FONÉTICA X FONOLOGIA
Raquel Santana Santos
Paulo Chagas de Souza
Fonética
•Trabalha com os sons propriamente ditos
•Com sua produção, percepção, e com os
aspectos físicos envolvidos em sua
produção.
•A fonologia, por sua vez, opera com a
função e organização desses sons em
sistemas. Assim sendo, discute, por
exemplo, a produção de sons como o 's',
o 'm' e o 'r'.
•Todavia, há a possibilidade que, em algumas
sílabas, a formação da sílaba respeite a
sequência desses sons no início de uma mesma
sílaba (em serbo-croata, por exemplo, smrad
'fedor'), enquanto em outras línguas essa
seqüência é evitada (em português, por
exemplo, em que não há três sons consonantais
seguidos em uma mesma sílaba.) Logo, a
fonologia estuda tais diferenças combinatórias.
Aspectos segmentais e supra-
segmentais
•Os estudos fonológicos enfatizaram, inicialmente, o
caráter segmental da fonologia, isto é, a sequência de
sons discretos, segmentáveis, divisíveis, cujas
propriedades são atribuídas a cada segmento. Acima
desse nível segmental, há o nível supra-segmental que
tem valores relativos, não absolutos. Exemplo: Ele
comeu bolo?, há a seqüência de sons e-l-e ...
•Cada um desses sons pode ser descrito: a produção da
vogal e é realizada com a boca meio fechada, os lábios
estendidos etc. Acima desse segmento, e, se
estendendo por eles, estão a entonação e a acentuação.
Entonação e Acentuação
•A entonação é estendida por toda a sentença e não por
apenas um segmento;
•a acentuação é a responsável pelo ritmo, alternando,
dessa forma, sílabas fracas e sílabas fortes, ainda que
não seja possível definir o que seja 'forte', por oposição
ao 'fraco'.
•Exemplo: cavaleiro, ca e lei são sílabas mais fortes por
comparação com as sílabas va e ro.
•A acentuação tem valores relativos (sua descrição
depende da comparação entre sílabas, ao contrário dos
segmentos, que têm valor absoluto, descrevem-se os
segmentos sem levar em conta os segmentos
seguintes.)
Fones
•Os autores concentram-se, nesta
unidade, no segmento. A unidade de
análise, neste caso, é o som discreto e
concreto. Como diretivo entende-se
segmentável, divisível. Exemplo: a palavra
'pata', é possível distinguir a produção de
quatro sons - p-a-t-a-. Por concreto,
entende-se a realização concreta,
material de um segmento, que pode ser
medido fisicamente.
•Tais segmentos, denominados fones, são
unidades constituintes da linguagem humana.
Caracterizam-se por ser as mínimas unidades
discretas constituintes do sistema linguístico e
organizar-se linearmente nas diversas línguas.
Os fones são formados por traços que se
combinam. Nesse sentido, se por um lado, no
nível dos fones são possíveis duas operações,
ou seja, a segmentação e a substituição; por
outro, no nível dos traços, apenas a substituição
é possível.
Mecanismos de produção de segmentos
consonantais e vocálicos
•Segundo os autores, a primeira distinção
que se faz dos sons produzidos e que
podem ser utilizados nas línguas é entre
consoantes e vogais. Dessa forma, do
ponto de vista da articulação, a diferença
entre consoantes e vogais é que
enquanto para as consoantes o ar é
obstruído de alguma maneira, para as
vogais a passagem do ar é livre.
Consoantes
•São classificadas pelo lugar ou ponto da
obstrução do ar, pelo modo como o ar é
obstruído e pela vibração das cordas vocais.
•bilabial: os sons são produzidos pelo
fechamento ou estreitamento do espaço entre
os lábios. Exemplo: pata, bata, mata.
•labiodental: os sons são produzidos pela
obstrução parcial da corrente de ar entre o lábio
inferior e os dentes superiores. Exemplo: faca,
vaca.
•dental: os sons são produzidos com a
ponta da língua contra a parte de trás
dos dentes superiores ou com a ponta
da língua entre os dentes. Exemplo: the
( do inglês).
•alveolar: os sons consonantais são
produzidos com a ponta ou a lâmina da
língua contra a arcada alveolar.
Exemplo: data, Lara.
•palato-alveolar: os sons são também
conhecidos como pós-alveolares ou
alvéolo-palatais, pois são produzidos com
a lâmina da língua contra a parte anterior
do palato duro, logo após os alvéolos.
Exemplo: chave, jaca, e do dialeto
carioca: tia, dia.
•retroflexa: os sons são produzidos pela
ponta da língua levantada e voltada para
trás, de modo que a parte de baixo da
língua (sub-lâmina) fique voltada em
direção ao palato duro. Exemplo: par em
"caipira".
•palatal: o som é produzido com o centro
da língua contra o palato duro. Exemplo:
calha, sanha.
•velar: o som é produzido pelo dorso da
língua contra o véu palatino. Exemplo:
cata, gata.
•uvular: o som é produzido pelo dorso da
língua contra o véu palatino e a úvula.
Exemplo: orra (de orra, meu) produzido
em algumas regiões paulistas.
•faringal: os sons são produzidos pela raiz da
língua contra a grade posterior da faringe
(assemelha-se ao som grave produzido ao
limparmos a garganta). Tais sons não são tão
comuns nas línguas. Um exemplo de língua
que se utiliza dos sons faringais é o árabe.
Exemplo: ewada 'oásis' e damaeman 'banho'.
•glotal: os sons são produzidos pelas cordas
vocais. Exemplo: o 'r' produzido pelo falante
de Belo Horizonte para carro e rua.
Modos de articulação (8):
•oclusivo: o som é produzido pelo fechamento completo
dos articuladores na cavidade oral de modo que o ar
não possa escapar. O véu palatino também se encontra
levantado, de modo que o ar não pode escapar pela
cavidade nasal. Quando os articuladores se abrem, a
corrente de ar sai com o numa explosão. Exemplo: cata,
gaba.
•nasal: nos sons nasais, os articuladores da cavidade
oral estão fechados, impedindo a passagem de ar.
Todavia, o véu palatino está abaixado, permitindo, dessa
forma, que o ar escape pela cavidade nasal. Exemplo:
manhã, Ana.