Fichamento 1 - COMPREENDER O TRABALHO PARA TRANSFORMÁ-LO (Cap 1 a 3).pptx

AlessandraCarvalhode5 16 views 25 slides Sep 17, 2025
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Fichamento ergonomia


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COMPREENDER O TRABALHO PARA TRANSFORMÁ-LO F. Guérin et. al Capítulos 1 a 3

Ação ergonômica e análise do trabalho A complexidade de um objeto para um dado indivíduo depende da maneira pela qual este interage com ele. Usando uma forma mais poética, pode-se dizer que a complexidade reside no olho do observador. A ação ergonômica tem dois objetivos principais: conceber situações de trabalho que não alterem a saúde dos operadores, permitindo que exerçam suas competências tanto individual quanto coletivamente; e alcançar os objetivos econômicos determinados pela empresa. Estes objetivos podem ser complementares, desde que se aplique um procedimento que considere as interações entre a lógica social e a lógica da produção. Capítulo 1:

O Problema da Concepção Tradicional Existem muitas situações de adaptação, transformação ou concepção de sistemas de produção em que a predominância dos aspectos financeiros, técnicos ou organizacionais não favorece a reflexão sobre o lugar incontornável do homem no sistema de produção. Na maior parte dos casos, o orçamento do investimento já está decidido, os objetivos de produção esboçados, as principais escolhas tecnológicas feitas, e as opções para compra de máquinas definidas. O grupo de projeto elabora hipóteses sobre os fluxos de produção e realiza o estudo de implantação das máquinas antes de pensar no trabalho dos assalariados. 1 Orçamento e Objetivos O orçamento do investimento está decidido e os objetivos quantitativos e qualitativos de produção já estão esboçados. 2 Escolhas Tecnológicas As principais escolhas tecnológicas já foram feitas e opções para a compra das máquinas definidas com base em memoriais descritivos muitas vezes sumários. 3 Fluxos e Espaços O grupo de projeto elabora hipóteses sobre os fluxos de produção e realiza o estudo de implantação das máquinas e de distribuição do espaço. 4 Organização As principais escolhas em matéria de organização são decididas para atingir o conjunto dos objetivos, sem considerar o trabalho humano.

Consequências da Lógica Incompleta O plano do processo de produção já elaborado engendra um conjunto de fatores que determina em grande parte o modo como o trabalho será realizado, tornando-o fortemente dependente. Só então as questões relativas aos trabalhadores são colocadas: de quem e quantos dispomos? Estão disponíveis na empresa ou devem ser contratados? Qual é a sua idade e estado de saúde? É fácil perceber que técnicas, como a organização do trabalho, terão de empregar procedimentos visando dar coerência a um sistema cuja concepção ficou incompleta. Os responsáveis pelos recursos humanos tentarão adaptar os "meios" humanos às características técnicas e organizacionais do sistema de produção. Concepção Técnica Sistema projetado sem considerar o fator humano Adaptação Humana Tentativa de encaixar pessoas no sistema já definido Problemas Operacionais Surgimento de dificuldades, acidentes e ineficiências Culpabilização Responsabilização dos trabalhadores pelos problemas

Limitações da Lógica Tradicional Essa lógica de concepção tende a ignorar a especificidade do funcionamento humano. Por isso, ela conduz a frequentes desilusões no início das operações numa indústria, às vezes com consequências graves. É mais fácil responsabilizar os trabalhadores do que os métodos de gestão, de concepção ou de escolha técnica. Essa lógica se expressa em noções como a de erro humano, atribuindo precipitadamente a responsabilidade de um incidente de produção ou de um acidente material aos próprios trabalhadores. Ela minimiza a influência dos meios de trabalho cuja concepção não leva suficientemente em conta as especificidades de funcionamento do operador humano. Variabilidade Ignorada Deixa pouco lugar à variabilidade da produção: duração das séries, não-cumprimento do planejamento, mudanças de componentes, variações na qualidade da matéria-prima. Rigidez Organizacional Subestima a influência da rigidez da organização do trabalho ou dos constrangimentos de tempo, as consequências de certos tipos de organização sobre a saúde. Cooperação Negligenciada Ignora as contradições entre estruturas organizacionais rígidas e a necessidade de uma cooperação eficaz entre os trabalhadores, especialmente em situações degradadas de produção. Formação Inadequada Não dá a devida atenção ao conteúdo de formações às vezes mal adaptadas às situações com as quais os trabalhadores serão confrontados.

Casos Reais de Problemas de Concepção Uma estamparia antiga, com população essencialmente feminina, realizou melhorias para reduzir o ruído. Durante um fim de semana, sem avisar a operadora, a direção fez um enclausuramento na máquina. Na segunda-feira, a operadora perdeu um dedo no primeiro movimento da prensa. O ruído foi considerado apenas em suas características físicas, ignorando a natureza do trabalho e os índices perceptivos necessários. Em uma empresa agroalimentar, a compra de uma linha de desossamento vertical para grandes bovinos visava aumentar a produtividade e melhorar as condições de trabalho. Porém, meses depois, houve aumento de problemas lombares. Embora a manipulação dos quartos de carne tenha sido atenuada, novos constrangimentos posturais surgiram devido à concepção inadequada dos postos. Estamparia Enclausuramento da máquina para reduzir ruído resultou em acidente com perda de dedo por eliminar sinais sonoros importantes Desossamento Nova linha vertical criou problemas lombares por ignorar necessidades posturais e variabilidade do tamanho dos animais Salgação Investimento em novas técnicas sem considerar conhecimentos prévios dos trabalhadores resultou em baixa produtividade e defeitos Empresa Química Centralização do controle ignorou necessidade de comunicação entre operadores de área e sala de controle

O Desconhecimento da Atividade Real Muitas disfunções constatadas na produção de uma empresa ou de um serviço, e numerosas consequências para a saúde dos trabalhadores, têm sua origem no desconhecimento do trabalho, ou, mais precisamente, no que chamamos atividade de trabalho dos operadores. Com muita frequência, são negligenciadas as informações que eles procuram ou detectam em seu ambiente, a maneira como tratam essas informações em função de sua formação e experiência, os raciocínios que fazem para decidir ações, e os gestos, esforços e posturas que adotam para agir sobre as ferramentas e o ambiente. Raciocínios e Decisões Processos cognitivos para resolver problemas Tratamento de Informações Interpretação baseada em experiência Busca de Informações Detecção de sinais relevantes Ações Físicas Gestos, esforços e posturas

Representações Errôneas do Trabalho Os exemplos anteriores evidenciam construções e manifestações de "representações" errôneas do trabalho real dos operadores. A representação que os responsáveis pelo projeto têm do trabalho leva-os frequentemente a minimizar a variabilidade dos sistemas técnicos e a complexidade dos serviços, dando a impressão de que essa variabilidade é totalmente previsível e controlável. Na realidade, os trabalhadores são implicitamente considerados como "meios de trabalho", adaptáveis aos constrangimentos decorrentes de escolhas técnicas e organizacionais. Presume-se que sua idade e sexo não importam, que funcionam de maneira constante, e que não correm riscos desde que respeitem as normas de segurança. Trabalhador como máquina Visão do humano como componente técnico adaptável Procedimentos rígidos Expectativa de seguir regras estritas independente do contexto Desempenho constante Suposição de funcionamento sem variações ou fadiga Aprendizado instantâneo Expectativa de adaptação imediata a novas tarefas

A Análise Ergonômica como Solução A análise do trabalho permitirá "corrigir" essas "representações redutoras" do homem. Só procedendo dessa forma é que a ação poderá ter uma boa probabilidade de eficácia, embora a análise ergonômica por si só não permita definir os novos meios de trabalho, pois ela se inscreve num projeto submetido a seus próprios constrangimentos econômicos, técnicos e sociais. A ação ergonômica não consiste unicamente em aplicar métodos, realizar medidas, fazer observações ou conduzir entrevistas. Ela deve ajustar seus métodos ao contexto e inscrever as possibilidades de transformações do trabalho num processo de elaboração do qual participem os diferentes atores envolvidos, com seus pontos de vista e interesses próprios. Análise Detalhada Compreensão profunda da atividade real de trabalho e seus determinantes Participação Múltipla Envolvimento de todos os atores: direção, trabalhadores, representantes, médicos, RH Compromisso Negociado Busca de soluções que equilibrem diferentes pontos de vista e interesses Transformação Efetiva Implementação de mudanças que respeitem tanto a produção quanto o bem-estar

Trabalho, Tarefa , Atividade Na física ocorre que, quando se muda de ponto de vista, as leis parecem diferentes: um deslocamento do quadro de referência pode levar a um deslocamento dos conceitos, um deslocamento em nossos modos de perceber as causas e os efeitos. A ergonomia, construída a partir dos radicais ergon (trabalho) e nomos (regras), designa uma ciência do trabalho que busca definir suas regras. Porém, o campo que essa definição cobre é habitualmente muito impreciso, como demonstram as diferentes percepções sobre o que faz um ergonomista. Para muitas pessoas, a ergonomia está relacionada ao conforto proporcionado por objetos modificados, como "cabos ergonômicos" ou "cadeiras ergonômicas". Já para ergonomistas da escola franco-belga, a atividade de trabalho é o cerne de seu interesse. Capítulo 2:

A Diferença Entre Trabalho, Tarefa e Atividade A palavra "trabalho" abrange várias realidades, sendo utilizada para designar as condições de trabalho, o resultado do trabalho ou a própria atividade de trabalho. Estas três realidades não existem independentemente umas das outras - o trabalho é a unidade dessas três dimensões. Tarefa É um resultado antecipado, fixado dentro de condições determinadas. Representa o trabalho prescrito pela empresa ao operador, sendo exterior a ele. A tarefa determina e constrange a atividade, mas também é um quadro indispensável para que o operador possa operar. Atividade de Trabalho É a realização da tarefa, representando o trabalho real. Consiste na estratégia de adaptação do trabalhador à situação real de trabalho. A distância entre o prescrito e o real manifesta a contradição sempre presente no ato de trabalho. Trabalho É a unidade da atividade de trabalho, das condições reais e dos resultados efetivos dessa atividade. Engloba tanto o que é prescrito quanto o que é realizado, bem como as condições e resultados desse processo.

A Dimensão Pessoal e Socioeconômica do Trabalho Todo trabalho apresenta um caráter duplo: pessoal e socioeconômico. A dimensão pessoal se expressa nas estratégias usadas pelos operadores para realizar sua tarefa, enquanto a dimensão socioeconômica resulta da inserção do trabalho numa organização social e econômica da produção. Reconhecimento social Valor econômico e utilidade social Condições sociais de produção Organização, sistemas e dispositivos técnicos Dimensão pessoal Estratégias, experiência e identidade A dimensão pessoal do trabalho se manifesta quando o trabalhador deixa sua marca no resultado, mesmo em produções aparentemente padronizadas. Isso é fundamental para o significado da atividade e para a construção da personalidade e socialização do indivíduo. Já a dimensão socioeconômica transforma a atividade humana em atividade de trabalho, inserindo-a numa rede de cooperações. O resultado da atividade é social porque resulta da atividade coordenada de vários operadores e é reconhecido economicamente quando pode ser vendido no mercado.

A Função Integradora da Atividade de Trabalho A atividade de trabalho é o elemento central que organiza e estrutura os componentes da situação de trabalho. É uma resposta aos constrangimentos determinados exteriormente ao trabalhador, e ao mesmo tempo é capaz de transformá-los, estabelecendo uma interdependência entre esses componentes. Trabalhador Com suas características específicas: idade, sexo, experiência, formação, saúde Atividade Maneira como o trabalhador alcança os objetivos designados Empresa Com suas regras, contexto e condições de realização do trabalho Resultados Produção quantitativa e qualitativa, consequências para o trabalhador O trabalhador estabelece um compromisso entre a definição dos objetivos de produção, suas características próprias e sua capacidade de atingir esses objetivos, considerando as condições disponibilizadas pela empresa. Os resultados dessa atividade relacionam-se tanto com a produção quanto com as consequências para os trabalhadores. A atividade depende das características próprias do operador, mas também age sobre estas, de forma negativa ou positiva. Entre os determinantes da atividade, distinguem-se fatores internos (próprios de cada trabalhador) e fatores externos (que descrevem a situação na qual se exerce a atividade).

A Abordagem Ergonômica e os Pontos de Vista sobre o Trabalho A abordagem ergonômica se distingue por colocar a atividade de trabalho como centro de sua análise. Enquanto outras abordagens podem reduzir o trabalho a apenas um de seus componentes, a ergonomia busca compreender o trabalho de maneira global, articulando a atividade com todos os elementos que a determinam. Ponto de vista dos resultados Foco nos indicadores financeiros, comerciais, de produção e qualidade. É a visão dos departamentos administrativo, financeiro, comercial e de gestão da produção. Ponto de vista das condições de produção Considera o funcionamento a partir do emprego dos meios de produção. É a perspectiva dos departamentos técnicos, de manutenção e de organização. Ponto de vista da atividade de trabalho Centra-se na maneira como os operadores efetivamente realizam o trabalho. Este ponto de vista não se traduz de forma estruturada na empresa. Confrontação dos pontos de vista A ergonomia busca promover a confrontação desses diferentes pontos de vista para uma compreensão global do trabalho. Na empresa, esses pontos de vista se confrontam e disso resulta a evolução das situações de trabalho. A ausência ou enfraquecimento de qualquer um deles se traduz num déficit de conhecimento da dimensão correspondente nas situações de trabalho, levando a decisões prejudiciais ao conjunto da empresa.

A Leitura do Funcionamento da Empresa do Ponto de Vista da Atividade O que interessa ao ergonomista não é a atividade de trabalho por si só, mas compreendê-la melhor para permitir a transformação do trabalho. Isso implica frequentemente em acesso a uma leitura crítica do funcionamento da empresa a partir da atividade real dos trabalhadores. Observação da atividade real Análise de como os trabalhadores efetivamente realizam suas tarefas, identificando estratégias e dificuldades. Articulação com o funcionamento da empresa Relacionamento entre a atividade observada e os determinantes organizacionais, técnicos e comerciais. Identificação de margens de manobra Descoberta de possibilidades de ação para transformar as situações problemáticas. Confrontação e debate Promoção do diálogo entre diferentes atores da empresa para construir soluções. Essa leitura específica interroga as que são realizadas a partir dos outros pontos de vista presentes na empresa. Trata-se de um processo que põe em relação os componentes da atividade com aquilo que a condiciona e determina no funcionamento da empresa. Em termos de método, é uma abordagem teórica e prática que permite um contínuo ir e vir entre a atividade de trabalho e o conjunto de seus determinantes, revelando progressivamente o funcionamento da empresa em tudo que é útil à sua compreensão do ponto de vista da atividade.

Construindo a Ação Ergonômica do Ponto de Vista do Trabalho A ação ergonômica se desenvolve em três grandes etapas: a instrução da demanda, a formulação do diagnóstico e o memorial descritivo das transformações. Em cada etapa, busca-se constituir o ponto de vista da atividade, identificar a diversidade dos pontos de vista sobre o trabalho e favorecer sua confrontação. Instrução da Demanda Define o objeto da ação ergonômica reformulando os problemas a partir da atividade de trabalho. Identifica os pontos de articulação da atividade com outros domínios do funcionamento da empresa e implanta condições para confrontação dos pontos de vista. Formulação do Diagnóstico Produz conhecimentos sobre a atividade de trabalho, realiza uma leitura do funcionamento da empresa do ponto de vista da atividade e promove o debate sobre as representações da empresa a partir do trabalho. Memorial Descritivo das Transformações Enriquece o memorial descritivo das transformações necessárias, considera o trabalho como variável estratégica nos processos de decisão e amplia as margens de manobra para negociação de compromissos. A prática ergonômica só se justifica quando visa à transformação das situações de trabalho. No entanto, não são os ergonomistas que transformam as situações, mas sim os parceiros sociais. O papel do ergonomista é contribuir com conhecimentos específicos sobre a atividade para enriquecer o processo de transformação. A eficácia da ação ergonômica depende da sua capacidade de promover uma real confrontação entre os diferentes pontos de vista, ampliando as margens de manobra dos parceiros sociais e alimentando a negociação dos compromissos necessários.

A Transformação das Situações de Trabalho A transformação das condições de trabalho é responsabilidade dos parceiros sociais. Na empresa, as mudanças resultam do jogo contraditório de interesses e relações de poder entre seus integrantes. É precisamente para que a ação ergonômica possa levar a transformações efetivas que ela deve ser expressamente exigida pelos parceiros sociais. Análise da atividade Compreensão do trabalho real e seus determinantes Confrontação de perspectivas Diálogo entre diferentes atores da organização Transformação das situações Implementação de mudanças baseadas no conhecimento da atividade Além dos resultados que respondem à demanda inicial, a ação ergonômica visa efeitos a longo prazo. Se a ação ergonômica não permitir uma inflexão nos processos de decisão, concepção e negociação, é provável que as evoluções futuras se façam sem levar suficientemente em conta o trabalho dos operadores. A contribuição do ergonomista na confrontação dos pontos de vista, sempre relativa ao trabalho concreto, deve permitir a ampliação das margens de manobra dos parceiros sociais e alimentar a negociação dos compromissos necessários. Trata-se da redefinição dos objetivos e dos meios de ação relativos aos investimentos, à gestão dos recursos humanos e à organização - nisso reside o que está verdadeiramente em jogo, social e economicamente, na ação ergonômica.

Bases para uma Prática A atividade de um operador, num dado momento, é o resultado de um compromisso complexo levando em consideração numerosos fatores externos e internos. Os fatores externos incluem os objetivos determinados pela empresa e os meios postos à sua disposição. Os fatores internos abrangem as propriedades do organismo humano, os saberes adquiridos e a personalidade do operador. Para atingir os objetivos fixados, o operador elabora estratégias originais que são objeto de constantes ajustes. Esta obra propõe métodos de análise do modo como a atividade se constrói em relação a esses diferentes fatores, permitindo compreender as consequências sobre a saúde e a produção. Capítulo 3:

Variabilidade na Empresa e Constrangimentos Temporais Variabilidade Normal Decorre do próprio tipo de trabalho efetuado, como as variações sazonais no volume da produção ou a diversidade dos modelos de produtos. Variabilidade Incidental Inclui eventos como uma peça mal lixada, uma ferramenta quebrada ou um dossiê incompleto, que impactam o fluxo de trabalho. Constrangimentos Temporais Resultam de normas de produção, limitações temporais, acontecimentos não-controlados e colaboração com outras pessoas. O objetivo do estudo da variabilidade não é suprimi-la, mas compreender como os operadores enfrentam a diversidade de situações e quais as consequências para sua saúde e para a produção. A análise permite delinear a parte de variabilidade aleatória redutível e a variabilidade controlada a considerar na organização do trabalho.

Diversidade e Variabilidade dos Indivíduos Diversidade Interindividual O "trabalhador médio" não existe. Cada pessoa tem características físicas diferentes e sua própria história e experiência. O mesmo posto ocupado por duas pessoas diferentes apresentará duas situações de trabalho específicas. Variações Intra-individuais Ocorrem em escala diária (ritmos biológicos, fadiga), semanal e trimestral (acumulação de fadiga) e ao longo dos anos (envelhecimento). Não é o "mesmo homem" ou a "mesma mulher" que executa o trabalho conforme as horas do dia. Após os 35 anos, as funções biomecânicas, cardiovasculares, pulmonares e musculares sofrem redução de capacidade. Os órgãos sensoriais perdem poder discriminativo e o sono fica mais vulnerável. Essas transformações são acentuadas pelas condições de trabalho, mas podem ser compensadas pela experiência.

A Construção dos Modos Operatórios Objetivos Gerais, intermediários e pessoais Níveis de organização Esquemas, planejamento e intenções Memória e experiência Curto e longo prazo, saberes adquiridos Representação da situação Construção contextual e adaptativa A atividade de um operador é organizada em função de diferentes objetivos. Conforme a situação, a margem de manobra disponível para atingir os objetivos é maior ou menor. Em quase todos os casos, observam-se tentativas de antecipar eventos e planejar o desenvolvimento posterior da atividade. A construção dos modos operatórios recorre a uma combinação de diferentes níveis de organização da atividade humana, baseando-se em esquemas integrados e num planejamento de conjunto ligado às intenções do operador.

Memória, Representação e Aprendizagem Exploração perceptiva Busca seletiva de informações em função das atividades em curso Mobilização de saberes Ativação de conhecimentos armazenados na memória de longo prazo Construção da representação Interpretação da situação atual com base em experiências anteriores Elaboração de ações Desenvolvimento de estratégias adaptadas aos objetivos e contexto A memória humana inclui três modalidades: o registro da informação sensorial, a memória de curto prazo (limitada) e a memória de longo prazo (capacidade "ilimitada"). A representação que um operador faz de uma situação inclui o conhecimento dos objetivos, a consideração das variáveis significativas, a previsão da evolução dessas variáveis e a preparação para a ação seguinte.

As Dimensões Coletivas da Atividade Cooperação Explícita Realização conjunta de uma mesma tarefa, como duas auxiliares de enfermagem que se juntam para levantar um doente. Os envolvidos obtêm informação do desenrolar da ação dos outros para ajustar seus modos operatórios em tempo real. Aspectos Coletivos nos Resultados Como numa linha de produção, onde o produto passa sucessivamente pelas mãos de vários trabalhadores. A informação circula na forma de anotações ou sinalizações específicas. Atividade Simultânea com Objetivos Diferentes Trabalhadores de diferentes ofícios atuando num mesmo espaço, exigindo gestão das interferências que se combina com as tarefas principais. Atividades de Regulação Estrutural A atividade de certas pessoas tem papel organizador em relação à atividade de outros operadores, como contramestres ou operadores que abastecem postos.

"Erro Humano" ou Falha na Representação? Informação insuficiente Sobre o estado da instalação Afluxo de acontecimentos imprevistos Em períodos já sobrecarregados Insistência num pré-diagnóstico falso Que guia a busca de informações Representações incompatíveis Entre diferentes interlocutores Em vez de "erro humano", é melhor falar em falha: foi impossível para os operadores fazerem uma representação da situação atual que permitisse decidir a conduta a seguir, sob os constrangimentos do momento. As análises de acidentes indicam fatores frequentes na origem dessas falhas, como informação insuficiente, sobrecarga de eventos e variações do estado do organismo.

Relações entre Atividade, Desempenho e Saúde O estado de saúde de um trabalhador não é independente de sua atividade profissional. Os modos operatórios adotados são o resultado de um compromisso que leva em conta os objetivos exigidos, os meios de trabalho, os resultados produzidos e o estado interno do trabalhador . A noção de "carga de trabalho" pode ser interpretada a partir da compreensão da margem de manobra da qual dispõe um operador para elaborar modos operatórios que atinjam os objetivos exigidos sem efeitos desfavoráveis sobre seu próprio estado. O aumento da carga se traduz por uma diminuição do número de modos operatórios possíveis . Quando a margem de manobra é ampla (sem constrangimentos), o trabalhador consegue desenvolver estratégias variadas para atingir os objetivos, preservando sua saúde. À medida que os constrangimentos aumentam, as possibilidades de regulação diminuem progressivamente, forçando o trabalhador a adotar modos operatórios que podem comprometer seu bem-estar físico e mental. Em situações de sobrecarga, a margem de manobra torna-se extremamente reduzida, obrigando o trabalhador a escolher entre: Privilegiar o desempenho em detrimento da saúde Preservar a saúde, comprometendo o alcance dos objetivos Buscar um compromisso parcialmente satisfatório em ambas dimensões Os efeitos da atividade sobre a saúde não são imediatos nem facilmente identificáveis. Podem manifestar-se no curto prazo (fadiga, dores musculares) ou a longo prazo (doenças ocupacionais, esgotamento profissional). A ergonomia busca justamente ampliar essa margem de manobra, concebendo situações de trabalho que permitam conciliar desempenho e saúde .
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