Nesta epístola, o
apóstolo envia saudações a Onesíforo que residia em
Éfeso (2Tm 1.16), e igualmente para o casal Aquila e
Priscila (2Tm 4.19).
Características Especiais
Contêm as últimas palavras escritas por
Paulo antes da sua execução por ordem de Nero, em
Roma, uns 35 anos depois da sua conversão a Cristo.
78

Contém uma das declarações mais claras, na
Bíblia, a respeito da inspiração divina das Escrituras e
do seu propósito (2Tm 3.16,17); Paulo reafirma que as
Escrituras devem ser interpretadas com exatidão pelos
ministros da Palavra (2Tm 2.15) e insiste que a Palavra
de Deus seja confiada a homens fiéis que, por sua vez,
possam ensinar a outros (2Tm 2.2).
Do começo ao fim da carta aparecem
exortações sucintas, por exemplo, “despertes o dom de
Deus” (2Tm 1.6), “não te envergonhes” (2Tm 1.8),
sofre pelo evangelho (2Tm 1.8), “conserva o modelo
das sãs palavras” (2Tm 1.13), “guarda a verdade” (2Tm
1.14), “fortifica-te na graça” (2Tm 2.1), “passa adiante
a mensagem” (2Tm 2.2), “sofre as aflições” (2Tm 2.3),
“sê diligente na Palavra” (2Tm 2.15), “evita os
falatórios profanos” (2Tm 2.16), “foge dos desejos da
mocidade e segue a justiça” (2Tm 2.22), “acautela-te
da apostasia que há de vir” (2Tm 3.1-9), “permanece na
verdade” (2Tm 3.14), “pregues a Palavra” (2Tm 4.2),
“faze a obra de um evangelista” (2Tm 4.5) e “cumpre o
teu ministério” (2Tm 4.5).
Os temas iterativos1 destas muitas exortações
são: manter firme a fé (em Jesus Cristo e no evangelho
apostólico original), guardá-la da distorção e da
corrupção, opor-se aos falsos mestres e pregar o
evangelho com perseverança inabalável.
O testemunho de despedida de Paulo é um
exemplo comovedor de coragem e esperança diante do
martírio sentenciado (2Tm 4.6-8).
1 Relativo a, ou em que há iteração. Repetido, reiterado.
79

Autor: O Apóstolo Paulo
Data: Cerca de 65/66 d.C.
P , Tema: A Sã Doutrina e as Boas Obras
ai. a a Palavras-Chave: Diligência1,
compromisso, responsabilidade
Versículos-chave: Tt 2.11-14
Tito, como 1 e 2 Timóteo, é uma carta
pessoal de Paulo a um dos seus auxiliares mais jovens.
É chamada de “epístola pastoral” porque trata de
assuntos relacionados com a ordem e o ministério na
igreja. Tito, um gentio convertido (G1 2.3), tornou-se
íntimo companheiro de Paulo no ministério apostólico.
Embora não mencionado nominalmente em Atos (por
ser, talvez, irmão de Lucas), o grande relacionamento
entre Tito e o apóstolo Paulo vê-se:
• Nas treze referências a Tito nas epístolas de Paulo;
• No fato de ele ser um dos convertidos e fruto do
ministério de Paulo (Tt 1.4; como Timóteo), e um
cooperador de confiança (2Co 8.23);
• Pela sua missão de representante de Paulo em pelo
menos uma missão importante a Corinto durante a
terceira viagem missionária do apóstolo (2Co
2.12,13; 7.6-15; 8.6, 16-24);
• Pelo seu trabalho como cooperador de Paulo em
Creta (Tt 1.5).
Paulo e Tito trabalharam juntos por um breve
período na ilha de Creta (a sudoeste da Ásia Menor, no
Mar Mediterrâneo), no período entre a primeira e a
segunda prisão dé Paulo em Roma (ver introdução a
1 Cuidado ativo; zelo, aplicação. Atividade, rapidez, presteza.
Providência; medida.
80

ITimóteo). Paulo deixou Tito em Creta cuidando da
igreja ali (Tt 1.5), enquanto ele (Paulo) seguia adiante
para a Macedônia (lTm 1.3). Algum tempo depois,
Paulo escreveu esta carta a Tito, incumbindo-o de
completar a tarefa em Creta que os dois haviam
começado juntos. É provável que Paulo tivesse
mandado a carta pelas mãos de Zenas e Apoio, que
passaram por Creta, em viagem (Tt 3.13).
Nesta carta, Paulo informa sobre seus planos
para enviar Artemas ou Tíquico para substituir Tito
dentro em breve. E nessa ocasião Tito devia encontrar-
se com Paulo em Nicópolis (Grécia), onde o apóstolo
planejava passar o inverno (Tt 3.12). Sabemos que isto
aconteceu, já que na ocasião posterior, Paulo designara
Tito para a Dalmácia, no litoral oriental do mar
Adriático (na ex-Iugoslávia), em cuja região ficava
Nicópolis, na Grécia (Tt 3.12).
Propósito
Paulo escreveu primeiramente para instruir
Tito na sua tarefa de:
• Pôr em ordem o que ele (Paulo) deixara inacabado
nas igrejas de Creta, inclusive a instituição de
presbíteros nessas igrejas (Tt 1.5);
• Ajudar as igrejas a crescerem na fé, no
conhecimento da verdade e em santidade (Tt 1.1);
• Silenciar falsos mestres (Tt 1.11);
• Vir até Paulo, uma vez substituído por Ártemas ou
Tíquico (Tt 3.12).
Visão Panorâmica
Nesta epístola, Paulo examina quatro
assuntos principais.
81

1. Ensina Tito a respeito do caráter e das qualificações
espirituais necessárias a todos os que são separados
para o ministério na igreja. Os presbíteros devem ser
homens piedosos, de caráter cristão comprovado, e
bem sucedidos na direção da sua família (Tt 1.5-9);
2. Paulo manda Tito ensinar a sã doutrina, repreender e
silenciar falsos mestres (Tt 1.10-2.1). No decurso da
carta, Paulo apresenta dois breves resumos da sã
doutrina (Tt 2.11-14; 3.4-7);
3. Paulo descreve para Tito (lTm 5.1-6.2) o devido
papel dos anciãos (Tt 2.1,2), das mulheres idosas (Tt
2.3,4), das mulheres jovens (Tt 2.4,5), dos homens
jovens (Tt 2.6-8) e dos servos (Tt 2.9,10);
4. Finalmente, Paulo enfatiza que as boas obras e uma
vida de retidão são o devido fruto da fé genuína (Tt
1.16; 2.7,14; 3.1,8,14; Tg 2.14-26).
Características Especiais
Dois breves resumos da verdadeira natureza
da salvação em Jesus Cristo (Tt 2.11-14; 3.4-7).
• A igreja e o seu ministério devem estar edificados
sobre firmes alicerces espirituais, teológicos e
éticos.
• Contém uma das duas listas no Novo Testamento
enumerando as qualificações necessárias à direção
da igreja (Tt 1.5-9; lTm 3.1-13).
82

Autor: O Apóstolo Paulo
Carta a Data: Cerca de 62 d.C.
Filem om Tema: Reconciliação
Palavra-Chave: Irmão
Versículos-chave: Fm 17-19
Paulo escreveu esta “epístola da prisão” (Fm
1,9) como uma carta pessoal a um homem chamado
Filemom, mais provavelmente durante sua primeira
prisão em Roma (At 28.16-31). Os nomes idênticos
mencionados em Filemom (Fm 1,2,10,23,24) e em
Colossenses (Cl 4.9,10-17), indicam que Filemom
morava em Colossos e que as duas cartas foram escritas
e entregues juntas.
Filemom era um senhor de escravos (Fm 16)
e membro da igreja de Colossos (compare Fm 1,2 com
Cl 4.17), talvez um convertido de Paulo (Fm 19).
Onésimo era um escravo de Filemom que fugira para
Roma; ali, teve contato com Paulo, que o levou a
Cristo. Desenvolveu-se um forte vínculo de amizade
entre os dois (Fm 9-13). Agora, Paulo, um tanto
apreensivo1, envia Onésimo de volta a Filemom,
acompanhado por Tíquico, cooperador de Paulo,
levando esta carta (Cl 4.7-9).
Propósito
Paulo escreveu a Filemom para tratar do
problema específico do escravo fugitivo deste,
Onésimo. Segundo a lei romana, um escravo fugitivo
era passível da pena de morte. Paulo intercede junto a
Filemom em favor de Onésimo e pede-lhe que
1 Preocupado, receoso, cismático.
83

graciosamente receba Onésimo de volta, como um
irmão crente e como companheiro de Paulo, com o
mesmo amor com que acolheria o próprio Paulo.
Visão Panorâmica
Eis o apelo de Paulo a Filemom:
• Roga que Filemom, como irmão na fé cristã (Fm
8,9,20,21), receba Onésimo de volta, não como
escravo, mas como irmão em Cristo (Fm 15,16).
• Num trocadilho1 (no grego), Paulo chama atenção
para o fato que Onésimo (cujo nome significa
“útil”) era anteriormente “inútil”, mas agora é “útil”
tanto a Paulo como a Filemom (Fm 10-12).
• Paulo queria que Onésimo permanecesse com ele em
Roma, mas prefere enviá-lo de volta ao seu legítimo
senhor (Fm 13,14).
• Paulo oferece-se para pagar a dívida de Onésimo e
relembra a Filemom que este deve sua vida ao
Apóstolo (Fm 17-19). A carta termina com
saudações de alguns dos cooperadores de Paulo em
Roma (Fm 23,24) e com uma bênção (Fm 25).
Características Especiais
Três características principais acham-se
nesta epístola:
1. Essa é a mais breve de todas as epístolas de Paulo;
2. Mais do que qualquer outra parte do Novo
Testamento, ela ilustra como Paulo e a igreja
primitiva tratavam do problema da escravidão no
império romano. Ao invés de atacá-la diretamente ou
1 Jogo de palavras parecidas no som e diferentes no significado,
e que dão margem a equívocos; emprego de expressão ambígua.
84

de instigar1 rebelião armada, Paulo expôs princípios
cristãos que eliminavam a severidade da escravidão
romana e que finalmente levaram à sua abolição
total no meio da Cristandade;
3. Oferece um vislumbre incomparável da natureza
íntima de Paulo, pois este se identificou tanto com
um escravo que o chamou de “meu coração” (Fm
12).
1 Incitar, induzir, mover, estimular, açular, acirrar.
2 Idéia indistinta; conjetura, suposição, hipótese.

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
6. Cartas de Paulo intituladas como “Epístolas
Pastorais”
a)| I 1 e 2Tessalonicenses e Filemom
b)[y| 1 e 2Timóteo e Tito
c)| I Colossenses, Filipenses e Efésios
d)l I 1 e 2Coríntios e Romanos
7. Contêm as últimas palavras escritas por Paulo antes
da sua execução por ordem de Nero, em Roma, uns
35 anos depois da sua conversão a Cristo
a)
c)
d)
b)D Tito
^ Filemom
ITimóteo
8. Epístola escrita por Paulo na prisão como uma carta
pessoal a um homem, cujo tema central é a
reconciliação
a)l | ITimóteo
b)| I Tito
c)P3 Filemom
d)| I 2Timóteo
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9.\PA Tito é a mais breve de todas as epístolas de Paulo
10.[^] Paulo descreve para Filemom o devido papel dos
anciãos, das mulheres idosas, das mulheres jovens,
dos homens jovens e dos servos
86

Lição 4
Cartas Gerais: Hebreus e Tiago
Carta aos
Hebreus
Este livro foi destinado originalmente aos
cristãos de Roma. O seu -título, nos manuscritos gregos
mais antigos, diz apenas “Aos Hebreus”. Seu conteúdo,
no entanto, revela que foi escrito a cristãos judeus. O
emprego que o autor fez da Septuaginta1, nas citações
do Antigo Testamento, indica que os primeiros leitores
foram provavelmente judeus de idioma grego que
viviam fora da Palestina. A expressão “Os da Itália vos
saúdam” (Hb 13.24) significa provavelmente que o
autor escrevia para Roma, e que na ocasião incluiu
saudações de crentes italianos que viviam longe da
pátria. Os destinatários podem ter sido igrejas em lares,
da comunidade cristã de Roma, das quais algumas
estavam a ponto de abandonar a fé em Jesus e voltar
para a antiga fé judaica por causa da perseguição e do
desânimo.
1 Versão grega do Antigo Testamento.
Autor: Desconhecido
Data: Cerca de 67-69 d.C.
Tema: Um Melhor Concerto
Palavra-Chave: Melhor
Versículo-chave: Hb 4.14
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87

Uma coisa é certa, o escritor escreveu na
plenitude do Espírito e com entendimento, revelação e
autoridade apostólica.
O Senhor Jesus Cristo é o melhor Mediador
do melhor Pacto baseado sobre melhores promessas
(Hb 8.6). É o Filho de Deus, o resplendor de Sua glória
e a expressão exata do Seu Ser. É o Criador,
Sustentador e Herdeiro do universo. É maior que os
anjos, maior que Moisés, Arão e Josué. É o Autor e
Consumador de nossa fé, em Quem devemos fitar
firmemente nosso olhar (Hb 12.2). Ele é o mesmo
ontem, hoje e o será para sempre (Hb 13.8). Convém-
nos sair a Ele, fora do arraial, levando Seu vitupério1
(Hb 13.13). Termina o argumento do livro com a
bênção ou conclusão mais sublime de todas as
Epístolas.
Autor
O escritor não se identifica no título
original, nem através do livro, embora fosse bem
conhecido dos seus leitores (Hb 13.18-24). Por alguma
razão, perdeu-se a sua identidade ao findar-se o século
I. Posteriormente, na tradição da igreja primitiva
(séculos II ao IV), surgiram muitas opiniões diferentes
sobre o possível escritor de Hebreus.
A opinião de que Paulo haja sido o autor não
tinha aceitação até o século V.
Muitos eruditos conservadores descartam a
autoria de Paulo, uma vez que o estilo esmerado e
alexandrino do autor, seu embasamento na
Septuaginta, sua maneira de introduzir as citações do
1 Vituperação. Insulto, injúria. Ato vergonhoso, infame ou
criminoso.
2 Base, fundamento; razão, motivo.
88

Antigo Testamento, seu método de argumentar e
ensinar, a estrutura da argumentação e a omissão da
sua identificação pessoal são características muito
diferentes das de Paulo. Além disso, enquanto Paulo
sempre apela à sua revelação recebida diretamente de
Cristo (G1 1.11,12), esse escritor demonstra ser um dos
cristãos da segunda geração aos quais o evangelho fora
confirmado por testemunhas oculares do ministério de
Jesus (Hb 2.3). Entre os homens mencionados
nominalmente no Novo Testamento, a descrição que
Lucas oferece de Apoio, em Atos 18.24-28, ajusta-se
melhor ao perfil do escritor de Hebreus.
Apesar de que costumamos dar a este livro o
título: A Epístola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus,
desde os primeiros séculos do Cristianismo vem sendo
discutido o problema a respeito de quem seja o autor
desta carta. O próprio texto não revela a identidade do
autor. Há os que alegam que 2Pedro 3.15 se refere a
uma Epístola escrita pelo apóstolo Paulo especialmente
para os judeus, enquanto que 3.16 fala das demais
Epístolas que ele escreveu. Dizem que esta é aquela
carta mencionada no versículo 15. Se Paulo foi o autor,
por que não o disse em 2Tessalonicenses 3.17?
Clemente de Alexandria disse que Paulo não pôs o seu
próprio nome na carta para que os judeus não
levantassem argumentos prejudiciais contra ele. Isto é
possível, mas não de acordo com o que sabemos do
caráter franco de Paulo. Nem o estilo, nem o
vocabulário, têm qualquer semelhança com os do
apóstolo.
Não há provas concludentes1 internas, nem
externas, nem a favor, nem contra a que Paulo seja o
autor.
1 Que conclui, ou merece fé; terminante, categórico.
89

Se há, porém, dúvidas de quem seja o autor,
não há dúvidas de que tenha autoridade apostólica. E
um livro do tempo dos apóstolos. Sua doutrina está de
acordo com tudo o mais que há na Bíblia e preenche
uma patente lacuna no desenvolvimento da doutrina no
Novo Testamento. Clemente de Roma, no ano 96, fez
tantas citações deste livro que se julga que seria
necessário que tivesse diante de si o texto de Hebreus
enquanto escrevia. Policarpo, Justino Mártir, Dionísio,
Teófilo, Clemente de Alexandria, Orígenes e Eusébio
citam-no. Orígenes (185-254) faz muitas referências ao
livro como sendo de Paulo, porém diz: “Homens de
outrora legaram-nos este livro como sendo Paulo, mas
quem escreveu a Epístola, só Deus o sabe com certeza”
(História Eclesiástica por Eusébio, VI, 25). Tem sido
atribuída a Lucas, a Barnabé, a Clemente de Roma e a
outros e alguns crêem que Lucas escreveu todo o livro
em hebraico e que Paulo após a conclusão, ou que
Paulo escreveu todo o livro em hebraico e que Lucas,
ou Clemente de Roma, o traduziu para o grego. Estas
são conjeturas1 apenas. Vários autores, começando por
Lutero, alegam que Apoio é mais provavelmente o
autor. De que seja de autoridade apostólica não há
motivo para duvidar-se.
A Data e as Circunstâncias
De Hebreus 10.11,12, comprova-se que o
livro foi escrito depois da ascensão do Senhor Jesus
Cristo e antes da destruição de Jerusalém no ano 70. A
menção de Timóteo em 13.23, prova que seria na
última parte desse período. Não sabemos quando
Timóteo foi detido, mas supõe-se que seria em Roma
1 Juízo ou opinião sem fundamento preciso; suposição, hipótese.
90

quando foi para socorrer a Paulo (2Tm 4.9). Se assim é,
talvez Hebreus tenha sido escrito cerca do ano 68 ou,
talvez 69.
Naturalmente, não sabemos nada das
circunstâncias do escritor, porém dos destinatários,
sim. Eram hebreus segundo todo o teor do livro. Seu
título mais antigo foi simplesmente: Os Hebreus;
depois: A Epístola aos Hebreus; e finalmente: A
Epístola do Apóstolo São Paulo aos Hebreus. Não há
quaisquer referências aos gentios, nem se refere aos
seus problemas no texto, porém, refere-se
detalhadamente ao Antigo Pacto e a Abraão, Moisés,
Josué, etc., sem explicações desnecessárias para os
judeus, coisa que seria necessário para os gentios que
não conheciam o Antigo Testamento.
Estes hebreus estavam em um grande perigo
- o de negarem a sua fé e voltarem para o judaísmo. A
carta exorta-os a confiarem no Senhor Jesus Cristo,
Mediador de um melhor pacto baseado sobre melhores
promessas. O livro prova que o Novo Pacto
(Testamento) é a realidade de que o Antigo Pacto é a
sombra (Hb 8.5,6).
Tema
Cristo é a Pessoa inevitável, indispensável,
perfeitamente ímpar. É superior (palavra usada 13
vezes) do que qualquer cousa ou qualquer pessoa. É o
cumprimento de tudo o que o Velho Testamento
prometera.
Propósito
"S.
Hebreus foi escrito principalmente para os
cristãos judeus que estavam sob perseguição e
91

esmorecimento1. O escritor procura fortalecê-los na fé
em Cristo, demonstrando cuidadosamente a
superioridade e finalidade da revelação e redenção da
parte de Deus em Jesus Cristo. Demonstra que as
disposições divinas para a redenção vistas no Antigo
Concerto cumpriram-se e tornaram-se obsoletas2 pela
vinda de Jesus e pelo estabelecimento de um Novo
Concerto, mediante a sua morte vicária3. O escritor
anima seus leitores:
• A manterem firme sua confissão de Cristo até o fim;
• A prosseguirem para a maturidade espiritual;
• Não volverem ao estado de condenação caso
abandonem a fé em Jesus Cristo.
Visão Panorâmica
Hebreus parece mais um sermão do que uma
epístola. O autor descreve sua obra como “uma palavra
de exortação” (Hb 13.22). Contém três divisões
principais:
1. Primeiro, Jesus, o poderoso Filho de Deus,
é declarado a plena revelação de Deus à humanidade -
maior do que os profetas (Hb 1.1-3), do que os anjos
(Hb 1.4-2.18), Moisés (Hb 3.1-6) e Josué (Hb 4.1-11).
Nesta divisão do livro, ocorre uma advertência solene
no tocante às conseqüências do abandono da fé ou do
endurecimento do coração pela incredulidade (Hb 2.1-
3; 3.7-4.2);
2. A segunda divisão apresenta Jesus como o
Sumo Sacerdote, cujas qualificações (Hb 4.14-5.10;
6.19-7.25), caráter (Hb 7.26-28) e ministério (Hb 8.1-
1 Diminuição de força, de coragem, de entusiasmo; desânimo,
desalento, abatimento.
2 Que caiu em desuso; arcaico.
3 Que faz as vezes de outrem ou de outra coisa.
92

10.18), são perfeitos e eternos. Há uma solene
advertência para quem permanecer espiritualmente
imaturo ou mesmo “cair” depois de se tornar
participante de Cristo (Hb 5.11-6.12);
A divisão final (Hb 10.19-13.17) admoesta
enfaticamente os crentes a perseverarem na salvação,
na fé, no sofrimento e na santidade.
Características Especiais
Oito características afloram neste livro:
1. No Novo Testamento é único quanto à sua estrutura:
“começa como tratado, desenvolve-se como sermão e
termina como carta” (Orígenes);
2. E o texto mais refinado do Novo Testamento,
abeirando-se do estilo do grego clássico, mais do
que qualquer outro escritor do Novo Testamento
(com exceção, quiçá1, de Lucas, em Lc 1.1-4);
3. E o único escrito do Novo Testamento que
desenvolve o conceito do ministério sumo sacerdotal
de Jesus;
4. A cristologia do livro é ricamente variada,
apresentando mais de vinte nomes e títulos de Jesus;
5. Sua palavra-chave é “melhor” (13 vezes). Jesus é
melhor do que os anjos e todos os mediadores do
Antigo Testamento. Ele provê melhor repouso,
concerto, esperança, sacerdócio, expiação pelo
sacrifício vicário e promessas;
6. Contém o principal capítulo do Novo Testamento a
respeito da fé (capítulo 11);
7. Está repleto de referências e alusões ao Antigo
Testamento que oferecem um rico conhecimento da
interpretação cristã primitiva da história e da
1 Talvez, porventura; quem sabe.
93

adoração no Antigo Testamento, mormente no campo
da tipologia;
8. Adverte, mais do que qualquer outro escrito do Novo
Testamento contra os perigos da apostasia espiritual.
Cristo, o Resplendor da Glória de Deus (Hb 1.3)
A Epístola aos Hebreus compara Jesus Cristo
com o Antigo Pacto, e o apresenta como o
cumprimento de todas as promessas messiânicas. Tal
comparação visa demonstrar a superioridade de Cristo
sobre tudo quanto o Antigo Testamento tem a oferecer.
O tema que percorre a carta do princípio ao fim é:
“Jesus Cristo é superior a...” Ele é superior aos anjos,
aos profetas, ao sacerdócio levítico e etc. E descrito
como o Criador de todas as coisas, resplendor da glória
e imagem de Deus; aquele que tudo sustém com o seu
poder, que nos purificou de todo o pecado e está
assentado à destra de Deus.
Profetas Anjos Jesus Cristo
Foram criados Foram criados Tudo criou
Tinham
revelação
parcial
Tinham
revelação
parcial
Trouxe a revelação
completa
São adoradores São adoradoresRecebe adoração
Anunciadores MinistradoresSenhor de tudo
Cristo, Superior aos Anjos (Hb 1.4)
Os anjos tiveram importantes momentos na
história dos judeus, tanto no âmbito nacional como na
vida de indivíduos. Em sua natureza, mesmo atuando
em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são
criaturas com limitações se comparadas ao Senhor
94

Jesus Cristo. Ele é declarado como Filho pelo próprio
Deus, é o Messias, Criador e está à direita do Pai.
O escritor, ainda demonstrando a
superioridade de Jesus sobre os anjos, lembra aos
leitores que, se o que foi dito pelos anjos foi válido a
ponto de toda desobediência às palavras angelicais
receber punição, maior pena receberá aqueles que
desprezarem, em Jesus, “tão grande salvação”. Apenas
Ele, como verdadeiro Sumo Sacerdote, pode se
compadecer dos que são tentados e salvá-los.
Os Anjos Jesus Cristo
Criaturas (Hb 1.7) Criador (Hb 1.2-10)
Revelação parcial Revelação completa
Mensageiros (Hb 1.7) Filho (Hb 1.5)
Nada lhes é sujeito Todas as coisas lhe são
sujeitas
São adoradores (Hb 1.6)Recebe adoração (Hb 1.6)
Ministradores Senhor de tudo
Cristo, Superior a Moisés (Hb 3.3)
Os crentes destinatários da epístola são
chamados de “santos”, e devem, por serem
participantes da “vocação celestial”, considerar Jesus
não apenas como apóstolo (um enviado de Deus), mas
também Sumo Sacerdote, ao qual devem confessar suas
dificuldades. Se Moisés foi fiel em seu ministério,
Jesus muito mais, pois foi o autor, não somente do
ministério, mas também da família de Moisés. O
Grande Libertador dos hebreus, por ser homem, não
pôde ser perfeito. Entretanto, Jesus deu-nos o exemplo
de irrefutável1 perfeição.
1 Que não se pode refutar; evidente, irrecusável, incontestável.
95

O sacro escritor relembra a seus leitores que
o povo de Israel peregrinara no deserto por muitos
anos, por não ter ouvido a voz de Deus através de
Moisés, e roga-os que não ajam da mesma forma,
endurecendo seus corações às ordens divinas.
Repouso para o Povo de Deus (Hb 4.9)
A sorte daqueles que foram resgatados do
Egito teve amplo e direto sentido para os destinatários
da epístola em estudo. Foram libertados, mas não
entraram no “descanso de Deus”, e pereceram no
deserto. Mesmo a segunda geração, que conseguiu
entrar em Canaã, não alcançou a plenitude da promessa
divina. Só pela vinda do Messias seria alcançada; e isto
por apropriação, mediante a fé.
Tanto Israel como esses primitivos cristãos
ocupavam posição semelhante de ter recebido o
evangelho e ter a oportunidade de apropriar-se do
mesmo. Israel falhou. Agora, o perigo para esses
primitivos cristãos judeus era que, por causa da
incredulidade e falta de firmeza, deixassem de entrar
no descanso espiritual de Deus, o qual não foi
cumprido por Josué, mas que agora estava ao alcance
de todos, em Cristo.
Cristo, Sumo Sacerdote Superior a Arão
(Hb 5.6)
Por não conhecerem a Cristo sob a figura de
Sumo Sacerdote e por não ser Ele da linhagem de Arão,
os cristãos hebreus não compreendiam a aplicação
deste título e ofício à sua pessoa e, conseqüentemente,
tinham dificuldades em aceitá-lo e honrá-lo nessa
função. Daí, a necessidade do escritor resumidamente
9 6

apresentar as características e atribuições do sumo
sacerdote, demonstrando que as mesmas são
perfeitamente satisfeitas em Cristo.
O texto mostra a superioridade de Cristo
sobre os demais sumo sacerdotes, destacando que Ele
não apenas satisfez as exigências do sistema levítico
para a vocação sacerdotal, mas distinguiu-se pelo fato
de, sem pecado, entregar-se a si mesmo por nossos
pecados.
O Perigo da Apostasia (Hb 5 e 6)
Os cristãos hebreus haviam, sido uma vez
iluminados através da revelação de Deus em Cristo.
Haviam experimentado o dom celestial, o Espírito
Santo, e a boa Palavra de Deus, o evangelho de Cristo,
pregado entre eles com toda manifestação de poder e
milagres. Para essas pessoas, caso se desviassem, seria
impossível serem renovadas outra vez para
arrependimento, uma vez que deliberadamente
rejeitaram a Cristo, declarando que a sua crucificação
não possuía mais o sentido que antes lhe atribuíam.
O escritor aos hebreus sentiu bem de perto o
perigo que aqueles crentes nessas circunstâncias
enfrentavam, por isso os advertiu.

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
1. É tema principal da carta geral aos Hebreus
a)| I A Fé Manifesta-se pelas Obras
b)| I Andando na Verdade
c)| | Glória Através do Sofrimento
d)lxl Um Melhor Concerto
2. Hebreus foi escrito principalmente para os cristãos
a)| I Romanos que estavam sob tribulação
b)l I Judeus que estavam sob escravidão
c)[x] Judeus que estavam sob perseguição
d)l I Romanos que estavam sob perseguição
3. No Novo Testamento, Hebreus é o único quanto à
sua estrutura: “começa como " //Ur’ . desenvolve-
se como hwmiíH&e termina como ' '
___” (Orígenes)
a)p~l Tratado, sermão e carta
b)l I Carta, tratado e sermão
c)D Sermão, carta e tratado
d)| I Epístola, tratado e sermão
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4 . n Hebreus contém o principal capítulo do Novo
Testamento a respeito da vinda de Cristo
5.[c1 A Epístola aos Hebreus compara Jesus Cristo com
o Antigo Pacto, e o apresenta como o cumprimento
de todas as promessas messiânicas
98

Cristo, Sacerdote Eterno e Perfeito (Hb 7.26)
O autor da epístola agora reverte ao
argumento deixado no capítulo 5, versículo 10, no qual
se referia a Cristo como Sumo Sacerdote de um serviço
divino, de ordem mais elevada do que aquela
estabelecida sob a lei mosaica. Esta ordem sacerdotal é
de origem divina e segundo a ordem de Melquisedeque.
A descrição histórica desse personagem singular
encontra-se em Gênesis 14.17-20. Ele surge nas
páginas sagradas qual estrela nova, no firmamento.
Logo desaparece para só o encontrarmos na epístola
aos hebreus.
O fato de as Escrituras não apresentarem o
registro genealógico do nascimento de Melquisedeque
ou sua morte, já o torna tipo perfeito do sacerdócio
eterno de Cristo.
Cristo, Mediador de uma Melhor Aliança
(Hb 8.10)
Nós, os crentes do Novo Concerto,
possuímos um Sumo Sacerdote de classe única e
proeminente1: Alguém que em si mesmo é a realidade,
que corresponde e cumpre o padrão estabelecido por
Deus para o sacerdócio; Alguém cujo ministério, por
conseguinte, é cumprido na esfera celestial, e não na
terrena; Alguém cuja obra foi consumada pela
entronização à mão direita de Deus; e Alguém que, por
isso mesmo, é apto para cumprir um mais excelente
ministério na qualidade de mediador de um novo e
melhor Concerto. Cristo, nosso amado Salvador,
1 Que sobressai, ressalta; saliente.
99

tornou-se ministro do verdadeiro tabernáculo, tendo
entrado em nosso lugar não em algum santuário
terreno, mas na própria presença de Deus, efetuou
eterna redenção.
Cristo Trouxe, Maior Glória na Adoração a
Deus (Hb 9)
Sob a ordem mosaica entendia-se que não
havia livre acesso à presença de Deus. Somente uma
vez por ano, e isso por meio dum representante.
Somente mediante sacrifício cruento1 podia o povo
aproximar-se de Deus. A lição que aprendemos é que
devido ao pecado, o propósito do homem de acercar-se
diretamente de Deus era frustrado. Toda a economia
levítica era provisória, não passando de sombra ou tipo
da realidade celestial. Os sacrifícios anuais jamais
poderiam resolver o problema da consciência. Por
serem provisórios, eles aguardavam um tempo de
“reforma”, uma ocasião melhor.
A Eficácia do Sacrifício de Cristo (Hb 10.1)
Instituído por Deus, os sacrifícios de animais
eram a única forma de se aplacar2 a ira divina contra o
pecado e aproximar o homem do seu Criador.
Entretanto, tais sacrifícios demonstraram ser ineficazes
porque apenas aplacavam temporariamente a ira de
Deus, mas não removiam o pecado. Desta forma, havia
a necessidade de um sacrifício único e perfeito, que
propiciasse aos homens a certeza da reconciliação com
Deus.
1 Em que há sangue; sanguinolento, sangrento, cruel.
2 Tornar plácido; tranqüilizar, serenar, apaziguar.
100

O autor da epístola em estudo não apenas
apresenta Cristo como o último Sumo Sacerdote, mas
como o sacrifício perfeito diante de Deus; sacrifício
que tira definitivamente os pecados.
O Pecado Imperdoável (Hb 10.26)
O sacrifício de Cristo nos faculta o acesso a
Deus. Entretanto, Deus exige de nós responsabilidade
no uso de seus dons, mas deseja principalmente de nós
uma vida de santidade. Pode haver na igreja pessoas
que, mesmo tendo experimentado os presentes de Deus
- a salvação, o perdão dos pecados, a inclusão na igreja
- queiram pecar voluntariamente, não havendo para os
pecados de tais pessoas qualquer sacrifício. Pelo fato
de retornarem à vida de pecados e pisarem o Filho de
Deus, resta-lhes a expectação1 de algo ruim, pois cairão
nas mãos do Deus Vivo.
Os Elementos Essenciais da Fé (Hb 11.1)
A fé, conforme a Palavra de Deus, é a
condição básica para ser salvo e receber de Deus
auxílio em todos os aspectos. É a base, “firme
fundamento”; a esperança “das coisas que se esperam”
e a convicção, “prova das coisas que não se vêem”. O
escritor, recorrendo à história judaica, mostra diversas
personagens que, pela fé, e não por seus próprios
méritos, puderam obter da parte de Deus vitórias
marcantes. Tais personagens viram de longe as
promessas de Deus, e morreram crendo no
cumprimento delas. Deus considera esses heróis como
1 Esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou
promessas.
101

pessoas “dos quais o mundo não era digno”, exemplos
de fé a serem seguidos por todos nós.
Características Personagens
Fé caracterizada pela obediência
irrestrita ao Senhor
Abraão
Recebeu uma revelação especial
de Deus relativa ao dilúvio
Noé
Agradou a Deus por seu andar
espiritual diante dEle
Enoque
Aos olhos de Deus seu sacrifício
teve maior valor
Abel
Perseverança na Fé e Santidade (Hb 12.1)
Os cristãos hebreus tinham à sua disposição
muito mais vantagens que as permitidas aos heróis que
os antecederam. O autor se compara, juntamente com
seus irmãos em Cristo, a atletas disputando uma
corrida, ao redor dos quais está aquela numerosa
platéia enfileirada, como nas arquibancadas de um
grande estádio. As testemunhas da grande prova são
justamente os heróis da fé, cujos feitos estão
registrados no capítulo 11 da epístola em estudo.
Tomando o exemplo desses homens das gerações
anteriores, o escritor procura nos encorajar a correr a-
boa corrida da fé e ganhar, pela resistência e coragem,
o prêmio que nos é oferecido.
Evidências da Vida Cristã (Hb 13.16)
O escritor sagrado adiciona no texto em
estudo uma variedade de breves declarações que
contêm agudas exortações práticas para que o crente
viva a vida cristã de modo digno. Ele sabia que seus
102

leitores se tinham mostrado ativos no passado, em
simpatia e bondade para com seus irmãos na fé (Hb
6.10). Por esta razão, exorta-os aqui sobre a
importância de manter tal amor prático entre os
membros da fraternidade cristã: eles deveriam lembrar-
se particularmente dos encarcerados, dos que
estivessem sofrendo enfermidades ou maus tratos, pois
os crentes deveriam compartilhar das mútuas
provações.
103

Autor: Tiago
Data: 45-49 d.C.
Tema: A Fé Manifesta-se pelas Obras
Palavras-Chave: Fé, riquezas, língua,
orgulho, oração
Versículos-chave: Tg 1.27; 2.20
Tiago é classificada como “epístola
IX I ~T universal” porque foi originalmente escrita para uma
comunidade maior que uma igreja local.
A saudação: “Às doze tribos que andam
dispersas” (Tg 1.1), juntamente com outras referências
(Tg 2.19-21), indicam que a epístola foi escrita
inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da
Palestina.
É possível que os destinatários fossem os
primeiros convertidos em Jerusalém, que, após a morte
de Estevão, foram dispersos pela perseguição (At 8.1)
até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At
11.19). Isso explicaria:
• A ênfase inicial da carta quanto ao sofrer com
alegria as provações que testam a fé e que
demandam perseverança (Tg 1.2-12);
• O conhecimento pessoal que Tiago demonstra ter
pelos crentes “dispersos”.
O Senhor Jesus Cristo é muito misericordioso e
compassivo, diz Tiago (Tg 5.11) ouve a oração e
levanta os enfermos (Tg 5.14,15) dá sabedoria aos
necessitados (Tg 1.7) e exalta os humildes (Tg 4.10).
Ele é o glorioso Senhor Jesus Cristo (Tg 2.1) que está
interessado em cada ato de todo indivíduo (Tg 4.15) e
tem prometido a coroa de vida a todos os que O amam
(Tg 1.12).
Carta de
Tiago
104

Autor
Como pastor da igreja de Jerusalém, Tiago
escreve às suas ovelhas dispersas. A maneira do autor
se identificar simplesmente como “Tiago” (Tg 1.1),
revela sua posição de destaque na obra. Tiago, meio-
irmão de Jesus e dirigente da igreja de Jerusalem, é
geralmente tido como o autor. Seu discurso no Concílio
de Jerusalém (At 15.13-21), bem como as descrições
dele noutras partes do Novo Testamento (At 12.17;
21.18; G1 1.19; 2.9,12; ICo 15.7) correspondem
perfeitamente com o que se sabe dele como autor desta
epístola.
Data e as Circunstâncias
O mais provável é que Tiago tenha escrito
esta epístola durante a década dos 40 d.C. A data tão
remota1 para a escrita provém de vários fatores, por
exemplo, Tiago emprega a palavra grega synagoge (lit.
“sinagoga”) para referir-se ao local de reunião dos
cristãos (Tg 2.2).
Segundo o historiador judaico Josefo, Tiago,
irmão do Senhor, foi martirizado em Jerusalém, em 62
d.C.
Por várias razões supõe-se que a Epístola de
Tiago foi escrita numa época bem cedo. O uso da
palavra “sinagoga” para a reunião dos irmãos (Tg
2.1,2) prova que os cristãos ainda não tinham sido
apartados inteiramente das sinagogas. Também fala dos
anciãos da igreja em Tiago 5.14, de modo que a
comunidade cristã tinha-se tornado um tanto
homogênea.
1 Que sucedeu há muito tempo; antigo, longínquo.
105

A falta de uma menção de diáconos ou de bispos
pode não ter significado algum, mas todo o espírito da
carta é de uma singeleza1 e liberdade genuínas no
culto. Ao mesmo tempo transcorrera tempo suficiente
para que se estabelecessem congregações no exterior da
Judéia, e ainda dá a entender que tinham abusado da
doutrina da justificação pela fé em Cristo, levada a um
extremo incorreto. Não se mencionam nela a destruição
da cidade de Jerusalém, nem mesmo a questão de os
gentios serem participantes, com os judeus, das
promessas do Evangelho. Portanto, temos a certeza de
que a carta é anterior ao ano 70, quando Jerusalém foi
destruída, ou muito depois, quando esse fato já não era
lembrado, o que é impossível. É muito provável
também que fosse escrita antes do Concílio em
Jerusalém (At 15), perto do ano 49. Assim, pois,
admitimos que a data da carta seja entre 45 e 49.
Há várias referências a fenômenos naturais que
nos levam a pensar na Palestina como o lugar de
origem para a Epístola: o mar (Tg 1.6; 3.4); figos e
azeitonas (Tg 3.12); fontes de água doce ou amarga (Tg
3.11,12); vento abrasador (Tg 1.11); as primeiras e as
últimas chuvas (Tg 5.7). Foi dirigida às doze tribos da
dispersão, o que indica também que é de origem
palestiniana ou de Jerusalém. Tiago quis ajudar os
judeus cristãos dispersos a manter um bom testemunho
moral e ético. Se os crentes da sua congregação em
Jerusalém tivessem dificuldades em suas vidas, e
muitos deles foram dispersos entre as nações
gentílicas, era natural que Tiago sentisse o impulso do
Espírito Santo para escrever-lhes uma carta com o fim
de exortá-los e admoestá-los na vida espiritual.
1 Qualidade de singelo. Simples.
106

Propósito
Tiago escreveu:
• Para encorajar os crentes judeus que enfrentavam
várias provações, que punham sua fé à prova;
• Para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza
da fé salvífica;
• Para exortar e instruir aos leitores concernentes ao
resultado prático da sua fé na vida de retidão e nas
boas obras.
Visão Panorâmica
Esta epístola trata de uma ampla variedade
de temas relacionados à verdadeira vida cristã. Tiago
exorta os crentes a suportarem com alegria as suas
provações e a tirarem proveito delas (Tg 1.2-11),
exorta-os a resistirem às tentações (Tg 1.12-18), a
serem praticantes da Palavra e não apenas ouvintes (Tg
1.19-27) e a demonstrarem uma fé ativa, e não uma
profissão de fé vazia (Tg 2.14-26). Adverte
solenemente contra a pecaminosidade de uma língua
indomável1 (Tg 3.1-12; 4.11,12), a sabedoria carnal (Tg
3.13-16), a conduta pecaminosa (Tg 4.1-10), a vida
presunçosa2 (Tg 4.13-17), e a riqueza egocêntrica (Tg
5.1-6). Tiago encerra ressaltando a paciência, a oração
e a restauração dos desviados (Tg 5.7-20).
Em todos os cinco capítulos destaca-se o
relacionamento entre a verdadeira fé e a vida piedosa.
A fé genuína é uma fé provada (Tg 1.2-16), ativa (Tg
1.19-27), pela qual se ama o próximo como a si mesmo
(Tg 2.1-13), manifesta-se pelas boas obras (Tg 2.14-
1 Impossível de domar; indomesticável.
2 Que ou aquele que tem ou denota presunção; pretensioso.
107

26), mantém a língua sob rígido controle (Tg 3.1-12),
busca a sabedoria de Deus (Tg 3.13-18), submete-se a
Deus como justo juiz (Tg 4.1-12), confia em Deus para
o viver de cada dia (Tg 4.13-17), não é egocêntrica,
nem libertina1 (Tg 5.1-6), é paciente no sofrimento (Tg
5.7-12) e diligente2 na oração (Tg 5.13-20).
Características Especiais
Sete características principais assinalam esta
epístola:
1. É muito provável que ela tenha sido o primeiro livro
do Novo Testamento a ser escrito.
2. Embora contenha apenas duas referências nominais a
Cristo, há nela mais alusões aos ensinos de Jesus do
que todas as demais do Novo Testamento. Isso inclui
15 referências ao Sermão do Monte.
3. Mais da metade dos seus 108 versículos são
expressões imperativas, ou mandamentos.
4. Sob vários aspectos, é o livro de Provérbios do Novo
Testamento, pois:
5. Está repleto de sabedoria divina e instruções
práticas, visando a uma vida cristã realista;
a) Está escrito em estilo sucinto3, com preceitos
diretos e analogias realistas.
b) Tiago é um hábil observador dos fenômenos
naturais e da natureza humana pecaminosa.
Repetidas vezes, ele extrai lições disso para
desmascarar esta última (Tg 3.1-12).
6. Mais do que qualquer outro livro do Novo
Testamento, Tiago destaca o devido relacionamento
entre a fé e as obras (principalmente Tg 2.14-26).
1 Devasso, dissoluto, depravado, licencioso.
2 Ativo, zeloso, aplicado. Ligeiro, rápido.
3 Breve, resumido, condensado, conciso.
108

Tiago, às vezes, é chamado o Amós do Novo
Testamento por tratar com firmeza a injustiça e as
desigualdades sociais.

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
6. Conforme a Palavra de Deus, é a condição básica
para ser salvo e receber de Deus auxílio em todos os
aspectos
a)D O amor
b ) 0 A fé
c)| I A alegria
d)| I O sofrimento
7. A Epístola de Tiago foi originalmente escrita para
uma comunidade maior que uma igreja local,
portanto, é classificada como
a)l | Epístola comunitária
b)| I Epístola pastoral
c)t§}Epístola universal
d)l | Epístola interdenominacional
8. Por tratar com firmeza a injustiça e as desigualdades
sociais, Tiago às vezes é chamado de
a)| | Habacuque do Novo Testamento
b)l I Malaquias do Novo Testamento
c)D Sofonias do Novo Testamento
d ) 0 Amós do Novo Testamento
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9.m Mais do que qualquer outro livro do Novo
Testamento, Tiago destaca o devido relacionamento
entre a fé e as obras
1 0 .0 Tiago é um hábil observador dos fenômenos
naturais e da natureza humana pecaminosa
110

Lição 5
Cartas Gerais: 1 e 2Pedro; l,2,3João e
Judas
Autor: O Apóstolo Pedro
Data: Cerca de 60-63 d.C.
Tema: Sofrimento por Amor a Cristo
Palavras-Chave: Sofrer, sofrimento
Versículos-chave: IPe 4.12-13
Esta é a primeira de duas cartas no Novo
Testamento escritas pelo apóstolo Pedro (IPe 1.1; 2Pe
1.1). Ele testifica que escreveu sua primeira carta com
a ajuda de Silvano (cuja forma contracta1 em grego é
Silas), como seu escriba (IPe 5.12). O grego fluente de
Silvano e seu estilo literário aparecem aqui, enquanto
que, possivelmente, o grego menos esmerado2 de Pedro
apareça na sua segunda epístola.
O tom e o conteúdo de IPedro combinam
com o que sabemos a respeito de Simão Pedro. Os anos
em que viveu no estreito convívio com o Senhor Jesus
estão implícitos nas suas referências à morte de Jesus
(IPe 1.11,19; 2.21-24; 3.18; 5.1) e à sua ressurreição
(IPe 1.3,21; 3.21). Indiretamente, ele parece referir-se,
inclusive, às ocasiões em que Jesus lhe apareceu na
1 Contraído.
2 Em que há esmero; aprimorado, apurado, elegante; bem-
acabado, acabado.
Primeira
Carta de
Pedro
111

Galileia, depois da ressurreição (ire 2.25; 5.2a; Jo
21.15-23). Além disso, muitas semelhanças ocorrem
entre esta carta e os sermões de Pedro registrados em
Atos.
Pedro dirige esta carta aos “estrangeiros
dispersos” nas províncias romanas da Ásia Menor (IPe
1.1). Alguns destes, talvez hajam se convertido no dia
de Pentecoste, ao ouvirem a mensagem de Pedro, e
retornaram às suas respectivas cidades levando a fé que
acabavam de conhecer (At 2.9,10). Estes crentes são
chamados “peregrinos e forasteiros” (IPe 2.11),
relembrando-lhes, assim, que a peregrinação cristã
ocorre num mundo hostil a Jesus Cristo, mundo este do
qual só podem esperar perseguição. E provável que
Pedro escreveu esta carta em resposta a informes dos
crentes da Ásia Menor sobre a crescente oposição a
eles (IPe 4.12-16), ainda sem consentimento do
governo (IPe 2.12-17).
Pedro escreveu de “Babilônia” (IPe 5.13).
Isto pode referir-se literalmente à cidade de Babilônia,
na Mesopotâmia, ou pode ser uma expressão figurada
referente a Roma, o centro principal de oposição a
Deus, no século primeiro. Embora Pedro possa ter
visitado alguma vez a grande colônia de judeus
ortodoxos em Babilônia, é mais consentâneo1 entender,
. i, : i rcsença de Pedro, Silas (IPe 5.12) e Marcos
(IPe 5.13), juntos em Roma (Cl 4.10).
Propósito
Pedro escreveu esta epístola de alegre
esperança a fim de levar o crente a ver a perspectiva
divina e eterna da sua vida terrestre e prover orientação
1 Apropriado, adequado. Congruente, coerente.
112

prática aos cristãos que se encontravam sob o fogo do
sofrimento entre os pagãos. O cuidado de Pedro visava
evitar que os crentes não perturbassem sem necessidade
o governo, e sim que seguissem o exemplo de Jesus no
sofrimento, sendo inocente, mas portando-se com
retidão e dignidade.
Visão Panorâmica
IPedro começa lembrando os leitores:
• De que têm uma vocação gloriosa e uma herança
celestial em Jesus Cristo (IPe 1.2-5);
• De que sua fé e amor nesta vida estarão sujeitos as
provas e purificações e que isso resultará em
louvor, glória e honra na vinda do Senhor (IPe 1.6-
9);
• De que essa grande salvação foi predita pelos
profetas do Antigo Testamento (IPe 1.10-12);
• De que o crente deve viver uma vida santa, bem
diferente do mundo ímpio ao seu redor (IPe 1.13-
21). Os crentes, escolhidos e santificados (IPe 1.2),
são crianças em crescimento que precisam do puro
leite da Palavra (IPe 2.1-3), são pedras vivas em
que estão sendo edificadas como casa espiritual
(IPe 2.4-10) e peregrinos, caminhando em terra
estranha (IPe 2.11,12); devem viver de modo
honroso e humilde no seu trato com todas as
pessoas durante a sua peregrinação aqui (IPe 2.13-
3.12).
A mensagem preeminente1 de IPedro diz
respeito à submissão e a sofrer, perseverando na
retidão, por amor a Cristo, de conformidade com o
próprio exemplo dEle (IPe 2.18-24; 3.9-5.11). Pedro
1 Que ocupa lugar mais elevado.
113

assegura aos heis que eles obterão o favor e a
recompensa de Deus ao sofrerem por causa da justiça.
No contexto desse ensino do sofrimento por Cristo,
Pedro ressalta os temas conexos1 da salvação, da
esperança, do amor, da fé, da santidade, da humildade,
do temor a Deus, da obediência e da submissão.
Características Especiais
Cinco características principais vemos nesta
epístola:
1. Juntamente com Hebreus e Apocalipse, sua
mensagem gira em torno dos crentes sob a
perspectiva de severa perseguição, por pertencerem a
Jesus Cristo;
2. Mais do que qualquer outra epístola do Novo
Testamento, contém instruções sobre o
comportamento do cristão ante à perseguição e aos
sofrimentos injustos (IPe 3.9-5.11);
3. Pedro destaca a verdade de que o crente é
estrangeiro e peregrino na terra (IPe 1.1; 2.11);
4. Muitos dos títulos do povo de Deus no Antigo
Testamento são aplicados aos crentes do Novo
Testamento (IPe 2.5,9,10);
5. Contém um dos trechos do Novo Testamento de mui
difícil interpretação: quando, onde e como Jesus
“pregou aos espíritos em prisão, os quais em outro
tempo foram rebeldes... nos dias de Noé” (IPe
3.19,20).
1 Que tem, ou em que há conexão.
114

Segunda
Carta de
Pedro
Na saudação, Simão Pedro identifica-se
como o autor da carta. Mais adiante ele declara aos
seus leitores que esta é a sua segunda epistola (2Pe
3.1), indicando assim que está escrevendo aos mesmos
crentes da Ásia Menor, a quem dirigira a primeira
epístola (IPe 1.1). Alguns estudiosos do passado e do
presente, ignorando certas notáveis semelhanças entre
1 e 2Pedro e destacando ao invés disso, as diferenças
entre elas, supõem que não é de Pedro a autoria da
carta. Essas diferenças de conteúdo, vocabulário,
ênfases e estilo literário podem ser uma decorrência
das diferentes circunstâncias de Pedro e de seus
leitores, nas duas cartas:
As circunstâncias originais dos endereçados haviam
mudado.
Antes, ardia o fogo da perseguição movida
pela sociedade em derredor; agora, eram ataques
vindos de dentro, através dos falsos mestres que
ameaçavam os fundamentos da igreja: a verdade e a
santidade.
As circunstâncias de Pedro também eram outras.
Enquanto na primeira carta ele contou com a
cooperação eficiente de Silvano.na escrita (IPe 5.12),
parece que agora este último não estava disponível ao
Autor: O Apóstolo Pedro
Data: Cerca de 66-68 d.C.
Tema: A Verdade de Deus e o Falso
Ensino dos Homens
Palavras-Chave: Saber, conhecimento,
promessa
Versículo-chave: 2Pe 2.1
115

ser esciua esta seguiiua episiuia. íaivcz,, rcuiu icuna
empregado seu próprio grego galileu singelo, ou
serviu-se de um escriba menos hábil do que Silvano.
O Senhor Jesus Cristo é nosso Deus e Salvador,
que nos resgatou e nos deu todas as coisas pertencentes
à vida e à piedade. Em Sua primeira vinda manifestou
outrora a Sua majestade, a qual foi vista pelo autor
desta Epístola e outras testemunhas. Agora é o
Soberano Senhor que sabe livrar da tentação os
piedosos, e a Quem somos exortados a conhecer mais e
mais, para não ficarmos ociosos e infrutíferos na vida
espiritual. Ele há de vir outra vez, mas demorará, para
que mais pessoas sejam salvas por meio do
arrependimento e da fé nEle.
Sua vinda trará uma grande transformação a todo
o mundo, porque haverá uma conflagração1 em que os
elementos se desfarão e haverá novos céus e uma nova
terra.
Data e as Circunstâncias
Visto que Pedro, assim como Paulo, foi
executado por decreto do perverso Nero (que, por sua
vez, morreu em junho de 68 d.C.), é mais provável que
Pedro escreveu esta epístola entre 66 e 68 d.C., pouco
antes do seu martírio em Roma (2Pe 1.13-15).
Por sua referência à Primeira Epístola vê-se que
esta é dirigida às mesmas igrejas na Ásia Menor, e que
é depois daquela. Como a primeira dava muitas
exortações positivas, esta fala acerca dos falsos
mestres e dos seus erros, dando a entender que o erro
estava mais desenvolvido ou, propagado e que Pedro
tinha recebido notícias novas de lá. Só nesta Epístola o
1 Revolução. Guerra generalizada.
116

autor faz referência à sua velhice e à morte próxima.
Por essa razão, cremos que esta carta foi escrita lá pelo
ano 67.
A primeira carta foi escrita com o propósito de
confortar os cristãos no meio de suas perseguições.
Esta tem como objetivo ajudá-los na sua vida cristã,
admoestando-os a que continuem fiéis, a despeito dos
falsos mestres. O erro, porém, não estava tão
desenvolvido para que o autor o mencionasse por nome
nem explicasse ponto por ponto suas divergências da
verdade. Pelo que podemos deduzir da carta, foi escrita
às igrejas que estavam nas mesmas condições em que
se encontravam as da Ásia Menor no tempo do martírio
tradicional de Paulo e de Pedro. Da parte dos judeus e
dos gentios, mestres do gnosticismo queriam enganá-
los; da parte do governo, começou a perseguição,
porquanto não adoravam o imperador.
Propósito
Pedro escreveu:
• Para exortar os crentes a buscarem com diligência1 a
santidade de vida e o verdadeiro conhecimento de
Cristo;
• Para desmascarar e repudiar a atividade traiçoeira
dos falsos profetas e mestres que agiam nas igrejas
da Ásia Menor, pervertendo a verdade bíblica.
• Pedro resume o propósito do livro, em 2Pedro
3.17,18, onde exorta os crentes verdadeiros: a
estarem alerta para não serem enganados por
homens perversos (2Pe 3.17); a crescerem “na graça
e conhecimento de nosso Senhor e- Salvador Jesus
Cristo” (2Pe 3.18).
1 Cuidado ativo; zelo, aplicação.
117

Visão Panorâmica
Esta breve epístola solenemente instrui os
crentes a tomarem posse da vida e da piedade,
mediante o verdadeiro conhecimento de Cristo. O
primeiro capítulo acentua a importância do crescimento
cristão. Tendo começado pela fé, o crente deve buscar
diligentemente a excelência moral, o conhecimento, a
temperança, a perseverança, a piedade, o amor fraternal
e a caridade (amor altruísta1), que levam à fé madura e
ao verdadeiro conhecimento do Senhor Jesus (2Pe 1.3-
11).
O capítulo seguinte adverte solenemente
contra os falsos profetas e mestres que surgem dentro
das igrejas. Pedro os denuncia como anarquistas e
perniciosos2 (2Pe 2.1,3; 3.17), que se comprazem nas
concupiscências da carne (2Pe 2.2,7,10,13,14,18,19);
são cobiçosos (2Pe 2.3,14,15), arrogantes (2Pe 2.18) e
obstinados^ (2Pe 2.10) e que desprezam a autoridade
(2Pe 2.10-12). Pedro procura resguardar os verdadeiros
crentes contra as suas heresias destrutivas (2Pe 2.1)
pondo a descoberto seus motivos e conduta malignos.
No capítulo 3, Pedro refuta4 o ceticismo5
desses mestres, no tocante à vinda do Senhor (2Pe
3.3,4). Assim como a geração dos dias de Noé,
enganada, zombava da idéia do juízo da parte de Deus,
1 Desprendimento, abnegação.
2 Mau, nocivo, ruinoso; perigoso.
3 Pertinaz, firme, relutante. Teimoso, birrento. Inflexível,
irredutível.
4 Dizer em contrário; desmentir; negar.
5 Atitude ou doutrina segundo a qual o homem não pode chegar a
qualquer conhecimento indubitável, quer nos domínios das
verdades de ordem geral, quer no de algum determinado domínio
do conhecimento. Estado de quem duvida de tudo; descrença.
118

através de um grande dilúvio, esses outros zombadores
estão igualmente cegos quanto às promessas da volta
de Cristo. Mas, com a mesma certeza manifesta no
julgamento pelo dilúvio (2Pe 3.5,6), Cristo voltará e
desintegrará a presente terra, no fogo (2Pe 3.7-12), e
criará uma nova ordem sob a justiça (2Pe 3.13). Tendo
em vista esse fato, os crentes devem viver vidas santas
e piedosas na presente era (2Pe 3.11,14).
Características Especiais
Esta carta tem quatro características
principais:
1. Ela contém uma das declarações de maior peso em
toda a Bíblia no tocante à inspiração, à
fidedignidade e à autoridade das Sagradas Escrituras
(2Pe 1.19-21);
2. 2Pedro 2 e a epístola de Judas têm semelhanças
notáveis na incriminação dos falsos mestres. Talvez
Judas, enfrentando em data posterior o mesmo
problema dos falsos mestres, empregou trechos dos
ensinos inspirados de Pedro, para transmitir a mesma
lição (ver Introdução a Judas);
3. O capítulo 3 é um dos grandes capítulos do Novo
Testamento sobre a segunda vinda de Cristo;
4. Pedro cita indiretamente os escritos de Paulo como
Escrituras, ao mencioná-los juntamente com “as
outras Escrituras” (2Pe 3.15,16).
119

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
1. Pedro testifica que escreveu sua primeira carta com
a ajuda de
a)l | Barnabé
b)| | Tíquico
c)g] Silvano
d')! 1 Áquila
2. A mensagem de IPedro gira em torno dos crentes
sob a perspectiva de severa perseguição, por
pertencerem a Jesus Cristo, juntamente com
a)[y] Hebreus e Apocalipse
b)| I Hebreus e Atos
c)l | Atos e Apocalipse
d)| I Hebreus e Tiago
3. As duas cartas de Pedro são escritas aos crentes
a)| I Romanos
b ) 0 Dispersos da Ásia Menor
c)| I Gregos
d)| | Judeus
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4.|~Cl IPedro foi escrita com o propósito de confortar os
cristãos no meio de suas perseguições
i|] 2Pedro 2 e a epístola de Tiago têm semelhanças
notáveis na incriminaçao dos falsos mestres
120

Primeira
Carta de
J o ã o
Cinco livros do Novo Testamento levam o
nome de João: um Evangelho, três epístolas e o
Apocalipse. Embora João não se identifique pelo nome
nesta epístola, testemunhas do século II (Papias, Irineu,
Tertuliano, Clemente de Alexandria) afirmam que ela
foi escrita pelo apóstolo João, um dos doze primeiros
discípulos de Jesus. Fortes semelhanças no estilo, no
vocabulário e nos temas, entre lJoão e o Evangelho
segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos
cristãos primitivos, afirmando que os dois livros foram
escritos pelo apóstolo João; não há indicação dos
destinatários desta carta, como também não há
saudações, nem menção de pessoas, lugares ou eventos.
A explicação mais provável dessa forma rara epistolar
é que João escreveu de onde residia, em Efeso, a certo
número de igrejas da província da Ásia, que estavam
sob sua responsabilidade apostólica (Ap 1.11), o
assunto principal desta epístola é o problema dos falsos
ensinos a respeito da salvação em Cristo e seu processo
no crente. Certas pessoas, que anteriormente
conviveram com os leitores da epístola, deixaram as
congregações (lJo 2.19), mas os resultados dos seus
falsos ensinos continuavam a distorcer1 o evangelho,
quanto a “saber” que tinham a vida eterna.
Doutrinariamente, a sua heresia negava que Jesus é o
1 Mudar o sentido, a intenção, a substância de; desvirtuar.
Autor: O Apóstolo João
Data: 85-95 d.C.
Tema: Verdade e Justiça
Palavras-Chave: Amor, conhecer,
vida, luz, comunhão
Versículos-chave: 1 Jo 5.11-12
121

^ s . * - / ~ n ^ w ~
------ ----
carne (lJo 4.2,3). Na área moral, ensinavam que não
era necessário à fé salvífica (lJo 1.6; 5.4,5), a
obediência aos mandamentos de Jesus (lJo 2.3-4; 5.3)
e uma vida santa, separada do pecado (lJo 3.7-12) e do
mundo (lJo 2.15-17).
O Autor
O apóstolo João, filho de Zebedeu, irmão de
Tiago e que andou com o Senhor durante Seu
ministério terreno (lJo 1.1-4; 4.14). É verdade que o
autor não é nomeado na Epístola, como tampouco no
quarto Evangelho, mas não há dúvida de que o mesmo
homem foi usado pelo Espírito Santo para escrever
ambos os livros. O uso que faz das palavras-chaves
“luz”, “vida”, “amor” é suficiente para fazer-nos ver
que é a mesma mente funcionando sob a inspiração do
mesmo Espírito. Não obstante, há muitas outras
semelhanças, de maneira que sabemos que o apóstolo
João é o autor humano da carta. No Evangelho segundo
João, disse que foi ele quem reclinou sua cabeça sobre
o peito de Jesus na última ceia, e outra vez que foi
aquele a quem o Salvador amava e de quem Pedro
perguntou em João 21.20-24. Agora, comparando o
prólogo do Evangelho (Jo 1.1-18) com o da Epístola
(lJo 1.14), notando especialmente o uso do termo
“Verbo”, existe uma prova clara, porque não há outro
escritor na Bíblia que use este modo de começar seus
livros. Também a semelhança em suas referências ao
pecado, à vida eterna, ao Salvador do mundo, à água e
ao sangue, etc., mostra-nos que João é o autor de
ambos os livros. Certamente o autor foi um apóstolo
(lJo 4.6), que escreveu por inspiração consciente (lJo
5.13 e muitas outras referências).
122

A única referência que faz exceção na tradição,
de que João, o apóstolo, seja o autor desta Epístola, é a
idéia apresentada, sem qualquer fundamento, de que
algum ancião desconhecido, também chamado João, a
tenha escrito. Todos os escritores antigos, desde
Policarpo em diante, atribuem-na a João, o Apóstolo.
Papias conheceu pessoalmente João, e Eusébio diz que
Papias fazia citações desta Epístola, chamando-a “A
Epístola anterior de João”. Achava-se no Muratori e no
antigo Siríaco. Irineu, Clemente de Alexandria,
Tertuliano e muitos outros fazem citações do livro
como apostólico e inspirado.
Propósito
O propósito de João ao escrever esta epístola
foi duplo:
• Expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos
falsos mestres;
• Exortar seus filhos na fé a manter uma vida de santa
comunhão com Deus, na verdade e na justiça,
cheios de alegria (lJo 1.4) e de certeza da vida
eterna (lJo 5.13), mediante a fé obediente em Jesus,
o Filho de Deus (lJo 4.15; 5.3-12), e pela habitação
interior do Espírito Santo (lJo 2.20; 4.4,13). Alguns
crêem que a epístola também foi escrita como uma
seqüência do Evangelho segundo João.
Visão Panorâmica
A fé e a conduta estão fortemente entrelaçadas nesta
carta.
Os falsos mestres, aos quais João chama aqui
de “anticristos” (lJo 2.18-22), apartaram-se do ensino
apostólico sobre Cristo e a vida de retidão. De modo
123

com veemência1 os falsos mestres (lJo 2.18,19,22,23,
26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.
Do ponto de vista positivo, lJoão expõe as
características da verdadeira comunhão com Deus (lJo
1.3-2.2) e revela cinco evidências específicas pelas
quais o crente poderá “saber”, com confiança e certeza,
que tem a vida eterna:
1. A evidência da verdade apostólica a respeito de
Cristo (lJo 1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20);
2. A evidência de uma fé obediente que guarda os
mandamentos de Cristo (lJo 2.3-11; 5.3,4);
3. A evidência de um viver santo, isto é, afastar-se do
pecado, para comunhão com Deus (lJo 1.6-9; 2.3-
6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3);
4. A evidência do amor a Deus e aos irmãos na fé (lJo
2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18-21);
5. A evidência do testemunho do Espírito Santo no
crente (lJo 2.20,27; 4.13). João afirma, por fim, que
a pessoa pode saber com certeza que tem a vida
eterna (lJo 5.13) quando estas cinco evidências são
manifestas na sua vida.
Características Especiais
Cinco características principais há nesta
epístola:
1. Ela define a vida cristã empregando termos
contrastantes e evitando todo e qualquer meio-termo
entre luz e trevas, entre verdade e mentira, entre
justiça e pecado, entre amor e ódio, entre amar a
Deus e amar ao mundo, entre filhos de Deus e filhos
do diabo, etc.
1 Intensidade, atividade, vivacidade.
124

2. É importante ressaltar1 que este é o único escrito do
Novo Testamento que fala de Jesus como nosso
“Advogado (gr. parakletos) para com o Pai”, quando
o crente fiel peca (lJo 2.1,2; cf. Jo 14.16,17,26;
15.26; 16.7,8).
3. A mensagem de Uoão fundamenta-se quase que
inteiramente no ensino apostólico, e não na
revelação anterior do Antigo Testamento; não há
claramente na carta referências às Escrituras do
Antigo Testamento.
4. Visto tratar da cristologia, e ao mesmo tempo refutar
determinada heresia, a carta focaliza a encarnação e
o sangue (i.e., a cruz) de Jesus, sem mencionar
especificamente a sua ressurreição.
5. Seu estilo é simples e reiterativo2, à medida que João
apresenta certos termos principais, como “luz”,
“verdade”, “crer”, “permanecer”, “conhecer”,
“amor”, “justiça”, “testemunho”, “nascido de Deus”
e “vida eterna”.
1 Tornar saliente; dar vulto ou relevo a; relevar, destacar.
2 Repetitivo, renovado; iterativo.

Autor: O Apóstolo João
Data: 85-95 d.C.
Segunda Tema: Andando na Verdade
Carta de João Palavras-Chave: Amor, Verdade
Versículos-chave: 2Jo 9-10
João dirige esta carta “à senhora eleita e a
seus filhos” (2Jo 1). Alguns interpretam “a senhora
eleita”, figuradamente, como uma igreja local, sendo
“seus filhos” os membros dessa igreja e sua “irmã, a
eleita” (2Jo 13), como uma congregação idêntica.
Outros interpretam a endereçada, literalmente, como
uma viúva cristã de destaque, conhecida de João, numa
das igrejas da Ásia Menor, sob seus cuidados pastorais.
A família dessa senhora (2Jo 1), bem como os filhos da
sua irmã (2Jo 13) são pessoas de destaque entre as
igrejas daquela região.
Autor
j\ 2 O autor se identifica como “o ancião” (2Jo
1). Provavelmente, um título honroso atribuído ao
apóstolo João nas duas décadas finais do século I,
devido a sua idade avançada e sua respeitável posição
de autoridade espiritual como o único dos doze
apóstolos ainda vivo.
Data
ç
Como as outras epístolas de João, 2João
provavelmente foi escrita de Éfeso, em fins da década
de 80 ou no começo da década de 90 d.C.
126

Propósito
João escreveu esta carta a fim de prevenir “a
senhora eleita” contra os falsos obreiros (mestres,
evangelistas e profetas) que perambulavam pelas
igrejas. Os tais abandonaram os ensinos do evangelho e
propagavam os seus falsos ensinos. A destinatária não
devia recebê-los, dialogar com eles, nem auxiliá-los.
Fazer isso, significaria ajudá-los a disseminar os seus
erros e participar da sua culpa. A carta repudia o
mesmo falso ensino denunciado em lJoão.
Visão Panorâmica
Esta epístola realça uma advertência1, que
também se acha em lJoão, sobre o perigo de falsos
mestres que negam a encarnação de Jesus Cristo e que
se afastam da mensagem do evangelho (2Jo 7,8). João
se alegra por ver que “a senhora eleita” e seus filhos
“andam na verdade” (2Jo 4). O verdadeiro amor cristão
deve ser obediente aos mandamentos de Cristo e ser
mútuo entre os irmãos (2Jo 5,6). O amor cristão deve
também incluir o discernimento entre a verdade e o
erro, e também não dar apoio aos falsos mestres (2Jo 7-
9). Receber amavelmente os falsos mestres é participar
dos seus erros (2Jo 10,11). A carta é breve, pois João
planeja uma visita para breve, e assim falar-lhe “de
boca a boca” (2Jo 12).
1 Admoestação, aviso, adversão.
2 Faculdade de julgar as coisas clara e sensatamente; critério,
tino, juízo.
127

av^Lv^JLiduLaí
São três as características principais desta
epístola.
1. É o menor livro do Novo Testamento;
2. Tem semelhanças surpreendentes com 1 e 3João,
quanto à sua mensagem, vocabulário e estilo simples
de escrita;
3. Constitui-se num importante complemento à
mensagem de 3João, como prevenção quanto a
receber e ajudar obreiros estranhos, desconhecidos.
Conclui, insistindo na necessidade de cuidadoso
discernimento, à luz dos ensinos de Cristo e dos
apóstolos, antes de alguém apoiar esses falsos
obreiros.
128

Terceira
Carta de
João
Esta carta pessoal é endereçada a um fiel
cristão chamado Gaio (3Jo 1), talvez pertencente a uma
das igrejas da Ásia Menor. Assim como as demais
epístolas de João, Em fins do primeiro século,
ministros itinerantes1 da igreja viajavam de cidade em
cidade, sendo comumente2 sustentados pelos crentes
que os acolhiam em casa e os ajudavam nas despesas
de viagem (3Jo 5-8; 2Jo 10). Gaio era um dos muitos
cristãos dedicados que graciosamente acolhiam e
auxiliavam ministros viajantes de confiança (3Jo 1-8).
Ao mesmo tempo, um homem de projeção chamado
Diótrefes resistia com arrogância à autoridade de João
e recusava hospitalidade aos irmãos viajantes, enviados
da parte deste.
Propósito
João escreveu para dar testemunho de Gaio
pela sua fiel hospitalidade e ajuda prestada aos fiéis
obreiros viajantes, para fazer uma advertência indireta
ao petulante3 Diótrefes e para preparar o caminho da
sua própria visita pessoal.
1 Que viaja, que percorre itinerários.
2 Em geral, ordinariamente.
3 Atrevido, ousado, insolente.
Autor: O Apóstolo João
Data: 85-95 d.C.
Tema: Procedendo com Fidelidade
Palavras-Chave: Amor, verdade
Versículo-chave: 3Jo 11
129

visao ranoramica
Três homens são mencionados por nome em
3João:
1. Gaio é calorosa e honrosamente mencionado pela sua
piedosa vida na verdade (3Jo 3,4), e pela sua
hospitalidade exemplar para com os irmãos viajantes
(3Jo 5-8);
2. Diótrefes, um dirigente ditador, é denunciado pelo
seu orgulho (“procura ter entre eles o primado”, 3Jo
9), cujas manifestações são: rejeitar uma carta
anterior de João (3Jo 9), calúnia contra João (3Jo
10), recusar o acolhimento aos mensageiros de João
e ameaçar com exclusão aqueles que os receberem
(3Jo 10);
3. Demétrio, talvez o portador desta carta, ou pastor de
uma comunidade na vizinhança, é louvado como um
homem de boa reputação e lealdade à verdade (3Jo
12).
Características Especiais
Duas características principais sobressaem
nesta epístola:
1. Embora seja pequena, dá uma noção de várias
facetas importantes da história da igreja primitiva,
perto do final do século I.
2. Há semelhanças notáveis entre 3João e 2.Toão.
Mesmo assim, as duas epístolas diferem entre si em
um aspecto importante: 3João elogia a hospitalidade
e ajuda oferecida aos bons ministros viajantes, ao
passo que 2João acentua que não se conceda
hospitalidade e sustento a maus obreiros, para não
sermos culpados de apoiar seus erros ou más obras.
130

Cartas de
Judas
Esta curta epístola, porém de linguagem
enérgica,|foi escri ta contra os falsos mestres,/queeram
abertamente antinominianos1 e que j zombando, ]
rejeitavam a revelação divina a respeito da Pessoa e da
natureza de Jesus Cristo, segundo as Escrituras l(Jd 4).
Dessa maneira,[ dividiam as igrejas,) concernentcTa fé
(Jd 19a,22) e quanto à conduta (Jd 4,8,16). Judas
descreve esses homens vis como “ímpios” (Jd 15), que
“não têm o Espírito” (Jd 19).
O possível relacionamento entre Judas e
2Pedro 2.1-3.4 depende do fator data do primeiro. O
mais provável é que Judas tinha conhecimento de
2Pedro (Jd 17,18) e, daí, sua epístola se situaria
posteriormente, isto é, entre 70-80 d.C. Não está
esclarecido sobre os destinatários, mas podem ter sido
os mesmos de 2Pedro (ver introdução de 2Pedro).
Autor
O escritor é Judas, meio irmão do Senhor
Jesus (Mc 6.3). “Irmão de Tiago” (Jd 1).
Judas se identifica simplesmente como o
“irmão de Tiago” (Jd 1). Os únicos irmãos do Novo
Testamento que têm nomes de Judas e Tiago são os
dois meio-irmãos de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3). Talvez
1 Ensinavam que a salvação pela graça lhes permitia pecar sem
haver condenação.
Autor: Judas
■CÍ' . ' "V1 :.Vl d :~!
Tema: Batalhar pela Fé
Palavras-Chave: Luta, a fé, manter
Versículo-chave: Jd 3
131

do seu irmão, sendo dirigente da igreja de Jerusalém
serviria para esclarecer sua própria identidade e
posição.
Propósito
Judas escreveu esta carta:
• Para, com empenho, advertir os crentes sobre a
grave ameaça dos falsos mestres e sua influência
destruidora nas igrejas;
• Para energicamente conclamar todos os verdadeiros
crentes a resolutamente “batalhar pela fé que uma
vez foi dada aos santos” (Jd 3).
Visão Panorâmica
Seguindo-se à saudação (Jd 1,2), Judas
revela que sua primeira intenção era escrever sobre a
natureza da salvação (Jd 3a). Em vez disso, ele foi
movido a escrever sobre o assunto que se segue, por
causa dos mestres apóstatas que estavam pervertendo a
graça de Deus e, ao agirem assim, corrompiam a
verdade e o caminho da retidão nas igrejas (Jd 4).
Judas os acusa de impureza sexual (Jd 4,8,16,18),
liberais como Caim (Jd 11), cobiçosos como Balaão (Jd
11), rebeldes como Coré (Jd 11), arrogantes (Jd 8,16),
enganosos (Jd 4a,12), sensuais (Jd 19) e causadores de
divisões (Jd 19). Afirma a certeza do julgamento divino
contra todos que vivem em tais pecados e ilustra esse
fato com seis exemplos do Antigo Testamento (Jd 5-
11). Os doze fatos descritivos da vida deles revelam
que a medida do seu pecado está cheia para o
julgamento divino (Jd 12-16). Os crentes são
despertados a crescer na fé e a ter compaixão com
132

temor, no tocante àqueles que estão vacilando na fé (Jd
20-23). Judas termina com palavras de louvor a Deus,
de grande inspiração, ao impetrar1 a sua bênção (Jd
24,25).
Características Especiais
Quatro características principais estão nesta
epístola:
1. Contém a incriminação mais vigorosa e direta do
Novo Testamento sobre os falsos mestres. Chama a
atenção de todas as gerações para a gravidade do
perigo constante da falsa doutrina contra a genuína
fé e a vida santa;
2. Exemplifica o caso de ilustrações tríplices, e.g., três
exemplos de julgamento tirados do Antigo
Testamento (Jd 5-7), uma descrição tríplice dos
falsos mestres (Jd 8) e três exemplos de homens
ímpios, tirados do Antigo Testamento (Jd 11);
3. Sob a plena influência do Espírito Santo, Judas fez
menção de vários escritos:
a) As Escrituras do Antigo Testamento (Jd 5-7,11);
b) As tradições judaicas (Jd 9,14,15);
c) Citando diretamente 2Pedro 3.3, que ele confirma
como procedente dos apóstolos (Jd 17,18).
4. Contém a bênção mais sublime do Novo Testamento.
1 Rogar, suplicar, pedir, requerer. Obter mediante súplicas.
133

Questionário
• Assinale com “X” as alternativas corretas
6. Autor de cinco livros do Novo Testamento divididos
em um Evangelho, três epístolas e o Apocalipse.
a)| I Pedro (apóstolo)
b)[>~1 João (apóstolo)
c)l I Paulo (apóstolo)
d)| | João Marcos
7. João em sua segunda epístola se identifica como
a)l I Pregador
b )D Missionário
c)| I Pastor
d)[y| Ancião
8. 3João é uma carta pessoal endereçada a um fiel
cristão talvez pertencente a uma das igrejas da Ásia
Menor por nome de
a)[Hl Gaio
b)| I Diótrefes
c)l I Onésimo
d)D Silas
• Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9.m Os únicos irmãos do Novo Testamento que têm
nomes de Judas e Tiago são os dois meio-irmãos de
Jesus
10.|Jg Judas revela que sua primeira intenção era
escrever sobre os mestres apóstatas que estavam
pervertendo a graça de Deus. Em vez disso, ele foi
movido a escrever sobre a natureza da salvação
134

Epístolas Paulinas e Gerais
Referências Bibliográficas
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McNAIR, S. E.; A Bíblia Explicada', CPAD; Rio de
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BOYER, Orlando; Pequena Enciclopédia Bíblica',
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DOUGLAS, J. D.; O Novo Dicionário da Bíblia', 2a Ed.
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SHEDD, Russel P.; O Novo Comentário da Bíblia ; 3a
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ANDRADE, Claudionor Corrêa de; Dicionário
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TIDWELL, J. B.; Visão Panorâmico da Bíblia', 7a Ed.
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CONDE, Emílio; Tesouro de Conhecimento Bíblico', 5a
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JOSEFO, Flávio; História dos Hebreus', 4a Ed. CPAD;
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Gráfica e Editora LEX Ltda.
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136

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