Ericsson: 90 Anos de Brasil

EricssonLatinAmerica 3,211 views 78 slides Sep 16, 2015
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About This Presentation

A PRESENÇA DA ERICSSON NAS TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL

É impossível dissociar a história da Ericsson da história do
Brasil. No fim do século XIX, a empresa já fazia fortes aproximações na direção do mercado brasileiro e da América Latina. O potencial desse maravilhoso país fez com que...


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Sumário
A PRESENÇA DA ERICSSON NAS TELECOMUNICAÇÕES DO BRASIL
INSTALAÇÃO NO BRASIL E EXPANSÃO SEM TRÉGUAS: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL
19. A chegada da Ericsson ao Brasil
21. Da estagnação do setor de telecomunicações à euforia dos anos JK
22. Crescimento implica mudanças e expansão das instalações
26. Expansão exige investimentos
27. A nacionalização do setor de telecomunicações e a criação da Matel
29. A nacionalização da produção brasileira
30. A Ericsson em harmonia com a Lei de Informática
31. Privatização do setor, mudanças de estratégias da empresa
32. Rumo ao novo milênio
34. Horizontes sem fronteiras
NA VANGUARDA DA INOVAÇÃO: INFRAESTRUTURA E TECNOLOGIA
38. A urgência de uma política nacional para as telecomunicações
39. Ericsson, Embratel e DDD diminuindo distâncias
42. A tecnologia AXE
43. Telefonia móvel: o grande salto
46. Tecnologia e sociedade: inclusão digital na Amazônia
47. A cidade digital: sintonia com a sustentabilidade
50. A união da academia com o setor industrial: a pesquisa científica
EFICIÊNCIA DE MERCADO E EXCELÊNCIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS
54. Rumo ao Norte e ao Nordeste do país
56. Ericsson e CTB
57. Soma de esforços, multiplicação de serviços
58. Crossbar – tecnologia Ericsson no compasso do desenvolvimento industrial
61. A institucionalização do setor de telecomunicações
62. Políticas públicas, grandes contratos
63. Os anos do Milagre Brasileiro
67. Ericsson Telecomunicações: a caminho do futuro
68. Explosão da demanda, expansão de produtos e serviços
70. Fusões e aquisições: a criação da Sony Ericsson
71. 2000: conquistas do novo milênio
73. Conectar pessoas, empresas e a sociedade
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Prefácio
É impossível dissociar a história da Ericsson da história do
Brasil. No fim do século XIX, a empresa já fazia fortes aproximações na
direção do mercado brasileiro e da América Latina. O potencial desse
maravilhoso país fez com que em 1924 decidíssemos criar uma história
conjunta e própria entre o Brasil e a empresa. Isso nos faz pensar nestes
90 anos de presença local, no caminho que percorremos até aqui, nos
muitos desafios que enfrentamos, vitórias que alcançamos, conquistas
que comemoramos. Hoje é fácil enxergar o Brasil conectado a dois
bilhões de pessoas, máquinas ou coisas em 2020, mas a tecnologia
necessária para essas conexões não pode andar sem as pessoas e a
competência exigida. Como num trabalho em equipe na execução de
uma tarefa, isso nos dá a certeza de criar ambições ainda maiores para
o país. O longo prazo é mandatório em nossa história, seja voltada ao
Brasil, seja voltada para a Ericsson.
A Sociedade Conectada vai unir ainda mais as pessoas
com o já disseminado e básico serviço de voz, os pacotes de dados, que estarão cada vez mais nas mãos dos brasileiros, além de uma capacidade de vídeo que irá além do que podemos imaginar em 2014. Já demos início à tecnologia 4K, mas ainda temos espaço para GSM, o HSPA e o próprio LTE, ainda em implementação, mas que já pode ser experimentado pelos consumidores. Estamos falando de serviços de valor agregado, que contarão com voz – hoje mais de 50% das receitas dos operadores –, dados (o presente/futuro) e vídeo – este deve ser 90% do tráfego. A quantidade de informação que passa pelas redes de telecomunicações demanda, cada vez mais, melhor qualidade de serviço, mais eficiência e nos coloca, definitivamente, no caminho do 5G, tecnologia em relação à qual mantemos parceria de desenvolvimento aqui mesmo no Brasil. Os operadores hoje precisam da agilidade em seus negócios, que é resultado da agilidade das redes, dos serviços e, obviamente, do próprio cliente.
Conectar clientes no Brasil continua
a ser nossa missão, mesmo 90 anos depois do singelo encontro entre Lars Magnus Ericsson e D. Pedro II.
Demonstramos por meio desta publicação que um gesto empreendedor e visionário de um homem, já apaixonado por inovação, firmou o Brasil como celeiro de oportunidades a serem exploradas por pesquisadores, técnicos, doutores, engenheiros e formadores de opinião loucos por tecnologia. Afinal, quando uma pessoa se conecta, seu mundo muda. Quando tudo se conecta, o mundo muda. Somos uma família grande, com mais de 5.000 colaboradores espalhados por todo o país, que acreditam ter um coração azul: amamos a ideia de transformar a vida das pessoas, o meio em que elas estão inseridas, o cenário em que criarão seus filhos. É a Sociedade Conectada dos dias de hoje.
Quando nos sentamos para escolher as fotos que ilustrariam essa história, deparamo-nos com o Rio de Janeiro de 1920, os bondes, as telefonistas e aqueles imensos aparelhos que ocupavam paredes inteiras, isso sem contar a quantidade imensurável de cabos ligando pessoas, famílias, matando saudades, aproximando distâncias.
Sendo a única empresa do setor que mantém aqui uma
fábrica desde 1955, reafirmamos nosso compromisso com o país de forma ininterrupta. Orgulhamo-nos do nosso Centro de Inovação e Pesquisa, que, por meio de atuação moderna e arrojada, adota a Inovação Aberta como ponte de relacionamento com universidades e institutos de pesquisa. São quarenta anos dedicados a essa área e quase cinquenta patentes já requeridas em órgãos competentes, o que nos coloca em destaque frente a outros países no mercado global. Somos conhecidos por sermos criativos, habilidosos, inovadores e, principalmente, flexíveis, quando se trata de desenvolvimento de software e soluções para TIC.
Não é de admirar que esse reconhecimento se reflita também
nos números: hoje o Brasil é o maior mercado individual da empresa na América Latina. Em 2010, a Ericsson reorganizou sua estrutura mundial, colocando todas as unidades da empresa para atuar de forma regional. Com isso, das 23 unidades existentes à época, passou a ser representada por 10 regiões no mundo e o Brasil deixou de ser uma subsidiária para tornar-se sede da empresa na América Latina. A importância do país é tão grande que a unidade brasileira é responsável pela exportação de equipamentos para todos os mercados da América Latina.
O que esperamos com este livro é registrar uma parte de tudo
que já construímos até aqui, porque nos sentimos honrados e cheios de orgulho por escrevermos uma história tão rica e cheia de vida. Mas nosso intuito também é marcar nossa história dentro da própria história. E, ao comemorar 90 anos, não queremos apenas recordar as sólidas conquistas, mas dar um presente para esse país que tanto amamos e do qual escolhemos fazer parte, ajudando a fortalecê-lo todos os dias.
A Sociedade Conectada produz progresso econômico, social
e ambiental significativo para milhões de pessoas. Eu faço parte desse cenário e quero continuar fazendo ainda por muito mais tempo.
E você?
Sergio Quiroga da Cunha
Presidente da Ericsson América Latina, apaixonado pela Ericsson Brasil
e por todos os benefícios de uma sociedade totalmente conectada
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PrefACE
It’s impossible to dissociate the history of Ericsson from the history of Brazil. By the late nineteenth
century, the company was already forging strong ties with the Brazilian and Latin American markets.
The potential of this wonderful nation meant that, in 1924, we decided to create a joint and unique
history between the company and Brazil. This makes us think about these 90 years of local presence,
the path we’ve taken thus far, the countless challenges we’ve faced, the victories we’ve achieved,
and the accomplishments we’ve celebrated. Today it’s easy to envision Brazil connected to two billion
people, machines or things by 2020, but the technology needed for these connections can’t move
forward without the necessary people and the skills. As with teamwork in performing any task, this
gives us the confidence to create even greater ambitions for Brazil. The long term is mandatory in our
history, whether geared toward Brazil, or geared toward Ericsson.
A Connected Society will further unite people with the already widespread and basic voice service,
data packets, which will be increasingly in the hands of Brazilians, in addition to video capabilities that
will go beyond what we can imagine in 2014. We’ve already ushered in 4K technology, but we still
have room for GSM, HSPA, and LTE itself, which is still under deployment but can already be tried
out by consumers. We’re talking about value-added services, which will count on voice (currently
accounting for over 50% of the operators’ revenues), data (present/future), and video (this is expected
to account for 90% of network traffic). The amount of information passing through telecommunications
networks increasingly demands better quality of service and greater efficiency, and puts us definitively
on the path of 5G – technology for which we maintain development partnerships here in Brazil. The
operators today need to streamline their business, which is a result of the agility of networks, services
and, obviously, customers themselves.
Connecting customers in Brazil continues to be our mission, even 90 years after the simple meeting
between Lars Magnus Ericsson and Brazilian Emperor Dom Pedro II. Through this publication, we
demonstrate that an entrepreneurial and visionary gesture of a man, who already had a passion
for innovation, established Brazil as a breadbasket of opportunities to be explored by researchers,
technicians, PhDs, engineers and technology-crazed opinion-makers. After all, when people are
connected, their world changes. When everything is connected, the world changes.
We are a large family with more than 5,000 employees spread throughout Brazil, who believe they
have a blue heart: we love the idea of transforming people’s lives, the environment in which they live,
the setting in which they’ll raise their children. This is today’s Connected Society. When we sat down
to choose the photographs that would illustrate this history, we were faced with 1920’s Rio de Janeiro,
the trolley cars, the switchboard operators, and those huge machines occupying entire walls, not to
mention the immeasurable amount of cables connecting individuals, families, catching up with old
friends, bringing faraway places closer.
As the only company in the industry that has maintained a factory here since 1955, we reaffirm our
uninterrupted commitment to Brazil. We pride ourselves on our Center for Innovation and Research,
which – through modern and bold efforts – adopts Open Innovation as a bridge of relationship with
universities and research institutes. Forty years have been dedicated to this area, and nearly fifty
patents already applied for at the respective agencies, which places us in a prominent position vis-
à-vis other countries on the global market. We are known for being creative, skilled, innovative and
especially flexible when it comes to software development and solutions for ICT.
It’s no wonder that this recognition is also reflected in the numbers: today Brazil is the company’s
largest single market in Latin America. In 2010, Ericsson reorganized its global structure, placing all of
the company’s units to act in a regional manner. Accordingly, the 23 existing units at that time came to
be represented by 10 regions in the world, and Brazil ceased to be a subsidiary in order to become the
company’s headquarters for Latin America. Brazil is so important that the Brazilian unit is responsible
for the export of equipment to all Latin American markets.
With this book we hope to record a part of everything that we’ve built so far, because we feel honored
and full of pride in writing such a rich and vibrant history. But our aim is also to make our own story go
down in History. And, to celebrate 90 years, we not only want to remember the solid achievements,
but also give a gift to this country that we love so much and we’ve chosen to belong to, helping to
strengthen it every day.
A Connected Society produces significant economic, social and environmental progress for millions
of people. I play my part in this scenario, and I want to keep doing it for a long time to come. What
about you?
Sergio Quiroga da Cunha
President of Ericsson Latin America, passionate for Ericsson Brasil and all the benefits of a completely
connected society
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A PRESENÇA DA ERICSSON
NAS TELECOMUNICAÇÕES
DO BRASIL
O século XIX viveu a era das invenções, das utopias, das
certezas. Foi neste século que, na busca por um mundo melhor, a Europa assistiu à vitória da ciência como mola propulsora do progresso, único caminho para a solução dos problemas decorrentes da Revolução Industrial. Era chegada a hora de mapear o presente e planejar o futuro; de substituir pessimismo por euforia. E os avanços técnicos eram a ferramenta mais adequada para restaurar a confiança e fortalecer o sonho de um domínio absoluto sobre a natureza e os homens. Em todos os campos, novas técnicas e métodos de trabalho foram determinantes para o desenvolvimento econômico dos países, e os diversos setores foram inundados pelas ondas da inovação.
As exposições universais constituíam o palco ideal para
mostrar o progresso, pois as invenções ali apresentadas apontavam os impasses do presente e preconizavam o futuro. Era a ciência impondo-se como forma indiscutível de acabar com as incertezas do passado e preparar o mundo para o futuro. Eram verdadeiras vitrines para o progresso, pois exibiam os avanços científicos, provando assim a superioridade do homem, mas as máquinas e os principais inventos eram a atração principal. E foi justamente na Exposição da Filadélfia, em 1876, em comemoração aos 100 anos da Independência dos Estados Unidos, que Alexander Graham Bell exibiu a sua invenção, o telefone, que mudaria radicalmente os rumos da humanidade. O Brasil participou de todas elas, pois o imperador D. Pedro II era conhecido por seu apreço às novidades. Se da política mantinha relativa distância, da ciência, ao contrário, sempre se manteve bem próximo, sendo receptivo a toda espécie de patentes e projetos de invenções.
A participação direta de D. Pedro II na apresentação do
telefone e sua amizade com Graham Bell foram os fatores decisivos para que o Brasil, depois dos Estados Unidos, se tornasse o primeiro país a ter telefones instalados. Portanto, não seria atrevido dizer que o imperador inaugurou o telefone no Brasil.
No mesmo ano em que o telefone era
apresentado pela primeira vez ao mundo, nos Estados Unidos, Lars Magnus Ericsson, na Suécia, fundava uma pequena empresa de reparos de telégrafos no centro de Estocolmo.
ERICSSON’S PRESENCE IN BRAZIL’S TELECOMMUNICATIONS Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the name of L.M. Ericsson & Co. on the market.
The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone
sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony
equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was
showing clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson
himself had invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture
of Bell-type telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more
revolutionary device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of
which was created in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was
instrumental in the successful trajectory of L.M. Ericsson & Co.
In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation
directed all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize
and reurbanize primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the
accelerated modernization of European countries. The source of inspiration was Paris, and so
Brazil took advantage of the inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow
that model – reurbanizing major cities with wide boulevards, gardens, fountains and palaces.
So “Frenchified” customs were introduced in the behavior and lifestyle of the elite. But it was
necessary to present this progress to the world, to show off the new capital of the Republic,
urbanized and sanitized. The federal government organized a major national expo in 1908,
where the main products of our economy were showcased, and Ericsson was already present in
the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured – a wall-mounted
“telephonic device” and another table-top model telephone were.
De fato, Ericsson estava sintonizado com as inovações do seu tempo. Em 1877 o aparelho chegara à Suécia pelas mãos de Numa Peterson, comerciante de equipamentos, produtos de saúde e outros itens. No final daquele mesmo ano, passou a investir no negócio de telefonia com a oferta de um lote de 50 telefones e acessórios. Entre os primeiros compradores, estava a empresa de Lars Magnus. O empresário somou seriedade, profissionalismo e qualidade à nova fonte de tecnologia que acabara de adquirir. O resultado foi a construção de um modelo de parede que desempenhou papel decisivo no avanço comercial contínuo de L. M. Ericsson & Co. Assim, também, não seria impróprio afirmar que a Ericsson praticamente nasceu com o telefone.
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EMPREENDEDOR
PARA NINGUÉM
BOTAR DEFEITO
A FLAWLESS ENTREPRENEUR
Few realize that the global giant in the telecommunications sector, Ericsson, could have started
its trajectory as a modest telegraph repair shop in nineteenth-century Sweden. But that’s exactly
how it happened, when Lars Magnus Ericsson opened his own business with his friend Carl Johan
Andersson in April 1876. With the name of L.M. Ericsson & Co. and initial capital raised thanks
to a loan from an acquaintance, the company occupied a rented 13-square-meter shed located
in a backyard. Revenue came from minor repairs. The first paying customer was the Stockholm
Fire Brigade. Nonetheless, the firm’s top-quality workmanship and reliability soon helped it
acquire a good reputation. Ericsson was then challenged by J. Stork, director of telegraphy for
Swedish Railways, to improve the receivers used in the railway signaling system for telegraphic
communication between trains and stations, and Lars didn’t let him down. The solution presented
improved safety on the railways and was considered superior to systems in use, projecting the
name of L.M. Ericsson & Co. on the market.
The first foray into the world of telephones occurred in March 1878, with the repair of six phone
sets for Mr. Numa Peterson, a local merchant. It was one of the first generations of telephony
equipment operating in Stockholm, and Lars became interested in the segment that was showing
clear signs of expansion. His dedication was such that many believed that Ericsson himself had
invented this fantastic contraption. In fact, in addition to working in the manufacture of Bell-type
telephones, the businessman was thinking ahead, and developed an even more revolutionary
device for the time: a wall model that was called “helical microphone,” the first of which was created
in 1878, and production started in 1880. The news caused quite a stir and was instrumental in the
successful trajectory of L.M. Ericsson & Co.
No Brasil, ainda no século XIX, a presença da Ericsson já era
evidente. O país dirigia todos os seus esforços para melhorar sua imagem aos olhos do mundo, tratando de sanear e reurbanizar principalmente as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, a fim de alinhar-se à modernização acelerada dos países europeus. A fonte de inspiração era Paris, e o Brasil, então, aproveitou os inesgotáveis recursos da economia cafeeira e procurou seguir o modelo, reurbanizando as capitais com largas avenidas, jardins, fontes e palacetes. Assim também foram introduzidos modos afrancesados no comportamento e no estilo de vida das elites. Mas era necessário apresentar esse progresso ao mundo, mostrar a nova capital da República urbanizada e saneada. O governo federal organizou uma grande exposição nacional em 1908, em que foram exibidos os principais produtos da nossa economia, e a Ericsson já estava presente no pavilhão da Estrada de Ferro Central do Brasil, no qual, entre os produtos apresentados, estavam um “apparelho telephonico” de parede e outro para mesa.
In Brazil, still in the nineteenth century, Ericsson’s presence was already evident. The nation directed all its efforts toward improving its image in the eyes of the world, trying to sanitize and reurbanize primarily the cities of São Paulo and Rio de Janeiro, in order to align with the accelerated modernization of European countries. The source of inspiration was Paris, and so Brazil took advantage of the inexhaustible resources of the coffee boom and sought to follow that model – reurbanizing major cities with wide boulevards, gardens, fountains and palaces. So “Frenchified” customs were introduced in the behavior and lifestyle of the elite. But it was necessary to present this progress to the world, to show off the new capital of the Republic, urbanized and sanitized. The federal government organized a major national expo in 1908, where the main products of our economy were showcased, and Ericsson was already present in the pavilion of the Brazil Central Rail Road, where – among products featured – a wall-mounted “telephonic device” and another table-top model telephone were.
Poucos imaginam que a gigante mundial do setor de telefonia, Ericsson, possa ter iniciado sua trajetória como uma modesta oficina de conserto de telégrafos na Suécia do século XIX. Mas foi exatamente assim que tudo aconteceu, quando Lars Magnus Ericsson abriu seu próprio negócio com o amigo Carl Johan Andersson, em abril de 1876. Com o nome de L. M. Ericsson & Co. e capital inicial levantado graças ao empréstimo de um conhecido, a empresa ocupava instalações arrendadas de 13 metros quadrados em um quintal. O faturamento advinha de pequenos reparos sem maior relevância e o primeiro cliente pagante foi a Estocolmo Corpo de Bombeiros. Não obstante, a qualidade do acabamento e a confiabilidade dos serviços prestados logo fizeram com que a empresa adquirisse boa reputação. O senhor Lars Magnus foi, então, desafiado pelo diretor da empresa de telegrafia Railways, J. Stork, a aprimorar os receptores utilizados no sistema de sinalização da ferrovia para a comunicação telegráfica entre trens e estações, e não decepcionou. A solução apresentada melhorou a segurança nas estradas de ferro e foi considerada superior aos sistemas já utilizados, projetando o nome da L. M. Ericsson & Co. no mercado.
A primeira incursão pelo universo dos telefones ocorreu em março de
1878, com o reparo de seis aparelhos para o senhor Numa Peterson,
um comerciante de Estocolmo. Era uma das primeiras gerações
de equipamentos de telefonia operantes na capital sueca e Lars
Magnus interessou-se pelo segmento que dava sinais evidentes
de expansão. Sua dedicação foi tamanha que muitos acreditavam
que a Ericsson havia inventado aquela fantástica engenhoca. Na
verdade, além de trabalhar na fabricação de telefones do tipo Bell, o
empresário estava pensando no futuro e desenvolveu um aparelho
ainda mais revolucionário para a época: um modelo de parede
que foi chamado de microfone helicoidal, cujo primeiro exemplar
foi criado em 1878, com produção iniciada em 1880. A novidade
causou frisson e teve papel decisivo na trajetória de sucesso da L.
M. Ericsson & Co.
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Equipamento Ericsson tipo switchboard para 700 linhas da Central Externa, São Paulo, 1905
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NO IMPÉRIO, CAPITAL E INTERIOR
COMEMORAM A “DESCOBERTA”
DO TELEFONE
IN THE EMPIRE, CITY AND COUNTRYSIDE CELEBRATE THE “DISCOVERY” OF THE TELEPHONE In 1877, the press announced that Mr. Rodde, owner of the establishment “Grande Mágico” had ordered installation of the “telephonic devices ” using the existing telegraph lines, “[...] one on the upper storey of Mr. Rodde’s establishment and the other one behind the house at commerce square,” and showed that “these devices are simple, much simpler than those used in telegraphy. By means of a wooden tube applied to one’s ear, one can fully and easily understand every word uttered at the other end by anyone with an identical tube.” And the city is celebrating, because [...] “The underwater telegraph company already corresponds, through the telephone, with the Copacabana station, and it appears to us that Mr. Rodde intends to make new experiments at great distances, such as between this point and Petrópolis, and is requesting permission to use the government-owned telegraph lines for such purposes. Another great advantage of the telephone is that it makes use of the same telegraph lines and therefore can be applied to all the lines already in place.” O Estado de S. Paulo, 12/21/1877, p. 2.
In the countryside, a satisfied farmer from Limeira writes to Mr. Rodde, stating: “I am pleased with the telephonic devices that you installed on my Barreiro farm, because they work perfectly, and leave nothing
to desire, not only for their artistic perfection but also for the clarity with which they transmit the voice. An improvement of this nature should be enthusiastically welcomed by all in general, and very especially
by my fellow farmers, because it brings a useful and wonderful result (...).
Your humble servant,
Bento da Silveira Franco”.
O Estado de S. Paulo, 9/5/1878, p. 1.
And the press confirms and commemorates: “On the 8th of the current month: on Barreiro farm owned by Captain Bento da Silveira Franco, the inauguration of a telephone took place, whose cord connects
the home of the farm administrator and coffee mill to the farm owner’s manor house. On this festive day around two hundred people in attendance, including residents of this Rio Claro locality, São Paulo
and Araras, among which noteworthy figures and big farmers. After the satisfactory experiments of the telephone, a lavish dinner was served, whose service left nothing to desire, and during the enthusiastic
fête many toasts were raised to Captain Bento Franco and other distinguished gentlemen.”
O Estado de S. Paulo, 9/14/1878, p. 2.
Em 1877, a imprensa anuncia que na cidade o sr. Rodde, proprietário do estabelecimento “Grande Mágico” mandou colocar pela linha telegráfica
“os apparelhos dos telephones [...] um no sobrado do estabelecimento do sr. Rodde e o outro nos fundos da casa da praça do commercio”, e
mostra que “são simples taes appparelhos, muito mais simples do que os empregados na telegraphia. Por meio de um tubo de madeira que
se aplica ao ouvido, comprehende-se distinctamente, havendo completo socego, todas as palavras que no outro ponto são pronunciadas por
qualquer pessoa junto de idêntico tubo”. E a cidade comemora, pois [...] “A companhia telegraphica submarina corresponde-se já, por meio do
telephone, com a estação de Copacabana e consta-nos que o sr. Rodde pretende fazer novas experiências a grandes distâncias como entres
este ponto e Petrópolis, pedindo para isto permissão para se servir da linha telegraphica do governo. A grande vantagem ainda do telephone
que serve-se do mesmo fio da telegraphia, podendo-se apllicar por isso a todas as linhas já estabelecidas”.
O Estado de S. Paulo, 21/12/1877, p. 2.
No interior, o fazendeiro de Limeira, satisfeito, escreve ao sr. Rodde, comunicando: “Estou satisfeito com os apparelhos telephonicos que v.s.
assentou em minha fazenda do Barreiro, porquanto funccionam perfeitamente, e nada deixam a desejar, tanto por sua perfeição artística, como
que pela clareza que transmittem a voz. Um melhoramento desta natureza deve ser acolhido enthusiasticamente por todos em geral, e muito
principalmente pelos meus colegas lavradores, porque traz um resultado útil e maravilhoso (...).
De v.s attento venerador creado.
Bento da Silveira Franco”.
O Estado de S. Paulo, 5/9/1878, p. 1.
E a imprensa confirma e comemora: “No dia 8 do corrente mez: na fazenda Barreiro, propriedade do Capitão Bento da Silveira Franco, teve
lugar a inauguração de um telephone, cujo fio liga a casa de morada do administrador e machina de beneficiar café ao palacete da residência
do proprietário. A este dia festivo estiveram presentes cerca de duzentas pessoas, entre ellas residentes desta localidade Rio Claro, São Paulo
e Araras, no número das quaes se contavam as mais gradas, e lavradores importantes. Depois das experiências satisfactorias do telephone
foi servido um profuso jantar, cujo serviço nada deixou a desejar, e durante o qual a par de enthusiastica animação muitos brindes foram
levantados ao capitão Bento Franco e outros distinctos cavalheiros”.
O Estado de S. Paulo, 14/9/1878, p. 2.
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Anúncio da Ao Telephone de Ouro, representante de produtos Ericsson, publicado no Almank Administrativo e Industrial, Rio de Janeiro
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O crescente aumento do número de linhas telefônicas no Brasil
também podia ser medido pelos jornais. Multiplicavam-se os anúncios
de profissionais liberais, estabelecimentos comerciais e prestadores
de serviços em geral, que indicavam seus telefones para contato, o
que lhes atribuía status, credibilidade e segurança a quem buscava o
serviço. Para atrair os clientes, os anunciantes costumavam mencionar
algum diferencial dos seus serviços: por exemplo,
em 1895, no Rio de Janeiro, a empresa “Ao
Telefone de Ouro”, especializada na iluminação
elétrica de ruas, edifícios, praças e jardins,
além de citar o uso de material de primeira
qualidade em seus serviços, destacava o fato
de serem os “únicos agentes para o Brazil dos
apparelhos Ericsson”.
Anos antes, em 1891, a firma importadora “Companhia Mechanica e
Importadora”, responsável pela importação de máquinas, equipamentos
e materiais em geral, entre os vários produtos importados e descritos
em um pedido, destacava os “equipamentos L. M. Ericsson da Suécia”.
Este é o mais antigo registro conhecido sobre a chegada dos produtos
Ericsson ao Brasil. Em 1896, nas importações da “Sigmund & Souza
Officina Electrotechnica” também constavam produtos para telefonia
de algumas empresas, entre elas a Ericsson.
Já em pleno século XX, em 1905, um anúncio na imprensa
chamava a atenção para a instalação de um novo serviço telefônico, no qual seriam empregados “aparelhos moderníssimos da Ericsson & Co. de Stockholmo”. E assim, mesmo antes de se instalar definitivamente no Brasil, o que ocorreria em 1924, a Ericsson continuou presente na vida dos brasileiros, acompanhando desde o início a evolução das telecomunicações no país.
No Brasil, a história das telecomunicações pode ser vista a
partir de três momentos: o primeiro, que abrange desde o Império e segue pelo período da República até os anos 1960, foi regulado pelo regime de concessões outorgadas pelas três esferas do governo – federal, estadual e municipal. No segundo momento, que se estende até os anos 2000, o país esteve sob o comando dos militares e o setor foi estatizado, passando por uma fase de nacionalização da produção, paralelamente aos grandes avanços tecnológicos, de modo que, já em finais do século XX, diante da limitada capacidade de investimentos do Estado e da rala densidade telefônica no país, ocorre a privatização do setor. A partir daí, e até os dias atuais, o terceiro momento: o Brasil inseriu-se no mundo globalizado e o setor de telecomunicações brasileiro passou a absorver o ritmo acelerado das inovações tecnológicas, gerando uma nova realidade nacional e anunciando diariamente a chegada do futuro.
Ao longo de todo esse tempo, milhões de brasileiros se
comunicaram por meio dos equipamentos Ericsson, desde as centrais telefônicas públicas e PABX, até as centrais automáticas
especialmente desenvolvidas para utilização no programa de telefonia rural; outros milhões utilizaram os telefones, o DDD, o DDR, o DDI, nas centrais particulares, e os equipamentos para transmissão que se comunicavam por meio do sistema AXE, desenvolvido e introduzido no Brasil pela Ericsson, com a lendária tecnologia CPA (Controle por Programa Armazenado), que marcou o ingresso da telefonia na era digital.
Hoje, quando a telefonia móvel tomou conta do mundo e o
Brasil registra um número de aparelhos superior ao de habitantes, a Ericsson marca presença em todos os momentos, e continua na liderança, seja pelo pioneirismo marcante em toda a sua trajetória de expansão, seja pela excelência na evolução tecnológica, capacidade de produção e eficiência no atendimento às demandas de um mercado consumidor cada vez maior e mais exigente.
The growing number of telephone lines in Brazil could also be measured by the newspapers. There were explosions of ads placed by liberal professionals, trade establishments and service providers in general, indicating their telephone numbers, which gave them status, credibility and security to those who sought such services. To attract customers, advertisers would usually mention some distinguishing or unique feature of their services: for example, in 1895, in Rio de Janeiro, the company “Ao Telefone de Ouro” – specializing in electric lighting of streets, buildings, parks, and gardens, in addition to the use of high-quality material in their services, highlighted the fact that they were the “sole agents of Ericsson telephone sets in Brazil.” Years before, in 1891, the importing firm “Companhia Mechanica e Importadora,” responsible for importing machinery, equipment and materials in general, highlighted “LM Ericsson equipment from Sweden” among the various products imported and described in an order. This is the earliest known record of the arrival of Ericsson products in Brazil. In 1896, there were telephony products from several companies, including Ericsson, among the imports of the company “Sigmund & Souza Officina Electrotechnica.” In the twentieth century, in 1905, an ad in the press drew readers’ attention to the installation of a new telephone service, in which “ultra-modern devices from Ericsson & Co. of Stockholm” would be used. And so, even before set up shop permanently in Brazil, which would occur in 1924, Ericsson remained present in the lives of Brazilians, accompanying the evolution of telecommunications in the nation from inception. In Brazil, the history of telecommunications can be split in three main periods: the first – which ranges from the Empire, through the period of the Republic, and up to the 1960s – was governed by the regime of concessions granted by the three levels of government – federal, state and municipal. In the second moment, which extends through the turn of the millennium, the nation was under the command of the military and the sector was nationalized, passing through a phase of nationalization of production, parallel to major technological breakthroughs, so that by the end of the twentieth century, facing the limited capacity of state investments and sparse density of telephones across the country, the sector was privatized. From that time, and up to the present, is the third moment: Brazil became part of the globalized world and the Brazilian telecommunications sector began to absorb the rapid pace of technological innovations, generating a new nationwide reality and announcing the arrival of the future on a daily basis. Throughout this time, millions of Brazilians communicated through Ericsson equipment – from public telephone exchanges and PBX systems, to automatic exchanges developed especially for use in the rural telephony program; additional millions of Brazilians used telephones, Long-Distance Direct Dial (DDD), Direct Inward Dial (DDR), and International Direct Dial (DDI) in private PBX systems, and transmission equipment that communicated through the AXE system, developed and introduced in Brazil by Ericsson, with the legendary SPC technology (Stored Program Control), which ushered telephony into the digital age. Today, when mobile telephony has taken over the world, and Brazil has more mobile phones than inhabitants, Ericsson has been present at all times, and still in the lead, whether for its remarkable pioneering spirit, throughout its history of expansion, or for its excellence in technological evolution, production capacity and efficiency in meeting the demands of an ever growing and more demanding consumer market.
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Primeira central automática da Ericsson instalada no Brasil, em Juiz de Fora, Minas Gerais,
década de 1930. Vista do equipamento OS (antecessor do AGF), destacando-se registradores
mecânicos ao fundo, à direita.
Instalação da Central OS de Volta Redonda, 1948.
Inspeção e ajustamento de seletores na Estação Telefônica de Volta Redonda, 1948.
Inauguração da central OS de São Luís, Maranhão, 1938, no momento em que o ex-governador do
Estado, Eugênio Barros, aciona a chave da estação.
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INSTALAÇÃO NO BRASIL
E EXPANSÃO SEM
TRÉGUAS: A PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
Desde os tempos do Império, o setor de telecomunicações
era regido pelo sistema de concessões do governo, regulamentado por decretos que estimulavam a iniciativa privada nas concessões para a instalação de linhas telefônicas. Os pedidos aumentavam num ritmo acelerado por todo o Brasil, de modo que as mais importantes cidades brasileiras receberam a concessão para explorar as linhas de acordo com a normatização governamental. Em 1883, o governo permitiu que a Telephone Company of Brazil – cuja concessão para prestar serviço telefônico na Corte havia sido obtida por Charles Paul Mackie, em 17 de abril de 1881 – realizasse serviços telefônicos com fins comerciais, autorizando a empresa a vendê-los a quem os desejasse.
Com a mudança do regime político brasileiro, do Império
para a República, uma Constituição Federal passou a normatizar os conflitos que surgiam entre a rede telegráfica, as redes telefônicas e os agentes privados, ficando claro que o Estado pretendia ordenar e estabelecer algum tipo de controle sobre a concessão de linhas telefônicas: ao governo federal, foram atribuídos os serviços interurbanos interestaduais; aos Estados, os interurbanos municipais e estaduais; e aos municípios, a sua própria área.
A rapidez também marcou a expansão do telefone em São
Paulo. Após complicados impasses, a Companhia de Telégraphos Urbanos absorveu a Álvares Pereira & Co, empresa com a qual disputava o direito de explorar os serviços telefônicos na capital, sendo feito um acordo entre as duas firmas e uma lista única englobando os assinantes de ambas. A Cia. de Telégraphos Urbanos permaneceu a única com direito a explorar os serviços telefônicos na capital e foi adquirida pela Companhia Telefônica Brasileira – CTB, empresa constituída em 1888 com capital canadense, bem como todos os seus equipamentos em uso e o direito de importar diretamente todo o material.
Na virada para o século XX, o país começava a assistir à
decadência da economia cafeeira, de modo que as eleições de 1922 ocorreram num clima de profunda crise econômica. A disputa entre Arthur Bernardes, da situação, e Nilo Peçanha, apoiado pelos militares, foi acirrada, e a vitória de Bernardes ocorreu em meio a muitas intrigas e boatos de conspiração.
INSTALLATION IN BRAZIL AND UNYIELDING EXPANSION: INDUSTRIAL PRODUCTION Constant expansion is one of Ericsson’s directives. Ever since coming to Brazil, the company grew in scenarios of stagnation, invested, overcame economic and industrial difficulties, and, above all else, believed in the Nation. It is responsible for the largest industrial complex in the telecommunications sector in the Americas. Since the time of the Empire, the telecommunications sector was ruled by a system of government concessions, regulated by decrees that encouraged the private sector in concessions for the installation of telephone lines. The requests increased at an accelerated pace across Brazil, so that the major Brazilian cities received concessions to exploit the lines according to the government regulations. In 1883, the government allowed the Telephone Company of Brazil – whose concession to provide telephone service in the Royal Court had been obtained by Charles Paul Mackie on April 17, 1881 – to carry out telephone services for commercial purposes, authorizing the company to sell them to whomever wanted them. With the change in the Brazilian political system, from Empire to Republic, a federal constitution started to regulate the conflicts that arose between the telegraph system, the telephone networks and the private agents, making it clear that the State intended to ordain and establish some sort of control over the concession of telephone lines: interstate long-distance services were assigned to the federal government; municipal and intrastate long-distance were assigned to the states; and the municipalities were assigned the telephone services of their own local areas. Speed also marked the expansion of telephones in São Paulo. After complicated impasses, Companhia de Telégraphos Urbanos absorbed Alvares Pereira & Co, a company with which it had been vying for the rights to operate telephone services in the city of São Paulo; an agreement was signed between the two firms, as well as a single list encompassing the subscribers of both. Companhia de Telégraphos Urbanos remained the only one with rights to exploit telephone services in São Paulo proper, and was acquired by Companhia Telefônica Brasileira (CTB), a company established in 1888 with Canadian capital, as well as all its equipment in use plus the rights to directly import all materials. At the turn of the twentieth century, Brazil began to witness the fall of the coffee economy, to such an extent that the 1922 elections were held in a climate of major economic crisis. The dispute between Arthur Bernardes, of the ruling party, and Nilo Peçanha, supported by the military, was fierce, and the victory of Bernardes came amid a great deal of intrigue and rumors of conspiracy.
A expansão constante é uma das diretrizes da Ericsson. Desde que chegou ao Brasil, a empresa cresceu em cenários de estagnação, investiu, superou dificuldades econômicas e industriais, e, sobretudo, acreditou no país. Hoje, é responsável pelo maior parque industrial do setor de telecomunicações das Américas.
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UM TELEFONEMA MUDA OS
RUMOS DA REVOLUÇÃO
Em 1924, a cidade de São Paulo transformara-se num verdadeiro palco de guerra na tentativa de golpe para derrubar o presidente Arthur Bernardes, apoiado pelos militares. As estratégias estavam definidas, e os rebeldes “[...] pretendiam tomar as estações de trem, o edifício do Telégrafo Nacional e as estações de transmissão de energia, principais núcleos de comunicação e transportes. Sua intenção era interromper a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediria que o governo federal tomasse providências para se defender”. Entretanto, “o imponderável realmente ocorreu, na forma de informações desencontradas e atrasos na tomada dos pontos estratégicos de comunicação telefônica e ferroviária. Esses incidentes deram tempo ao general Abílio Noronha, comandante da II Região Militar – fiel ao presidente da República –, de telefonar para o Rio de Janeiro e organizar uma reação, dificultando a ação dos revolucionários”.
A PHONE CALL CHANGES THE DIRECTIONS OF THE REVOLUTION In 1924, the city of São Paulo had become a veritable stage of war in the coup attempt to overthrow President Arthur Bernardes, supported by the military. The strategies were defined, and the rebels “\ [...] intended to take over the train stations, the National Telegraph building and power transmission stations – the main centers of communication and transportation. Their intention was to break the connection between São Paulo and Rio de Janeiro, which would prevent the federal government from taking steps to defend itself.” However, “the unthinkable actually happened, in the form of disparate information and delays in taking over strategic points of railway and communication telephone. These incidents gave General Abilio Noronha – commander of Military Region II and loyal to the president – time to call Rio de Janeiro and organize a response, curbing the action of the revolutionaries.”
ERICSSON ARRIVES IN BRAZIL In São Paulo, in 1924, the political landscape was rather tumultuous in terms of attempts of military coup to overthrow the president, and in July the first actions of a failed adventure began to unfurl. The uprising against President Bernardes ended in the conflict between rebel troops and the federal government, and for 23 days the streets of São Paulo turned into pure chaos – telephones cut off, power outages, traffic blocked, barricades, firefights, attack orders, cannon fire, and even airstrikes. The Federal pressure won and the rebels fled the city by train into the countryside.
A chegada da Ericsson ao Brasil
Em São Paulo, em 1924, o cenário político era bastante
tumultuado em
função das tentativas de um golpe militar para derrubar
o presidente da República, e em julho foi dado o primeiro lance de uma aventura fracassada. O levante contra o presidente Bernardes terminou no conflito entre tropas rebeldes e as do governo federal, e, durante 23 dias, as ruas de São Paulo transformaram-se num verdadeiro caos – telefones desligados, falta de energia, trânsito impedido, barricadas, tiroteios, tiros de canhões, ordens de ataque e até mesmo ataques aéreos. A pressão federal venceu e os rebeldes abandonaram a cidade pelas linhas ferroviárias rumo ao interior do Estado.
Lars Magnus Ericsson
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Foi justamente nesse ano, 1924, que a Ericsson instalou-
se oficialmente no país. Entre as empresas representantes da L. M.
Ericsson no Brasil estava a Holmberg, Bech & Co, que comercializava
diversos produtos e anunciava os telefones da empresa sueca. A
Holmberg era representante de várias empresas alemãs e da sueca
L. M. Ericsson, com escritórios localizados em São Paulo, à Rua
Líbero Badaró, 169; e no Rio de Janeiro, à Rua São Pedro, 106. No
segundo endereço, foi instalada a Sociedade Geral de Telephones L.
M. Ericsson, empresa registrada em 7 de janeiro daquele ano, com o
objetivo de explorar telefonia, telegrafia e atividades relacionadas à
eletricidade, importação e exportação.
A empresa foi criada com o capital de 100
contos de réis, divididos em vinte cotas,
distribuídas entre os sócios Allemanna
Telefononaktiebolaget L. M. Ericsson, com
dezenove, e Tor Janér, com uma.
V ao Brasil em 1920 para gerenciar a Holmberg, Bech e encontrou um cenário econômico instável, causado pela queda internacional dos preços do café. Desembarcou no Rio de Janeiro, e, ao contrário de outros europeus, que chegavam para recomeçar a vida no Brasil, Tor trazia na bagagem um contrato que lhe garantia um salário mensal de 1.500 coroas suecas, além de dez por cento do faturamento da Holmberg, Bech & Co, subsidiária da sueca Transmarina Kompaniet Aktibolag. Ainda em 1924, em 3 de outubro, a razão social foi alterada para Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., com um aumento do capital para 300 contos de réis.
It was precisely in 1924 that Ericsson was officially established in Brazil. Among L.M. Ericsson’s representative in Brazil was Holmberg, Bech & Co., which marketed various products and advertised the phones made by the Swedish company. Holmberg was the representative of several German firms as well as Sweden’s L.M. Ericsson, with offices located in São Paulo, at Rua Libero Badaró, 169; and in Rio de Janeiro, at Rua São Pedro, 106. It was at the latter address where “Sociedade Geral de Telephones L.M. Ericsson” was established, a company registered on January 7, 1924, with the goal of exploiting telephony, telegraphy and activities related to electricity, import and export. The company was established with a capital of 100 contos de réis, divided into twenty quotas, distributed among partners Allemanna Telefononaktiebolaget L.M. Ericsson, with 19 quotas, and Tor Janér, with one.

Coming from a war-torn Europe, Tor Janér arrived in Brazil in 1920 to manage Holmberg, Bech &
Co., and found an unstable economic environment, caused by the fall in international coffee prices. He landed in Rio de Janeiro, and, unlike other Europeans who came to start a new life in Brazil, Tor carried in his suitcase a contract that assured him a monthly salary of 1,500 kronor, plus ten percent of the revenues of Holmberg Bech & Co., a subsidiary of Sweden-based Transmarina Kompaniet Aktibolag. Still in 1924, on October 3, the company name was changed to Sociedade Ericsson do Brasil Ltda., with a capital increase to 300 contos de réis.
Lars Magnus Ericsson e sua esposa Hilda observam um telégrafo. Ela foi grande
incentivadora de Ericsson e trabalhou nos primeiros anos da empresa,1885
Máteria sobre a Ericsson publicada no jornal O Paiz, 16/06/1928
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Da estagnação do setor
de telecomunicações à
euforia dos anos JK
As sucessivas crises políticas e econômicas prolongaram-
se pelas décadas de 1930 e 1940, e, somadas às consequências decorrentes da Segunda Guerra Mundial, o setor de telecomunicações no país passou por um período de completa estagnação. A Ericsson tinha dificuldades em vender mais centrais automáticas para estados como São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo e Rio de Janeiro, localidades controladas pela CTB. Nessa época, os únicos fornecedores eram a Chicago Eletric Company e a Standard Eletric. A falta de planejamento que vinha marcando o governo brasileiro desde a década de 1930, refletiu-se, entre outros aspectos, no precário processo de substituição de importações e nos desequilíbrios da balança de pagamentos.
A mudança desse cenário e a retomada do crescimento
apontavam para a necessidade da eliminação dos pontos de estrangulamento existentes em setores críticos que impediam o desenvolvimento da economia. Para superar os entraves estruturais e desobstruir os gargalos, era preciso planejar, modernizar, ousar, e Juscelino Kubitschek (JK) reunia essas e outras qualidades e características necessárias para governar o país. Elegeu-se presidente em 1955, colocando em prática o seu Plano de Metas, cujo lema era “50 anos em 5” – 50 anos de progresso em 5 de realizações – que incluía uma meta-síntese, a construção de Brasília, com sua transferência para capital federal, seu grande desafio.
O clima de otimismo e esperança tomou conta do Brasil,
favorecendo a difusão da prosperidade econômica norte-americana do pós-guerra, que propunha um novo modo de viver propiciado pela produção maciça de bens de consumo. Dessa maneira, consolidou-se a chamada sociedade urbano-industrial, com a consequente expansão dos meios de comunicação, tanto no lazer como na informação, embora ainda com um raio de ação local – o rádio cresceu substancialmente no início da década, comemorou-se a chegada da televisão e houve significativo aumento da publicidade.
A cena cultural também foi fortemente impulsionada pelo
entusiasmo gerado pelas possibilidades de se criar algo novo, com novas formas de pensar e expressar o fazer artístico. O espírito otimista que permeava o governo JK constituiu contexto fértil para renovações artísticas e estéticas em todas as áreas – no cinema, as chanchadas produzidas pela Atlântida, com seus atores consagrados pelo público; no teatro, tanto produções de caráter popular como peças mais sofisticadas; na música, o surgimento da bossa-nova, fortemente influenciada pelo jazz americano.
Já no início dos anos 1950, a Ericsson havia participado,
em Ribeirão Preto, do grande evento de inauguração do serviço de telefones automáticos e de todo o sistema de telefonia promovido pela municipalidade. Além de políticos ilustres, esteve presente o sr. Wolf Kantif, então diretor da empresa, que aproveitou a oportunidade para
anunciar a aquisição de uma grande área no município de São José dos Campos, interior de São Paulo, destinada à instalação de uma fábrica de material telefônico para, em pouco tempo, dar conta de atender as necessidades do mercado brasileiro.
O projeto, de Oscar Niemeyer, apresentava as mais modernas características arquitetônicas e previa a utilização dos mais modernos equipamentos.
De fato, no início dessa década, havia somente duas fábricas que produziam apenas telefones, o que levou a Ericsson a optar por ter fábrica própria para assegurar a meta de se tornar o grande fornecedor do mercado nacional. Até então, os equipamentos para telefonia eram todos importados, o que onerava a questão de divisas para o país e trazia sérias questões de controle cambial.
FROM THE STAGNATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR TO THE EUPHORIA OF THE JK YEARS The successive political and economic crises continued through the 1930s and 1940s, and along with the consequences of World War II, the telecommunications sector in Brazil went through a period of complete stagnation. Ericsson had difficulties in selling more automatic exchanges to states such as São Paulo, Minas Gerais, Guanabara, Espírito Santo and Rio de Janeiro, locations that were controlled by CTB. At that time, Chicago Electric Company and Standard Electric were the only suppliers. The lack of planning that had marked the Brazilian government since the 1930s reflected (among other things) the precarious process of import substitution and disequilibrium in the balance of payments. The change of this scenario and the resumption of growth indicated the necessity to get rid of existing bottlenecks in critical sectors that prevented the development of the economy. To overcome the structural barriers and clear up the bottlenecks, it was necessary to plan, to modernize, to dare, and Juscelino Kubitschek (JK) had these plus other qualities and characteristics needed to govern the country. He was elected president in 1955, putting into practice his Plan of Targets, whose motto was “50 years in 5,” i.e., 50 years of progress in five years of accomplishments, which included a meta- synthesis – the construction of Brasília – to transfer the federal capital, his greatest challenge. A mood of optimism and hope took over Brazil, favoring the spread of U.S. economic prosperity of the postwar period, which proposed a new way of living made possible by mass production of consumer goods. Thus, the so-called urban-industrial society was consolidated, with the resulting expansion of the media, both in leisure and information, although still with a local radius of action: radio grew substantially in the early 1960s, the arrival of television was celebrated, and there was a significant increase in advertising. The cultural scene was also strongly driven by the enthusiasm generated by the possibilities of creating something new, with new ways of thinking and expressing in the making of art. The optimistic spirit that permeated the Kubitschek administration created fertile ground for artistic and aesthetic renovations in all areas: in cinema, with the popular movies called chanchadas produced by Atlântida and its actors enshrined by audiences; in theater, not only plebeian productions, but more sophisticated works as well; and in music, with the rise of bossa nova – a style heavily influenced by American jazz.
In the early 1950s, Ericsson took part in the grand inauguration of the automatic telephone service and the entire telephony system in the city of Ribeirão Preto, promoted by the municipal government. In addition to illustrious politicians, the event was attended by Mr. Wolf Kantif, then-CEO of the company, who took the opportunity to announce the acquisition of a large area in São José dos Campos, São Paulo, for installation of a telephone equipment factory, in order to meet the needs of the Brazilian market within a short time. The factory, designed by Oscar Niemeyer, featured the most modern architectural characteristics and provided for the use of state-of-the-art equipment. In fact, earlier that decade, there were only two factories that produced only telephones, which led Ericsson to opt for having its own factory in order to assure the goal of becoming the major supplier of the domestic market. Up to that time, all telephony equipment was imported, which burdened the matter of foreign currency reserves for the country and brought serious issues of foreign currency exchange control.
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Nos primeiros anos da década de 1960, o setor de telecomunicações
continuava sofrendo a estagnação dos anos anteriores, com cerca de
1.000 companhias telefônicas enfrentando sérias dificuldades operacionais
e não dispondo sequer de estratégias de crescimento.
GROWTH MEANS CHANGES AND EXPANSION OF FACILITIES
In the early 1960s, the telecommunications sector was still suffering the stagnation of the previous years,
with roughly 1,000 telephone companies facing serious operational difficulties, and didn’t even have any
growth strategies.
LINHAS PARA A PAULICEIA – PRESENTE DE ANO-NOVO
“Neste ano os telefones falarão!”. Esse era o título de uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, de 31 de dezembro de 1968, num balanço dos investimentos e necessidades da telefonia em São Paulo: “Até o fim do ano, os telefones funcionarão, ninguém vai mais ficar desesperado, esperando que caia uma linha, os aparelhos não mais darão sinal de ocupado depois de discado o segundo número, as transferências de telefones demorarão no máximo 20 dias, não haverá mais lista de espera para quem desejar um telefone e São Paulo contará com 136.950 linhas novas”.
Para liquidar o atraso de décadas no serviço telefônico de São Paulo, a CTB prometia que até o fim de 1969 o problema estaria resolvido e
o plano de expansão da rede, completo. A não renovação do antigo contrato (1926 a 1956) fez com que as baixas tarifas impossibilitassem a
expansão da rede, mas o novo plano de expansão, de 1965, previa tirar esse atraso. Até o final de 1968, somente um terço das estações haviam
sido instaladas e a porcentagem era de 7 telefones para cada 100 habitantes, índice baixo em termos mundiais – nos Estados Unidos a média
era de 50 aparelhos para 100 habitantes.
O fato é que o número baixo de pedidos em algumas regiões não compensava montar uma central, mas à medida que a urbanização acelerava,
esse número se multiplicava e justificava a instalação de novas centrais. Eram vários os motivos imprevisíveis do não funcionamento dos
telefones, como: média de ligações diárias por linha muito superior ao dimensionamento da rede; utilização de telefone por vizinhos que não
o possuíam; uso maior que o normal, maior a probabilidade de sinal de ocupado do telefone para o qual se discou; repetição de tentativas e
retirada do fone do gancho para aguardar linha sobrecarregavam os troncos e pioravam ainda mais a situação. E mais: as estações instaladas
para atender a zonas residenciais estavam se transformando em comerciais, e não tinham suporte para isso, como o caso, por exemplo, da
Avenida Paulista. Mas, o novo plano foi sendo executado com os ajustes necessários, aumentando o número de estações e de linhas, e a
cobrança de taxas a partir de determinado limite de ligações contribuiu para reduzir o número de ligações desnecessárias.
PHONE LINES FOR PAULICEIA – A NEW YEAR’S PRESENT
“This year the phones will speak.” This was the title of an article from the December 31, 1968 edition of the newspaper O Estado de S. Paulo, featuring a balance of investments and needs of telephony in
São Paulo: “By the end of the year, the phones will be working properly, no one will be desperate anymore, expecting the line to drop out, the phones will no longer give a busy signal after dialing the second
digit, phone transfers will take no more than 20 days, there will be no waiting list for those who want a phone line, and São Paulo will have 136,950 new lines.”
To settle the delay of decades in São Paulo’s telephone service, CTB promised that by the end of 1969 the problem would be solved and the network expansion plan would be complete. The non-renewal of
the old contract (1926-1956) made the low rates preclude any expansion of the network, but the new expansion plan of 1965 envisaged eliminating this lag. By the end of 1968, only one-third of the stations
had been installed, and the percentage was 7 telephones per 100 inhabitants, a low rate in global terms: in the United States the average was 50 phones for every 100 inhabitants.
The fact is that the low number of telephones in some regions meant that it wasn’t worth setting up an exchange, but as urbanization accelerated, that number multiplied and justified the installation of
new exchanges. There were several reasons for the unexpected malfunctioning of telephones, such as: average number of daily calls per line exceeding the network capacity; use of one’s telephone
by neighbors who didn’t have one; higher-than-normal use, higher likelihood of a busy signal; repeated attempts and the practice of taking the phone off the hook to wait for a line would overload trunk
lines and worsen the situation. Plus: stations installed to serve residential areas that were being transformed into commercial areas lacked the support for this, as was the case of Avenida Paulista, for
example. But the new plan was being carried out with the necessary adjustments, increasing the number of stations and lines, and the charging of rates starting at a particular limit of calls helped to
reduce the number of unnecessary calls.
Crescimento implica mudançase expansão das instalações
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Em 1967, a sede da Ericsson ainda estava instalada no Rio de
Janeiro, embora a empresa já mantivesse presença em São Paulo em
razão da abertura de uma filial na Rua Florêncio de Abreu, 42, em 1937.
A mudança para a terra da garoa de fato ocorreu com o fechamento de
um grande contrato com a CTB, quando vários departamentos foram
transferidos do escritório da capital fluminense, localizado na Avenida
Getúlio Vargas, 409, para instalações na Avenida Paulista, 2.202, que
ali se mantiveram funcionando até o final da construção do Centro
Ericsson, na Rua da Coroa, 500, na região hoje pertencente ao bairro
Vila Guilherme, zona Norte da cidade. Posteriormente, com a realização
de obras de urbanização e a construção do Terminal Rodoviário Tietê,
o trecho em que se encontra o prédio da Ericsson mudou de nome e o
endereço passou a ser Rua Maria Prestes Maia, 300.
Em São Paulo, passaram a ser feitos os projetos de engenharia
de instalação, conduzidos por engenheiros locais assistidos pela equipe da L. M. Ericsson. Além do Departamento de Instalações, que visava à formação dos quadros técnicos dos clientes para receber e operar as centrais, o treinamento também foi ampliado, na medida em que ele era a garantia oferecida aos clientes na operação e manutenção das centrais. Assim, a fábrica de São José dos Campos foi ampliada para atender às novas encomendas de expansão da rede telefônica de São Paulo, e, em 1968, as novas instalações foram inauguradas, com a presença do presidente da Ericsson Mundial.
Nessa mesma época, as áreas de instalação e teste de centrais
estavam sob responsabilida
de do Departamento de Instalações,
gerido por Lars Abrahammson. Como o crescimento da atividade foi muito rápido e não houve tempo de treinar técnicos locais, entre 1967 e 1973 a Ericsson teve que trazer pessoal experiente de todas as partes do mundo. O número de contratados, de várias nacionalidades e acompanhados de suas respectivas famílias, chegou a 150, de modo que foi necessária a contratação de um gerente de pessoal poliglota.
In 1967, the Ericsson headquarters was still located in Rio de Janeiro, although the company was already present in São Paulo with the opening of a branch office in 1937, at Rua Florêncio de Abreu, 42. The move to São Paulo actually occurred with the signing of a major contract with CTB, when several departments were transferred from the Rio offices, located at Avenida Getúlio Vargas, 409, to the property located at Avenida Paulista, 2202, which remained there until completion of Ericsson Center, at Rua da Coroa, 500, in the area that is now part of the Vila Guilherme neighborhood, in the North Zone. Later, with the completion of urbanization projects and construction of the Tietê Bus Terminal, the section of street where the Ericsson building was located had its name changed, and the address became Rua Maria Prestes Maia, 300. In São Paulo, installation engineering projects got under way, conducted by local engineers assisted by the L.M. Ericsson team. Aside from the Facilities Department, aimed at training the technical staff of customers to receive and operate the exchanges, training was also expanded, as this was the assurance offered to customers in the operation and maintenance of the telephone exchanges. Thus, the factory in São José dos Campos was enlarged in order to meet new orders for expansion of the telephone network in São Paulo, and in 1968, the new facilities were inaugurated at an event attended by the president of Ericsson Worldwide. At this same time, the areas of installation and testing of exchanges were under the responsibility of the Facilities Department, managed by Lars Abrahammson. As was activities grew very fast and there was not enough time to train local technicians, between 1967 and 1973 Ericsson had to bring in experienced personnel from around the world. The number of contractors – of various nationalities and accompanied by their families – reached 150, such that it was necessary to hire a multilingual personnel manager.
Sede da Ericsson, localizada na Av. Paulista, 2202 no período de 1968-1970
Construção do Centro Ericsson, São Paulo, 1969
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Operários na saída da fábrica da Ericsson, em São José dos Campos, 1961
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Expansão exige
investimentos
Os volumosos contratos de expansão da rede firmados
entre a Ericsson e a CTB para a cidade de São Paulo, naturalmente implicaram também na necessidade de ampliar os serviços técnicos e administrativos da Ericsson, confirmando a decisão de transferência da empresa do Rio de Janeiro para São Paulo. Assim, a nova sede ficaria mais próxima da fábrica de São José dos Campos e também do local onde se concentrava a maior parte das operações da empresa. Ao perceber que o número de contratos estava crescendo, a empresa decidiu pela construção do Centro Ericsson, na zona norte de São Paulo. A construção foi iniciada em 1968 e a inauguração ocorreu em dezembro de 1970.
O Centro Ericsson foi construído para abrigar a administração
e as demais áreas da empresa, no auge da entrada no mercado de turmas de engenheiros eletricistas e engenheiros eletrônicos, sendo necessário que esses novos profissionais adquirissem conhecimentos específicos de telecomunicações. Possuía uma área construída de 25.000 metros quadrados, equipado com PABX de 600 ramais e 40 troncos, mas com capacidade para até 9.000 ramais, o maior da América do Sul.
Nessas intalações também funcionava o Centro de Treinamento
Técnico, uma verdadeira escola de telecomunicações que preparava, simultaneamente, 150 alunos, abrigando ainda laboratórios de línguas, pesquisa e desenvolvimento de produtos, além de auditório para 120 lugares dotado de aparelhagem de transmissão simultânea. O Centro contava com oficinas para revisão de equipamentos, depósitos de materiais e de componentes de equipamentos da CTB.
As tendências altamente positivas do mercado brasileiro de
telecomunicações, somadas à avançada tecnologia dos produtos Ericsson, resultaram num plano de expansão da empresa para o período que se estenderia até o início dos anos 1980 e incluía vultosos investimentos em infraestrutura, recursos tecnológicos e produtos. A expansão também contou com a aquisição, em 1973, de um novo edifício, de aproximadamente 4.000 metros quadrados, no bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, destinado à instalação do Centro de Treinamento da empresa, e a compra de mais um terreno de 20.000 metros quadrados, localizado na própria sede do Centro Ericsson, para ampliação dos laboratórios e escritórios. Investimentos foram igualmente direcionados para ampliação da fábrica de São José dos Campos em aproximadamente 8.000 metros quadrados, sendo que os 48.000 metros quadrados de área já construída contavam com melhorias das instalações destinadas a escritórios, maquinário e laboratórios.
Desde 1971 as ações da Ericsson no Brasil haviam sido
colocadas à venda e passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Uma parte das ações foi vendida aos funcionários a
EXPANSION DEMANDS INVESTMENTS Of course the extensive contracts of network expansion signed between Ericsson and CTB for the city of São Paulo also made it necessary to expand Ericsson’s technical and administrative services, confirming the decision to transfer the company from Rio de Janeiro to São Paulo. Thus, the new headquarters would be closer to the factory in São José dos Campos and also to the place where most of the company’s operations were concentrated. Realizing that the number of contracts was growing, the company decided to build Ericsson Center, in São Paulo’s North Zone. Construction got under way in 1968 and the grand opening took place in December 1970. Ericsson Center was built to house the administration and other areas of the company, at the exact moment where innumerable graduating classes of electrical engineers and electronics engineers were entering the market, being necessary for these new professionals to acquire expertise in telecommunications. The Center had an overall constructed area of 25,000 square meters, equipped with a 600-extension PBX system and 40 trunk lines, but with capacity for up to 9,000 extensions, the largest such system in South America. At these facilities also functioned the Technical Training Center, a true school of telecommunications that simultaneously prepared 150 students, also featuring language laboratories, product R&D, and a 120-seat auditorium complete with simulcast equipment. The Center had workshops for reviewing equipment, and storage facilities for CTB equipment materials and components. The highly positive trends of the Brazilian telecommunications market, along with the advanced technology of Ericsson products, resulted in a company expansion plan over a period that would extend up to the early 1980s and include significant investments in infrastructure, technological resources and products. The expansion also included, in 1973, acquisition of a new building measuring roughly 4,000 square meters in the Santo Amaro neighborhood in São Paulo, for installation of the company’s Training Center, plus the purchase of another 20,000-square-meter property located adjacent to Ericsson Center, for expansion of laboratories and offices. Investments were also earmarked for expansion of the plant in São José dos Campos by around 8,000 square feet, and all 48,000 square meters of constructed area received improvements in facilities used for offices, machinery and laboratories. Since 1971, shares of Ericsson Brasil have been listed and traded on the São Paulo Stock Exchange. A portion of the shares was sold to employees at a special price and with installment payments. As a publicly traded company, Ericsson could then enjoy some of the advantages conferred to companies of this category, resulting in the signing of sizeable contracts. In 1973, facing the clear need to increase production in Brazil, the company approved a new expansion plan and immediately began to build five new factories: three in Eugênio de Melo, a district of São José dos Campos; one in Paraisópolis, Minas Gerais; and a fifth unit in Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.
preço especial e com pagamento parcelado. Como empresa de capital aberto, a Ericsson pôde então usufruir de algumas vantagens conferidas a empresas dessa categoria, resultando na assinatura de vultosos contratos.
Em 1973, diante da clara necessidade de ampliar sua produção no país, a empresa homologou um novo plano de expansão e iniciou imediatamente a construção de cinco novas fábricas: três em Eugênio de Melo, distrito de São José dos Campos; uma em Paraisópolis, Minas Gerais; e uma quinta unidade em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
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A nacionalização
do setor de
telecomunicações e a
criação da Matel
As dificuldades enfrentadas para resolver os problemas que
continuavam a assombrar as operadoras urbanas para garantir aos usuários uma prestação de serviço satisfatória levaram o Ministério das Comunicações, criado em 1967, a propor uma nova estrutura para o setor. Foi então criada, em julho de 1972, a Telecomunicações Brasileiras (Telebras), uma sociedade de economia mista, que seria a grande prestadora estatal dos serviços de telecomunicações, com qualidade, diversidade e quantidade suficiente de linhas, tendo como missão contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país. Entre as tantas mudanças impostas pela estatal, uma das mais radicais foi a exigência de maior autonomia das multinacionais aqui instaladas em relação às suas matrizes, visando não só estimular a capacitação local para a elaboração e execução de projetos como gerar uma tecnologia nacional, tendo em vista a nacionalização crescente dos materiais e equipamentos. Isso privilegiou a engenharia nacional, pois os fabricantes viram-se forçados a seguir tais diretrizes para obter os certificados de qualidade e homologação do chamado “Padrão Telebras”.
Os cursos de engenharia eletrônica e de telecomunicações
multiplicaram-se rapidamente, acompanhando e suprindo a instalação de novas fábricas, e os profissionais iam sendo rapidamente absorvidos pela indústria, em especial as concessionárias, que puderam aumentar seus quadros de planejamento técnico, engenharia e operação de serviços. Mas a compra das empresas pela Telebras pautou-se pela divisão regional do mercado, pela qual os fabricantes podiam participar com cotas preestabelecidas e assim planejar suas linhas de produção. Ao mesmo tempo, a Telebras pretendia evitar que a política de mercados cativos não conduzisse a preços, prazos e padrões de qualidade inaceitáveis.
O governo decidiu então que o apoio ao desenvolvimento
tecnológico das telecomunicações transcendia esse campo, por estar ligado ao estabelecimento da base estratégica integralmente nacional da informática, uma vez que a vanguarda da nova indústria nos países desenvolvidos foi justamente a microeletrônica aplicada às telecomunicações. Mesmo assim, o setor de telecomunicações crescia, mas continuava relativamente sem planejamento, ineficiente e com uma estrutura fragmentada.
Nesse contexto, o acelerado desenvolvimento das
telecomunicações levou o governo a adotar uma política que, entre outras diretrizes, obrigou as multinacionais a se associarem a grupos financeiros brasileiros que, por lei, passariam a deter maior capital votante. E, a partir de 1975, o Ministério das Comunicações passou a exigir a identificação e o uso das fontes nacionais de tecnologia, bem como o início imediato do desenvolvimento de centrais digitais, seguindo especificações técnicas feitas pelos engenheiros da Telebras. Finalmente, em 1978, o Ministério das Comunicações passou a coordenar a redução das importações e impor a nacionalização dos componentes e matérias-primas dos equipamentos.
Em 1979, a L. M. Ericsson, que já no governo JK havia iniciado
a fabricação de equipamentos, atendendo ao objetivo do governo de criar uma indústria de telecomunicações com tecnologia própria e controlada por acionistas brasileiros, transferiu 51% do capital votante da Ericsson para a Matel, formada pelos grupos Monteiro Aranha e Atlântica Boa Vista, empresas de capital exclusivamente nacional. Não obstante, manteve significativa participação acionária e continuou fornecendo todo o seu know-how à nova empresa. Pode-se dizer,
portanto, que
o que levou a Ericsson à nacionalização foi
a confiança na política de telecomunicações
que estava sendo conduzida pela Telebras.
Na verdade, a nacionalização da Ericsson, quando a empresa já
comemorava 55 anos de Brasil, foi apenas a formalização de um status
que ela já tinha: o de ser uma empresa brasileira.
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NATIONALIZATION OF THE TELECOMMUNICATIONS SECTOR AND THE CREATION OF MATEL
The difficulties faced in solving the problems that continued to haunt the urban carriers to assure
the provision of satisfactory service to users led the Ministry of Communications, created in 1967,
to propose a new framework for the sector. Accordingly, in July 1972 Telecomunicações Brasileiras
(Telebras) was created, a mixed-economy (part state-owned, part privately-owned) company,
which would be the great state-run provider of telecommunications services, with quality, diversity
and sufficient number of lines, with the mission to contribute to the nation’s economic and social
development.
Among the many changes imposed by the state-run corporation – and one of the most radical –
was the demand for greater autonomy of the multinationals installed here in relation to their parent
companies, aiming not only to stimulate local empowerment for the development and implementation
of projects but also to generate domestic technology, in view of the growing nationalization of materials
and equipment. This favored Brazilian engineering, because manufacturers were forced to follow such
directives in order to obtain certificates of quality and approval of the so-called “Telebras Standard”.
Courses in electronic engineering and telecommunications rapidly multiplied, keeping up with and
supplying the installation of new factories, and the professionals were being rapidly absorbed by the
industry, particularly the concessionaires, which were able to increase their staffs in areas such as
technical planning, engineering and operation of services. But the purchase of companies by Telebras
was guided by regional division of the market, whereby manufacturers could participate with pre-
established quotas and plan their production lines accordingly. At the same time, Telebras intended to
prevent the policy of captive markets from leading to unacceptable prices, terms and quality standards.
The government then decided that supporting the technological development of telecommunications
transcended this field because it is linked to the establishment of an integrally national strategic
base of Informatics, since the cutting edge of new industry in developed countries was precisely
microelectronics applied to telecommunications. Even so, the telecommunications sector grew, but
remained without appropriate planning, inefficient, and with a fragmented structure.
In this context, the accelerated development of telecommunications led the government to adopt a
policy that, among other directives, forced the multinationals to join Brazilian financial groups that,
by law, would detain the majority of voting capital. In 1975, the Ministry of Communications started
demanding the identification and use of national sources of technology, as well as the immediate start
of development of digital telephone exchanges, following technical specifications made by Telebras
engineers. Finally, in 1978, the Ministry of Communications began coordinating the reduction of
imports and imposing the nationalization of components and raw materials of the equipment.
In 1979, L.M. Ericsson, which had begun manufacturing equipment back in the Kubitschek
administration, abiding by the government’s objective of creating a telecommunications industry with
Brazilian technology and controlled by Brazilian shareholders, transferred 51% of the voting capital
of Ericsson to Matel, formed by the Monteiro Aranha Group and the Atlântica Boa Vista group –
companies with exclusively domestic capital. Nevertheless, it maintained a significant stake and
continued to provide know-how to the new company. One can therefore say that what led Ericsson to
nationalization was its confidence in telecommunications policy that was being conducted by Telebras.
In fact, the nationalization of Ericsson, as the company had been in Brazil for 55 years then, was
merely a formalization of a status it already had: that of being a Brazilian company.
MAIS BRASILEIRA DO QUE NUNCA
Em anúncio publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 7 de agosto de 1979, a Ericsson ressaltava as vantagens da transferência de 51% do seu capital para a Matel, formada pelo Grupo Monteiro Aranha e pela Atlântica Boa Vista, empresas de capital exclusivamente nacional. O texto comemorativo destacava a comprovação da confiança na política de comunicações da Telebras e da preocupação constante com qualidade e eficiência dos serviços. Enfatizava, ainda, o investimento em pesquisa, engenharia, implantação, fabricação e assistência técnica permanente, além de mais de 6.000 colaboradores envolvidos nesse processo como diferenciais que garantiam a milhões de brasileiros a excelência dos produtos e equipamentos produzidos pela “maior empresa de telecomunicações” do país.
MORE BRAZILIAN THAN EVER In an article published in the newspaper Folha de S. Paulo on August 7, 1979, Ericsson stressed the advantages of transferring 51% of its capital to Matel, comprised of the Monteiro Aranha Group and Atlântica Boa Vista Group, companies comprised exclusively by domestic capital. The commemorative text highlighted the proof of Ericsson’s confidence in Telebras’ communications policy and the constant concern for quality and efficiency of services. It also emphasized the investments in research, engineering, deployment, manufacturing and ongoing technical assistance, plus over 6,000 employees involved in this process as distinguishing features that assured millions of Brazilians excellence of products and equipment produced by the nation’s “largest telecommunications company”.
Projeto de desenvolvimento da placa de circuito
impresso para produtos Ericsson fabricados no Brasil
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A nacionalização da
produção brasileira
O clima de euforia propiciado pelo desenvolvimento econômico
dos anos 1970 foi aos poucos arrefecendo, ficando cada vez mais evidente a inflação crescente e o aumento do custo de vida e da pobreza. Assim, na década de 1980, esse modelo se esgotou, e a piora do cenário sócioeconômico acabou por reverter o ritmo acelerado do desenvolvimento do setor de telecomunicações.
O Sistema Telebras transformou-se num conjunto de
operadoras sem capacidade de investimento, com uma oferta de serviços muito aquém das necessidades do país, acarretando significativo aumento da demanda reprimida e indicando claramente o esgotamento do sistema monopolista estatal. A prestação de serviços continuava precária, tanto para os usuários domésticos como para os corporativos, com problemas de congestionamento e falta de linhas, e a escassez de recursos resultante das restrições impostas pelo governo federal ao setor público refletia-se diretamente na questão dos financiamentos, obrigando o setor de telecomunicações a estruturar no mecanismo de autofinanciamento sua necessidade de expansão.

Os novos assinantes, ao encomendarem a linha telefônica,
eram compelidos a comprar ações da Telebras ou de suas subsidiárias, pagando altos valores pelas novas linhas, o que gerou um mercado paralelo de telefones, com as linhas sendo comercializadas a peso de ouro. Ficava clara a necessidade de uma nova mudança, sobretudo por se tratar de infraestrutura diretamente ligada à competitividade de outros setores.
Nas empresas, os sinais da crise já eram evidentes no nível
de ociosidade das fornecedoras do Sistema Telebras e na suspensão da produção das indústrias de cabos telefônicos. As fabricantes de equipamentos para telefonia, entre as quais estava a Ericsson, funcionavam com cerca de 50% de sua capacidade, sendo que as menores até com 80%.
Um quadro lastimável, decorrente dos sucessivos cortes na
T
elebras e da apropriação dos recursos gerados na área que deveriam,
mas que não foram aplicados no próprio setor. Na verdade, esse declínio na aplicação dos recursos vinha ocorrendo desde meados da década anterior: dos mais de um milhão de terminais contratados pela Telebras em 1974, esse número oscilou e registrou perdas substanciais, chegando em 1980 a apenas 350.000 terminais contratados.
Mas nem tudo foram trevas. O país registrou conquistas, sem
dúvida, atribuídas ao avanço tecnológico. A meta de integrar de fato o território brasileiro foi finalmente alcançada em 1985/1986, com o lançamento dos satélites de comunicações BrasilSat-I e BrasilSat-II. Em 1987 foram iniciados os estudos para implantação da telefonia móvel, com inauguração do primeiro sistema analógico dois anos
NATIONALIZATION OF BRAZILIAN PRODUCTION The euphoria brought on by the economic development of the 1970s was gradually wearing off, with growing inflation and the rising cost of living and poverty rates becoming increasingly evident. Thus, by the 1980s, this model was depleted, and the worsening of the socio-economic scenario ended up reversing the rapid pace of development in the telecommunications sector. The Telebras System was transformed into a set of carriers with no capacity for investment, with an offer of services far below the country’s needs, resulting in significant increase in pent-up demand and clearly indicating the depletion of state monopoly system. The service supply was still precarious for both residential users and businesses, with problems of congestion and shortage of lines, and the scarcity of resources resulting from the restrictions imposed by the federal government to the public sector was reflected directly on the issue of financing, forcing the telecommunications sector to structure its need for expansion on mechanisms of self-financing. New subscribers, when ordering a phone line, were compelled to buy shares of stock of Telebras or its subsidiaries, paying high amounts for new lines, which generated a parallel telephone market, with lines being sold for their weight in gold. There was a clear need for a new change, especially since this was a matter of infrastructure directly linked to the competitiveness of other sectors. At businesses, the signs of the crisis were already evident in the level of idleness of suppliers to the Telebras System and the suspension of production of telephone cables industries. The manufacturers of telephone equipment, including Ericsson, were working at about 50% capacity, and the smaller ones, at around 80%. An unfortunate situation, resulting from the successive cutbacks at Telebras and the appropriation of resources generated in the area where they should have been invested in the sector itself, but were not. In fact, this decline in investment of resources had been occurring since the middle of the previous decade: of the over one million terminals contracted by Telebras in 1974, this number fluctuated and recorded substantial losses, reaching 1980 with only 350,000 terminals contracted. But all was not bleak. The country recorded achievements, undoubtedly attributed to technological breakthroughs. The goal of actually integrating all Brazilian territory was finally achieved in 1985/1986, with the launch of the communications satellites BrasilSat-I and BrasilSat-II. In 1987 studies were initiated for the deployment of mobile telephony, with the inauguration of the first analog system two years later. Telebras – in partnership with CPqD and other research centers and universities – developed digital switching exchanges, high-capacity multiplex equipment, fiber optics, data communication systems, and the inductive card system for public telephones, all products linked to cutting-edge technologies. Ericsson also believed in the promising signs of that time and acquired, from Gradient, a factory in the state of Amazonas, to produce all types of handsets of its line, from 1985 on.
depois. A Telebras, em parceria com o CPqD e outros centros de pesquisa e universidades, desenvolveu as centrais de comutação digital, os equipamentos multiplex de alta capacidade, a fibra óptica, os sistemas de comunicação de dados e o sistema de cartão indutivo para telefone público, produtos vinculados a tecnologias de ponta.
A Ericsson também acreditou nos sinais promissores desse momento e adquiriu da Gradiente uma fábrica no Estado do Amazonas, para produção, a partir de junho de 1985, de todos os tipos de aparelhos telefônicos de sua linha.
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A Ericsson em
harmonia com
a Lei de Informática
O de atuação e competitividade, calcada no tripé tecnologia, padrão de qualidade e fabricação nacional. Os sistemas desenvolvidos tinham ampla aceitação mundial e no Brasil, confirmando a excelência dos serviços prestados. No início dos anos 1980 a Ericsson empregava 10% de seu efetivo, desde o processo de fabricação até a aprovação do produto acabado.
E a nacionalização da sua produção garantiu custo e preço
final menores, com a substituição da importação de componentes de elevada tecnologia pela produção local de peças similares, sem prejuízo aos padrões de tecnologia e qualidade. Por outro lado, o caráter coercitivo da produção local pela proibição das importações também resultou em produtos mais caros, caso dos processadores centrais.
Para adaptar-se à lei da informática no contexto da
nacionalização
de sua produção, em 1987 a Ericsson incorporou
vultoso montante de seu patrimônio ao capital da Matel Tecnologia de Teleinformática – Matec, de origem nacional, sendo 80% controlado pelos grupos Monteiro Aranha e Bradesco e 20% em Bolsa. A Matec atuou num mercado já disputado por outras empresas, mas contava com o suporte da rede de filiais da Ericsson em todo o Brasil. O MD 110 da Matec – um PABX de grande porte – foi adquirido pela Petrobras. Vale dizer que a consolidação do MD110 no Brasil foi fruto da iniciativa empresarial dos grupos Monteiro Aranha e Bradesco, com transferência de tecnologia da Ericsson para formar a Matec, empresa de capital aberto, totalmente enquadrada na política industrial do governo brasileiro.
ERICSSON IN HARMONY WITH THE INFORMATICS ACT Ericsson’s pioneering spirit was confirmed by its business strategy and competitiveness, based on the tripod of technology, quality standards, and domestic manufacturing. The systems developed had wide acceptance worldwide and in Brazil, confirming the excellence of the services provided. In the early 1980s, Ericsson used 10% of its staff, from the manufacturing process to approval of the finished product. And the nationalization of its production guaranteed lower cost and final price, with the substitution of imported high-tech components for local production of similar parts, without prejudice to the high standards of technology and quality. On the other hand, the coercive character of local production due to the ban on imports also resulted in more expensive products, as in the case of central processors. To adapt to the Informatics Act in the context of nationalization of its production, in 1987 Ericsson merged a sizable amount of its shareholder equity into the capital of Matel Tecnologia de Teleinformática – Matec, of domestic origin, with 80% controlled by the Monteiro Aranha Group and Bradesco Group, and 20% traded on the stock exchange. Matec acted in a market already disputed by other companies, but had the support of Ericsson’s network of branches throughout Brazil. Matec MD 110 – a large PBX system – was acquired by Petrobras. It’s worth mentioning that the consolidation of MD 110 in Brazil was the result of a business initiative of the Monteiro Aranha and Bradesco groups, with transfer of technology from Ericsson to comprise Matec, a publicly traded company, totally framed within the Brazilian government’s industrial policy.
Prensa de 500 toneladas para estampagem
progressiva de peças de grande porte. Parque
Industrial Eugênio de Melo
Montagem de circuitos integrados em cartões
de circuito impresso. Parque Industrial
Eugênio de Melo
Mesa de teclas para circuito universal de linha
(BL, BC, RD, tronco de registro), década de 1980
Aplicação de microprocessadores em controle
e simulação de sistemas eletrônicos no
Laboratório de Desenvolvimento, localizado no
Centro Ericsson, em São Paulo
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Privatização do
setor, mudanças de
estratégias da empresa
Na primeira metade da década de 1990, as empresas do Sistema
Telebras não tinham sequer capacidade para atender aos planos de expansão, apesar de serem financiadas pelo próprio adquirente da linha telefônica. Mesmo com tarifas extremamente baixas, o custo para aquisição de linhas era pouco acessível à população mais pobre. Essa situação modificou-se em 1995, com a abertura do setor brasileiro de telecomunicações à participação de capitais privados, um programa de investimentos do governo que visava transformar o setor brasileiro de telecomunicações em agente efetivo do desenvolvimento do país, estimulando a produtividade nacional e assegurando a universalização do acesso aos serviços de comunicações.
A partir de 1991, a Ericsson passou a implementar mudanças
compatíveis com a nova realidade do mercado, livre da intervenção governamental e de protecionismos, mas condicionada aos requisitos de maior produtividade e desenvolvimento tecnológico. Atenção, recursos e criatividade foram empregados nesse sentido, com a adoção de várias medidas fundamentais para o cumprimento da sua missão: fornecer soluções e meios (produtos e serviços) de alta qualidade e tecnologia aos seus clientes.
As novas tecnologias e suas aplicações passaram também
a exigir maior eficiência e volume de recursos para os serviços pós- vendas, que constituem seu diferencial entre os competidores. Assim, o Projeto Ericsson 90 foi totalmente implantado, concentrando os esforços e recursos da empresa nas áreas de sua vocação e competência, bem como transferindo para terceiros tarefas que não eram de sua especialização, o que gerou, entre outros resultados satisfatórios, melhoria na comunicação interna.
Nesse período, no embalo do desenvolvimento da tecnologia
do setor, em que a empresa manteve-se na dianteira das inovações, o Centro de Treinamento transferiu suas atividades de Santo Amaro, em São Paulo, para uma área em São José dos Campos, na fábrica de Eugênio de Melo, onde já haviam sido feitas a ampliação e a modernização das salas de aula e registrados 141.000 alunos/horas, sendo 21.000 para telefonia celular.
PRIVATIZATION OF THE SECTOR, CHANGES IN BUSINESS STRATEGIES In the first half of the 1990s, companies of the Telebras system didn’t even have the capacity to meet the expansion plans, despite being financed by the very purchasers of the telephone lines. Even with extremely low rates, the cost to acquire phone lines was hardly accessible to the lower- income population. This situation changed in 1995 with the opening of the Brazilian telecommunications sector to private capital, an investment program of the government that aimed to transform the Brazilian telecommunications sector into an effective agent in the nation’s development, stimulating domestic productivity and assuring universal access to communication services. Starting in 1991, Ericsson began to implement changes compatible with the new market realities, free of government intervention and protectionism, but conditioned to the requirements of higher productivity and technological development. Attention, resources and creativity were used toward this end, with the adoption of several key measures to fulfill its mission: providing costumers with high- quality and high-technology solutions and means (goods and services). The new technologies and their applications also began to demand greater efficiency and volume of resources for post-sales services, which constitute the distinguishing factor among the competitors. Thus, Project Ericsson 90 was fully deployed, concentrating the company’s efforts and resources in the areas of its vocation and competence, as well as outsourcing tasks that were not of its expertise, which generated, among other satisfactory results, improved internal communication. During this period, the momentum of the technological development in the sector, in which the company remained at the forefront of innovation, the Training Center transferred its activities from Santo Amaro, São Paulo, to an area in São José dos Campos, at the Eugênio de Melo factory, where classrooms had already been expanded and modernized, and 141,000 student/hours were logged, of which 21,000 hours were in the field of mobile telephony.
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Rumo ao novo milênio
O
propostas, na medida em que elas constituíam o alicerce de
sustentação do processo de privatização. Acompanhando o ritmo, em
1997 a Ericsson inaugurou sua fábrica de telefones celulares, com uma
produção de 250.000 aparelhos destinados tanto à exportação como
para suprir o mercado interno. Com a globalização e o país inserido
na economia mundial, façanha possível em razão de uma contínua
estabilidade política e econômica, a tecnologia da informação tornou-
se peça fundamental do desenvolvimento da economia e da sociedade.
Na área industrial, os investimentos que foram realizados tornaram a
Ericsson a primeira empresa a oferecer ao mercado o sistema celular
completo, incluindo centrais de comutação e estações radiobase
– ERBs e os telefones móveis. Assim, no mesmo ano, foi iniciada
a implantação de uma nova fábrica com produção de estações
rádio base para sistemas analógicos e digitais de telefonia móvel,
empreendimento que exigiu alto investimento. A inauguração da nova
fábrica de telefones celulares, em maio de 1997, a primeira no país, foi
um marco significativo não só para a empresa como para todo o setor
de telecomunicações.
A extinção do monopólio estatal, a privatização do setor e
a estabilidade econômica trazida com o Plano Real foram marcas da década de 1990, com a Ericsson dando continuidade ao plano de desenvolvimento de alta competência para os negócios atuais e futuros.
TOWARD THE NEW MILLENNIUM Brazil continued carrying out the proposed legal and structural reforms, insofar as they comprised the foundations for the privatization process. Keeping pace, in 1997 Ericsson inaugurated its mobile phone factory, with a production of 250,000 handsets for not only for export but also to supply the domestic market. With globalization and the nation inserted into the world economy, a feat made possible due to continued political and economic stability, information technology became a key part of the development of economy and society. In the industrial area, investments helped Ericsson became the first company to offer the market a complete cellular system, including switch exchanges and radio base stations (RBS) and mobile telephones. So, that same year, the deployment of a new factory was initiated, with production of radio base stations for analog and digital mobile telephony systems, an undertaking that demanded high investment. The inauguration of the new mobile phone factory in May 1997 – the first in Brazil – was a significant milestone not only for the company, but for the entire telecommunications industry. The extinction of the state monopoly, privatization of the industry, and economic stability brought by the “Plano Real” were hallmarks of the 1990s, along with Ericsson continuing plans of developing high competence for current and future business.
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Visita da Miss Universo, Kiriak Tsope ao estande da Ericsson na UD1964, realizada no Ibirapuera, em São Paulo, 1964
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Horizontes sem
fronteiras
A longo do tempo foi construída de forma consistente e perene, e logo se expandiu para além das fronteiras nacionais. Para se ter ideia, o Brasil está entre os poucos países onde a Ericsson atualmente fabrica equipamentos e a empresa chega a exportar 50% de sua produção para países da América Latina, África e Estados Unidos.
Nessa trajetória, vale destacar o primeiro grande contrato
de exportação firmado em 1975 com a Empresa Nacional de Telecomunicações – Entel, da Bolívia, proporcionando participação mais ativa no mercado sul-americano. O acordo previa a instalação da Rede Nacional Interurbana, abrangendo as cidades de La Paz, Cochabamba, Santa Cruz e Oruro, e contou com o apoio de instrutores brasileiros que ministraram treinamento para técnicos e engenheiros da Entel. Em anúncio publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 1 de abril de 1977, a empresa destacava a primeira remessa abrangendo contrato de aproximadamente 11 milhões de dólares. No ano seguinte, foi inaugurado o serviço de DDD da Bolívia, inteiramente projetado, fabricado e instalado pela Ericsson.
A empresa prosseguiu empenhada no esforço de abrir novas
frentes de negócios no exterior e, no início dos anos 1980, firmou contrato para fornecimento de 17 centrais de telefonia para a Costa Rica. No final daquela década, importantes acordos com Argentina, Bolívia, Equador, Suriname e Peru confirmavam a América Latina na posição de carro-chefe do mercado exportador, além de Angola e Suécia, com resultados expressivos no faturamento global da companhia. Nos anos 1990, com o avanço da telefonia móvel e o consequente aumento da produção de equipamentos no Brasil, a empresa ampliou sobremaneira suas vendas e consolidou definitivamente sua posição como principal fornecedora da América Latina.
Na década seguinte, em 2004, o aprimoramento das bases
da parceria com a operadora angolana Unitel resultou na conquista de importante vantagem competitiva no promissor mercado africano. Com isso, equipamentos que até então eram fornecidos pela Suécia, passaram a ser produzidos na fábrica da empresa, em São José dos Campos, no interior do Estado de São Paulo, destacando-se itens de infraestrutura (Estações RadioBase e switches), de telefonia celular no padrão GSM (Global Systems for Mobile Communications) e GPRS (General Packet Radio Service).
HORIZONS WITHOUT BORDERS Over time, Ericsson’s presence in the Brazilian telecommunications market was built a consistent and enduring way, and soon expanded beyond national borders. To have an idea, Brazil is one of the five countries where Ericsson currently manufactures equipment, and the company exports up to 50% of its production to countries in Latin America, Africa, and to the United States. In this trajectory, it’s worth mentioning the first major export contract, signed in 1975 with Bolivia’s Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel), providing more active participation in the South American market. The agreement called for the installation of the National Interurban Network, covering the cities of La Paz, Cochabamba, Santa Cruz and Oruro, and had the support of Brazilian instructors that provided training to Entel technicians and engineers. In an article published in the newspaper O Estado de S. Paulo on April 1, 1977, the company highlighted the first shipment covering a contract worth roughly US$ 11 million. The following year, Bolivia’s long-distance direct dial service was inaugurated, entirely designed, manufactured and installed by Ericsson. A company continued its commitment to efforts of opening up new business fronts overseas, and in early 1980 signed a contract to supply 17 telephone exchanges to Costa Rica. At the end of that decade, major agreements with Argentina, Bolivia, Ecuador, Suriname and Peru confirmed Latin America as the flagship of the export market, in addition to Angola and Sweden, with significant results in the company’s global revenues. In the 1990s, with the advancement of mobile telephony and the consequent increase in the production of equipment in Brazil, the company greatly expanded its sales and definitively consolidated its position as the leading provider in Latin America.
In the following decade, in 2004, the improvement of the partnership bases with Angolan operator Unitel resulted in achieving a major competitive advantage on promising African market. As a result, equipment previously provided by Sweden started being produced at the company’s factory in São José dos Campos, in the state of São Paulo, particularly items for infrastructure (radio base stations and switches), mobile telephony using the GSM (Global Systems for Mobile Communications) and GPRS (General Packet Radio Service) standards.
Caminhões com equipamento Ericsson destinados à exportação para a Bolívia, 1977
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Caminhões com equipamento Ericsson destinados à exportação para a Colômbia, 1977
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Inauguração da central da Companhia Telefônica da Borda do Campo em Utinga, Santo André, 1964
Inauguração da central ARF-10 em São Paulo, 1968
Inauguração da central de Novo Hamburgo da CRT, 1967
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NA VANGUARDA DA
INOVAÇÃO: INFRAESTRUTURA
E TECNOLOGIA
O governamental nas telecomunicações estenderam-se até a década de 1950, quando a comunicação telefônica dependia do auxílio de telefonistas e era feita por operadoras cujas concessões haviam sido feitas indistintamente, sem qualquer critério, pelas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal. Naturalmente, a inexistência de diretrizes centralizadas para um setor marcadamente fragmentado resultou numa prestação de serviço sem critérios, de baixa qualidade e com altos custos.
No âmbito das telecomunicações,
o Brasil entrou na década de 1960 com cerca de 1.000 companhias telefônicas

enfrentando sérias dificuldades operacionais – abrangência territorial mínima, ausência de padronização e interconexão –, portanto sem agregar valor à operação. Esse cenário caótico não poderia elevar o setor a um novo patamar, apenas mantê-lo na situação de estagnação, já que não havia sequer estratégias de crescimento. A população brasileira atingia a casa dos 70 milhões de habitantes, que contavam com um milhão de telefones instalados. Um verdadeiro entrave, considerando o cenário de urbanização contínua no contexto da política de desenvolvimento econômico que visava à integração nacional.
Por outro lado, foi a partir daí que o progresso tecnológico
começou a tomar o impulso que se estendeu até o final dessa década, quando ocorreu uma intervenção direta do Estado no setor sob a justificativa de que, pela sua importância estratégica, ele não poderia avançar atendendo apenas às diretrizes do mercado.
AT THE FOREFRONT OF INNOVATION: INFRASTRUCTURE AND TECHNOLOGY With an image directly associated with innovation, Ericsson – in addition to direct participation in all stages of technological developments in the sector – was the company that made the biggest leap in mobility, forever changing the course of mobile telephony in Brazil. The uncontrolled growth and institutionalization of government action in telecommunications continued up to the 1950s, when telephone communication depended on operator assistance, and was made by carriers whose concessions were made indiscriminately, without any criteria, by the three levels of government (federal, state and municipal). Naturally the absence of centralized directives for a markedly fragmented sector resulted in service delivery without criteria, a high costs and with low quality. In the field of telecommunications, Brazil came into the 1960s with around 1,000 telephone companies facing serious operational difficulties – minimum geographical coverage, lack of standardization and interconnectivity – therefore adding no value to the operation. This chaotic scenario was unable to raise the sector to a new level, but only keep it in a situation of stagnation because there were no growth strategies whatsoever. The Brazilian population had reached roughly 70 million people, who relied on about one million telephones installed. This was a true real obstacle, considering the scenario of ongoing urbanization in the context of an economic development policy aimed at national integration. On the other hand, that when technological progress started to gain the momentum that lasted until the end of that decade, when there was direct intervention in this sector by the State, under the justification that, due to its strategic importance, it could not advance only by catering to market directives.
Com uma herança diretamente associada à inovação, a Ericsson, além da participação direta em todas as etapas da evolução tecnológica do setor, foi a empresa que deu o grande salto da mobilidade, mudando definitivamente os rumos da telefonia no país.
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A urgência de uma
política nacional para
as telecomunicações
Os militares instalaram-se à frente do governo brasileiro em
1964. Foi um período de grande desenvolvimento na infraestrutura de telecomunicações no país, e nem poderia ser diferente. Ora, uma vez que seu principal objetivo era controlar o país de ponta a ponta, incluindo todos os setores como educação, cultura e comunicação, em nome da segurança nacional, é fato que, sem um sistema de telecomunicações eficiente, eles não poderiam estabelecer a comunicação com todo o território brasileiro.
Eles, que já cuidavam tradicionalmente da infantaria e da
artilharia, não tinham a possibilidade legal, dentro da estrutura brasileira, de cuidar de comunicações. Isso só foi feito a partir de 1967, com a criação do Ministério das Comunicações, que, por ter uma visão do país inteiro, podia fazer planejamento, definir prioridades e estabelecer regras homogêneas, o que foi muito importante para o desenvolvimento do setor.
Dois anos antes da instalação do regime militar no país,
o Código Brasileiro de Telecomunicações já autorizara a criação da Embratel, que efetivamente começou a funcionar em 1965, representando o início da modernização do setor no Brasil. Logo de início, viabilizou a implantação de parte significativa do sistema básico de micro-ondas que interligava todos os Estados brasileiros e, seja pelos investimentos em sua rede, seja pela aquisição do controle acionário de outras empresas, a Embratel teve um acelerado processo de expansão. Em 1968, já realizava ações de destaque como a ligação interurbana de alta capacidade em micro-ondas entre São Paulo e Porto Alegre. E mais: a Embratel nasceu ao mesmo tempo que o consórcio mundial Intelsat, que iniciava no mundo as transmissões via satélite e do qual o Brasil também fazia parte. Assim, a Embratel instalou uma nova luz no céu do Brasil, o satélite Intelsat III, uma estrela imóvel, brilhante, que permitiu que o país pudesse assistir ao vivo a chegada do homem à lua e a vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Esse satélite também possibilitou que chegassem telegramas do mundo todo, notícias de telex, e, ainda, que as ligações telefônicas internacionais fossem feitas simultaneamente.
A institucionalização dos meios de comunicação ocorrida até
1969 estimulou significativamente a modernização e a estruturação do sistema, com a criação do Conselho Nacional de Telecomunicações, o Contel, órgão executivo e regulador do setor; do Ministério das Comunicações; e da Embratel, responsável pela implantação do conjunto de troncos de micro-ondas de longa distância e pelas comunicações internacionais. Ao entrar nos anos 1970, o Brasil viveu um período
THE URGENCY OF A NATIONAL TELECOMMUNICATIONS POLICY Brazil’s military forces took over the nation’s government in 1964. This was a period of great development in the telecommunications infrastructure in Brazil, and could be no different. Indeed, since its main goal was to control the country from end to end, including all sectors such as education, culture and communication, in the name of national security, it’s fact that without an efficient telecommunications system, they could not establish communication with the entire Brazilian territory. The military leaders, who had traditionally cared for infantry and artillery, had no legal possibility within the Brazilian framework to mandate communications. This was only done starting in 1967, with the creation of the Ministry of Communications that, by having a nationwide scope, could carry out planning, define priorities and establish homogeneous rules, which was very important for the development of the sector. Two years before the military regime took over the country, the Brazilian Telecommunications Code had already authorized the creation of Embratel, which effectively began operating in 1965, representing the beginning of the sector’s modernization in Brazil. Since its inception, Embratel enabled the deployment of a significant portion of the basic microwave system that linked all Brazilian states and – whether through the investments in its network or through the acquisition of the controlling interest in other companies – Embratel experienced accelerated expansion. In 1968, it was already carrying out noteworthy actions such as high-capacity microwave based long-distance calling between São Paulo and Porto Alegre. And there’s more: Embratel was born at the same time as the global consortium Intelsat, which initiated broadcasting via satellite worldwide and to which Brazil also belonged. So, it installed a new light in the Brazilian sky, the Intelsat III satellite, a bright stationary star, which allowed the country to watch live coverage of the first moon landing and the Brazilian national team’s victory at the 1970 World Cup. This satellite also allowed telegrams to arrive from around the world, as well as telex news, and also allowed international telephone calls to be made simultaneously. Institutionalization of Brazil’s means of communication that took place until 1969 significantly stimulated the modernization and the structuring of the system, with the creation of the National Telecommunications Council (Contel), the sector’s executive and regulatory agency, as well as the Ministry of Communications and Embratel, responsible for deploying the set of microwave long- distance trunk lines and international communications. Entering the 1970s, Brazil experienced a period that became known as the decade of the “Economic Miracle,” due to the nation’s exceptional pace of economic growth, spreading the vainglorious sentiment of “Brazil Power.” In line with the project of national integration and control by the military, huge investments were made by the government in the early seventies, in the areas of steel, heavy industry, petrochemicals, shipbuilding, and of course, the state-owned enterprises, which received massive investments, grew tremendously, were administered with efficiency, and earned profits in the same proportions.
que ficou conhecido como a década do “Milagre Econômico”, devido ao seu excepcional ritmo de crescimento econômico, disseminando o sentimento ufanista de “Brasil Potência”. Em consonância com o projeto de integração e controle nacional dos militares, nos primeiros anos dessa década foram feitos grandes investimentos pelo governo nas áreas de siderurgia, indústria pesada, petroquímica, construção naval, e, claro, nas empresas estatais, que receberam vultosos investimentos, cresceram muito, foram administradas com eficiência e obtiveram lucros nas mesmas proporções.
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Ericsson, Embratel
e DDD diminuindo
distâncias
No setor das telecomunicações, se a boa qualidade da
telefonia de longa distância havia sido alcançada, o mesmo não se podia atribuir à telefonia local. Assim, logo nos primeiros anos dessa década surgiram as centrais eletromecânicas automáticas, que viabilizaram a interconexão das centrais urbanas, ou seja: o sistema de dois pares de fio metálico, capazes de transmitir 24 canais de voz multiplexados, implantados para substituir o antigo cabo físico, uma evolução tecnológica que aumentava, sobremaneira, a capacidade de absorver assinantes em cada central, o que permitia às operadoras ampliar sua base e, finalmente, obter ganhos de escala.
A integração das redes locais era a grande preocupação do
governo brasileiro nos anos de 1966 e 1967. Como os equipamentos comutadores de cada cidade eram de tecnologias e fabricantes diferentes, para a implantação de uma rede DDD nacional era necessário, preliminarmente, interligar as capitais e as principais cidades com sistemas de transmissão de qualidade similar às micro- ondas, e preparar as redes locais para o interfuncionamento automático.
O Conselho Nacional de Telecomunicações – CNT, então,
organizou dois grupos de trabalho para planificação de dados sobre numeração e sinalização, que resultou na publicação das duas primeiras normas técnicas das telecomunicações do Brasil. A Ericsson teve participação fundamental nesse processo, uma vez que a empresa já utilizava o ARM 20, uma tecnologia de estrutura mais moderna e de uso generalizado em vários países. No Brasil, os sistemas estavam instalados em 100% dos centros de trânsito, o que dava à empresa excepcional grau de facilidades funcionais. Com centrais capazes de comportar até 4.000 troncos, o ARM 20 tornou-se o equipamento preferido pela Embratel e pelas operadoras estaduais para a rede DDD, garantindo a homogeneidade da rede. A primeira ligação DDD foi feita em 1968, entre São Paulo e Rio Grande do Sul, com transmissão micro-ondas. A experiência na rede DDD brasileira levou a Ericsson, em 1976, a implantar a rede DDD da Bolívia.
Cresceu a expectativa da CTB para instalação dos serviços
de DDD em cidades de outros Estados, utilizando os novos troncos construídos pela Embratel. Foram inaugurados os serviços entre São Paulo e Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Os troncos nacionais funcionavam por micro-ondas e, em São Paulo, grandes antenas foram instaladas.
Esses troncos tinham a vantagem de ser diretos, não
servindo às cidades intermediárias. Havia 480 circuitos entre Rio de Janeiro e São Paulo, e o Vale do Paraíba também era servido por eles, sobrecarregando os sistemas. Por isso, a capacidade de ligações simultâneas para o Rio de Janeiro foi aumentada em 100 vezes com a Embratel.
ERICSSON, EMBRATEL AND LONG-DISTANCE SERVICE DECREASING DISTANCES In the telecommunications sector, if high quality in long-distance calling had been achieved, this could not be attributed to local telephony. Thus, in the early years of this decade automatic electromechanical exchanges began to appear, which enabled the interconnection of urban exchanges, i.e.: the system of two pairs of metal wires, capable of transmitting 24 multiplexed voice channels, implemented to replace the old physical cable, a technological development that greatly increased the capacity to absorb subscribers at each exchange, allowing the carriers to expand their customer base and finally obtain economies of scale. The integration of local networks was the major concern of the Brazilian government in 1966 and 1967. Because the switching equipment in each city used different technologies and was made by different manufacturers, to deploy a national long-distance network, it was first necessary to connect the state capitals and other major cities with transmission systems with quality similar to that of microwave systems, and to prepare local networks for automatic interworking. So, the National Telecommunications Council (CNT) organized two working groups for planning of data about numbering and signaling, which resulted in the publication of two first Brazil’s technical standards of telecommunications. Ericsson played a fundamental role in this process, as the company was already using ARM 20, a technology with more modern structure and already widely used in several countries. In Brazil, the systems were installed in 100% of the transit centers, which gave the company an exceptional degree of functional facilities. With telephone exchanges able to hold up to 4,000 trunks, ARM-20 became the equipment preferred by Embratel and by the state carriers for the long-distance (DDD) network, thereby ensuring uniformity of the network. The first DDD long-distance call was made in 1968, between São Paulo and Rio Grande do Sul, with microwave transmission. Its experience in the Brazilian long-distance network led Ericsson to implement Bolivia’s long-distance network, in 1976. CTB’s expectations grew with regard to installation of long-distance services in cities of other states, using the new trunks constructed by Embratel. Services between São Paulo and Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte and Brasília were inaugurated around this time. The national trunk lines worked by microwave technology and, in São Paulo, large antennas were installed. These trunks had the advantage of being direct, not serving intermediate cities. There were 480 circuits between Rio de Janeiro and São Paulo, and the Paraíba Valley was also served by them, thus overloading the systems. So the capacity for simultaneous calls to Rio de Janeiro increased a hundredfold, via Embratel. Embratel put forth great effort in order for Brazil to become more interconnected, in 1969; thus, outlying cities could decrease distances among them through the national telecommunications network. Earlier that year, Embratel already offered telephone channels using microwave technology, connecting the major Brazilian cities, covering 95% of Brazil, taking into account that, for financial reasons, no private investor would be interested in providing the Amazon, the Mid-West or the Northeast with a telecommunications network that at the time was receiving only 5% of domestic calls.
A interligado; assim, as cidades afastadas puderam se aproximar por meio da rede nacional de telecomunicações. No início daquele ano, a Embratel já oferecia canais telefônicos em micro-ondas, ligando as principais capitais brasileiras, cobrindo 95% do território, levando em conta que, por razões financeiras, nenhum investidor particular estaria interessado em dotar a Amazônia, o Centro-Oeste ou o Nordeste de uma rede de telecomunicações que recebia, na época, apenas 5% das ligações telefônicas nacionais.
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Primeira ligação videofônica realizada entre a Europa e o Atlântico Sul. Sua majestade o Rei da Suécia (então príncipe herdeiro) fala diretamente
do Palácio Real de Estocolmo, Suécia com o Sr. Ministro das Comunicações do Brasil, no Hilton Hotel, em São Paulo, 21/05/1973
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A tecnologia AXE
A
Ericsson, e o sistema AXE ocupou lugar de destaque nesse aspecto. Em
1975, a Ericsson apresentou ao mercado um sistema com tecnologia
CPA, com malha analógica constituída por matrizes “reed”. A primeira
central AXE no Brasil foi para a Telesp, inaugurada em 1982, e dois
anos depois, a Telesp já havia contratado com a Ericsson 29 centrais
locais AXE e duas tandens locais, num total de 241.500 terminais e
7.380 troncos.
A fabricação de AXE no Brasil seguiu o plano de nacionalização
acordado com a Telebras e o Ministério das Comunicações. Este foi realizado em quatro etapas e elevou rapidamente o índice de nacionalização. No entanto, um dos problemas enfrentados pela Ericsson e por outros fabricantes na produção e comercialização de suas centrais CPA foi o fato de as mesmas terem sido classificadas como bens de informática, ficando, portanto, sujeitas à lei de informática então em vigor, que previa que todas as importações deveriam ser justificadas e submetidas à aprovação da Secretaria Especial de Informática – SEI. Foram anos muito difíceis para o planejamento da produção.
Como o subsistema de entrada e saída do AXE utilizava os
mesmos periféricos dos computadores e não podiam ser importados, a Ericsson teve que fazer modificações em seus sistemas para aceitar produtos disponíveis no Brasil, capacitando subfornecedores locais para produzir aqueles tipos de periféricos. O desenvolvimento de produtos locais para compatibilizar o AXE com as especificações brasileiras exigiu também a capacitação dos laboratórios de desenvolvimento, da engenharia de produto e da sua industrialização, e a Ericsson foi a primeira indústria brasileira, após o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Telebras, a implantar todo o processo de engenharia para o desenvolvimento de placas e cartões de circuito impresso, em 1981. Um gigantesco esforço de desenvolvimento, com altos custos para realizar as adaptações.
O treinamento interno de clientes, uma das fases prioritárias
para tratar o AXE, implicou a reciclagem de todo quadro de engenharia e de desenvolvimento. O Centro de Treinamento da Ericsson foi equipado com uma central AXE, pois as centrais da Telesp ainda não estavam ativadas. Essa experiência resultou na consolidação do seu centro de competência, credenciando a Ericsson a integrar a rede de centros de competência mundial da L. M. Ericsson. Após o término da Lei de Informática, o subsistema de entrada e saída foi atualizado para o padrão mundial.
AXE TECHNOLOGY Technology is one of the hallmarks of excellence of Ericsson’s actions, and the AXE system occupied a prominent place in this regard. In 1975, Ericsson introduced to the market a system with CPA technology with analog loop consisting of reed switches. The first AXE telephone exchange in Brazil was for Telesp, inaugurated in 1982, and two years later, Telesp had already entered into contracts with Ericsson for 29 local AXE exchanges and two local tandems, for a total of 241,500 terminals and 7,380 trunks. The manufacture of AXE systems in Brazil followed the nationalization plan agreed upon with the Telebras and the Ministry of Communications. This was accomplished in four steps and quickly lifted the rate of nationalization. However, one of the problems faced by Ericsson and by other manufacturers in the production and marketing of its CPA exchanges was the fact these products were classified as IT goods and were therefore subject to the Informatics Act in force at that time, which stipulated that all imports must be justified and subject to approval of the Special Secretariat of Informatics (SEI). These were very difficult years for planning production. As the AXE input and output sub-system used the same computer peripherals and could not be imported, Ericsson had to make changes in systems in order to accept goods available in Brazil, enabling local producers to produce those kinds of peripherals. The development of goods locally to make AXE compatible with Brazilian specifications also required enabling development laboratories, product engineering and manufacturing, and Ericsson was the first Brazilian manufacturer, following the Telebras Research and Development Area, to implement a complete engineering procedure to develop printed-circuit boards and cards in 1981. A gigantic effort was developed at high costs to put these adaptations in place. In-house training of customers, one of the priority stages to handle AXE, implied in recycling the entire engineering and development areas. Ericson’s Training Center was fitted with an AXE exchange, as Telesp exchanges were not active yet. This experience resulted in consolidating its competency center, allowing Ericsson to form part of the L.M. Ericsson world network of competency centers with the end of the Informatics Act, the input and output sub-system was updated to the world standard.
Centro de Treinamento Ericsson, década de 1970 Centro de Treinamento, localizado no Centro Ericsson, em período anterior à mudança do Centro
para as novas instalações, na Av. Guarapiranga, em Santo Amaro, década de 1970
Estúdio de TV, circuito fechado, do Centro de Treinamento Ericsson, localizado no 2º andar do
Centro Ericsson, em período anterior à mudança do Centro para as novas instalações, na
Av. Guarapiranga, em Santo Amaro, 1973
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Telefonia móvel:
o grande salto
O tão recente quanto rica em novidades. Tudo começou na inventiva década de 1980, com a chamada “primeira geração”, a rede 1G, ainda com sistema analógico, o Advanced Mobile Phone System (Sistema Avançado de Telefonia Móvel), conhecido pela sigla AMPS, que permitiu a façanha inédita de realizar chamadas telefônicas sem uma base fixa, com aparelho sem fio e em movimento. Embora considerada revolucionária para a época, o único serviço disponibilizado era a transmissão de voz e uma das primeiras demonstrações públicas de telefonia ocorreu na Suécia, em 1981, comandada pela Ericsson com o apoio do poder público. A exemplo dos Estados Unidos, o Brasil também adotou o padrão AMPS, com os dois primeiros sistemas celulares do país, em Brasília e no Rio de Janeiro, tendo sido ativados em 1990.
Três anos antes, em 1987, a Telebras divulgara edital de
licitação para comprar equipamentos destinados ao sistema de telefonia móvel terrestre nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que era a única que possuía esse sistema para atender 150 assinantes. Com enorme aceitação em todo o mundo, o Ministério das Comunicações e a Telebras planejavam introduzi-la no Brasil, acompanhando a tendência mundial que já contava cerca de 1,8 milhão de terminais móveis no mundo.
Mais uma vez o Grupo Ericsson teve
papel fundamental no desenvolvimento dessa tecnologia e participação ativa na sua implantação, elaborando o projeto para inserção desse produto no mercado brasileiro.
Assim, nas áreas e terminais telefônicos da rede de telefonia pública introduziu os microfones dinâmicos, segundo as especificações da Telebras, proporcionando com essa mudança maior fidelidade acústica aos telefones. Foi o passo inicial para a substituição gradativa das cápsulas de carvão. Na sequência dos trabalhos, fez a alteração na produção do Telefone Eletrônico Modular, desenvolvido no ano anterior. Com design industrial original e inédito, o produto teve grande aceitação entre usuários de um lote piloto experimental.
A evolução tecnológica prosseguiu em âmbito mundial,
passando a ser difundida a tecnologia 2G. Muito utilizada nos anos 1990, tinha como característica principal a digitalização da comunicação com o sistema TDMA, sigla cujo significado é Time Division Multiple Access (Acesso Múltiplo por Divisão de Tempo), que
justamente codificava o sinal de voz, fazendo-o ocupar um espaço infinitamente menor, e possibilitava a integração com circuitos digitais, como computadores em geral. O aumento na capacidade de tráfego foi conseguido com o advento do Global System Mobile Communications (Sistema Global de Comunicações Móveis), a famosa tecnologia GSM, que difundiu o uso dos cartões SIM, chips criados para armazenar as informações dos telefones.
Nesse período, o Brasil deu início às privatizações no setor,
que resultaram em modernização tecnológica e aprimoramento da infraestrutura, com qualidade, padrão internacional, diversificação dos serviços e acesso universal aos serviços básicos. Com isso, o crescimento da telefonia correspondeu a 95% no período entre 1994 e 1999. Um importante marco foi a promulgação da Lei Geral
Centro de Treinamento, localizado no Centro Ericsson, em período anterior à mudança do Centro
para as novas instalações, na Av. Guarapiranga, em Santo Amaro, década de 1970
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de Telecomunicações – LGT, em 1997. Ela também criou a Agência
Nacional de Telecomunicações – Anatel, órgão regulador vinculado ao
governo federal, que, além de ditar as diretrizes para o setor de telefonia,
ficou responsável pela regulação do setor.
Nessa toada, o número de telefones fixos praticamente triplicou,
passando de 13 milhões para 38 milhões, e os móveis, que contavam 800.000 linhas, passaram a ter 23,2 milhões. De sua parte, a Ericsson se reinventou, deu um grande salto tecnológico ao priorizar a questão da mobilidade e transformou-se de grande fornecedora de centrais telefônicas em grande provedora de mobilidade. Ainda nos anos 1990, a empresa conquistou um contrato com a Sercomtel, operadora da cidade de Londrina, no Paraná, que adquiriu os sistemas de telefonia digital celular D-AMPS, baseado na tecnologia TDMA da Ericsson. Na época, era o primeiro sistema de telefonia celular digital do Brasil e ainda estava em fase de testes, simultaneamente nos estados da Flórida e do Texas, nos Estados Unidos. Essa tecnologia digital permitiu à cidade de Londrina, por exemplo, quadruplicar sua capacidade, além de outros serviços, e possibilitou a evolução natural da rede.
Nos anos 2000, a grande novidade foi a chamada terceira
geração, o 3G, precedida pelas redes 2,5G, que surgiu como desdobramento da evolução do próprio GSM, utilizado no Brasil desde 2002. A nova tecnologia se valeu de padrões diversos, como W-CDMA, HSPA e HSPA+, para aumentar consideravelmente a velocidade de conexão. Isso permitiu tornar realidade o tão sonhado acesso à internet via celular e ainda disponibilizar diversos outros serviços a uma quantidade muito maior de usuários.
Mais recentemente, entrou em cena o 4G, com a tecnologia
Long Term Evolution (Evolução de Longo Prazo) ou LTE, que tem como diferencial a transmissão de dados em velocidade até dez vezes superior ao 3G, além de maior transferência de dados e capacidade de acessos. O debute comercial da rede 4G/LTE no mundo ocorreu em 2009, na capital sueca, Estocolmo, sob a batuta da Ericsson, que também lidera a implantação na região latino-americana e figura como a primeira fornecedora escolhida para implementar o sistema no Brasil.
De acordo com analistas, uma nova geração de redes móveis
surge a cada década e enquanto as redes de quarta geração (4G) estão sendo instaladas na maioria dos países, o mundo já se prepara para a introdução do 5G, com a expectativa de que esteja disponível a partir de 2020. Embora as pesquisas ainda estejam em estágio inicial, com grandes desafios em termos de inovação, padronização e regulação, em 2014 a Ericsson mundial já realizou em seu centro de pesquisas, localizado no distrito de Kista, na capital sueca, demonstração bem- sucedida do que pode vir a ser o potencial da rede 5G. Mais do que uma simples tecnologia, o sistema integra um conjunto de soluções complementares que atende plenamente à demanda de acesso e novos serviços de consumidores e empresas, além de sedimentar as bases para a contínua evolução ao longo do tempo.
MOBILE TELEPHONES: THE GREAT LEAP The advance in mobile telephone systems is part of a history that is as recent as it is rich in innovation. Everything goes back to the inventive 1980s with what is known as the “first generation”, the 1G network that still worked with the analog system, the Advanced Mobile Phone System known by the initials AMPS, which gave rise to the unprecedented feat of making telephone calls without a fixed base, with wireless, moving device, Though it was deemed revolutionary for the times, the only service available was voice transmission and one of the first public demonstrations occurred in Sweden in 1981, performed by Ericsson and supported by the public authorities. As in the United States, Brazil also adopted the Amps standard for the country’s first two cell phone systems, in Brasília and in Rio de Janeiro, and activated in 1990. Three years before, in 1987, Telebras had published a public bid notice for the purchase of equipment for a land mobile telephone system in the cities of São Paulo, Rio de Janeiro and Brasília, the only one that had this system to service 150 subscribers. Owing to the huge acceptance throughout the world, the Ministry of Communications and Telebras planned to implement it in Brazil in accordance with the world trend, which had roughly 1.8 million terminals over the world. Once again the Ericsson group had an essential role in developing this technique with an active share in its deployment, preparing the project for inserting this service in the Brazilian market. Hence it placed dynamic microphones in the public telephone network’s phone areas and terminals in accordance with Telebras specifications, which change provided telephones with greater acoustic fidelity. This was the first step for the gradual replacement of carbon capsules. Continuing with this work, changes were made in the production of Electronic Modular Telephone, developed overseas. With an original and unprecedented industrial design, this item was largely accepted among users from an experimental pilot selection. Technological evolution proceeded in the world scenario, with the adoption of the 2G system. Much used in the 1990s, its key feature involved digitalized communications under the TDMA system, the initials for Time Division Multiple Access and that encoded a voice signal to place in an infinitely smaller space, enabling integration with digital circuits such as computers in general. An increase in traffic capacity was possible with the advent of Global System Mobile Communications, the well-known GSM technology that spread the use of SIM cards, chips created to store telephone information. During this period Brazil began privatizing the sector, resulting in modernized technology and infrastructure enhancement, with quality, international standards, service diversification and universal access to basic services. Hence, the growth of telephone communications was of 95% between 1994 and 1999. An important milestone was the enactment of the General Telecommunications Law – LGT in 1997. Anatel, the National Telecommunications Agency, was also created as the regulating body subordinated to the federal government, which in addition to establishing guidelines for the telecommunications segment, was also in charge of regulating it. With these measures, the number of land telephones practically tripled and rose from 13 million to 38 million, while mobile phones with 800 thousand lines grew to 23.2 million. With this, Ericsson reinvented itself, made a large technological leap by means of its priority with mobility and from a major supplier telephone exchanges became a key provider of mobility. Still in the 1990s, the company entered into an agreement with Sercomtel, the operator for the city of Londrina in the state of Paraná, which acquired D-AMPS digital cell phone systems based on Ericsson’s TDMA technology. This was Brazil’s first digital cell phone system, being tested at the same time as in the states of Florida and Texas, in the United States. This digital technology allowed the city of Londrina, for example, to increase fourfold its capacity as well as other services, and enabled the network’s natural expansion. During the 2000s, the great novelty was known as 3G, which followed the 2.5G networks, arising as a development of GSM technology and employed in Brazil since 2002. This new technology made use of several standards such as W-CDMA, HSPA and HSPA+, in order to considerably increase the speed of a connection. This led to the much sought after Internet access via cell phone, besides also making available several other services to a much larger number of users. More recently 4G entered the scenario with its Long Term Evolution or LTE technology, with its differential of data transmission at a speed ten times higher than 3G, in addition to greater data transfers and access capacity. The commercial debut of the 4G/LTE network took place in 2009 in Stockholm and captained by Ericsson, which is also a leader in its deployment in Latin America and features as the first supplier selected to implement the system in Brazil. According to analysts, a new generation of mobile networks arises with each decade and while fourth generation (4G) networks are being put in place in a large number of countries, the world gets ready for the advent of 5G, expecting this to be available in early 2020. Although research is at an initial stage, with great challenges in terms of innovation, standardizing and regulations, in 2014 Ericsson worldwide performed a successful demonstration in its research center located in the district of Kista in Stockholm, of what may be the potential 5G network. More than simply a technology, the system includes a set of supplementary solutions that fully meets demand for access to new consumer and corporate services, in addition to defining the bases for an ongoing long-term progress.
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Estação para testes automáticos de circuitos lógicos digitais, controlada por computador. Centro de
Desenvolvimento Ericsson do Brasil, localizado no Centro Ericsson, em São Paulo, década de 1980
Prateleira com 26 unidades do Receptor Eletrônico de Teclado, completamente desenvolvido pela
Ericsson do Brasil, década de 1980
Preparação da arte final (ampliada) do cartão de circuito impresso semelhante aos usados nas
centrais AXE. Centro de Desenvolvimento Ericsson do Brasil, localizado no Centro Ericsson,
em São Paulo, década de 1980
Computador para simulação de interfaces, utilizado nos testes
dos protótipos de laboratório, década de 1980
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Tecnologia e sociedade:
inclusão digital na
Amazônia
Em 2009, a Ericsson firmou parceria com a operadora de
serviços de telefonia Vivo em um projeto que mudou a vida de milhares de pessoas na Amazônia brasileira. Como parte de um grande programa de inclusão digital, que visa oferecer serviços de educação e saúde para mais de 30.000 pessoas em cerca de 175 comunidades às margens do rio Tapajós, ambas as empresas trabalham para levar os benefícios da sociedade conectada às comunidades ribeirinhas.
Primeiramente, foi instalada uma Estação Radiobase na
cidade de Belterra, antena de telefonia móvel com tecnologia de terceira geração (3G) para transmissão de voz e dados para mais de 20.000 pessoas, numa área sem qualquer conectividade móvel até então. Em seguida, com a colaboração da ONG Projeto Saúde e Alegria – PSA, estenderam o projeto de inclusão digital para além da conectividade, visando aprimorar ainda mais a vida das comunidades locais: ao constatarem que os serviços médicos estavam a uma distância de cinco horas de barco, implantaram banda larga móvel no barco-hospital do projeto Saúde e Alegria, denominado Abaré, que conta com equipamentos médicos e disponibiliza às comunidades uma série de serviços de saúde, incluindo atendimento de emergência e serviço de diagnóstico. Aproveitando o reflexo do sinal nas águas do rio Tapajós, a conectividade do barco foi aprimorada, permitindo tanto aos médicos a bordo como às pessoas das comunidades próximas do local onde o barco está ancorado o acesso à banda larga móvel 3G. É o maior projeto de inclusão digital no qual a Ericsson está inserida na Amazônia brasileira.
Essa parceria entre Ericsson e Vivo constitui um excelente
e inovador projeto de inclusão social, levando a tecnologia 3G para uma área que não possuía nenhuma conectividade, nem mesmo energia elétrica. Com a conexão do barco-hospital, essas empresas proporcionaram significativas melhorias na vida de milhares de pessoas, na medida em que garantem serviços de saúde, hospital e escola conectados, contribuindo assim para criar a Sociedade Conectada na Amazônia.
TECHNOLOGY AND SOCIETY: DIGITAL INCLUSION IN THE AMAZON REGION In 2009 Ericsson entered into a partnership with telephone services operator Vivo in a project that changed the lives of thousands of people in the Brazilian Amazon region. As part of an ample digital inclusion program aimed at providing educational and health services to more than 30 thousand people in roughly 175 communities on the banks of the Tapajós river, both companies worked to place the partnership’s benefits connected to riverside communities. First, a Base Radio Station was installed in the town of Belterra, a mobile phone antenna with third generation (3G) technology to transmit voice and data to more than 20 thousand people, in an area that previously had no mobile connectivity. Then with the assistance of the NGO Projeto Saúde e Alegria – PSA, the digital inclusion project was extended beyond connectivity, with the intention of improving even more life in the local communities: On finding that medical services were five hours away by boat, the Saúde e Alegria project named Abaré was put in place, with the use of a hospital boat fitted with medical equipment that provides a number of healthcare services to these communities, including emergency assistance and diagnostics services. By using the signal’s reflex along the Tapajós river, the boat’s connectivity was improved, which enabled doctors on board as well as people in the communities close to where the boat was anchored to have mobile 3G broadband access. This is the largest digital inclusion project in which Ericsson is involved in the Brazilian Amazon region. This partnership between Ericsson and Vivo is an excellent and innovative social inclusion project and has taken 3G technology to an area that had no connectivity, not even electricity. With the hospital boat connection, these companies favored significant improvements to the lives of thousands of people, inasmuch as they assure healthcare services, connected hospitals and schools, and thus contribute to the creation of the Sociedade Conectada da Amazônia.
Projeto Belterra de inclusão digital, 2012
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A cidade digital:
sintonia com a
sustentabilidade
A Em 2014, a Vivo selecionou a Ericsson para, juntas, desenvolverem e implantarem no Brasil um projeto de cidade digital em Águas de São Pedro, no interior de São Paulo, cabendo à Ericsson integrar soluções de estacionamento e iluminação inteligentes ao projeto de Cidade Digital.
A instalação e implantação, sob responsabilidade da Ericsson,
constam do escopo do contrato, bem como a responsabilidade pelo gerenciamento dos serviços de operação e manutenção implementados. Como parte do projeto de iluminação inteligente, a Ericsson irá fornecer e instalar uma solução que permite ao sistema de energia pública controlar remotamente e monitorar o consumo de energia de cada ponto de luz, ligando e desligando a iluminação quando necessário, sendo que o monitoramento remoto acusará quaisquer falhas que ocorram, permitindo também, com operação eficaz, a realização de manutenção remota, resultando não apenas em economia de custo, como em contribuição para a sustentabilidade ambiental.
Como parceira nesse projeto, num tempo de desafios
econômicos e ambientais, a Ericsson também aceita o desafio de contribuir para que as cidades brasileiras possam se tornar criativas, conectadas e sustentáveis. O projeto da Vivo, Cidade Digital, a partir da experiência em Águas de São Pedro, a primeira cidade digital do país, é um exemplo e uma oportunidade de mostrar o que a Ericsson poderá fazer no futuro, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
A DIGITAL CITY: IN TUNE WITH SUSTAINABILITY The Ericsson and Vivo partnership did not end in the Amazon region. In 2014, Vivo selected Ericsson for both companies to jointly develop and implement in Brazil a digital city project in Águas de São Pedro, state of São Paulo, with the latter name in charge of parking solutions and smart public lighting for the Digital City project. Installing and deployment, under Ericsson’s responsibility, is part of the contractual scope, as are service management responsibilities for operations and maintenance. As a part of the smart public lighting project, Ericsson will supply and install a solution enabling the public electricity system to control remotely and monitor the use of electricity by each light terminal, switching it on or off when required, and the remote monitoring will detect any likely failures and thus allow an effective operation in remote maintenance, resulting not only in savings of costs but also in environmental sustainability. As a partner in this project in times of economic and environmental challenges, Ericsson also accepts the challenge of contributing for Brazilian cities to become creative, connected and sustainable. Vivo’s Digital City project based on the experience in Águas de São Pedro, the country’s first digital town, is an example and an opportunity to show what Ericsson is able to do in the future, contributing to Brazil’s sustainable development.
CONECTAR E TRANSFORMAR
O impacto das novas tecnologias na sociedade atual assusta pela velocidade das mudanças, mas também abre novas oportunidades de inserção social. Um exemplo é o projeto Connect to Learn, da Ericsson, que fornece conexão banda larga Wi-Fi e doa computadores para estudantes carentes da Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Com a iniciativa, cerca de 3.000 crianças e adolescentes foram transformados em usuários assíduos de internet e serviços pela nuvem, o que, em linguagem simplificada, significa melhorar e transformar a educação por meio das tecnologias disponíveis. O sistema instalado pela Ericsson opera por meio de um único equipamento, no qual são inseridos os conteúdos programáticos da escola, e a empresa também disponibiliza treinamento para professores. Segundo os responsáveis pelo projeto, a conexão banda larga propicia não apenas acesso a informações, como também troca de conhecimentos e experiências com instituições de ensino de outras localidades e até de outras culturas, um potencial inesgotável segundo as estatísticas que preveem um total de 50 bilhões de pessoas conectadas até 2020. Os voluntários da Ericsson também dedicam duas horas do seu dia todas as semanas para ministrar aulas de informática e esclarecer dúvidas dos usuários.
CONNECTING AND TRANSFORMING The impact of new technologies in current society surprises owing to the speed of changes, and also because new social inclusion opportunities are opened. An example is Ericsson’s Connect to Learn project that provides broadband Wi-Fi connections and donates computers to needy students in Vila Cruzeiro, Complexo do Alemão, in Rio de Janeiro. Through this action roughly 3000 children and teenagers were converted into frequent Internet and cloud service users, which in simplified language means improving and converting education by means of available technologies. The system installed by Ericsson operates through one sole equipment in which are inserted school syllabus contents, with the company also providing teachers’ training. In accordance with the persons in charge of the project, broadband connections not only provide access to information but also an exchange of knowledge and experiences with learning institutions in other locations, or even of other customs, an endless potential supported by statistics that point to a total of 50 billion people connected by 2020. Ericsson’s volunteers also dedicate two hours of their day every week to give IT lessons and answer queries by users.
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A marca da Ericsson na Amazônia.
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A união da academia
com o setor industrial:
a pesquisa científica
As profundas transformações estruturais pelas quais
passaram as telecomunicações encontram sentido, em primeiro lugar, na necessidade de se encarar o setor dentro de um contexto mais amplo, que inclui tecnologias de informação e conteúdos audiovisuais, e não isoladamente. Em segundo lugar, há que se ampliar o olhar da infraestrutura do setor para além da simples prestação de serviços de telefonia, com aplicações de voz e fax.
Se até a promulgação da LGT, em fins dos anos 1990, a
Telebras era responsável apenas pela operação da infraestrutura física de telecomunicações e pela prestação dos serviços ao setor, nos dias atuais cresce a demanda do consumidor final por novas aplicações e serviços de valor agregado, como comércio eletrônico, interação em redes sociais e compartilhamento de música e vídeo, além de um conjunto de novos conteúdos, aplicações, serviços, plataformas, navegação, busca e conectividade.
Nesse contexto, a Ericsson, sintonizada e atenta às
transformações do setor, investe fortemente na área de Pesquisa e Desenvolvimento, visando manter-se à frente da evolução tecnológica para atender prontamente às novas demandas do mercado e expandir o conceito de Sociedade Conectada. Para se ter ideia, apenas nos últimos dez anos foram desenvolvidos no Brasil mais de 115 projetos de pesquisa, que abrangem desde parceiras com universidades e o setor público até o desenvolvimento de soluções para atender diretamente as demandas da iniciativa privada. Essas iniciativas estão em consonância com a Lei de Informática atualmente em vigor, formada pelo conjunto de normas estabelecidas em 1991, 2001 e 2004, que concede incentivos fiscais, como a redução de IPI em produtos, para empresas do setor de tecnologia com comprovada regularidade fiscal e investimento em atividades de pesquisa e desenvolvimento, sendo a Ericsson um dos cases mais representativos nessa seara.
Entre os exemplos, está o convênio assinado com a
Universidade Federal do Ceará – UFC, que tem por objetivo gerar trabalhos científicos e outros produtos nas áreas de telefonia móvel e ensino a distância, criando também novos produtos a serem utilizados pela Ericsson. O Grupo de Pesquisa em Telecomunicações da Universidade – GTEL está entre os centros mais modernos do setor no país e a parceria já dura mais de uma década. Ao longo do tempo, a empresa investiu vultuosos recursos financeiros dirigidos à expansão de laboratórios, bolsas de estudo e aquisição de uma plataforma de informática com potência equivalente a 400 microcomputadores, confirmando o êxito da interligação da academia com o setor industrial em um dos mercados mais concorridos. Ainda com a UFC, a empresa desenvolve pesquisas relativas à tecnologia 5G desde 2012, com três projetos em andamento.
Igualmente, é possível citar acordos de cooperação técnico-
científica firmados com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em sete projetos de pesquisa em andamento nas áreas de rede e telecomunicações, e com a Unicamp, este voltado ao desenvolvimento de novas arquiteturas de plano de controle de redes de comunicações. Com o governo de Minas Gerais, por sua vez, a empresa firmou acordo para instalação de dois centros de P&D focados no desenvolvimento de produtos de tecnologia da informação e telecomunicações, nas cidades de Belo Horizonte e Santa Rita do Sapucaí.
Na área de Pesquisa e Desenvolvimento, vale citar ainda
a expansão e reformulação, em 2011, do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Ericsson, sediado em Indaiatuba, com vistas a atender as demandas da região América Latina e Caribe. O novo Centro passou a congregar todas as áreas de pesquisa e desenvolvimento da empresa, além de contar com contribuições de universidades e institutos nacionais e regionais para desenvolver produtos e soluções customizadas, como servidores de telefonia para redes móveis e fixas, atividades de pesquisa para aprimoramento de redes móveis, desenvolvimento de aplicações multimídia, projetos de redes sociais, computação em nuvem e software para IPTV.
Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, localizado em Indaiatuba, São Paulo.
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THE UNION OF ACADEMY WITH THE MANUFACTURING SECTOR: SCIENTIFIC RESEARCH
The intense structural changes in telecommunications have a purpose, in first place in the need to
consider the segment by means of a broader outlook, including technologies and audiovisual contents
and not separately. In second place, the infrastructure sector’s outlook should be broadened beyond
a mere telephone service provision, with voice and fax applications.
If before the LGT enactment (end of the 1990s), Telebras was in charge only of operating the
telecommunications physical infrastructure and of providing services to the activity, in our days there
is a growing demand by end users for new applications and value-added services, and music and
video sharing, besides a whole string of new applications, services, platforms, browsing, search and
connectivity.
In this regard, Ericsson is tuned and alert to changes in the activity, invests strongly in R&D in order
to remain in the forefront of technical developments to readily meet new market requirements and
to expand the idea of a Connected Society. To give but an idea, only in the last ten years over 115
research projects took place in Brazil covering from partnerships with universities and the public sector
to developing solutions to directly meet requirements by private enterprise. These actions are in tune
with the Informatics Act currently in effect, formed by asset of standard established in 1991, 2001
and 2004, granting tax incentives such as IPI tax cuts on goods for companies in the technology area
and punctual taxpayers with research and development activities, with Ericsson as one of the most
representative cases in this regard.
An agreement entered into with Universidade Federal do Ceará – UFC is an example, the purpose
of which is to create scientific papers and other products in the field of mobile telephones and
remote learning, thus also creating new products for use by Ericsson. The University’s Research in
Telecommunications Group – GTEL is among the activity’s most modern centers in the country and
this partnership is already over ten years old. In the course of time the company invested expressive
funds to expand laboratories, scholarships and acquisition of a computer technology platform of a
capacity equal to 400 micro-computers, confirming the success of interconnecting academy with the
manufacturing segment in one of the most competitive markets. Further on UFC, the company has
research in progress in connection with 5G since 2012, with three projects going.
Similarly it can list technical and scientific agreements entered into with Universidade Federal de
Pernambuco - UFPE, mentioning seven research projects in progress on telecommunications
networks, and with Unicamp regarding the development of new architectures on communications
network control plans. The government of Minas Gerais in turn undersigned an agreement with
the company to install two R&D centers focused on developing information technology and
telecommunications products, in Belo Horizonte and Santa Rita do Sapucaí.
Regarding Research and Development, please also note that in 2011 Ericsson’s Research,
Development and Innovation Center located in Indaiatuba was expanded and refurbished with a view
to meeting demand in Latin America and the Caribbean. The new Center covered all of the company’s
research and development areas, besides receiving contributions from universities and local and
regional institutions to develop customized goods and solutions such as mobile and fixed network
telephone servers, research activities to enhance mobile networks, development of multimedia
applications, social network projects, cloud computing and IPTV software.
Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, localizado em Indaiatuba, São Paulo.
Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, localizado em Indaiatuba, São Paulo.
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Conectividade
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EFICIÊNCIA DE MERCADO E
EXCELÊNCIA DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
A ano conturbado para o país. A difusão do uso do telefone e a expansão da rede de telefonia avançavam, mesmo em meio aos percalços que se seguiram com as crises econômica e política decorrentes da derrocada da cultura cafeeira, das agruras da Segunda Guerra e das sucessivas tentativas de golpes políticos.
Nessa época, os serviços telefônicos das cidades mais
importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Espírito
Santo representavam cerca de 80% dos telefones instalados no Brasil, e eram operados pela Companhia Telephonica Brasileira – CTB, empresa de capital canadense do grupo Brazilian Traction, que tinha como fornecedores usuais a Chicago Eletric e a Standard Eletric. É bom lembrar que o poder das concessões permanecia nas mãos do governo federal. Mesmo assim, em 1930, a Ericsson conseguiu vender as primeiras 1.500 linhas de uma central automática para a cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, uma tecnologia inovadora para a época, que consistia num sistema rotativo de 500 pontos (OS), precursor do sistema AGF, já de comando indireto. Esses eram modelos de centrais dominantes até o final dos anos 1950, posteriormente substituídos pela tecnologia Crossbar.
MARKET EFFICIENCY AND PRODUCT AND SERVICE EXCELLENCE In response to its segment’s constant evolution Ericsson reacts with excellence in goods and efficiency in customer service, always seeking to be in the vanguard of competition to supply the requirements of an ever more demanding market. Ericsson settled officially in Brazil in 1924, a disturbing year for the country. The widespread use of telephones and growth of the telephone network went ahead, despite successive vagaries such as economic and political crises arising from the declining coffee economy, hardships caused by World War II, and numerous political coups. In those times the telephone services in the most important cities such as São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais and Espírito Santo comprised roughly 80% of telephones operated in Brazil by Companhia Telephonica Brasileira - CTB, a Canadian company in the Brazilian Traction, Light and Power group, with its usual suppliers Chicago Electric and Standard Electric. It will be recalled that concessionary powers were held by the federal government. Nonetheless, in 1930 Ericsson was able to sell the first of its 1500 lines in an automated exchange to the city of Juiz de Fora in Minas Gerais, a state-of-the-art technology for those times consisting in a rotary 500-point system (OS), a predecessor of the AGF system with an indirect command. These were exchange models that prevailed to the late 1950s, later replaced by Crossbar technology.
À constante evolução do setor em que atua, a Ericsson responde com excelência de produtos e eficiência no atendimento aos seus clientes, procurando sempre sair na frente da concorrência para suprir as demandas de um mercado cada vez mais exigente.
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Rumo ao Norte e ao
Nordeste do país
A partir de 1933, com os setores de radiodifusão
e telecomunicações submetidos ao sistema de concessões governamentais, a Ericsson, ainda sem participação significativa
nos mercados do Sul e Sudeste do país, voltou a atenção para o Norte e o Nordeste brasileiros, e para lá dirigiu seus esforços e investimentos.Logo de início, 200 telefones de baquelite, uma das grandes novidades, foram adquiridos pelas Empresas Elétricas Brasileiras, de Recife, em Pernambuco, numa época em que a região não conhecia, ainda, as centrais automáticas, e as próprias capitais nem sequer dispunham desse tipo de serviço telefônico.
Os protagonistas dessa história foram Lars Lanneborn, diretor-
gerente da Ericsson, e Wolf Kantif, ex-funcionário das Empresas Elétricas Brasileiras: o primeiro já tinha feito estudos prévios sobre o mercado do Nordeste e, em 1934, contratou Kantif para viabilizar a estratégia. As conversações foram iniciadas com a Companhia Telefônica de Quixadá, que acabou tornando-se representante da Ericsson no Estado do Ceará, e finalmente em maio de 1935 foi assinado o contrato para a compra de uma central telefônica de 1.000 terminais e 1.000 aparelhos e instalação de toda a rede. Em seguida, Kantif rumou para São Luis, no Maranhão, onde havia apenas uma central de linhas magneto de 500 assinantes, pertencente a uma firma particular; de lá para Teresina, no Piauí, onde não havia serviço telefônico; e para Belém, no Pará, que contava com um serviço de magneto de 2.500 assinates, da Companhia de Telefones do Pará, uma concessão inglesa. Em 1936, Lanneborn deixa o cargo para Eklund, que, juntamente com o chefe de instalações da Ericsson, retoma o mercado do Norte e Nordeste, assinando um contrato para fornecimento de 1.000 linhas, e assim, em julho de 1937, São Luiz do Maranhão dizia o seu primeiro “alô” num telefone automático Ericsson.
Nesse mesmo ano, a empresa inaugurou a filial de São Paulo,
na Rua Florêncio de Abreu, 42, e Kantif foi escolhido como gerente. No ano seguinte, ele rumou a expansão para Minas Gerais, com um contrato para 500 e 1.500 linhas e instalação de rede de centrais eletromecânicas para Uberlândia e Uberaba, respectivamente. Kantif deixou o escritório de São Paulo no início de 1939, sendo substituído por Bengt Johansson, mas a empresa não assinou novos contratos, acompanhando a estagnação do setor, que se agravou com o início da Segunda Guerra Mundial, quando os negócios ficaram paralisados. Nesse período, somente foi aberta a filial da Ericsson em Porto Alegre, em 1941, e ampliado o escritório do Rio de Janeiro, no ano seguinte.
Mas, por outro lado, o ambiente de guerra também propiciou
a expansão dos serviços da empresa: no início de 1943, Natal, capital
do Rio Grande do Norte, era considerada um dos pontos estratégicos do continente sul-americano e, por este motivo, as forças militares dos Estados Unidos orientaram as concessionárias locais a melhorarem os serviços da telefonia local, de maneira que a Ericsson, em maio desse mesmo ano, inaugurou ali as primeiras 500 linhas, e mais 500, alguns meses depois. Não foram registrados outros contratos até dezembro de 1944, quando a empresa assinou contrato para extensão de linhas, aquisição de novos equipamentos e instalação de rede em Fortaleza, no Ceará. Finda a guerra, no final de 1945, a CTB solicitou, em caráter de urgência, a substituição de 1.000 linhas para a cidade de Rezende, em 1947, e a instalação de 500 novas linhas para Vassouras, em 1948, ambas no Rio de Janeiro.
HEADING TO THE COUNTRY’S NORTH AND NORTHEAST Beginning in 1933 with the radio and telecommunications segments submitted to the government concession system, Ericsson with its scarce share in the country’s Southern and Southeastern markets started to view the North and Northeast of Brazil, to which it dedicate efforts and investments. To begin with, 200 bakelite telephones, a great novelty, were acquired by the Recife, Pernambuco company Empresas Elétricas Brasileiras, at a time when the region was unaware of automatic exchanges and many capital cities did not even enjoy this kind of telephone service. The players in this story were Ericsson’s managing director Lars Lanneborn and Wolf Kantif, former Empresas Elétricas Brasileiras employee: the former had undertaken studies on the Northeast region’s market and in 1934 retained Kantif to follow through with the strategy. Conversations were begun with Companhia Telefônica de Quixadá, which ended up becoming an Ericsson representative in the state of Ceará, and finally in 1935 an agreement was undersigned for the purchase of a telephone exchange for 1000 terminals and 1000 telephones, plus installation of the entire network. Kantif then travelled to São Luis, state of Maranhão, where there was only one exchange with magneto lines for 500 subscribers and that belonged to a private company; from here he went to Teresina, state of Piauí, where there was no telephone service; and to Belém, state of Pará with its magneto service for 2500 subscribers run by Companhia de Telefones do Pará, an English concessionaire. In 1936, Lanneborn was replaced by Eklund, who jointly with Ericsson’s head of installations once more assumed the market in the North and Northeast and entered into a contractual supply of 1000 lines, and hence in 1937 São Luiz, state of Maranhão said ‘hello’ for the first time over an Ericsson automatic telephone. In this same year the company opened its branch office in São Paulo at Rua Florêncio de Abreu, 42 and Kantif was appointed manager. In the following year he directed expansion to Minas Gerais with a contract for 500 and 1500 lines and a network of electro-mechanical exchanges for Uberlândia and Uberaba respectively. Kantif left the São Paulo office in early 1939 and was replaced by Bengt Johansson, but the company did not undersign any new agreements, in accordance with the segment’s standstill made worse with World War II, during which business did not move. During this period Ericsson opened a branch in Porto Alegre in 1941 and expanded its office in Rio de Janeiro in the following year. But on the other hand the war effort also made way for expansion of the company’s services. In early 1943 Natal, capital city of the state of Rio Grande do Norte, was considered a strategic point in the South American continent, and hence US military forces recommended local concessionaires to improve telephone services, for which reason in May of that same year Ericsson inaugurated the first 500 lines, followed by another 500 lines several months later. No other agreements were recorded until December 1944 when the company entered into an agreement to extend these lines, the acquisition of new equipment and installing a network in Fortaleza, state of Ceará. When the war was over in late 1945, CTB requested urgently the replacement of 1000 lines in Rezende in 1947, and 500 new lines for Vassouras in 1948, both in the state of Rio de Janeiro.
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Fila de inscrição para o plano de expansão na cidade de Fortaleza, Ceará, década de 1960
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Ericsson e CTB
A
Ericsson do Brasil Comércio e Indústria S.A. A eficiência e os prazos
com que a empresa atendia às solicitações estreitaram suas relações
com a CTB, embora os fornecedores preferenciais fossem a Chicago
Eletric Company e a Standard Eletric. Desse modo, no mesmo ano, a
empresa assinou um contrato em Belo Horizonte para 10.000 linhas,
a fim de ligá-las às outras 10.000 já existentes, com a inauguração
da rede prevista para 1950. A abertura da filial da Ericsson na capital
mineira ocorreria em 1954, como passo importante na consolidação da
empresa no país.
Nos primeiros anos daquela década, a empresa fechou
contratos para ampliação de linhas existentes, assim como para instalação de novas linhas, de terminais e também para expansão de redes para dezenas de cidades, valendo destacar Ribeirão Preto, em São Paulo, que inaugurou um serviço de telefones automáticos, sendo que todo o sistema de telefonia foi promovido pela municipalidade. E foi no evento de inauguração desses serviços que a Ericsson anunciou a compra do terreno para a sua futura fábrica de São José dos Campos.
ERICSSON AND CTB In 1946 Ericsson changed its corporate name to Ericsson do Brasil Comércio e Indústria S.A. The efficiency and deadlines with which the company responded to requests enhanced its relations with CTB, although preferred suppliers were Chicago Electric Company and Standard Electric. Hence in that same year the company entered into an agreement in Belo Horizonte for 10,000 lines joining them to another existing 10,000 lines, with the opening of the network estimated for 1950. The new Ericsson branch in the capital city of Minas Gerais was opened in 1954, an important step in consolidating the company in the country. During the decade’s first years the company entered into agreements to extend existing lines and to install new lines, terminals and network expansion in dozens of cities, such as in Ribeirão Preto, state of São Paulo, which put in place an automatic exchange service, with the entire telephone system sponsored by the local government. And on the inauguration of these services Ericsson announced the acquisition of land for its future factory in São José dos Campos.
Placa anuncia amplição da fábrica da Ericsson, 10/08/1966
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Soma de esforços,
multiplicação de
serviços
Nos início da década de 1950, a Ericsson dependia dos
esforços isolados de seus vendedores, porém, como não havia dinheiro circulando, a empresa utilizou-se de um mecanismo que revolucionou a política de marketing do setor: o autofinanciamento.
Os negócios, então, multiplicaram-se e a empresa fechou um contrato para instalação de 500 centrais eletromecânicas para Americana (SP); 500 para Pelotas (RS); 2.500 para Ribeirão Preto (SP); 1.500 linhas de extensão para Goiânia (GO). Ampliou sua atuação para Limeira (SP), com instalação de 1.000 terminais; Goiânia e Belém (1.500 terminais em cada cidade); e Vitória (3.200 terminais). E assim prosseguiu com instalação e expansão de redes, substituição e extensão de linhas em várias outras cidades como Campina Grande (PB); Fortaleza (CE); Patos de Minas (MG), e Ribeirão Preto (SP).
Nessa época, o mercado de telefonia nas cidades do interior
do país era bastante disputado pelas empresas do setor, inclusive a Ericsson, e todos percorriam essas localidades para fomentar a criação de empresas, as quais, por sua vez, contratavam centrais comutadoras e construção de redes. Desse modo, ao longo dessa década e início dos anos 1960, foram criadas mais de 500 operadoras de telefonia, algumas municipais, mas a maioria privadas. A Ericsson ampliou seus conhecimentos sobre a região interiorana com a ajuda de empresas especializadas em captar participações financeiras dos interessados em telefones (autofinanciamento), unindo esforços para incentivar associações comerciais, clubes Rotary e Lions e prefeituras a criar telefônicas para dotar as cidades com serviço de telefonia urbana. De posse dessa vantagem sobre as concorrentes, a Ericsson instalou muitas centrais em municípios de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, e difundiu seus serviços nas capitais do Nordeste e Norte brasileiro, iniciados ainda na década de 1940.
SUM OF EFFORTS, MULTIPLYING SERVICES In the early 1950s Ericsson depended on isolated efforts by its salesmen, and as there were few funds in circulation, the company availed itself of a mechanism that radically changed the segment’s marketing policy: self-funding. Business soon expanded and the company undersigned an agreement to install 500 electro-mechanical exchanges in Americana (SP); 500 in Pelotas (RS); 2500 in Ribeirão Preto (SP); and 1500 lines of extension in Goiânia (GO). It expanded its actions in Limeira (SP) with 1000 terminals. Goiânia and Belém (1500 terminals in each city); and Vitória (3200 terminals). And it continued installing and expanding networks, replacing and extending lines in a number of cities such as Campina Grande (PB); Fortaleza (CE); Patos de Minas (MG), and Ribeirão Preto (SP). In those days the telephone market in smaller towns throughout the country was much sought after by the companies in the segment, including Ericsson, and all of them made their presence felt and encouraged the creation of companies that in turn ordered switching exchanges and the construction of networks. Hence, during that decade and in the early 1960s over 500 telephone carriers were created, some controlled by the local governments, but the larger part were privately owned. Ericsson expanded its expertise on country regions with the assistance of companies specialized in organizing funding by parties interested in telephone services (self-funding), in joint efforts encouraging trade associations, Rotary and Lions clubs and local governments to create telephone operators and provide these towns with urban telephone services. With this advantage in hand, Ericsson implemented a number of exchanges in municipalities throughout São Paulo, Paraná and Minas Gerais, and made its services known in the capital cities of the Northeastern and Northern regions, which had begun back in the 1940s.
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Crossbar – tecnologia
Ericsson no compasso
do desenvolvimento
industrial
Em meados dos anos 1950, as cidades
do ABC paulista contavam com um serviço de telefonia extremamente precário: Santo André possuía apenas 700 telefones magneto da CTB; São Bernardo do Campo, 300; e São Caetano do Sul, 500.
As fábricas, por exemplo,
não dispunham da facilidade de comunicações telefônicas, optando pelos precários sistemas de rádio HF para suprir suas necessidades de comunicação com São Paulo, lembrando que, em função do plano de metas do governo JK, a instalação da indústria automobilística na região estava a pleno vapor, atraindo esforços e grandes investimentos do governo e de indústrias multinacionais.
É nesse cenário que, em 1954, foi criada a Companhia
Telefônica da Borda do Campo – CTBC, que se propunha a implantar um sistema telefônico moderno na região do ABC Paulista, dentro do modelo de autofinanciamento, lançado pioneiramente pela Ericsson alguns anos antes. Feita a licitação, em 1955, a Ericsson foi contratada para fornecer as centrais e a rede externa. É o início da Era Crossbar, tecnologia ARF, que vinha obtendo excelentes resultados na Finlândia e na Dinamarca e começava a se espalhar pelo mundo. O primeiro projeto de porte de centrais locais Crossbar, também denominado sistema ARF, foi implantado na CTBC.
A nova tecnologia exigia não só o bom desempenho do
equipamento como a capacitação dos clientes na operação e na manutenção das centrais. No Brasil, uma alternativa para contornar isto seria enviar técnicos e engenheiros da Ericsson e dos clientes para treinamento na Suécia: seriam centenas de pessoas que seguiriam para esse treinamento, o que acarretaria, além de problemas como dificuldade com a língua estrangeira e ausência prolongada das famílias, alto custo de passagens internacionais e estadia, além da ocupação de vagas nos cursos na L. M. Ericsson. A expectativa indicava que a Ericsson teria que prestar também esses serviços, e criar facilidades para treinar o seu pessoal e o dos clientes aqui mesmo no Brasil. Assim, após retornar dos trabalhos de reorganização da CTBC, Torsten Lindstedt, gerente de centrais públicas da Ericsson, incumbiu o engenheiro Antonio Martins Ferrari de organizar um centro de treinamento.
CROSSBAR – AN ERICSSON TECHNOLOGY IN LINE WITH INDUSTRIAL DEVELOPMENT In the mid-1950s, cities in the ABC region surrounding São Paulo had an extremely precarious telephone service: Santo André had merely 700 magneto telephones under the former CTB company; São Bernardo do Campo, 300; and São Caetano do Sul had 500. Industrial plants, for example, had little telephone communications facilities and opted for precarious HF wireless systems to provide for their communications needs with São Paulo, while owing to the government targets defined by President JK, the automotive industry was at full steam and attracted efforts and large official and multinational investments. It was under this scenario that in 1954 Companhia Telefônica da Borda do Campo – CTBC was created, with the proposal of putting in place a modern telephone system in the ABC region under a self-funding scheme, in which Ericsson had been a pioneer several years previously. Following a public bid in 1955, Ericsson was retained to supply the exchanges and eternal networks. This was the beginning of the Crossbar Age, which had obtained excellent results in Finland and Denmark and had begun spreading throughout the world. The first large-scale local Crossbar exchanges, also known as ARF, were put in place in CTBC. This new technology required not only good performance by equipment, but also customer training in operating and maintaining these exchanges. An alternative found in Brazil to circumvent this implied in sending Ericsson technicians and engineers to Sweden for training: possibly hundreds of people would undergo this training, implying in addition to problems with language difficulties, an extended absence of families, high costs for international fares and accommodations, as well as attendance at the L.M. Ericsson courses. Ericsson was also expected to provide these services and create training facilities for its personnel here in Brazil. Therefore, on his return from reorganizing CTBC, Ericsson’s manager of public exchanges Torsten Lindstedt placed Antonio Martins Ferrari in charge of organizing a training center. Ericsson’s Training Center started its activities in January 1959 without its own training facilities, but using the first customer ARF exchanges. The first course was held with the Santo André exchange and was attended by 16 Ericsson, CTBC and CTB São Paulo engineers and technicians. From then on the need arose to train the people appointed to run the first ARF exchange in Brasilia: A group of 12 engineers and technicians retained by the local telephone operator – Departamento de Telefonia Urbana e Interurbana da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap, which would take charge of operating the South exchange on the new capital city’s opening in 1960. Theoretical classes were held by Ericsson at Instituto de Eletrotécnica da Universidade do Brasil in Rio de Janeiro, and practical classes at Companhia Telefônica da Borda do Campo.
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CONHECIMENTO E
COMPETÊNCIA TÊM
ENDEREÇO CERTO
Concebido, desde o início, como estratégico para a venda e a divulgação da tecnologia Ericsson, o Centro de Treinamento da Ericsson possui uma história de mais de cinco décadas de atuação pela capacitação de profissionais da área de telecomunicações que merece ser contada. Dos primeiros treinamentos sobre a lendária tecnologia Crossbar, passando pelo advento da era digital e a implantação das centrais com tecnologia CPA no país, até o lançamento e a expansão da telefonia móvel celular, o Centro sempre se destacou pela qualidade dos cursos realizados e a dedicação incondicional dos instrutores envolvidos. Em sua fase mais recente, mostrou- se preparado para atender às demandas em Datacom e tudo o mais relacionado ao mundo da internet ou mundo IP.
EXPERTISE AND COMPETENCY IN THE RIGHT PLACE Conceived from the start as strategic for sales and disclosure of Ericsson technology, the Training Center goes back more than five decades of professional training activities in telecommunications that is worthwhile explaining. From the first courses on Crossbar technology and covering the advent of the digital era, and deployment of CPA exchanges in the country, to the launching and expansion of mobile cell telephone services, the Center always stood out for the quality of its courses and the unconditional dedication by the instructors involved. In its most recent stage it proved to be prepared to meet the demand for Datacom and anything else related to the Internet or IP world.
Em janeiro de 1959, o Centro de Treinamento da Ericsson
iniciou suas atividades, ainda sem instalações próprias, utilizando as primeiras centrais ARF dos clientes. O primeiro curso foi realizado na central de Santo André, com a participação de 16 engenheiros e técnicos da Ericsson, da própria CTBC e da CTB São Paulo. A partir daí, surgiu a necessidade de treinar o pessoal que iria operar a primeira central ARF de Brasília: um grupo de 12 técnicos e engenheiros contratados pelo Departamento de Telefonia Urbana e Interurbana da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – Novacap, que assumiria a operação da central Sul a partir da inauguração da nova capital, em 1960. As aulas teóricas foram ministradas pela Ericsson no Instituto de Eletrotécnica da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, e as aulas práticas na Companhia Telefônica da Borda do Campo.
Cada produto Ericsson passava por três testes elétricos, o que
totalizava cerca de 40.000 testes realizados por ano, 1958
Escritório da Ericsson Redes para construção da rede externa da CTBC, na região do ABC paulista, 1956
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Construção da rede externa da CTBC, na região do ABC paulista, 1956
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A institucionalização
do setor de
telecomunicações
O a Embratel, em 1965; e o Ministério das Comunicações, em 1967, formalizaram uma política nacional para o setor de telecomunicações no decorrer dos anos 1960, mas é bom lembrar que a Ericsson, a empresa de maior destaque nessa época, já estava no Brasil e prestava seus serviços para muitas empresas. O fato de estar instalada no país há mais de quatro décadas fez com que a empresa mostrasse forte competitividade no mercado, procurando suprir tudo o que o setor necessitava, dentro das limitações da indústria brasileira da época, isto é, desde quando só era possível a importação de componentes. A Ericsson acompanhou pioneiramente o avanço do setor, passando a produzir localmente para atender à demanda, instalando fábricas próprias no país, sendo a primeira e principal, a de São José dos Campos.
A década de 1960 marcou o início da expansão da Ericsson no
Brasil, pois nas décadas anteriores, a empresa teve que desenvolver e utilizar estratégias próprias de fornecimento para as regiões Norte, Nordeste e Sul do Brasil, uma vez que não conseguia firmar contratos com a CTB, responsável pelas áreas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A CTB até havia feito negócios com a Ericsson, como a aquisição de duas centrais , para Rezende e Vassouras; a ampliação para 10.000 terminais em Belo Horizonte e de outros equipamentos instalados na rota Rio de Janeiro- Belo Horizonte. Além disso, alguns técnicos da CTB tiveram a oportunidade de visitar a fábrica e os laboratórios da L. M. Ericsson na Suécia, em 1955.
Finalmente, em dezembro de 1965, foi assinado o primeiro
grande contrato entre a Ericsson e a CTB, que então administrava
várias centrais Crossbar adquiridas por prefeituras do interior de São
Paulo, para o fornecimento de 85.000 terminais para a capital. Num
prazo de 21 meses, foram concluídos os serviços de instalação em
13 estações telefônicas; além de telefones novos, foram montados os
equipamentos de identificação e um centro de testes.
A primeira central foi inaugurada em novembro de 1966, pelo
prefeito Faria Lima e por Dirceu Coutinho, presidente da Embratel, que
havia adquirido a CTB. O contrato para a segunda fase foi assinado em
janeiro de 1967, para o fornecimento de 105.700 terminais ARF para a
cidade de São Paulo.
Um fato curioso marcou esse evento: o
cantor Roberto Carlos tinha hora marcada
com o prefeito, mas chegou atrasado ao
encontro e acabou participando da cerimônia
de assinatura do contrato, assinando o
documento como testemunha. Na ocasião,
o cantor declarou que ainda não tinha
telefone, e um dos diretores da Ericsson
então, prometeu a ele um aparelho especial,
que poderia se chamar “Calhambeque”!
INSTITUTIONALIZING THE TELECOMMUNICATIONS SEGMENT
The Brazilian Telecommunications Code was created in 1962; Embratel in 1965; and the Ministry of
Communications in 1967 formalized a national policy for the telecommunications activity in the 1960s,
but it should be recalled that Ericsson, the outstanding company of those times, was already present in
Brazil and provided its services to a number of companies. Acting in the country for over four decades
led to the company being very competitive in the market, seeking to provide all of the segment’s needs
within the limitations of Brazilian manufacturing in those days, i.e. when components were allowed to
be imported only. Ericsson was a pioneer in the segment’s advances and started to produce locally
in order to meet demand, building its own factories in the country, the first main one located in São
José dos Campos.
The 1960s were a milestone in Ericsson’s expansion in Brazil, as in the preceding decades the
company had to develop and employ its own supply strategies in Brazil’s North, Northeast and South
regions, as it was unable to enter into agreements with CTB, which covered areas in Rio de Janeiro,
São Paulo and Minas Gerais. CTB had already done business with Ericsson such as the acquisition
of two AGF exchanges for Rezende and Vassouras; an expansion with 10,000 terminals in Belo
Horizonte and other equipment installed on the Rio de Janeiro-Belo Horizonte route. Furthermore,
several CTB technicians had the opportunity to visit the L.M. Ericsson factory and laboratories in
Sweden in 1955.
Finally, in December 1965, the first major agreement was sealed between Ericsson and CTB, which
managed several Crossbar exchanges acquired by local governments in the state of São Paulo, for
the supply of 85,000 terminals for the capital city. Installation services for 13 telephone stations were
concluded in 21 months; identification equipment and a test center were assembled, in addition to
new telephones.
The first exchange was inaugurated in November 1966 by Mayor Faria Lima and by Dirceu Coutinho,
President of Embratel, which had acquired CTB. The second stage agreement was undersigned in
January 1967 for the supply of 105,700 ARF terminals for the city of São Paulo. A curious fact took
place at this event: singer Roberto Carlos had an appointment with the mayor but was late to the
meeting and ended up participating in the contractual signature ceremony, undersigning the document
as a witness. On that occasion the singer stated that he still had no telephone and an Ericsson director
then promised him a special telephone, which could be named “Calhambeque”, like one of his songs.
Two years later Companhia Telefônica stated that it was fully dedicated in the recovery of the time lag
of decades of inefficiency in São Paulo’s telephone services, and promised to solve all the problems
and to complete the network expansion plan.
Dois anos depois, a Companhia Telefônica declarou estar
integralmente empenhada em recuperar o atraso de décadas de ineficiência no serviço telefônico de São Paulo prometendo resolver todos os problemas e completar o plano de expansão da rede.
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Políticas públicas,
grandes contratos
Em 1961, o governador Leonel Brizola havia encampado a
Companhia Riograndense de Telecomunicações – CRT, para resolver os problemas da rede local e ampliar o sistema telefônico do Rio Grande do Sul, gerando uma disputa judicial entre o governo e a International Telephone and Telegraph – ITT, empresa então responsável pelos serviços. A questão resultou na abertura de uma licitação, com a exigência de que os bens encampados não poderiam ser alterados.
Na licitação internacional, a Ericsson participou juntamente com
a sueca L. M. Ericsson e, ao final do processo, a empresa foi chamada para assumir o projeto, que resultou na assinatura de um contrato envolvendo o fornecimento de 24.000 terminais, cujas centrais foram ativadas em 1967, com previsão de outras para as cidades gaúchas de Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo. Logo em seguida, a Ericsson assinou contrato para fornecer 50.000 terminais para Belo Horizonte, ativados em maio de 1968.
PUBLIC POLICIES, LARGE CONTRACTS In 1961, Governor Leonel Brizola had expropriated Companhia Riograndense de Telecomunicações – CRT in order to solve local network problems and to expand the telephone system in the state of Rio Grande do Sul, creating a legal battle between the government and International Telephone and Telegraph – ITT, the company at the time in charge of the services. The issue gave rise to an invitation to bid with the requirement that all involved assets should not be changed. For the international bidding process, both Ericsson and Sweden L.M. Ericsson competed together; after completion of the bidding process, the Company was chosen to own the project and sign a contract thereafter to supply 24,000 terminals, whose exchanges were put into service in 1967, with some others planned to be further deployed across the cities of Canoas, Novo Hamburgo, and São Leopoldo. Later on, Ericsson signed another contract to supply 50,000 terminals to Belo Horizonte, which started working in 1968.
Assinatura de contrato para modernização da rede de Porto Alegre após a encampação do CTN
pelo governador Leonel Brizola. Primeiro contrato de 24.000 terminais com a CRT para Porto Algre.
A partir da esquerda, sentados Coronel José da Silva Nunes, presidente do CRT, Wolf Kantiff, da
Ericsson, Bertil Lundgren, gerente de vendas da Ericsson e Jorge Bertschinger, gerente da filial
Porto Alegre, 30/01/1964
Virou a década de 1950 -062
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Os anos do Milagre
Brasileiro
Os anos 1970 ficaram conhecidos como Milagre Brasileiro,
pelo impulso que o governo militar deu para o desenvolvimento do setor de telecomunicações. Então, a Telebras, criada em 1972, tornou- se a grande prestadora estatal dos serviços de telecomunicações, com qualidade, diversidade e quantidade suficiente de linhas. Tendo como missão contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país, contava agora com a Embratel como subsidiária.
Nesse sentido, a Telebras instituiu em cada Estado uma
empresa-polo e promoveu a incorporação das companhias telefônicas existentes por meio da aquisição de seus acervos ou de seus controles acionários, o que alterou profundamente a organização industrial vigente e se refletiu positivamente na cadeia produtiva. Em 1972, por exemplo, todo o equipamento de telecomunicações era importado, e a nacionalização da indústria dos anos posteriores seria fruto do poder de compra estatal então configurado.
A empresa tornou-se holding de um sistema constituído
por 27 operadoras estaduais e uma de longa distância, dois centros de treinamento (Recife e Brasília) e o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), sendo responsável por mais de 95% dos serviços públicos de telecomunicações do país. O 5% restantes ficaram com cinco empresas que não pertenciam ao sistema.
O Centro de Pesquisa da Telebras foi responsável por
diversos projetos que tiveram efeitos fundamentais para a ampliação da capacidade de atendimento das redes das operadoras, como a transmissão por fibra óptica; a transmissão a longa distância por rádio; a tecnologia de comutação temporal, que deu origem às centrais Trópico e aos avanços nas comunicações por satélite. Portanto, mesmo com reduzida diversidade de produtos e conduzido por uma política industrial que buscava consolidar um parque fabril brasileiro dirigido pela atuação Telebras nas operadoras, esse período, que se estendeu até década de 1980, registrou uma expansão considerável da base telefônica.
Tendo assumido o controle da maioria das empresas
operadoras do setor de telecomunicações, sendo a mais antiga e de maior porte a CTB, em 1972 a Telebrás desmembrou esta em duas empresas regionais: uma para os Estados da Guanabara e Rio de Janeiro, outra para o Estado de São Paulo, a Telesp, ficando ambas subsidiárias da holding. O acordo que a Ericsson havia firmado com a CTB, em abril desse mesmo ano, foi então transferido para a Telesp, que assinou um novo acordo com a Telebras, com o objetivo de fornecer 300.000 terminais Crossbar-Ericsson. Foi este um dos mais consideráveis contratos firmados pela Ericsson nessa época, além de outro para o fornecimento de 240.000 terminais Crossbar-Ericsson para São Paulo (SP). Posteriormente, a Telesp assumiu o controle da CTBC, então a maior empresa privada do setor.
Se na época da criação da Telebras havia
mais de 900 operadoras de telecomunicações no país, quase todas privadas, ao final da década esse número foi reduzido para aproximadamente cinco.
Em 1973, a exploração dos serviços públicos de telecomunicações foi unificada, ficando sob o controle de uma única empresa concessionária em cada Estado, que adquiriu as demais empresas locais, e, na primeira década de operação, a Telebras saiu do patamar de 1,4 milhão de telefones, em 2,2 mil localidades, para 5,8 milhões de telefones, em 6,1 mil localidades. A unificação das operadoras não era imposta, havendo possibilidade de negociação, de modo que algumas empresas mantiveram-se na esfera privada, como o Grupo Algar, de Minas Gerais, e a CTBC, da região do ABC, em São Paulo, pois ambas contavam com bons padrões tecnológicos e prestavam um bom serviço aos seus usuários, sendo que a Ericsson manteve-se na posição de liderança como fornecedora de equipamentos de telecomunicações.
A empresa representava 50% da capacidade industrial
brasileira, pelo seu pioneirismo no desenvolvimento do setor de telecomunicações, pela sua capacidade e por apresentar um índice de nacionalização maior que as demais empresas que atuavam no segmento. Mesmo com os limites impostos pelo governo, grande parte dos produtos necessários para atender à demanda nacional do setor de telecomunicações já era produzida em solo brasileiro.
Além dos
grandes contratos assinados com a Petrobras para o fornecimento da maior central telefônica automática particular da América Latina, com capacidade para 9.000 ramais,

e o contrato para fornecimento de uma moderna central PABX especialmente desenvolvida para a indústria hoteleira, com capacidade de até 800 ramais, alguns anos depois a Ericsson assinou, com o Ministério das Comunicações, a primeira carta de intenção para a compra de 500.000 linhas, inseridas no Plano de Emergência de um milhão de terminais. E, ainda, assinou mais um contrato para a compra do maior sistema de cabos coaxiais até então implantado no país: 2.700 canais, entre São Paulo e São Caetano do Sul.
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Inauguração do sistema telefônico da Penha, na cidade de São Paulo. Evento com a presença do prefeito Faria Lima
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THE GOLDEN YEARS OF THE BRAZILIAN MIRACLE
The 1970’s became known as the Brazilian Miracle Golden Age, a period boosted by the Military
Government to the telecommunications industry. By that time, Telebras, established in 1972, became
the leading telecommunication service state provider company, delivering quality, diversity, and
sufficient number of lines. With the mission of contributing to the country’s social and economic
growth, it could now count on Embratel as its subsidiary company.
In this way, Telebras established core business units in each Brazilian state and merged all existing
telephone companies by acquiring their assets or equity control, an initiative that resulted in a
significant shift in the industrial organization then in effect and favorably affected the productive chain.
As an example, in 1972 Brazil used to import all of its telecommunications equipment, and the industry
nationalization that took place over the subsequent years would be a result of the country’s purchasing
power then achieved.
The Company became the holding of a whole system made up of 27 state telephone carriers, one
of them for long distance services, as well as two Training Centers (Recife and Brasília) and the
Telecommunications R&D Center (CPqD); overall, the Company accounted for over 95% of Brazil’s
utility and telecommunications services. The remaining 5% went to five third party companies that
didn’t belong to the system.
Telebras’ Research Center developed several projects that were fundamental to improving the carrier
network’s ability to deliver customer services, including such resources as optic fiber transmission; long
distance radio transmission; Temporal Switching technology, which gave rise to Trópico exchanges
and enabled improvements in uplink communications. Hence, notwithstanding the limited diversity of
products and a national industry policy whose aim was to consolidate the Brazilian Industrial Park -
substantially affected by Telebras’ influence on telecommunications carriers – the featured period of
time, which lasted until the 1980’s, saw a huge expansion in Brazil’s local telephone base.
Having taking control of the majority of telephone carriers from the telecommunications industry, in
1972 Telebras split CTB - the oldest and largest one - into two regional companies: one for the states of
Guanabara and Rio de Janeiro and another one for the state of São Paulo, namely Telesp, both turned
into subsidiaries of the holding company. The agreement established between Ericsson and CTB in
April 1972 was transferred to Telesp, who signed a new agreement with Telebras aimed at providing
300,000 Crossbar-Ericsson terminals. This was one of the most significant contracts Ericsson signed
those days, besides another one for the supply of 240,000 Crossbar-Ericsson terminals for the state of
São Paulo (SP). Later, Telesp took control of CTBC, the largest private sector company then.
While upon establishment of Telebras there were 900 telecommunications carriers across Brazil, by
the end of the 1970’s that number was reduced to only about five. In 1973, a unification of utility
services put their management in the hands of a single concessionaire in each state; this was followed
by the purchase of other local companies, and over the first decade of operation Telebras jumped from
1.4 million telephones provided for 2.2 thousand locations to 5.8 million telephones for 6.1 thousand
locations. The unification of telephone carriers was not imposed, so a few companies remained private,
such as Algar Group – from Minas Gerais – and CTBC – from the ABC Region in São Paulo – as both
were delivering reasonable technology standards and providing their users with good services, while
Ericsson stood in the lead as a provider of telecommunications equipment.
Off the whole Brazilian industry capacity, Telebras held a 50% share due to both its groundbreaking
development solutions for the telecommunications industry and its ability to go national more effectively
than other competitor player companies. Despite the restrictions imposed by the Government, most of
the products required to meet local telecommunications industry’s needs were being already produced
in Brazilian grounds.
In addition to significant contracts signed with Petrobras aimed at delivering Latin America’s largest
private automated telephone exchange, with capacity for 9,000 extensions, and another contract for
the delivery of a state-of-the-art PABX central specially designed for the hotel industry, with capacity
for up to 800 extensions, a few years later Ericsson signed a letter of intent with the Ministry of
Communications for the purchase of 500,000 telephone lines, which made part of a One Million
Terminal Emergency Plan. Despite that, the Company signed another contract for the purchase of
the largest coaxial cable system ever deployed in Brazil: 2,700 channels between São Paulo and São
Caetano do Sul.
Não identificada
Príncipe Bertil da Suécia visita o Centro Ericsson, 1973
Abertura de capital da Ericsson. Coquetel, 1971
Em 10 de junho de 1974, a Ericsson promoveu a primeira ligação
videofônica em um país da América Latina.
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65
Ericsson
Telecomunicações:
a caminho do futuro
Cumprindo sua missão de fornecer produtos e serviços de alta
qualidade
e tecnologia aos seus clientes, a Ericsson passou a entregar
centrais digitais em versão mais compacta, e, portanto, ocupando muito menor área, consumindo menos energia e contribuindo para o desempenho ainda maior na operação do sistema.
Assim surgiram as primeiras centrais digitais AXE em
nova versão de hardware, que utilizava as últimas gerações de semicondutores, possibilitando desempenho ainda maior na operação do sistema AXE 10; na telefonia móvel, novos produtos com novas tecnologias foram lançados para satisfazer a demanda por mobilidades nas redes telefônicas. No segmento de centrais de comutação digital com sistema AXE 10, a Ericsson manteve posição de liderança, mesmo com a significativa entrada no mercado brasileiro de novos sistemas digitais de origem estrangeira.
O Grupo Ericsson prosseguiu em todo o mundo com o
amplo programa de cooperação tecnológica e desenvolvimento de competência, sendo que a Ericsson brasileira recebeu a incumbência de manter atualizadas partes significativas do sistema AXE mundial, e de indicar engenheiros brasileiros para participarem de projetos de prospecção sobre o que será o sistema telefônico do futuro.
Em 1992, a empresa iniciou a comercialização do sistema
Ericsson de Telefonia Móvel Celular, já com as facilidades avançadas da rede telefônica fixa. Era a única empresa no mundo com participação efetiva nos seis diferentes padrões de sistemas de telefonia móvel celular disponíveis até então, nos cinco continentes. Soma-se a isso, a qualidade e a competitividade de seus produtos, que já no início dessa década detinham 40% do mercado mundial de telefonia móvel celular.
Outro importante avanço ocorreu na área de Redes Inteligentes:
para São Paulo e Rio de Janeiro, foram implantados dois poderosos sistemas de gerenciamento de redes e criada uma série de facilidades para os assinantes, sob inteira administração das operadoras que adquiriram tais sistemas: a aplicação de uma das variantes do sistema Telecommunication Managment and Operation Susport – TMOS, que, em estações de trabalho computadorizadas e com software desenvolvido pela Ericsson permitia a estruturação e o acesso a novos benefícios operacionais para os assinantes.
No segmento de comutação, onde nessa época a Ericsson
detinha 40% da base instalada no Brasil, a central de comutação AXE 10 continuava sendo o principal produto da empresa. Vale destacar que, em 1994, houve o bem-sucedido lançamento do AXE-SL, produto novo, totalmente desenvolvido pelo Centro de Pesquisas da Ericsson, que possibilitava a digitalização de centrais eletromecânicas a custo sensivelmente inferior ao de uma central digital nova. O potencial de mercado para este produto era significativo, considerando-se as
centrais eletromecânicas instaladas na América Latina, na Europa e na Austrália. No Brasil, foram instaladas na Telebahia, na CRT, na Telesp e em várias outras companhias telefônicas do sistema Telebras.

A área de negócios de telecomunicações móvel da empresa concluiu o primeiro ciclo de telefonia celular no Brasil com a implementação do serviço móvel em todas as capitais, consagrando definitivamente a utilização deste sistema em todo território brasileiro, de modo que, em 1994, a Ericsson garantiu significativa participação nesse mercado.
ERICSSON TELECOMUNICAÇÕES: HEADING TOWARDS THE FUTURE In fulfilling its mission to provide high quality services and technology to its customers, Ericsson started delivering more compact digital exchanges that required a smaller foot print and less energy consumption; this helped contributing to an enhanced system operation performance. That was how the first AXE digital exchanges built on new hardware versions came to existence; those models used next generation semiconductors that allowed boosting the AXE 10 system operation performance; for the mobile telephony, new products built on new technologies were released to meet the telephone networks’ demand for mobility. Ericsson remained first in the AXE 10 system-based digital switching exchange industry, even with the significant entrance of new foreign digital systems into the Brazilian market. The Ericsson Group maintained its comprehensive worldwide technology cooperation and training development program, while Ericsson Brazil was given the task of keeping significant global AXE system sections updated and assign Brazilian engineers to prospection projects regarding what the telephone system would look like in the future. In 1992, the Company started selling their Ericsson Mobile Telephony System, which already counted on the advanced fixed telephone network capabilities then available. By that time, Ericsson was the world’s only company with effective participation in the six different mobile telephone system standards available across the five continents. Add to this the quality and competitiveness of its products, which early that decade already had a 40% share of the global mobile telephone market. Another significant improvement was seen in the segment of Intelligent Networks: for São Paulo and Rio de Janeiro, two powerful network management systems were deployed as well as developed a wide range of subscriber-oriented features fully managed by the telephone carriers who had purchased those systems: application of one of the Telecommunications Management and Operation Support – TMOS’s variants, which using computer desktops running on software developed by Ericsson enabled consolidating and providing access to new operating benefits to subscribers. As for the switching segment, where Ericsson held 40% of the installed base in Brazil, the AXE 10 switching central remained as the Company’s main product. It is worth mentioning that 1994 saw the successful release of the new AXE-SL, a product fully developed by Ericsson’s Research Center which enabled making the electromechanical centrals go digital at costs significantly lower than those of a brand new digital exchange. This product presented an amazing potential for the market based on the electromechanical centrals installed in Latin America, Europe, and Australia. In Brazil, the referred exchanges were installed in Telebahia, CRT, and Telesp, besides many other telephone companies owned by the Telebras System. With the implementation of mobile services in all Brazilian capital cities, the Company’s mobile telecommunications business area completed the first mobile telephony cycle in Brazil, which finally established the system and its usage across the country; as result Ericsson ensured a significant share in this market in 1994.
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66
Explosão da demanda,
expansão de produtos
e serviços
A ampliação dos sistemas originalmente implantados, levando-se em conta, também, a demanda por novos serviços de valor agregado que eram oferecidos pelas operadoras aos usuários. O maior desafio da Ericsson foi adaptar-se rapidamente a uma economia em fase de ajustamento, sendo que nas atividades de fornecimento de equipamentos para as operadoras de telecomunicações, a internacionalização da economia brasileira deixou de ser apenas uma questão estratégica para se tornar uma realidade. A abertura econômica, a redefinição do papel do Estado na economia, com a consequente flexibilização dos monopólios, e a estabilização alcançada pelo Plano Real, acabaram por colocar à mostra os desequilíbrios e os desajustes até então encobertos por anos de inflação alta.
A partir de 1995, a Ericsson passou por período de
transformações e ajustes. Visando à redução de seus custos, a empresa prosseguiu com o programa contínuo de racionalização da estrutura organizacional, e logo de início pôde desfrutar da consolidação de uma economia moderna e competitiva, mostrando-se apta para enfrentar este cenário e manter, no país, a mesma significativa participação que detinha no mercado mundial.
Manteve-se afinada e à frente das positivas transformações que
a comunicação sem fio certamente trazia ao país, dedicando esforços para apoiar tecnologicamente as operadoras de telecomunicações para assegurar-lhes padrões de qualidade e serviços compatíveis aos melhores do mundo. A venda e entrega de softwares de serviços mais flexíveis e personalizados foi outro passo importante para a consolidação da sua presença no mercado.
Os negócios aumentaram significativamente e as vendas
muitas vezes ultrapassaram em 100% as previsões iniciais com novos contratos, como a instalação de 850.000 assinantes celulares, o equivalente a aproximadamente 50% das vendas totais do Brasil. Esse crescimento expressivo de sua participação no mercado de telefonia celular fez a Ericsson saltar, em um ano, de 26% para 36% da base instalada, o equivalente a 1,5 milhão de assinantes. Esse crescimento deveu-se, entre outros fatores que seria repetitivo elencar aqui, ao fornecimento de equipamentos e à boa prestação de serviços aos clientes. Em meados dos anos 1990, havia 30 operadoras nacionais de telefonia celular, sendo que 22 optavam pelos sistemas Ericsson.

E mais, metade desses contratos eram fechados com o objetivo
de expandir as redes e aumentar o número de assinantes. O ritmo de negócios acelerou, assim como os canais, cujo número de instalações/ mês chegou a quadruplicar.
DEMAND BOOM, EXPANSION OF PRODUCTS AND SERVICES The explosive demand for mobile telephone services required expanding the originally deployed systems, which also included a demand for new value-added services once provided by telephone carriers to their users. The greatest challenge faced by Ericsson was to rapidly respond to an adjusting economy; however, with respect to activities involving the delivery of equipment for telecommunications carriers, the process of making our local economy international was no longer a strategic issue but became reality. The economic opening, the redesigning of the role played by the State in economy – which resulted in making monopolies more resilient – and the economic balance achieved with Plano Real, ended up by unfolding the instability and misalignment masked by years of high inflation rates. As of 1995, Ericsson went through a period of changes and adjustments. Aiming at reducing costs, the Company proceeded with its ongoing Organizational Structure Rationalization Program; upfront, the Company enjoyed the benefits provided by a modern, competitive, consolidated economy and showed it was ready to face the scenario, while keeping in Brazil the same significant share it held in the global market. The company remained tuned and ahead of those positive changes the wireless technology would provide for the country, putting efforts to technologically support the telecommunications carriers in order to ensure them service quality standards in line with the best ones available worldwide. Selling and delivering more flexible and customized service software features as another key step towards consolidating the Company’s presence in the market. Businesses increased significantly and for many times sales exceeded by 100% upfront estimates due to new contracts signed, such as the one for the deployment of 850,000 mobile telephone subscribers, an amount equivalent to 50% of total sales in Brazil. This significant mobile telephone market share increase enabled Ericsson to take only one year to jump from 26% to 36% of its installed base, an amount equivalent to 1.5 million subscribers. Among other factors that would be repetitious to list here, we could regard the above mentioned growth to the supply of equipment and the rendering of quality services to customers. In the mid 1990’s, there were 30 domestic mobile telephone carriers, among which 22 running on Ericsson systems. What’s more, half of those deals were closed to expand networks and increase the number of subscribers. Businesses were being run at a faster pace, as well as channels, whose number of installations per month achieved a fourfold increase.
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67
A
Londrina saiu na frente e, numa decisão pioneira, adquiriu os sistemas
de telefonia digital celular, baseado na tecnologia TDMA da Ericsson,
o primeiro sistema de telefonia celular digital do Brasil. A cidade
paranaense multiplicou sua capacidade e ainda agregou inúmeros
outros serviços.
A Ericsson também investiu na criação de uma nova unidade
dentro da área de telecomunicações móveis para dar suporte às operadoras atuantes na época. Forneceu os recursos técnicos necessários, além do produto e da infraestrutura; e prestou serviços de consultoria e planejamento para a implementação e deu suporte nos primeiros anos de operação do sistema.
Com relação às telecomunicações fixas, os negócios
contratados superavam as expectativas e os pedidos de centrais digitais se multiplicaram, destacando-se as demandas da Telesp por equipamentos e serviços fechados para implementar a expansão da cidade de São Paulo.
Além dos serviços de tráfego de voz, a Ericsson também se
voltou e ganhou novos mercados de telecomunicações que englobavam tráfego de dados. O grande e vitorioso desafio foi vencer a concorrência da Telebahia para o fornecimento de um sistema de distribuição de canais de TV por cabo para Salvador. Mas o ritmo acelerado das demandas e necessidades do mercado de telecomunicações no país exigiu também mudança de perfil da área de produção, que se adequou às exigências dos clientes e reduziu o prazo de cumprimento dos contratos.
Essa atenção e foco nos negócios resultaram em parcerias
para o fornecimento de produtos e serviços. Os principais consórcios privados optaram pela tecnologia digital TDMA, confirmando o relevante diferencial competitivo da Ericsson. Nos seus 74 anos de Brasil, foi na década de 1990 que a empresa pode aferir e prever o crescimento do mercado brasileiro de telecomunicações, atingindo marcas nunca antes conquistadas.
Uma estratégia fundamental nesse processo foi o investimento
maciço
no segmento de serviços a partir do final dos anos 1990, que
coincidiu com as medidas de privatização do setor. A nova configuração produziu nas operadoras uma demanda cada vez maior por parcerias que dessem conta não apenas do fornecimento de equipamentos, mas também dos procedimentos envolvidos na sua viabilização, permitindo que se fizessem aptas a sobreviver num ambiente de extrema competitividade. A companhia voltou-se, assim, para a prestação de serviços para clientes empresariais, acrescentando aos seus produtos benefícios como consultoria tecnológica, integração de sistemas, planejamento e gerenciamento de redes, entre outros valores agregados. Essa frente de atuação atendeu perfeitamente aos interesses do mercado e experimentou ascensão meteórica, respondendo na atualidade por mais da metade (55%) da receita de negócios da Ericsson no país.
Sercomtel features as another achievement already mentioned earlier. The Londrina telephone carrier took the forefront and after a pioneer decision acquired Ericssson’s TDMA technology-based digital mobile telephony systems, the first digital mobile telephone system ever deployed in Brazil. The Paraná state city expanded its capacity, as well as added many other services to its portfolio. Ericsson also invested in the creation of a new unit within the mobile telecommunications area to support all telephone carriers active by that time. In thinking about that, the Company provided all required technical resources, besides the product and the infrastructure; it also provided consulting and planning services for the implementation phase and support over the first years the system started running. With respect to fixed telecommunications, deals closed exceeded expectations, and the number of orders made by digital exchanges multiplied; as a highlight, we can cite the demands from Telesp for equipment and closed services designed to implement its Expansion Plan in São Paulo. In addition to the voice traffic services, Ericsson also entered new telecommunications markets that encompassed data streaming services. The greatest challenge was to beat the competition from Telebahia regarding the delivery of a cable TV channel distribution system for the city of Salvador. However, the fast pace of telecommunications market’s demands and needs also required a shift in the production floor’s profile, who adjusted themselves to comply with customer requirements and shortened the time to fulfill contracts. By focusing on businesses, new partnerships were established to provide products and services. The major private consortia made their choice for the TDMA digital technology, thus acknowledging Ericsson’s relevant competitive differential. Over its 74 years of operations in Brazil, it was only in the 1990’s that the Company managed to measure and foresees the Brazilian telecommunications market’s growth, when it boasted results never achieved before. A key strategy within this process was the huge investment made in services by the late 1990’s, which occurred concurrently to privatization measures taken for this industry. This new scenario urged the telephone carriers to look more intensively for new partnerships that could handle not only the supply of equipment, but also the provision of procedures designed to make it available, thus enabling them to survive on a wild competitive environment. Hence, the Company started focusing on providing services to business customers by enriching its products with such benefits as technology consultancy, systems integration, network design and management, among other value-added solutions. This initiative seamlessly met the interests of market and saw a meteoric rising; currently, it accounts for half (55%) of Ericsson’s sales income in Brazil.
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68
Fusões e aquisições: a
criação da Sony Ericsson
As transformações sociais e econômicas intensificadas nas
últimas décadas justificaram a aceleração dos processos de aquisições e fusões que vinham ocorrendo nos diversos setores da economia. As principais causas podem ser atribuídas às inovações tecnológicas nos sistemas de informação e comunicação e à liberalização dos mercados, que permitiram a interligação dos mercados financeiros em tempo real e a descentralização das atividades produtivas das empresas, potencializando sua diversificação e expansão e gerando vantagens competitivas. Por outro lado, os rápidos avanços no processamento de dados e na tecnologia de telecomunicações resultaram em integração e internacionalização mundial sem precedentes. Assim, imensos conglomerados uniram-se, adotando estratégias globais de concorrência na sua atuação empresarial que se reverteram em benefícios ao mercado.
Com o objetivo de fabricar aparelhos de telefone celular e
acessórios, em outubro de 2001 foi criada a Sony Ericsson, por meio de uma joint venture entre Sony Corporation, e Telefonaktiebolaget L. M. Ericsson, e, a partir desse momento, ambas interromperam a produção de seus próprios aparelhos celulares. O principal objetivo do negócio foi somar a excelência da Sony no mercado de bens de consumo eletrônicos à liderança tecnológica da Ericsson no setor de telecomunicações, e em março de 2002 foi lançado o primeiro produto da nova empresa.
Em 2012, de comum acordo, as empresas encerraram o
negócio, com a aquisição, pela Sony Corporation de 50% das ações da Sony Ericsson Mobile Communications, que pertencia à Ericsson, tornando-se a única proprietária da divisão de celulares. A transação incluiu um acordo de licenciamento cruzado abrangendo todos os produtos e serviços da Sony, inclusive as patentes relacionadas à tecnologia sem fio, o que favoreceu também à Ericsson, então focada na produção e venda de dispositivos com conectividade sem fio.
INTELIGÊNCIA QUE VEIO PARA FICAR
A fabricação de telefones inteligentes, ou seja, com funções que vão além do simples envio e recebimento de ligações, remete a uma história curiosa em que a Ericsson se destaca como pioneira ao apresentar ao mercado o lendário Ericsson R380, o primeiro celular a ser comercializado com a denominação “smartphone”, amplamente difundida nos dias atuais. O conceito de telefone inteligente já havia sido apresentado à Apple e, do ponto de vista técnico, o primeiro smartphone criado foi o IBM Simon, no início da década de 1990, mas sua introdução no dia a dia das pessoas somente ocorreu de fato em 2000, com o lançamento pela Ericsson do aparelho que custava cerca de US$ 700 e, apesar de todas as funções a mais, era bastante leve e tinha tamanho compatível com o dos telefones móveis tradicionais.
INTELLIGENCE THAT’S HERE TO STAY The manufacturing of smart telephones whose functions go beyond just making or receiving calls reminds us of a funny story that features Ericsson as a pioneer for introducing the legendary Ericsson R380 into the market, the first mobile telephone ever sold under the label “smartphone” which is so widely known these days. The concept of smart telephone had already been introduced to Apple and, from a technical stand point, the first smartphone ever created was the IBM Simon in the early 1990’s, but it just became part of people’s every day in the year 2000, when Ericsson released a device costing about US$ 700; despite its added features, the device was pretty light and suitably sized to match traditional mobile telephones. Ericsson’s renowned know-how acquired was expanded during its partnership with Sony and even after the end of the agreement the Company remains active in the modem industry, a motherboard used on state-of-the-art smartphones.
MERGERS AND ACQUISITIONS: THE BIRTH OF SONY ERICSSON The growing social and economic changes seen over the last decades justify the speeding up of merger and acquisition processes already performed by diverse economy sectors. The main reasons can be attributed to technology innovations made to information and communication systems and the liberalization of markets; this enabled a real time interconnection of financial markets and a decentralization of corporate productive activities, thus leveraging their diversification and expansion, while generating competitive advantages. On the other hand, rapid advances in data processing and telecommunications technology resulted in a never-seen-before world integration and internationalization. So, huge conglomerates merged themselves and adopted global competition strategies on their business activities, which eventually turned into market benefits. Aiming at manufacturing mobile telephone devices and accessories, in October 2001 Sony Ericsson was created through a joint venture between Sony Corporation and Telefonaktiebolaget L.M. Ericsson; as of this time both companies stopped producing their own branded mobile devices. The deal was mainly intended to combine Sony’s excellence in consumer electronic goods with Ericsson’s technology leadership in the telecommunications industry, and in March 2002 the new company released its first product. In 2012, under a common agreement, both companies closed their business, with Sony Corporation purchasing 50% of shares Sony Ericsson Mobile Communications, formerly owned by Ericsson, thus becoming the main and only mobile telephone division owner. The deal included a cross-licensing agreement covering all Sony products and services, including wireless technology related patents; this was also beneficial to Ericsson, which until then had its focus on the production and sale of wireless connectivity devices.
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2000: conquistas do
novo milênio
Entre outras conquistas, merece destaque o fato de a Brasil
Telecom, em 2004, ter escolhido a Ericsson para gerir o GSM no Brasil, em função de seu objetivo de ser a primeira operadora completa no país, oferecendo serviços de telefonia fixa e móvel e de internet, e o acordo com a multinacional sueca permitiria à Brasil Telecom alcançar melhorias de eficiência e redução de custos operacionais. O contrato perdurou por cinco anos.
Assim, a Ericsson, já responsável pela gerência da rede
de telefonia fixa da operadora brasileira desde 2002, assumiu a responsabilidade total na operação, manutenção e otimização da rede GSM da Brasil Telecom também no Rio Grande do Sul.
OTHER ACHIEVEMENTS OVER THE DECADE Among other achievements, it is worth mentioning that in 2004 Brasil Telecom chose Ericsson to manage its GSM in Brazil due to the Company’s desire of becoming the first wholly-contained telephone carrier in Brazil, providing Internet and both fixed and mobile telephony services; the agreement signed with the Sweden multinational company would enable Brasil Telecom to achieve improved efficiencies and reduced operating costs. The contract expired after five years. Ericsson, which was already responsible for managing the Brazilian carrier telephony network since 2002, took over the whole operation, maintenance and optimization of Brasil Telecom’s GSM network, including in Rio Grande do Sul.
Fábrica da Ericsson no Brasil, localizada na cidade de São José dos Campos, Estado de São Paulo, década de 2000
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70
O MUNDO SE CONECTOU
E MUDOU
Nos dias atuais, tecnologias como banda larga, mobilidade e processamento em nuvem são protagonistas de uma revolução sem precedentes. A conexão em tempo real não apenas aproxima as pessoas, como também faz repensar modelos estabelecidos de aprendizagem e desenvolvimento, o que, por sua vez, tem impacto direto sobre a condução de alguns dos maiores desafios do planeta nas áreas de meio ambiente, educação e saúde.
E é no próprio dia a dia do cidadão comum que as mudanças
podem ser sentidas. Em São Paulo, por exemplo, uma parceria
ativada em 2010 entre o Instituto do Coração – InCor, do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, e o Centro de Inovação da Ericsson América Latina
e Caribe desenvolveu um aplicativo Android que permite
substituir um formulário de saúde familiar que levava até 60
dias para ser processado. Já em Curitiba, Paraná, os usuários
de transporte público contam com um sistema de passagem
eletrônica que também fornece informações atualizadas a
cada segundo sobre diversos serviços via conexão a uma
banda larga móvel de alta velocidade.
THE WORLD WENT ON-LINE AND HAS CHANGED
Today, technologies such as broad band, mobility and cloud processing are key players
in an unprecedented revolution. Real time connection not only gets people closer to
each other, but also makes us rethink our long established learning and development
models, which in turn has a direct impact on the way we face some of the planet’s hugest
challenges in terms of environment, learning, and health issues.
Indeed, these changes become more visible in everyday life of common people. In São
Paulo, for example, a partnership established in 2010 between InCor (the Heart Institute),
Hospital das Clínicas (supported by the Medical School of Universidade de São Paulo)
and Ericsson Latin America and the Caribbean’s Innovation Center developed an Android
application that enabled replacing a Family Health Form that used to take up to 60 days
to be processed. In Curitiba, Paraná, the users of public transportation services count
on an electronic ticket system that provide on-the-minute updated information on diverse
services via high speed mobile broad band connection.
No entanto, mesmo com baixo crescimento nos primeiros anos
do negócio, a Ericsson brasileira
assegurou contratos de serviços para
gerenciamento da Telefônica e da Telemar, entre outros, ampliando a área de serviços da empresa e aumentando sua participação no faturamento. Ainda no âmbito dos negócios com a Brasil Telecom, uma acirrada concorrência foi vencida pela Ericsson, em 2008, resultando na entrada da Brasil Telecom na era 3G. Para implantação da infraestrutura dessa tecnologia na rede de telefonia móvel celular da operadora, a Ericsson ficou responsável pelo fornecimento de toda a rede e por 80% dos equipamentos da rede de acesso nos Estados de Goiás, do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.
A Ericsson de São José dos Campos já produzia estações
radiobase para as tecnologias 3G e 4G, tendo capacidade instalada correspondente a praticamente metade da que existia no país. Detendo uma fatia de 60% do mercado mundial para equipamentos de tecnologia LTE, a Ericsson ampliou a capacidade de produção da fábrica em 2011, de modo a assegurar o atendimento eficiente, no Brasil e na região, devido à crescente procura pela 4G, a telefonia móvel de quarta geração. Além de estar apta a atender à demanda de produtos, até porque, as operadoras buscam integração com as antenas existentes com 3G, em função da sinergia existente entre ambas.
However, even showing low growth over the first years of business, Ericsson Brazil ensured service agreements aimed at managing Telefônica and Telemar, among others, thus expanding the Company’s coverage and increasing its share in sales income. Also, regarding deals made with Brasil Telecom, a fierce competition was won in 2008 by Ericsson and Chinese ZTE, which enabled Brasil Telecom to enter the 3G era. In order to deploy this technology’s infrastructure across the carrier’s mobile telephone network, Ericsson was assigned the task of supplying the whole network and 80% of equipment for the access network in the states of Goiás, Paraná, Santa Catarina, and Rio Grande do Sul, besides the Federal District. Ericsson São José dos Campos was already producing Base Radio Stations for 3G and 4G technologies, and had an installed capacity equivalent to virtually half of the one then in place in Brazil. With a 60% share of the world’s LTE technology equipment market, in 2011 Ericsson expanded its plant production capacity to ensure efficient customer services, both in Brazil and in that particular area, due to the growing demand for 4G - the fourth generation mobile broadband. Considering that carriers look for an integration of current antennas and 3G technology due to the synergy between them, the Company is able to meet the demand for new products.
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71
Conectar pessoas,
empresas e a sociedade
Se no início das operações, a Ericsson produzia basicamente
aparelhos telefônicos, hoje, ao comemorar 90 anos de Brasil, seu portfólio é bem mais diversificado e complexo. Nesse sentido, desde 2011 a Ericsson fez vultuosos investimentos para produzir de equipamentos de transmissão, de comutação e soluções baseadas nas tecnologias 2G, 3G e 4G, destacando que foram os primeiros equipamentos para redes 4G na América Latina.
Os esforços incluíram também a criação de um novo Centro
de Desenvolvimento de Tecnologias de Informação, Comunicação e Multimídia, em São José dos Campos, onde está localizada a fábrica da empresa. Com isso, a Ericsson ampliou sua capacidade de produção e disponibilizou no mercado nova linha de módulos eletrônicos para Estações Radiobase 2G, 3G e 4G. Logo em seguida, iniciou a produção de equipamentos seguindo o padrão global para a quarta geração de telefonia móvel (4G/LTE).
O fato é que as pessoas querem cada vez mais navegar na
internet, acessar redes sociais
e usar aplicativos em seus celulares e,
com isso, os dispositivos passam a ter maior volume de funcionalidades – tirar fotos e transmitir vídeos de alta qualidade; funcionar como meios de pagamento ou meios para receber informações médicas, por exemplo. O efeito direto é que isso eleva o volume de dados trafegados e a necessidade de aumentar a capacidade das redes, o que demanda mais e mais investimentos.
Como resultado, há um grande empenho das empresas em
oferecer produtos e serviços que ajudem a melhorar a qualidade das redes e ampliar a oferta de banda larga no Brasil. Nesse sentido, a Ericsson tem feito seu dever de casa ao investir maciçamente na produção, entrega e implementação de equipamentos e tecnologias de ponta, tendo como um dos símbolos do seu pioneirismo o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, localizado em Indaiatuba, em São Paulo.
Em âmbito internacional, a Ericsson tem 50% do mercado 4G/
LTE – as redes comerciais LTE fornecidas pela Ericsson em todo o mundo cobrem 200 milhões de pessoas – e mira esse número também no Brasil, que em 2012 respondia por 40% da receita obtida com o fornecimento de equipamentos e serviços de telecomunicações na América Latina.
A empresa prevê altos investimentos até 2020, em todo o mundo
e em especial no Brasil, estando incluídos desde eletrodomésticos até casas e automóveis conectados, que integrarão projetos desenvolvidos pela Ericsson com soluções máquina a máquina, conectando pessoas, dispositivos e sistemas.
CONNECTING PEOPLE, BUSINESSES, AND THE SOCIETY While in the very beginning of its operations Ericsson used to basically produce telephone devices, today, as it celebrates its 90th anniversary in Brazil, the Company’s portfolio is rather diversified and complex. Since 2011, Ericsson has made huge investments to start delivering transmission and switching products, as well as solutions based on 2G, 3G, and 4G technologies, and it is worth mentioning that these were the first equipment for 4G networks in Latin America.
Efforts also included the creation of a new Information, Communication, and Multimedia Technology Development Center in São José dos Campos, where the Company’s plant is located. This way, Ericsson expanded its production capacity and provided the market with a new range of electronic modules for 2G, 3G, and 4G Base Radio Stations. Shortly after, it started producing equipment compliant with the fourth generation of mobile broad band (4G/LTE). In fact, people are more and more eager to surf the Web, access social media, and use apps on their mobile devices; this requires devices to have more features - from taking photos to streaming high quality videos; serving as means of payment or repository of medical information, for example. As a direct effect, this increases the volume of data transmitted and the need for providing more powerful networks, which in turn demands higher investments. As a result, companies are working hard to provide products and services that help improving the quality of networks and expand the offering of broad band solutions in Brazil. In this connection, Ericsson has done its part by hugely investing in the production, delivery, and implementation of leading-edge equipment and technologies, boasting as a symbol of its pioneer entrepreneurship the Research, Development, and Innovation Center headquartered in the city of Indaiatuba, São Paulo. Nationwide, Ericsson holds a 60% 4G/LTE market share – LTE commercial networks provided by Ericsson worldwide reach 200 million people – and aims at achieving these figures also in Brazil, which in 2012 accounted for 40% of the income generated by the supply of equipment and rendering of telecommunications services in Latin America. The Company expects to make huge investments until 2020 on both a worldwide basis and especially in Brazil, which includes from home appliances to houses and connected cars; these would be part of projects developed by Ericsson with machine-to-machine solutions designed to connect people, devices, and systems. More than a concept, the Connected Society is a perspective based on which Ericsson works tirelessly as global leader to deliver communication technologies and services. Its mission is to foster technology development in order to ensure social advances, while facing new sustainability challenges with efficient and groundbreaking solutions made available in real time to help improve everyone’s lives, today and in the future.
Mais do que um conceito, a Sociedade Conectada é
uma perspectiva com a qual a Ericsson trabalha constantemente enquanto líder mundial no fornecimento de tecnologias e serviços de comunicação. Sua missão é incentivar o desenvolvimento tecnológico para garantir avanços sociais e, ao mesmo tempo, enfrentar os novos desafios de sustentabilidade, com soluções eficientes e inovadoras disponibilizadas em tempo real que ajudam a melhorar a vida de todos, agora e no futuro.
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expediente
Organização: Agência Netza
Redação de texto: Heloisa Cavalcanti
Pesquisa histórica e iconográfica: Tempo & Memória
Projeto Gráfico: Fernanda Pieroni
Editoração e Design: João Paulo Vanigli
Tradução: BTS Traduções
Impressão e acabamento: Makrokolor Gráfica e Editora LTDA
© 2014 Ericsson
 
DIREITOS RESERVADOS: dos textos, das fotografias e das reproduções fotográficas aos respectivos autores; do anúncio da Ao Telephone de Ouro, representante
de produtos Ericsson, publicado no Almank Administrativo e Industrial, Rio de Janeiro a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; sobre o conjunto desta edição a Ericsson do Brasil, não sendo permitida a reprodução parcial ou total deste livro, por quaisquer meios, de acordo com a Lei de Direitos Autorais nº 9.610/98.
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expediente
Organização: Agência Netza
Coordenação: Leandro Baghdadi
Redação de texto: Heloisa Cavalcanti
Pesquisa histórica e iconográfica: Tempo & Memória
Projeto Gráfico: Fernanda Pieroni
Editoração e Design: João Paulo Vanigli
Tradução: BTS Traduções
Impressão e acabamento: Makrokolor Gráfica e Editora LTDA
© 2014 Ericsson
 
DIREITOS RESERVADOS: dos textos, das fotografias e das reproduções fotográficas aos respectivos autores; do anúncio da Ao Telephone de Ouro, representante
de produtos Ericsson, publicado no Almank Administrativo e Industrial, Rio de Janeiro a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; sobre o conjunto desta edição a Ericsson do Brasil, não sendo permitida a reprodução parcial ou total deste livro, por quaisquer meios, de acordo com a Lei de Direitos Autorais nº 9.610/98.
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