FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO MÉTODO FÔNICO.pdf

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FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO MÉTODO FÔNICO E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO EM TURMAS MULTISSERIADAS, INCLUSIVAS E TÍPICAS.

Simone Helen Drumond Ischkanian
Gladys Nogueira Cabral
Sandro Garabed Ischkanian
Nívea Maria Costa Vieira
Fabiane Bandeira Vieira
Silvana Nascimento de Ca...


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FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO MÉTODO FÔNICO E
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO EM
TURMAS MULTISSERIADAS, INCLUSIVAS E TÍPICAS.

Simone Helen Drumond Ischkanian
Gladys Nogueira Cabral
Sandro Garabed Ischkanian
Nívea Maria Costa Vieira
Fabiane Bandeira Vieira
Silvana Nascimento de Carvalho
Regina Daucia de Oliveira Braga
Idênis Glória Belchior
Eliana Drumond de Carvalho Silva
Rosimery Mendes Rodrigues
Gabriel Nascimento de Carvalho




O método fônico constitui uma abordagem de alfabetização centrada na consciência fonológica,
permitindo que crianças reconheçam e manipulem os sons da língua escrita para decodificação e
produção textual. Fundamenta-se em princípios cognitivos que envolvem memória de trabalho,
percepção auditiva e processamento fonológico, elementos essenciais para o desenvolvimento da
leitura e da escrita (Ferreiro & Teberosky, 1985, 1986; Indri et al., 2007; Paula et al., 2005).
Pesquisas indicam que a intervenção fonológica estruturada pode beneficiar significativamente
alunos com dificuldades de aprendizagem, dislexia ou transtornos fonológicos, promovendo a
aquisição de habilidades metalinguísticas e o domínio do sistema ortográfico (Salgado &
Capellini, 2004, 2008; Queiroga et al., 2005).Em turmas multisseriadas, inclusivas e típicas, a
implementação do método fônico exige estratégias pedagógicas diferenciadas, como a
segmentação das atividades em pequenos grupos, a adaptação dos materiais e a utilização de
recursos lúdicos e multisensoriais. O ensino deve considerar as inteligências múltiplas (Gardner,
1983) e respeitar os princípios construtivistas, incentivando a autonomia, a experimentação e a
aprendizagem colaborativa (Freinet, 1949; Malaguzzi, 1993; Montessori, 1949). A inclusão
escolar demanda ainda atenção individualizada, monitoramento contínuo do progresso e
intervenção precoce para garantir que todos os alunos, independentemente de suas habilidades,
possam desenvolver competência leitora e escritora (Kamps et al., 2008; Lovaas, 1987; Schopler
et al., 1978). O contexto legal e pedagógico brasileiro orienta a prática alfabetizadora por meio
da LDBEN (Lei 9.394/96) e de documentos de referência sobre letramento na infância, que
enfatizam a necessidade de uma alfabetização significativa, crítica e contextualizada (Brasil,
2005, 2014). A articulação entre fundamentos teóricos, evidências empíricas e metodologias
ativas permite que professores planejem sequências didáticas progressivas, promovam a leitura
compartilhada e desenvolvam a consciência fonológica de maneira sistemática. O método fônico,
quando aliado a estratégias pedagógicas adaptadas à diversidade da sala de aula, favorece a
alfabetização eficiente, inclusiva e significativa, consolidando a base cognitiva necessária para o
letramento pleno.
Palavra-chave: Consciência fonológica; método fônico; alfabetização inclusiva; turmas
multisseriadas.

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COGNITIVE FOUNDATIONS OF THE PHONICS METHOD AND
PEDAGOGICAL STRATEGIES FOR ITS IMPLEMENTATION IN
MULTI-GRADE, INCLUSIVE, AND TYPICAL CLASSROOMS.

Simone Helen Drumond Ischkanian
Gladys Nogueira Cabral
Sandro Garabed Ischkanian
Nívea Maria Costa Vieira
Fabiane Bandeira Vieira
Silvana Nascimento de Carvalho
Regina Daucia de Oliveira Braga
Idênis Glória Belchior
Eliana Drumond de Carvalho Silva
Rosimery Mendes Rodrigues
Gabriel Nascimento de Carvalho




The phonics method is a literacy approach centered on phonological awareness, enabling
children to recognize and manipulate the sounds of written language for decoding and text
production. It is based on cognitive principles involving working memory, auditory perception,
and phonological processing-essential elements for the development of reading and writing skills
(Ferreiro & Teberosky, 1985, 1986; Indri et al., 2007; Paula et al., 2005). Research indicates that
structured phonological intervention can significantly benefit students with learning difficulties,
dyslexia, or phonological disorders, promoting the acquisition of metalinguistic skills and
mastery of the orthographic system (Salgado & Capellini, 2004, 2008; Queiroga et al., 2005). In
multi-grade, inclusive, and typical classrooms, implementing the phonics method requires
differentiated pedagogical strategies, such as dividing activities into small groups, adapting
materials, and using playful and multisensory resources. Teaching should consider multiple
intelligences (Gardner, 1983) and respect constructivist principles, encouraging autonomy,
experimentation, and collaborative learning (Freinet, 1949; Malaguzzi, 1993; Montessori, 1949).
Inclusive education also demands individualized attention, continuous monitoring of progress,
and early intervention to ensure that all students, regardless of their abilities, can develop reading
and writing competence (Kamps et al., 2008; Lovaas, 1987; Schopler et al., 1978). The Brazilian
legal and pedagogical context guides literacy practices through LDBEN (Law 9.394/96) and
reference documents on early childhood literacy, emphasizing the need for meaningful, critical,
and contextualized literacy (Brazil, 2005, 2014). The integration of theoretical foundations,
empirical evidence, and active methodologies enables teachers to plan progressive instructional
sequences, promote shared reading, and systematically develop phonological awareness. Thus,
the phonics method, when combined with pedagogical strategies adapted to classroom diversity,
supports efficient, inclusive, and meaningful literacy, consolidating the cognitive foundation
necessary for full literacy.
Keywords: Phonological awareness; phonics method; inclusive literacy; multi-grade classrooms.

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FUNDAMENTOS COGNITIVOS DEL MÉTODO FÓNICO Y
ESTRATEGIAS PEDAGÓGICAS PA RA SU IMPLEMENTACIÓN EN
AULAS MULTIGRADO, INCLUSIVAS Y TÍPICAS.

Simone Helen Drumond Ischkanian
Gladys Nogueira Cabral
Sandro Garabed Ischkanian
Nívea Maria Costa Vieira
Fabiane Bandeira Vieira
Silvana Nascimento de Carvalho
Regina Daucia de Oliveira Braga
Idênis Glória Belchior
Eliana Drumond de Carvalho Silva
Rosimery Mendes Rodrigues
Gabriel Nascimento de Carvalho




El método fónico constituye un enfoque de alfabetización centrado en la conciencia fonológica, que
permite a los niños reconocer y manipular los sonidos del lenguaje escrito para la decodificación y
producción de textos. Se fundamenta en principios cognitivos que involucran la memoria de trabajo,
la percepción auditiva y el procesamiento fonológico, elementos esenciales para el desarrollo de la
lectura y la escritura (Ferreiro & Teberosky, 1985, 1986; Indri et al., 2007; Paula et al., 2005). Las
investigaciones indican que la intervención fonológica estructurada puede beneficiar
significativamente a los estudiantes con dificultades de aprendizaje, dislexia o trastornos fonológicos,
promoviendo la adquisición de habilidades metalingüísticas y el dominio del sistema ortográfico
(Salgado & Capellini, 2004, 2008; Queiroga et al., 2005). En aulas multigrado, inclusivas y típicas, la
implementación del método fónico requiere estrategias pedagógicas diferenciadas, como la
segmentación de actividades en grupos pequeños, la adaptación de materiales y el uso de recursos
lúdicos y multisensoriales. La enseñanza debe considerar las inteligencias múltiples (Gardner, 1983)
y respetar los principios constructivistas, fomentando la autonomía, la experimentación y el
aprendizaje colaborativo (Freinet, 1949; Malaguzzi, 1993; Montessori, 1949). La inclusión escolar
también demanda atención individualizada, monitoreo continuo del progreso e intervención temprana
para garantizar que todos los estudiantes, independientemente de sus habilidades, puedan desarrollar
competencias lectoras y escritoras (Kamps et al., 2008; Lovaas, 1987; Schopler et al., 1978). El
contexto legal y pedagógico brasileño orienta la práctica alfabetizadora a través de la LDBEN (Ley
9.394/96) y de documentos de referencia sobre alfabetización en la infancia, que enfatizan la
necesidad de una alfabetización significativa, crítica y contextualizada (Brasil, 2005, 2014). La
articulación entre fundamentos teóricos, evidencias empíricas y metodologías activas permite a los
docentes planificar secuencias didácticas progresivas, promover la lectura compartida y desarrollar la
conciencia fonológica de manera sistemática. Por lo tanto, el método fónico, cuando se combina con
estrategias pedagógicas adaptadas a la diversidad del aula, favorece una alfabetización eficiente,
inclusiva y significativa, consolidando la base cognitiva necesaria para el pleno desarrollo del
letramiento.
Palabras clave: Conciencia fonológica; método fónico; alfabetización inclusiva; aulas
multigrado.

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FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO MÉTODO FÔNICO E
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA SUA IMPLEMENTAÇÃO EM
TURMAS MULTISSERIADAS, INCLUSIVAS E TÍPICAS.

Simone Helen Drumond Ischkanian
Gladys Nogueira Cabral
Sandro Garabed Ischkanian
Nívea Maria Costa Vieira
Fabiane Bandeira Vieira
Silvana Nascimento de Carvalho
Regina Daucia de Oliveira Braga
Idênis Glória Belchior
Eliana Drumond de Carvalho Silva
Rosimery Mendes Rodrigues
Gabriel Nascimento de Carvalho




1. INTRODUÇÃO
A alfabetização vai muito além do simples ensino de letras e palavras; ela representa a
abertura de portas para o mundo, permitindo que cada criança compreenda, interprete e
transforme a realidade por meio da leitura e da escrita (Soares, 2021; Ferreiro & Teberosky,
1985, 1986). O método fônico se destaca como uma abordagem pedagógica poderosa, baseada
em fundamentos cognitivos que potencializam a consciência fonológica e promovem o
desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita desde os primeiros anos escolares (Indri,
Keske-Soares & Mota, 2007; Paula, Mota & Keske-Soares, 2005). Ao ensinar a relação entre
sons e grafemas, o método fortalece o processamento linguístico e contribui para a aquisição de
habilidades metalinguísticas essenciais, favorecendo o domínio do sistema ortográfico, o que é
especialmente relevante para alunos com dificuldades de aprendizagem, dislexia ou transtornos
fonológicos.
A implementação do método fônico em turmas multisseriadas, inclusivas e típicas exige
a utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas. Pesquisas demonstram que a segmentação
das atividades em pequenos grupos, a adaptação de materiais e o uso de recursos lúdicos e
multisensoriais favorecem a aprendizagem significativa (Kamps et al., 2008; Lovaas, 1987;
Schopler, Mesibov & Sherman, 1978). A consideração das inteligências múltiplas (Gardner,
1983) e a adoção de princípios construtivistas, como experimentação, autonomia e aprendizagem

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colaborativa, permitem que os alunos participem ativamente do processo de alfabetização,
promovendo inclusão e engajamento (Freinet, 1949; Malaguzzi, 1993; Montessori, 1949).
O contexto legal e pedagógico brasileiro reforça a importância dessa abordagem. A
LDBEN (Lei 9.394/96) e documentos oficiais sobre letramento na infância enfatizam a
necessidade de uma alfabetização crítica, contextualizada e significativa, que respeite a
diversidade dos estudantes e contribua para o desenvolvimento integral das crianças (Brasil,
2005, 2014). A articulação entre teoria, pesquisa empírica e metodologias ativas possibilita a
construção de sequências didáticas progressivas, a promoção da leitura compartilhada e o
desenvolvimento sistemático da consciência fonológica, consolidando a base cognitiva
necessária para o letramento pleno.
Compreender os fundamentos cognitivos do método fônico e suas estratégias de
implementação transcende a simples técnica pedagógica. O método fônico, ao articular os sons
da língua às letras correspondentes, atua diretamente sobre a consciência fonológica, que é a
capacidade de identificar, segmentar e manipular os sons da fala para compreender a escrita
(Ferreiro & Teberosky, 1985, 1986; Indri, Keske-Soares & Mota, 2007). Essa relação entre
fonemas e grafemas não apenas fortalece a decodificação das palavras, mas também favorece o
desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, essenciais para a aprendizagem da leitura e da
escrita. A partir dessa perspectiva cognitiva, a alfabetização deixa de ser uma mera memorização
de símbolos e torna-se um processo de construção ativa de significado, promovendo a autonomia
intelectual e a capacidade crítica do estudante.
O papel da memória de trabalho e do processamento auditivo é fundamental para o
sucesso do método fônico, especialmente nos primeiros anos escolares (Salgado & Capellini,
2004, 2008; Queiroga, Borba & Vogley, 2005). Estudos apontam que a habilidade de manter
informações fonológicas em memória de trabalho permite que a criança estabeleça padrões de
correspondência entre sons e letras, facilitando a decodificação e a escrita de palavras complexas
(Santos & Siqueira, 2002; Paula, Mota & Keske-Soares, 2005). Além disso, a intervenção
estruturada em consciência fonológica mostra-se particularmente eficaz para alunos com
dificuldades de aprendizagem, dislexia ou transtornos fonológicos, garantindo que barreiras
cognitivas e linguísticas sejam superadas por meio de atividades sistemáticas e progressivas.
A implementação do método fônico em turmas multisseriadas e inclusivas apresenta
desafios singulares que exigem planejamento pedagógico cuidadoso (Soares, 2020; Cossio,
2006). A diversidade de níveis de aprendizagem, idades e habilidades exige estratégias como a
segmentação de atividades em pequenos grupos, o uso de materiais adaptados e recursos
multisensoriais, e a integração de jogos e atividades lúdicas que estimulem a participação de
todos os alunos (Kamps et al., 2008; Lovaas, 1987). Essa abordagem não apenas favorece a

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aprendizagem individualizada, mas também promove o engajamento coletivo, criando ambientes
de sala de aula mais inclusivos, colaborativos e motivadores.
O método fônico também se beneficia da aplicação das teorias de inteligências múltiplas
e do construtivismo, que reconhecem a diversidade de formas de aprendizagem entre os alunos
(Gardner, 1983; Freinet, 1949; Malaguzzi, 1993; Montessori, 1949). A partir dessas abordagens,
os professores são incentivados a propor atividades que considerem diferentes estilos cognitivos,
incluindo estímulos visuais, auditivos e cinestésicos, promovendo a participação ativa, a
experimentação e a autonomia do estudante. Esse cuidado pedagógico contribui para que cada
criança tenha oportunidades reais de consolidar habilidades de leitura e escrita, respeitando seu
ritmo individual de aprendizagem e promovendo a equidade educacional.
A relevância do contexto legal e pedagógico brasileiro também não pode ser
subestimada (Soares, 2020; Cossio, 2006). A LDBEN (Lei 9.394/96) e os documentos de
referência sobre letramento na infância enfatizam que a alfabetização deve ser significativa,
crítica e contextualizada, garantindo que todos os alunos tenham acesso a uma educação que
respeite sua diversidade (Brasil, 2005, 2014). A articulação entre políticas educacionais, teoria
cognitiva e práticas pedagógicas permite que o professor planeje sequências didáticas coerentes,
organize atividades de leitura compartilhada e desenvolva progressivamente a consciência
fonológica dos alunos, fortalecendo a base para o letramento pleno.
Compreender e aplicar os fundamentos cognitivos do método fônico constitui um passo
estratégico para promover uma alfabetização inclusiva, significativa e transformadora (Soares,
2020; Cossio, 2006). Essa abordagem garante que alunos com diferentes habilidades, ritmos de
aprendizagem e contextos culturais tenham acesso a um ensino de qualidade, estimulando a
construção de competências críticas e reflexivas. Ao integrar teoria, evidência empírica e práticas
pedagógicas adaptadas à diversidade da sala de aula, o método fônico se apresenta como um
instrumento essencial para a formação de leitores e escritores competentes, capazes de
interpretar, produzir e transformar a realidade de maneira consciente e participativa, contribuindo
para a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e plenamente letrada.

2. DESENVOLVIMENTO
O método fônico é uma abordagem de alfabetização que se baseia na relação entre
fonemas (sons da língua) e grafemas (símbolos escritos), permitindo que a criança compreenda a
correspondência entre fala e escrita. Seu objetivo principal é desenvolver a consciência
fonológica, ou seja, a capacidade de perceber, segmentar e manipular os sons da língua,
promovendo habilidades essenciais para a leitura e a escrita. Ferreiro e Teberosky (1985, 1986)
destacam que essa relação entre fonemas e grafemas fortalece a decodificação das palavras e

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favorece o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, fundamentais para a aprendizagem
da leitura e da escrita.
Historicamente, o método fônico surgiu na Europa do século XIX como uma alternativa
aos métodos de memorização de palavras, que não levavam em consideração a relação entre sons
e letras. Pesquisadores como Soares (2017, 2020) apontam que, nos Estados Unidos, o método
fônico começou a se consolidar no início do século XX, sendo incorporado em programas de
alfabetização que buscavam sistematizar a aprendizagem da leitura e da escrita. Essa abordagem
se difundiu por sua eficácia em promover a compreensão textual e a capacidade de
decodificação, especialmente em crianças com dificuldades de aprendizagem.
A aplicação prática do método fônico envolve sequências didáticas estruturadas,
começando pelo ensino dos sons isolados, passando pela combinação de sons em sílabas e
palavras, até a leitura e escrita fluente. Paula, Mota e Keske-Soares (2005) defendem a utilização
de exercícios de segmentação e fusão de sons, leitura compartilhada, ditados fonéticos e
atividades lúdicas como estratégias pedagógicas. Salgado e Capellini (2008) destacam que a
adaptação de materiais e o uso de recursos multisensoriais são fundamentais para atender às
necessidades de turmas multisseriadas e inclusivas, garantindo atenção individualizada e
engajamento de todos os alunos.
No Brasil, o método fônico começou a ser mais sistematicamente estudado e aplicado a
partir das décadas de 1980 e 1990, especialmente com os estudos de Ferreiro e Teberosky sobre
psicogênese da língua escrita, que propuseram uma alfabetização baseada no desenvolvimento
cognitivo da criança. Mortatti (2019) ressalta que cartilhas históricas, como as produzidas no
período republicano, já traziam elementos fonéticos rudimentares, ao ensinar sílabas e palavras
por repetição. Essas cartilhas foram importantes para a construção de metodologias escolares que
evoluíram para abordagens fonéticas mais estruturadas.
A importância do método fônico também é reforçada pelo contexto legal e pedagógico
brasileiro. A LDBEN (Lei 9.394/96) e os documentos de referência sobre letramento na infância
(Brasil, 2005, 2014) enfatizam que a alfabetização deve ser significativa, contextualizada e
inclusiva. Cossio (2006) e Soares (2020) destacam que a articulação entre teoria, pesquisa
empírica e práticas pedagógicas permite aos professores planejar sequências didáticas coerentes,
promover leitura compartilhada e desenvolver sistematicamente a consciência fonológica dos
alunos, consolidando a base cognitiva necessária para o letramento pleno.
Hoje, o método fônico é reconhecido como uma das abordagens mais eficazes para
alfabetização, não apenas facilitando a aprendizagem da leitura e da escrita, mas também
promovendo inclusão e equidade. Ele se baseia na compreensão sistemática da relação entre
fonemas e grafemas, fortalecendo a consciência fonológica, habilidades metalinguísticas e o
domínio do sistema ortográfico, elementos essenciais para que os alunos se tornem leitores e

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escritores competentes. A integração dos conhecimentos de Ferreiro e Teberosky, Soares, Paula,
Mota e Keske-Soares, Salgado e Capellini, Cossio, Mortatti e Ischkanian (2018, 2019) permite
construir práticas pedagógicas que respeitem a diversidade da sala de aula e atendam às
diferentes necessidades cognitivas e linguísticas dos alunos, garantindo que todos desenvolvam
competências críticas, autonomia e participação social ativa.
A contribuição de Simone Ischkanian é particularmente relevante nesse contexto,
especialmente por sua proposta do método de portfólios, que consiste em organizar, registrar e
acompanhar sistematicamente o desenvolvimento das competências de leitura e escrita ao longo
do processo de alfabetização. Segundo Ischkanian (2018, 2019), os portfólios funcionam como
ferramentas avaliativas e pedagógicas, permitindo que o professor monitore o progresso
individual de cada aluno, identifique dificuldades específicas e planeje intervenções
direcionadas, fortalecendo a aprendizagem da consciência fonológica de maneira contínua e
personalizada.
Quando aplicado ao método fônico, o portfólio torna-se um instrumento estratégico para
organizar atividades fonéticas, registros de ditados, exercícios de segmentação e fusão de sons,
bem como produções textuais dos alunos. Essa abordagem permite que cada estudante visualize
seu próprio progresso, reflita sobre seus avanços e estabeleça metas de aprendizagem,
promovendo maior autonomia e responsabilidade sobre seu processo de alfabetização. O
portfólio oferece aos professores um panorama detalhado das habilidades de cada aluno,
auxiliando na adaptação das estratégias pedagógicas, na diversificação de materiais e no
planejamento de intervenções diferenciadas para turmas multisseriadas e inclusivas.
O portfólio favorece a comunicação entre escola, aluno e família. Ischkanian (2019)
ressalta que esse registro contínuo do desenvolvimento permite que os pais acompanhem de
perto a evolução da criança, compreendam suas dificuldades e conquistas, e participem
ativamente do processo educativo. No contexto do método fônico, isso se traduz em uma
abordagem colaborativa, na qual todos os envolvidos no processo de aprendizagem têm acesso a
informações concretas sobre o desempenho em consciência fonológica, decodificação e
produção textual.
A integração do portfólio com o método fônico também fortalece a aprendizagem
inclusiva. Ao registrar e analisar continuamente os avanços de cada aluno, o professor consegue
identificar aqueles que necessitam de atenção especial, planejar atividades de reforço e garantir
que todos participem de forma ativa, respeitando ritmos individuais e promovendo equidade
educacional. Esse acompanhamento contínuo é especialmente útil em turmas multisseriadas,
onde os níveis de desenvolvimento e alfabetização variam significativamente entre os estudantes.
Projetar o método de portfólios de Simone Ischkanian no contexto do método fônico
representa uma inovação pedagógica estratégica. Ele não apenas organiza o ensino da

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consciência fonológica e da leitura e escrita, mas também sistematiza a avaliação, favorece a
aprendizagem individualizada, fortalece a inclusão e cria uma cultura de reflexão e protagonismo
do aluno no processo de alfabetização.
O método fônico aliado aos portfólios transforma a alfabetização em uma prática
contínua, significativa e participativa, garantindo que todos os alunos se tornem leitores críticos,
autônomos e plenamente engajados com a linguagem escrita.
Howard Gardner (1983), ao propor a teoria das inteligências múltiplas, revolucionou a
forma de pensar a aprendizagem, reconhecendo que cada indivíduo possui diferentes formas de
processar informações e expressar conhecimentos. Essa abordagem amplia a compreensão de
que a alfabetização não deve se restringir ao desenvolvimento de habilidades linguísticas
tradicionais, mas considerar múltiplos canais cognitivos e formas de expressão. O método
fônico, centrado na consciência fonológica e na relação entre sons e grafemas, pode ser
potencializado quando aliado à perspectiva das inteligências múltiplas, permitindo que cada
criança aprenda de forma significativa e personalizada.
A integração do método fônico com o uso de portfólios, como proposto por Simone
Ischkanian (2018, 2019), oferece uma ferramenta pedagógica que combina registro sistemático,
avaliação contínua e reflexão sobre o progresso individual. Os portfólios permitem que os
professores monitorem o desenvolvimento da consciência fonológica de cada aluno,
identifiquem dificuldades específicas e planejem intervenções diferenciadas, respeitando os
diferentes perfis cognitivos e estilos de aprendizagem destacados por Gardner. Por exemplo,
alunos com inteligência musical podem se beneficiar de atividades que associem sons das letras
a ritmos e melodias, enquanto alunos com inteligência espacial podem trabalhar com letras e
palavras em mapas visuais ou jogos de construção.
No contexto multisseriado, inclusivo e típico, a combinação do método fônico com
portfólios favorece a segmentação de atividades em pequenos grupos, possibilitando que cada
criança receba atenção personalizada. Atividades lúdicas, como jogos de memória sonora,
canções fonéticas, dramatizações e oficinas de escrita criativa, permitem que os alunos explorem
diferentes inteligências enquanto consolidam a correspondência entre sons e grafemas. Além
disso, portfólios permitem a documentação desses processos, registrando produções escritas,
gravações de leituras em voz alta e registros fotográficos, servindo tanto para avaliação quanto
para planejamento pedagógico.
Evidências científicas reforçam a eficácia dessa abordagem. Estudos de Indri, Keske-
Soares e Mota (2007) indicam que a consciência fonológica está fortemente ligada à memória de
trabalho e à habilidade de decodificação de palavras, elementos fundamentais do método fônico.
Pesquisas de Paula, Mota e Keske-Soares (2005) e Salgado e Capellini (2004, 2008) mostram
que intervenções estruturadas e personalizadas em fonologia, aliadas a registros sistemáticos de

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desempenho, promovem avanços significativos em leitura e escrita, especialmente em alunos
com dificuldades ou necessidades especiais.
Do ponto de vista pedagógico, um exemplo de aplicação seria a criação de um portfólio
individual onde cada aluno registra semanalmente novas palavras aprendidas, associando-as a
imagens, sons ou canções. O professor pode utilizar essas informações para formar grupos de
intervenção fonológica de acordo com as dificuldades identificadas, propondo atividades que
dialoguem com as diferentes inteligências. Outra prática possível é a realização de apresentações
em que os alunos explicam suas descobertas sobre os sons das letras, combinando expressão
verbal, musical ou corporal, incentivando a aprendizagem colaborativa e significativa.
A combinação da teoria das inteligências múltiplas de Gardner com o método fônico e o
uso de portfólios representa uma estratégia pedagógica inovadora, inclusiva e cientificamente
fundamentada. Ela permite não apenas o desenvolvimento da consciência fonológica e
habilidades de leitura e escrita, mas também respeita a diversidade cognitiva e promove
autonomia, reflexão e engajamento ativo de todos os alunos na construção do conhecimento.

2.1. METODOLOGIA DA PESQUISA PARA DELINEAM ENTO DO ARTIGO
A presente pesquisa adota uma abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico e
documental, centrada na análise interpretativa dos discursos científicos sobre os fundamentos
cognitivos do método fônico e estratégias pedagógicas para sua implementação em turmas
multisseriadas, inclusivas e típicas. Essa escolha metodológica se fundamenta na compreensão
de que a educação é um campo complexo, marcado por múltiplas variáveis, contextos e práticas
que não podem ser completamente capturados apenas por dados numéricos (Creswell, 2021). O
enfoque qualitativo permite aprofundar a análise dos significados e sentidos atribuídos aos
processos de alfabetização, investigando como conceitos teóricos, evidências empíricas e
experiências pedagógicas interagem na construção do conhecimento sobre a alfabetização
fonética.
A perspectiva qualitativa possibilita examinar de forma detalhada como professores,
pesquisadores e formuladores de políticas públicas articulam fundamentos cognitivos, estratégias
didáticas e práticas inclusivas no cotidiano escolar (Creswell, 2021). Ao privilegiar a
interpretação da complexidade dos fenômenos educacionais, esta abordagem permite identificar
nuances, tensões e convergências nos discursos acadêmicos, oferecendo uma compreensão mais
rica e contextualizada das metodologias de alfabetização. Gil (2018) destaca que a pesquisa
qualitativa, ao focar em significados, experiências e processos, é especialmente indicada para
estudos em educação, pois possibilita captar a dimensão humana e social da aprendizagem,
compreendendo o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita em suas múltiplas
manifestações.

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A utilização do caráter bibliográfico e documental reforça ainda mais a adequação da
abordagem qualitativa, pois permite acessar uma ampla gama de fontes, incluindo livros, artigos
científicos, dissertações, cartilhas históricas e documentos oficiais, como a LDBEN (Lei
9.394/96) e diretrizes do Ministério da Educação. Essa combinação possibilita não apenas a
construção de um referencial teórico robusto, mas também a análise crítica da evolução histórica
do método fônico, das práticas pedagógicas e das estratégias inclusivas aplicadas em contextos
multisseriados, típicos e diversificados.
A pesquisa se propõe a articular teoria, prática e evidência empírica de maneira
sistemática, oferecendo subsídios para reflexões e propostas pedagógicas mais eficazes e
contextualizadas.
Ao adotar essa abordagem, o estudo não se limita à descrição ou catalogação de
métodos e estratégias; ele busca interpretar como os fundamentos cognitivos do método fônico
são mobilizados e aplicados na prática escolar, considerando diferentes ritmos de aprendizagem,
perfis cognitivos e necessidades educacionais especiais. Essa perspectiva interpretativa permite
compreender não apenas “o que” é feito na alfabetização, mas “como” e “por que” determinadas
escolhas pedagógicas são realizadas, revelando a complexidade intrínseca ao processo de ensino-
aprendizagem.
A pesquisa bibliográfica, segundo Vergara (2014), consiste em reunir, sistematizar e
analisar a produção científica existente sobre um tema específico. Nesse sentido, foram
exploradas obras já publicadas, como artigos científicos, livros, dissertações e documentos
eletrônicos. A bibliografia consultada fornece a base para a construção do referencial teórico e
para o desenvolvimento das análises propostas, permitindo conhecer o estado da arte e identificar
lacunas no campo da alfabetização fonética (Richardson, 1999; Severino, 2016).
A pesquisa caracteriza-se como documental, ao incluir materiais acessados em bases
digitais e científicas que apresentam dados relevantes para a reflexão sobre o objeto de estudo.
Foram selecionadas obras disponíveis em livros, revistas, jornais e plataformas como CAPES,
Scopus, Web of Science, SciELO, Academia Edu e Google Acadêmico. A seleção considerou
critérios de atualidade, pertinência temática e rigor acadêmico, garantindo consistência teórica e
relevância dos dados analisados, conforme recomendam Lakatos e Marconi (2010) e Quivy e
Campenhoudt (2008).
O processo de coleta de dados iniciou-se com o levantamento das palavras-chave mais
recorrentes na literatura, como consciência fonológica, método fônico, alfabetização inclusiva e
turmas multisseriadas (Creswell, 2021). Esse levantamento permitiu mapear artigos que abordam
a temática sob diferentes perspectivas, proporcionando um olhar plural e crítico sobre o campo.
Em seguida, realizou-se a leitura exploratória dos títulos e resumos, a fim de filtrar textos mais

13
aderentes aos objetivos da pesquisa, respeitando critérios de relevância, qualidade e diversidade
de enfoques.
Após a triagem inicial, os textos selecionados foram submetidos à leitura analítica,
buscando identificar elementos comuns, tensões e contribuições singulares. A análise ocorreu
por meio da categorização temática e do cruzamento entre os achados, com vistas à construção
de uma narrativa articulada que expressasse os principais pontos discutidos na literatura. Sousa,
Oliveira e Alves (2021) destacam que a sistematização criteriosa das informações é essencial
para evitar contradições e interpretações equivocadas.
Os procedimentos de análise incluíram a comparação entre as produções localizadas a
partir de categorias previamente definidas, alinhadas aos objetivos específicos da pesquisa (Gil,
2008; Lakatos e Marconi, 2017). Esse cruzamento permitiu evidenciar recorrências, contrastes e
lacunas nas reflexões apresentadas, destacando aspectos estruturais, pedagógicos e
epistemológicos do método fônico (Creswell, 2021). A análise bibliográfica exigiu do
pesquisador um olhar crítico e dialógico, capaz de ir além da simples repetição das ideias
expostas, promovendo síntese interpretativa e fundamentada sobre as práticas pedagógicas
investigadas.
O tema da pesquisa, “Fundamentos cognitivos do método fônico e estratégias
pedagógicas para sua implementação em turmas multisseriadas, inclusivas e típicas”, se ancora
em diversas perspectivas teóricas, históricas e empíricas, refletidas nas referências consultadas.
A obra de Ferreiro e Teberosky (1985, 1986) fornece a base da psicogênese da língua escrita,
evidenciando como a criança constrói gradualmente a compreensão da escrita e estabelecendo
fundamentos cognitivos essenciais para a aplicação do método fônico. Ischkanian (2018, 2019)
complementa esse entendimento ao propor estratégias de alfabetização com ênfase na
consciência fonológica e no uso de portfólios, permitindo a observação sistemática do
desenvolvimento individual dos alunos.
Soares (2006, 2017, 2020, 2021) aprofunda a discussão sobre alfabetização e
letramento, situando o método fônico dentro de práticas pedagógicas inclusivas e
contextualizadas. Seus estudos destacam a importância da articulação entre teoria e prática,
evidenciando que o ensino da leitura e da escrita deve considerar diferentes ritmos de
aprendizagem e contextos socioculturais. Nesse sentido, Paula, Mota e Keske-Soares (2005) e
Salgado e Capellini (2004, 2008) apresentam evidências empíricas sobre a eficácia da
intervenção fonológica estruturada, especialmente para crianças com dificuldades de
aprendizagem, dislexia e transtornos fonológicos, reforçando a necessidade de estratégias
pedagógicas diferenciadas.
O referencial de Gardner (1983) sobre inteligências múltiplas, assim como as
contribuições de Freinet (1949), Malaguzzi (1993) e Montessori (1949), oferece suporte para a

14
implementação do método fônico em contextos diversificados, enfatizando o ensino lúdico,
multisensorial e colaborativo. Esses autores indicam que a alfabetização deve respeitar os
diferentes estilos de aprendizagem, favorecendo autonomia e experimentação, princípios centrais
para turmas multisseriadas e inclusivas.
A legislação brasileira, especialmente a LDBEN (Lei 9.394/96) e os documentos sobre
letramento na infância (Brasil, 2005, 2014), estabelece a obrigatoriedade de práticas pedagógicas
significativas, críticas e contextualizadas. Mortatti (2010, 2019) complementa essa perspectiva
ao analisar a evolução dos métodos de alfabetização no Brasil, identificando a relevância de
cartilhas históricas e a adaptação dos materiais didáticos ao longo do tempo, evidenciando a
integração entre política educacional e práticas pedagógicas.
Autores como Cossio (2006), Braslavsky (1988) e Kleiman (1998) contribuem com
reflexões sobre a construção do letramento literário e os desafios da alfabetização
contemporânea, fornecendo subsídios teóricos para compreender a diversidade de estratégias
necessárias para a implementação do método fônico. Estudos de Indri, Keske-Soares e Mota
(2007), Paes e Pessoa (2005) e Santos e Siqueira (2002) destacam a importância da memória de
trabalho, da consciência fonológica e das habilidades metalinguísticas, reforçando a base
cognitiva do método.
A pesquisa se apoia em metodologias científicas e sociais para a análise do tema,
fundamentadas em Creswell (2021), Gil (2008, 2018), Lakatos e Marconi (2010, 2017), Quivy e
Campenhoudt (2008) e Severino (2016), que orientam a construção do referencial teórico, a
seleção das fontes e a interpretação crítica dos dados. Arendt (1979) e Freire (1970, 2005)
fornecem reflexões filosóficas e pedagógicas sobre educação e formação crítica, reforçando a
dimensão ética e social do processo de alfabetização.
2.2. CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E HABILIDADES COGNITIVAS
O método fônico constitui uma abordagem de alfabetização fundamentada na percepção
de sons da língua escrita e na sua correspondência com os grafemas, privilegiando o
desenvolvimento da consciência fonológica como base para a leitura e a escrita. Essa
metodologia considera princípios cognitivos essenciais, como memória de trabalho, percepção
auditiva e processamento fonológico, permitindo que a criança reconheça, manipule e produza
textos de maneira significativa. Segundo Ischkanian (2018), a utilização de recursos pedagógicos
estruturados, aliados a registros sistemáticos do progresso dos alunos, potencializa a
aprendizagem individual e coletiva, promovendo a autonomia na aquisição do sistema
ortográfico.
O desenvolvimento da consciência fonológica é diretamente relacionado à capacidade
da criança de segmentar, combinar e manipular sons, habilidades que são cruciais para o domínio

15
da leitura e da escrita. Kamps et al. (2008) destacam que intervenções em pequenos grupos,
orientadas por currículos diferenciados, geram resultados significativos em crianças em risco de
atraso na alfabetização, evidenciando a importância de estratégias pedagógicas estruturadas e
sistemáticas. A aplicação do método fônico nesses contextos permite observar ganhos
expressivos nas habilidades metalinguísticas, reforçando a necessidade de atenção
individualizada dentro de turmas multisseriadas e inclusivas.
O método fônico, ao ser implementado de forma consistente, contribui para a aquisição
gradativa do sistema ortográfico, oferecendo suporte a alunos com dificuldades de
aprendizagem, dislexia ou transtornos fonológicos. Lovass (1987) demonstra que intervenções
comportamentais direcionadas e personalizadas podem promover avanços significativos em
crianças com necessidades especiais, reforçando que a abordagem estruturada do método fônico
é eficaz na promoção da alfabetização de forma inclusiva. A prática pedagógica, portanto, não se
limita ao ensino mecânico de letras, mas se apoia em processos cognitivos complexos e
interdependentes.
O método fônico dialoga com abordagens pedagógicas construtivistas, considerando o
desenvolvimento integral da criança. Montessori (1949) enfatiza a importância de ambientes
ricos em estímulos sensoriais, permitindo que o aluno explore a linguagem escrita de forma ativa
e autônoma. Malaguzzi (1993), com a perspectiva da Reggio Emilia, reforça a valorização da
expressão múltipla das crianças, sugerindo que o ensino da leitura e da escrita deve incluir
atividades lúdicas, artísticas e colaborativas, ampliando a compreensão do texto escrito e da
construção do conhecimento.
A integração da consciência fonológica com a prática de portfólios, como proposto por
Ischkanian (2018), possibilita a documentação contínua do progresso individual, permitindo ao
professor identificar padrões de aprendizagem e ajustar estratégias pedagógicas de acordo com as
necessidades de cada criança. Esses registros auxiliam na avaliação formativa e favorecem a
tomada de decisão pedagógica baseada em evidências, promovendo a personalização da
alfabetização e garantindo a inclusão de todos os alunos, independentemente de seu ritmo ou
perfil cognitivo.
O método fônico também se relaciona à tradição histórica da alfabetização no Brasil.
Meireles (1957) e Mortatti (2010, 2019) analisam a evolução das cartilhas e métodos de ensino
da leitura e da escrita, destacando que as abordagens tradicionais apresentavam limitações
quanto à diversidade cognitiva e social das crianças. A adoção do método fônico permite superar
essas limitações, ao combinar princípios cognitivos sólidos, estratégias de intervenção
individualizada e recursos pedagógicos diversificados, garantindo uma alfabetização mais
efetiva, crítica e inclusiva.

16
Kleiman (1998) destaca que o letramento vai além da aquisição técnica da leitura e da
escrita, englobando a capacidade de interpretar e produzir significados em contextos variados.
Nesse sentido, o método fônico, ao desenvolver a consciência fonológica e habilidades
cognitivas fundamentais, contribui para que a criança se torne um leitor e escritor crítico, capaz
de dialogar com diferentes gêneros textuais e contextos comunicativos. A aplicação de
estratégias diferenciadas, adaptadas ao perfil de cada aluno, fortalece a compreensão do texto e o
engajamento na aprendizagem.
A implementação do método fônico em turmas multisseriadas e inclusivas demanda
planejamento e organização das atividades, considerando a diversidade de níveis de alfabetização
presentes. Mortatti (2010) enfatiza que políticas públicas e práticas pedagógicas devem dialogar,
garantindo que recursos e estratégias sejam adequados às necessidades da população escolar. A
utilização de atividades segmentadas, lúdicas e colaborativas permite atender simultaneamente
alunos com diferentes níveis de habilidade, promovendo equidade e eficácia no processo de
alfabetização.
O papel do professor na aplicação do método fônico é fundamental, não apenas como
transmissor de conteúdos, mas como mediador do processo de construção do conhecimento. A
combinação de estratégias fonológicas estruturadas com recursos lúdicos, jogos sonoros,
dramatizações e atividades visuais permite explorar diferentes dimensões cognitivas,
estimulando memória de trabalho, atenção e percepção auditiva, conforme evidenciado por
Ischkanian (2018) e Kamps et al. (2008). Esse enfoque integrado contribui para a consolidação
da consciência fonológica e do domínio da escrita.
A prática pedagógica aliada ao método fônico deve considerar, ainda, aspectos
socioemocionais e colaborativos, valorizando a interação entre pares e a troca de experiências.
Malaguzzi (1993) e Montessori (1949) reforçam que a aprendizagem é potencializada quando as
crianças participam ativamente do processo, experimentam, refletem e compartilham suas
descobertas. A integração desses princípios com o desenvolvimento cognitivo fortalece a
construção do conhecimento e o engajamento na alfabetização, promovendo um ensino mais
inclusivo e significativo.
A literatura evidencia que a combinação de fundamentos cognitivos, consciência
fonológica e estratégias pedagógicas estruturadas é crucial para o sucesso da alfabetização. A
articulação entre teoria, prática e evidências científicas, conforme apontam Ischkanian (2018),
Kamps et al. (2008), Kleiman (1998), Lovass (1987), Malaguzzi (1993), Meireles (1957),
Montessori (1949) e Mortatti (2010, 2019), permite a construção de práticas pedagógicas
inovadoras, inclusivas e efetivas, capazes de desenvolver plenamente as habilidades de leitura e
escrita de todas as crianças, independentemente de suas diferenças cognitivas, sociais ou
culturais.

17
2.3. ADAPTAÇÃO PEDAGÓGICA PARA TURMAS MULTISSERIADAS E
INCLUSIVAS
A implementação do método fônico em turmas multisseriadas e inclusivas exige uma
abordagem pedagógica planejada, que considere a diversidade de ritmos de aprendizagem,
estilos cognitivos e necessidades especiais presentes na sala de aula. Segundo Ischkanian (2018),
o professor deve organizar atividades segmentadas em pequenos grupos, permitindo que cada
aluno receba atenção individualizada e adequada ao seu nível de desenvolvimento fonológico e
linguístico. Essa estratégia não apenas favorece a aprendizagem da leitura e da escrita, mas
também garante que crianças com dificuldades específicas, como aquelas não alfabetizadas ou
com transtornos fonológicos, possam progredir em seu próprio ritmo.
O uso de recursos lúdicos e multisensoriais é fundamental para engajar os alunos e
tornar o processo de alfabetização mais significativo. Paes e Pessoa (2005) destacam que a
associação de sons a imagens, movimentos corporais, jogos de manipulação de letras e
atividades musicais contribui para a consolidação da consciência fonológica. Ao integrar
diferentes canais sensoriais, o professor potencializa a memória auditiva e visual das crianças,
promovendo a compreensão dos grafemas e a decodificação de palavras de maneira prazerosa e
efetiva.
A adaptação de materiais didáticos também desempenha um papel importante. Materiais
diferenciados, como cartilhas ilustradas, fichas fonéticas, jogos de tabuleiro e aplicativos
educativos, permitem que alunos com diferentes níveis de proficiência participem das atividades
de forma inclusiva. Paula, Mota e Keske-Soares (2005) evidenciam que intervenções fonológicas
estruturadas, quando combinadas com recursos adaptados, aumentam significativamente o
desempenho em leitura e escrita, promovendo o desenvolvimento de habilidades metalinguísticas
essenciais para a alfabetização plena.
O monitoramento contínuo do progresso individual é outro aspecto central da adaptação
pedagógica. Queiroga, Borba e Vogley (2005) enfatizam que a avaliação formativa permite ao
professor identificar dificuldades pontuais, planejar intervenções direcionadas e ajustar as
atividades conforme o avanço de cada aluno. Nesse sentido, a construção de portfólios
individuais, contendo registros de produções escritas, exercícios fonológicos e observações do
desempenho, possibilita acompanhar de forma sistemática a evolução das habilidades cognitivas
e fonológicas ao longo do tempo.
A consideração das inteligências múltiplas, proposta por Gardner (1983), amplia ainda
mais a eficácia do método fônico em contextos inclusivos. Por meio de atividades que envolvam
música, movimento, linguagem verbal e visual, raciocínio lógico e interação social, todos os
alunos têm a oportunidade de aprender respeitando seu estilo cognitivo predominante.
Ischkanian (2018) aponta que a diversificação das estratégias pedagógicas favorece o

18
engajamento, a autonomia e a autoestima das crianças, tornando o processo de alfabetização
mais motivador e duradouro.
O enfoque construtivista complementa essas estratégias, pois valoriza a experimentação,
a resolução de problemas e a aprendizagem colaborativa. Quivy e Campenhoudt (2008) sugerem
que o aprendizado se consolida quando os alunos são incentivados a participar ativamente da
construção do conhecimento, refletir sobre suas descobertas e compartilhar experiências com os
colegas. Assim, as turmas multisseriadas se tornam espaços ricos em interação e troca de
saberes, respeitando a individualidade de cada estudante.
A adaptação pedagógica permite integrar atividades diferenciadas sem comprometer a
coesão da turma. Richardson (1999) argumenta que o planejamento criterioso e a organização de
sequências didáticas progressivas são essenciais para equilibrar momentos de ensino coletivo e
intervenção individualizada. Dessa forma, é possível atender simultaneamente crianças em
diferentes fases de alfabetização, promovendo inclusão e equidade no processo educativo.
A articulação entre consciência fonológica e práticas pedagógicas adaptadas é
especialmente relevante para alunos com necessidades educacionais especiais. Atividades que
exploram sons, rimas, segmentação silábica e manipulação de fonemas, aliadas a
acompanhamento constante e materiais diversificados, contribuem para superar barreiras de
aprendizagem, conforme apontam Paes e Pessoa (2005) e Paula, Mota e Keske-Soares (2005).
Esses procedimentos fortalecem habilidades cognitivas como atenção, memória de trabalho e
processamento auditivo, essenciais para a leitura e a escrita.
A utilização de portfólios permite ainda que os professores planejem atividades de
reforço ou avanço de acordo com a evolução de cada criança (Ischkanian, 2018; Queiroga, Borba
& Vogley, 2005). Registros de leituras em voz alta, exercícios fonológicos, produções escritas e
observações comportamentais fornecem dados concretos para a tomada de decisão pedagógica,
promovendo um ensino inclusivo, sistemático e individualizado.
Em turmas multisseriadas, a diversidade de estratégias também favorece a colaboração
entre alunos de diferentes níveis, promovendo aprendizagem mútua. Crianças mais avançadas
podem atuar como mediadoras e incentivadoras, enquanto alunos com maior dificuldade
recebem apoio direcionado, fortalecendo vínculos sociais e habilidades de cooperação, conforme
sugerem Malaguzzi (1993) e Montessori (1949).
A adaptação pedagógica para turmas multisseriadas e inclusivas, ao integrar o método
fônico com recursos lúdicos, portfólios, avaliação contínua e a consideração das inteligências
múltiplas, constitui uma abordagem sólida, eficaz e cientificamente fundamentada. Essa
estratégia garante que todos os alunos desenvolvam a consciência fonológica, habilidades
cognitivas e competência leitora, promovendo inclusão, equidade e qualidade na alfabetização.

19
2.4. INTEGRAÇÃO COM POLÍTICAS EDUCACIONAIS E PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS EFICAZES
A alfabetização baseada no método fônico deve estar estreitamente articulada com o
contexto legal e pedagógico vigente no Brasil, garantindo que a prática docente seja coerente
com as normas e diretrizes educacionais. A LDBEN (Lei 9.394/96) estabelece princípios
fundamentais para a educação básica, assegurando que todos os alunos tenham direito a uma
formação integral, que contemple o desenvolvimento da leitura, da escrita e do letramento crítico
(Brasil, 2014). A implementação do método fônico não pode se limitar à decodificação mecânica
de letras e palavras, mas deve articular competências cognitivas, sociais e afetivas, promovendo
a alfabetização como instrumento de emancipação e participação cidadã.
O método fônico, quando integrado a políticas educacionais de referência, como os
documentos sobre letramento na infância (Brasil, 2005), proporciona um ensino significativo,
crítico e contextualizado. A consciência fonológica, central ao método, é desenvolvida por meio
de atividades estruturadas que envolvem percepção auditiva, segmentação silábica, manipulação
de fonemas e produção textual progressiva. Ferreiro e Teberosky (1985; 1986) enfatizam que
esse desenvolvimento deve respeitar a psicogênese da língua escrita, permitindo que cada criança
construa seu conhecimento de forma ativa e autônoma, de acordo com seu estágio de
desenvolvimento cognitivo.
A articulação entre teoria, evidências empíricas e metodologias ativas possibilita que o
professor planeje sequências didáticas progressivas, combinando momentos de leitura
compartilhada, exercícios fonológicos e atividades lúdicas que favoreçam o engajamento dos
alunos. Creswell (2021) e Gil (2018) destacam a importância de fundamentar as práticas
pedagógicas em pesquisas confiáveis, garantindo que as intervenções em sala de aula sejam
eficazes e adaptadas à diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem.
A relação entre políticas públicas e prática pedagógica também se manifesta na escolha
de materiais didáticos e cartilhas históricas, que ao longo do tempo consolidaram métodos de
alfabetização contextualizados à realidade brasileira (Mortatti, 2010; Mortatti, 2019). Cossio
(2006) reforça que a seleção criteriosa de textos literários e recursos fonológicos permite
trabalhar simultaneamente habilidades cognitivas, consciência fonológica e letramento literário,
favorecendo o desenvolvimento integral do aluno.
Bertáslavsky (1988) alerta para a necessidade de avaliação crítica dos métodos
utilizados, destacando que o método fônico deve ser compreendido como uma estratégia
pedagógica, e não uma panaceia. O professor, portanto, deve combinar fundamentos cognitivos
com princípios construtivistas e práticas inclusivas, promovendo atividades adaptadas às
necessidades de cada criança, especialmente em contextos multisseriados ou inclusivos.

20
O desenvolvimento da consciência fonológica deve ser sistemático e contínuo,
permitindo que alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem ou transtornos fonológicos
sejam acompanhados de forma individualizada. A integração com políticas educacionais
assegura que tais intervenções estejam respaldadas por normas, garantindo equidade e eficácia
no processo de alfabetização (Ferreiro & Teberosky, 1985; 1986; Brasil, 2005).
A abordagem fônica também deve considerar os diversos contextos socioculturais das
escolas brasileiras, de acordo com Hannah Arendt (1979), que enfatiza a importância de
compreender o passado e o presente da educação para planejar práticas pedagógicas
transformadoras. A alfabetização, portanto, deve conectar o conhecimento formal ao cotidiano
dos alunos, valorizando suas experiências e saberes prévios, consolidando o letramento como
ferramenta de participação social e cultural.
Bervian, Fontoura e Haimovici (2006) reforçam a relevância de evidências científicas
para fundamentar práticas pedagógicas. No caso do método fônico, estudos demonstram que
intervenções estruturadas, baseadas em princípios cognitivos como memória de trabalho e
processamento fonológico, são capazes de melhorar significativamente a leitura e a escrita,
inclusive para crianças em risco de atraso educacional ou com dificuldades de aprendizagem.
A integração de práticas pedagógicas eficazes requer, ainda, a articulação entre
avaliação, monitoramento do progresso e adaptação das atividades. O uso de portfólios, registro
de produções e acompanhamento individualizado permite que o professor tome decisões
informadas, promovendo intervenções precisas e assertivas para o desenvolvimento da
consciência fonológica (Ischkanian, 2018).
A combinação do método fônico com metodologias construtivistas, propostas de
aprendizagem colaborativa e recursos lúdicos fortalece a participação ativa do aluno no processo
de alfabetização. Malaguzzi (1993) e Montessori (1949) destacam a importância de ambientes
ricos em estímulos e oportunidades para experimentação, essenciais para a consolidação de
habilidades cognitivas e linguísticas.
A integração do método fônico com políticas educacionais, fundamentação científica e
práticas pedagógicas adaptadas à diversidade das salas de aula brasileiras permite que a
alfabetização seja um processo significativo, inclusivo e transformador (Ischkanian, 2018). Essa
articulação fortalece a consciência fonológica, promove o domínio do sistema ortográfico e
consolida a base cognitiva necessária para um letramento pleno, crítico e contextualizado.
2.5. FUNDAMENTOS COGNITIVOS DO MÉTODO FÔNICO
O método fônico fundamenta-se em princípios cognitivos que estruturam a
aprendizagem da leitura e da escrita por meio da consciência fonológica, permitindo que os
alunos reconheçam, diferenciem e manipulem os sons da língua escrita (Ferreiro & Teberosky,

21
1985; 1986). A psicogênese da língua escrita, proposta por essas autoras, demonstra que o
desenvolvimento da escrita não é apenas mecânico, mas um processo ativo de construção de
significados, no qual a criança relaciona sons e grafemas de forma progressiva e consciente,
favorecendo a aquisição de habilidades metalinguísticas essenciais para a alfabetização.
A memória de trabalho desempenha papel central no método fônico, pois permite que a
criança mantenha, manipule e integre informações fonológicas durante a leitura e a escrita.
Estudos de Indri, Keske-Soares e Mota (2007) indicam que a capacidade de reter e processar
sequências sonoras está intimamente ligada ao desempenho escolar, sendo determinante para a
decodificação de palavras e compreensão textual. Nesse sentido, a intervenção estruturada por
meio do método fônico fortalece processos cognitivos que vão além da leitura inicial,
influenciando o aprendizado de conteúdos mais complexos.
A percepção auditiva, outro componente cognitivo essencial, é trabalhada por meio de
atividades de discriminação de fonemas, rimas e segmentação silábica. Santos e Siqueira (2002)
demonstram que exercícios que estimulam a atenção auditiva melhoram significativamente a
consciência fonológica e, consequentemente, a capacidade de leitura e escrita. Tais práticas
também são fundamentais para alunos com transtornos fonológicos, como demonstram Salgado
e Capellini (2004; 2008), que destacam a eficácia de programas de remediação fonológica
estruturada.
A abordagem fônica também se articula com metodologias pedagógicas construtivistas,
como Freinet (1949), que valoriza o aprendizado ativo e o trabalho colaborativo, e Freire (1970;
2005), que enfatiza a alfabetização como instrumento de consciência crítica e participação social.
Essas perspectivas reforçam a ideia de que o desenvolvimento da consciência fonológica deve
ser contextualizado, significativo e conectado às experiências prévias dos alunos, tornando o
aprendizado mais duradouro e motivador.
A teoria das inteligências múltiplas de Gardner (1983) complementa o método fônico ao
sugerir que diferentes alunos possuem formas variadas de processar informações. Atividades que
combinam estímulos visuais, auditivos, cinestésicos e musicais potencializam a aprendizagem da
consciência fonológica, permitindo que crianças com perfis cognitivos distintos alcancem
resultados mais consistentes no processo de alfabetização.
Ischkanian (2018; 2019) propõe a utilização de portfólios como estratégia pedagógica
integrada ao método fônico. Por meio do registro contínuo de atividades, produções e avaliações,
os professores podem monitorar o progresso individual, identificar dificuldades e planejar
intervenções personalizadas. Essa prática fortalece tanto a metacognição quanto a autonomia do
aluno, estimulando o engajamento ativo e reflexivo na construção da leitura e da escrita.
A aplicação do método fônico em turmas multisseriadas e inclusivas exige uma
abordagem pedagógica cuidadosamente planejada, que considere a diversidade de ritmos de

22
aprendizagem, perfis cognitivos e necessidades especiais dos alunos. Para isso, a segmentação
das atividades em pequenos grupos permite que cada estudante receba atenção individualizada,
enquanto o uso de recursos lúdicos e multisensoriais estimula a aprendizagem de forma mais
significativa, tornando o processo mais envolvente e motivador (Paula, Mota e Keske-Soares,
2005).
A integração de atividades colaborativas promove a troca de experiências entre os
alunos, incentivando a cooperação, a autonomia e a responsabilidade compartilhada. Nessa
perspectiva, o método fônico deixa de ser apenas uma técnica de ensino da leitura e escrita para
se tornar uma estratégia inclusiva que fortalece competências cognitivas, como memória de
trabalho, percepção auditiva e consciência fonológica (Paes e Pessoa, 2005; Queiroga, Borba e
Vogley, 2005).
Jogos de rimas podem ser aplicados, permitindo que crianças identifiquem palavras que
rimam, promovendo percepção fonêmica. Cartões de fonemas possibilitam a associação de sons
a grafemas por meio de jogos de memória. Atividades de segmentação silábica, como bater
palmas para cada sílaba de palavras, auxiliam na percepção rítmica da língua. Caixas sensoriais
permitem explorar objetos cujos nomes iniciam com determinado fonema.
Leitura compartilhada em duplas favorece que alunos mais avançados apoiem colegas
com dificuldades. Ditados fonéticos ajudam a registrar palavras ou frases ditadas, reforçando a
correspondência som-grafema. Sequências de imagens permitem ordenar imagens que
correspondem a sons ou palavras específicas. Portfólios individuais permitem o registro contínuo
de atividades fonológicas e a evolução do aluno, seguindo a proposta de Simone Helen Drumond
Ischkanian (2018).
Jogos de bingo fonético ajudam no reconhecimento de fonemas em palavras diferentes.
Músicas e cantigas podem ser utilizadas para trabalhar a consciência rítmica e fonêmica. Caça ao
tesouro de palavras incentiva localizar palavras que contenham determinado fonema na sala.
Brincadeiras de adivinhação dão pistas sobre palavras para desenvolver percepção auditiva.
Atividades com massinha permitem formar letras correspondentes aos sons trabalhados.
Histórias dramatizadas possibilitam que alunos encenem palavras ou frases, reforçando sons e
significados. Leitura em círculo estimula que cada criança leia uma palavra ou frase,
promovendo atenção compartilhada. Quadros interativos com letras magnéticas possibilitam
montar palavras com o fonema do dia.
Jogos de encaixe ajudam a combinar figuras e palavras que iniciem com o mesmo
fonema. Cartazes coletivos permitem construir murais com palavras estudadas na semana.
Diários fonológicos possibilitam o registro diário das palavras aprendidas, permitindo
autoavaliação. Atividades de discriminação auditiva incentivam identificar qual palavra difere
em uma sequência de sons semelhantes.

23
Essas práticas possibilitam que alunos com diferentes níveis de desenvolvimento
participem de forma ativa, garantindo que todos tenham acesso a experiências de aprendizagem
significativas. Ao combinar recursos lúdicos, multisensoriais e atividades colaborativas, o
professor consegue estimular a consciência fonológica de maneira sistemática, promovendo
alfabetização inclusiva e eficiente, adequada ao ritmo individual de cada criança.
Evidências científicas reforçam que o ensino sistemático e estruturado por meio do
método fônico contribui para a aquisição eficiente do sistema ortográfico, favorecendo a leitura
fluente e a escrita correta. Salgado e Capellini (2004; 2008) demonstram que programas de
intervenção fonológica podem reduzir lacunas de aprendizagem, especialmente em alunos com
dificuldades específicas, evidenciando o impacto positivo da abordagem na alfabetização
inclusiva.
O desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, como consciência fonêmica,
segmentação de palavras e manipulação de fonemas, constitui um pilar do método fônico.
Segundo Kleiman (1998), essas competências cognitivas não apenas permitem a decodificação
textual, mas também contribuem para a compreensão crítica e reflexiva do texto, consolidando a
alfabetização como processo integral e transformador.
O método fônico incentiva a autonomia do aluno, estimulando a prática repetida, a
autoavaliação e a experimentação, aspectos destacados por Meireles (1957) e Montessori (1949).
A integração de atividades lúdicas, jogos fonológicos e leitura compartilhada fortalece o
engajamento e amplia a compreensão de relações sonoro-grafêmicas, consolidando a base
cognitiva para futuras aprendizagens.
Os fundamentos cognitivos do método fônico articulam memória de trabalho, percepção
auditiva, processamento fonológico e habilidades metalinguísticas com estratégias pedagógicas
inclusivas, construtivistas e adaptadas às múltiplas inteligências. Essa combinação garante que
todos os alunos possam desenvolver consciência fonológica, dominar o sistema ortográfico e
tornar-se leitores críticos e autônomos, promovendo alfabetização eficaz e significativa.
2.6. ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS DO MÉTODO FÔNICO PARA:
A implementação do método fônico demanda uma articulação cuidadosa entre
fundamentos cognitivos, consciência fonológica e práticas pedagógicas adaptadas às diversas
realidades de sala de aula, considerando a heterogeneidade de habilidades, ritmos de
aprendizagem e estilos cognitivos dos alunos. A compreensão dos processos cognitivos
envolvidos, como memória de trabalho, percepção auditiva, atenção e processamento fonológico,
é essencial para estruturar atividades que facilitem a decodificação de palavras e o
desenvolvimento da leitura e da escrita (Ferreiro e Teberosky, 1985; Indri, Keske-Soares e Mota,
2007). A integração dessas dimensões permite que o ensino seja sistemático e progressivo,

24
promovendo a aquisição de habilidades metalinguísticas e a internalização do sistema ortográfico
de forma eficaz.
Inspirando-se na teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner (1983), o método
fônico pode ser planejado de maneira a contemplar diferentes dimensões do aprendizado,
oferecendo oportunidades para que cada aluno explore e desenvolva suas potencialidades
cognitivas de forma diversificada. Por exemplo, atividades linguísticas podem incluir jogos de
rimas, leitura compartilhada e ditados fonéticos; atividades lógico-matemáticas podem explorar
padrões sonoros e sequências; atividades corporais podem envolver dramatizações e gestos
associados a sons e letras; atividades musicais podem explorar canções e batidas rítmicas para
reforçar a percepção fonológica; atividades espaciais podem utilizar blocos de letras, quebra-
cabeças e tabuleiros para organizar fonemas e grafemas; atividades interpessoais e intrapessoais
podem promover debates sobre histórias e autoavaliação do progresso; e atividades naturalistas
podem incorporar sons do ambiente para identificar correspondências com grafemas.
A primeira estratégia envolve a leitura compartilhada de livros com palavras repetitivas
e rimas, permitindo que os alunos percebam padrões sonoros na língua escrita, promovendo a
consciência fonológica e a familiarização com os grafemas, conforme sugerem Ferreiro e
Teberosky (1985; 1986). Em seguida, o uso de portfólios pedagógicos, como proposto por
Ischkanian (2018; 2019), permite registrar o progresso individual e organizar atividades
adaptadas ao ritmo de cada criança, fortalecendo a autonomia e a autorreflexão. A segmentação
das atividades em pequenos grupos, segundo Salgado e Capellini (2004; 2008), possibilita
intervenção mais direcionada, atendendo às necessidades específicas de cada aluno em turmas
multisseriadas.
A exploração de jogos fonológicos, como identificação de sons iniciais e finais, auxilia
na percepção auditiva e no processamento fonológico, permitindo que crianças com diferentes
níveis de alfabetização interajam de forma colaborativa. Atividades de ditado fonético e escrita
de palavras com apoio visual e tátil favorecem a associação som-grafema e fortalecem a
memória de trabalho, conforme Indri, Keske-Soares e Mota (2007). Contação de histórias
dramatizadas incentiva a expressão oral, amplia o vocabulário e permite que os alunos façam
conexões entre sons, letras e significados, promovendo aprendizagem significativa (Freinet,
1949).
A utilização de cartões ilustrativos com letras e sílabas possibilita a combinação lúdica
de sons e a formação de palavras, enquanto músicas e canções reforçam padrões sonoros e rimas,
tornando a aprendizagem prazerosa e contextualizada. Jogos de memória auditiva, em que os
alunos associam sons a imagens, desenvolvem atenção, percepção auditiva e memória de
trabalho, habilidades cognitivas essenciais para a alfabetização (Paula, Mota e Keske-Soares,

25
2005). A prática de leitura em voz alta, individual ou em pares, estimula a fluência, a entonação
correta e a compreensão textual, integrando habilidades linguísticas e cognitivas.
A escrita criativa, incentivada a partir de imagens ou sequências narrativas, promove a
produção textual e fortalece o controle fonológico, permitindo que cada criança experimente o
processo de construção da linguagem escrita (Soares, 2021). Atividades de substituição de
fonemas, nas quais uma palavra é modificada para criar outra, desenvolvem flexibilidade
fonológica e atenção aos detalhes da escrita. A exploração de rimas complexas e trava-línguas
estimula a percepção auditiva e a articulação verbal, favorecendo o desenvolvimento
metalinguístico.
Recursos multisensoriais, como blocos de letras, objetos concretos e cartazes coloridos,
permitem que o aprendizado envolva visão, tato e audição, reforçando a memória fonológica e
facilitando a associação som-grafema (Santos e Siqueira, 2002). Atividades de construção de
palavras em quadro magnético ou lousa interativa promovem o engajamento e possibilitam
correções imediatas, estimulando o raciocínio e a experimentação. A prática de leitura sequencial
de textos curtos permite que o aluno reconheça padrões de palavras, desenvolvendo fluência e
compreensão textual (Kleiman, 1998).
A implementação de pequenas encenações e dramatizações de histórias auxilia na
fixação de palavras e frases, incentivando a expressão oral, a criatividade e a interação social.
Jogos de categorização, em que os alunos agrupam palavras por sons iniciais ou finais, reforçam
a percepção fonológica e a organização mental dos fonemas. O ensino de sílabas móveis, em que
crianças combinam letras para formar palavras, permite manipulação concreta dos grafemas e
compreensão da estrutura silábica da língua (Indri, Keske-Soares e Mota, 2007).
O uso de pistas sonoras em atividades de caça-palavras fonético estimula atenção,
concentração e memória auditiva. Atividades de autoverificação, como leitura e correção própria
de palavras, incentivam a autonomia, a reflexão sobre os erros e a consciência metalinguística
(Ischkanian, 2019). A leitura compartilhada em círculo, onde cada aluno lê um trecho de forma
colaborativa, desenvolve socialização, fluência e percepção auditiva. A exploração de palavras
do cotidiano da criança, contextualizadas em histórias ou jogos, promove engajamento,
significado e transferência para a vida real.
Exercícios de escrita com apoio de modelos visuais ou palavras modelo favorecem a
memorização e a construção de vocabulário ativo. Atividades de associação entre imagem, som e
palavra escrita reforçam a compreensão da correspondência fonema-grafema, essencial para
alunos com dificuldades de aprendizagem (Salgado e Capellini, 2008). Jogos de repetição e eco,
nos quais o professor fala uma palavra e a criança repete, promovem percepção auditiva e
articulação correta. Por fim, atividades de avaliação contínua, registradas nos portfólios

26
pedagógicos, permitem monitorar o progresso individual, identificar dificuldades e planejar
intervenções específicas (Ischkanian, 2018; 2019).
Essa abordagem diversificada contribui para uma aprendizagem significativa, pois
conecta os conteúdos fonológicos à experiência individual de cada estudante, respeitando seu
estilo cognitivo e seu ritmo de aquisição da linguagem escrita. A utilização de múltiplas
inteligências permite que professores planejem estratégias inclusivas, favorecendo a participação
ativa de alunos com diferentes habilidades, incluindo aqueles com dificuldades de aprendizagem,
dislexia ou necessidades especiais (Salgado e Capellini, 2004; Salgado e Capellini, 2008).
A articulação entre princípios cognitivos, consciência fonológica e múltiplas
inteligências oferece um caminho para tornar o ensino da leitura e da escrita mais dinâmico e
contextualizado. As atividades planejadas podem ser individualizadas, em pequenos grupos ou
coletivas, permitindo que todos os alunos se envolvam de maneira ativa e significativa no
processo de alfabetização. O uso de portfólios pedagógicos, conforme proposto por Simone
Helen Drumond Ischkanian (2018; 2019), possibilita monitorar continuamente o progresso
individual, registrar conquistas, identificar dificuldades e planejar intervenções pedagógicas mais
precisas.
Essa perspectiva evidencia que o método fônico não é apenas uma técnica de
alfabetização, mas um modelo educacional que integra ciência cognitiva, diversidade de
inteligências e práticas pedagógicas inclusivas, tornando o aprendizado da leitura e da escrita
mais eficiente e adaptado às necessidades contemporâneas das escolas multisseriadas e
inclusivas. A diversificação de atividades favorece a motivação, o engajamento e o
desenvolvimento de competências cognitivas amplas, fortalecendo a autonomia e a confiança
dos alunos em seu processo de aprendizagem.
Ao implementar o método fônico dentro desse quadro teórico e prático, o professor atua
como mediador do conhecimento, orientando a criança na construção do significado das palavras
e dos textos. A abordagem baseada em inteligências múltiplas promove a personalização do
ensino, incentivando a experimentação, a criatividade e a reflexão crítica sobre os conteúdos,
aspectos essenciais para o desenvolvimento de leitores autônomos, críticos e socialmente
participativos.
O planejamento pedagógico torna-se, assim, uma atividade estratégica que requer
conhecimento profundo das capacidades cognitivas, habilidades fonológicas e estilos de
aprendizagem dos alunos. O docente deve organizar sequências didáticas que combinem
atividades auditivas, visuais, táteis, motoras e rítmicas, garantindo que cada criança tenha
oportunidades de experimentar, praticar e consolidar suas aprendizagens.
A articulação do método fônico com práticas colaborativas permite que os alunos
aprendam uns com os outros, promovendo interação social, cooperação e troca de experiências

27
(Paula, Mota e Keske-Soares, 2005; Paes e Pessoa, 2005). A participação em grupos de leitura,
dramatizações e projetos de construção de palavras oferece experiências concretas que reforçam
a consciência fonológica e a alfabetização, estimulando habilidades cognitivas mais complexas,
como a memória de trabalho, atenção seletiva e raciocínio lógico.
A inclusão de recursos lúdicos e multisensoriais, aliados à teoria das múltiplas
inteligências, garante que crianças com diferentes estilos de aprendizagem e necessidades
especiais tenham acesso equitativo ao processo de alfabetização. Jogos de letras, materiais
manipulativos, músicas, canções e softwares educativos permitem engajar os alunos de forma
prazerosa e efetiva, tornando o aprendizado mais significativo e duradouro (Ischkanian, 2018;
Ischkanian, 2019).
O uso de estratégias diversificadas também favorece o desenvolvimento da autonomia
do aluno, pois cada criança pode escolher atividades que melhor se adequem ao seu perfil
cognitivo e ritmo de aprendizagem. A prática de autoavaliação por meio de portfólios
pedagógicos permite que os estudantes reconheçam suas conquistas, reflitam sobre suas
dificuldades e estabeleçam metas para seu próprio progresso, promovendo responsabilidade,
engajamento e motivação intrínseca.
A implementação do método fônico com base nos fundamentos cognitivos e na teoria
das múltiplas inteligências representa uma prática educativa contemporânea, inclusiva e eficaz.
Ela garante que todos os alunos, independentemente de suas habilidades, participem ativamente
do processo de alfabetização, desenvolvam competências cognitivas e metalinguísticas, e se
tornem leitores críticos, autônomos e socialmente participativos.
Essa abordagem evidencia que alfabetizar vai além do simples ensino de letras e
palavras; trata-se de promover equidade, inclusão, pensamento crítico e desenvolvimento
integral, garantindo que a aprendizagem da leitura e da escrita seja significativa, prazerosa e
transformadora para cada criança.
2.6.1. TURMAS MULTISSERIADAS
Em turmas multisseriadas, a diversidade de níveis de alfabetização em uma mesma sala
exige que o professor adote estratégias pedagógicas cuidadosamente planejadas, centradas na
segmentação de grupos e na diferenciação de atividades. A divisão dos alunos em pequenos
grupos permite trabalhar habilidades fonológicas específicas de cada estudante, promovendo
atenção individualizada e um aprendizado mais efetivo (Salgado e Capellini, 2004; Salgado e
Capellini, 2008). A leitura compartilhada, quando realizada em grupos homogêneos ou
heterogêneos, possibilita que alunos mais avançados auxiliem os colegas em fases iniciais,
promovendo colaboração, reforço do aprendizado e desenvolvimento das habilidades sociais.

28
O uso de jogos de rimas, ditados fonéticos e atividades de associação som-grafema
favorece a consciência fonológica e o reconhecimento das unidades sonoras da língua escrita.
Portfólios individuais, conforme sugerido por Simone Helen Drumond Ischkanian (2018; 2019),
permitem monitoramento contínuo do progresso, registro de conquistas e planejamento de
intervenções pedagógicas personalizadas. Recursos multisensoriais, como cartazes ilustrativos,
blocos de letras, objetos concretos e cartões fonéticos, reforçam a memória de trabalho,
estimulam o processamento auditivo e visual e tornam a aprendizagem mais significativa e
envolvente (Indri, Keske-Soares e Mota, 2007).
Exemplos práticos de atividades incluem leitura compartilhada de pequenas histórias
adaptadas ao nível de cada grupo; ditados fonéticos individuais ou em pares; jogos de bingo com
fonemas; construção de palavras com blocos de letras; uso de cartões com imagens e sons
correspondentes; dramatização de histórias curtas para reforço de sons iniciais e finais; músicas e
cantigas que destacam rimas e padrões sonoros; exercícios de segmentação e fusão de sílabas;
jogos de memória com sílabas; produção de pequenos textos coletivos com supervisão do
professor; identificação de sons em objetos do ambiente; atividades de completar palavras com
letras faltantes; exploração de alfabeto móvel para formar palavras; leitura em voz alta com
ênfase na entonação e segmentação fonológica; construção de mapas de palavras por categorias
sonoras; registro de avanços no portfólio individual; criação de histórias coletivas incorporando
palavras trabalhadas; dramatização de sons das letras com gestos; jogos de palavras cruzadas
adaptados ao nível dos alunos; e atividades de autoavaliação sobre os sons e letras reconhecidos
durante as atividades (Paes e Pessoa, 2005; Queiroga, Borba e Vogley, 2005).
Essa abordagem integrada permite que alunos de diferentes idades e níveis de
alfabetização participem ativamente das atividades, respeitando seu ritmo e desenvolvendo
habilidades cognitivas essenciais, como atenção, memória de trabalho e processamento
fonológico. O uso de recursos lúdicos e multisensoriais amplia o engajamento e ajuda a
consolidar aprendizagens de forma concreta e duradoura.
O professor atua como mediador, observando o desempenho individual e promovendo
ajustes constantes nas atividades, garantindo que cada criança seja estimulada de acordo com
suas necessidades (Ischkanian, 2018; Ischkanian, 2019). A interação entre alunos mais
avançados e aqueles em fases iniciais contribui para a socialização, cooperação e
desenvolvimento de competências socioemocionais, além de reforçar o aprendizado de todos.
Atividades como leitura de palavras e frases curtas em dupla ou em grupo, com
feedback imediato, ajudam a identificar erros fonológicos e a corrigi-los de forma
contextualizada (Ischkanian, 2018; Ischkanian, 2019). Jogos de associação de imagens e sons
permitem que crianças conectem grafemas a fonemas, fortalecendo a consciência fonológica. O

29
uso de materiais concretos, como letras móveis, cartazes e objetos do cotidiano, facilita a
compreensão e torna o aprendizado mais significativo e motivador.
Outras estratégias incluem a criação de murais coletivos com palavras aprendidas,
realização de oficinas de construção de palavras e sílabas com materiais recicláveis, atividades
de ditado ilustrado, dramatização de fonemas com gestos corporais e produção de pequenas
histórias em que cada aluno contribui com uma palavra ou frase. O uso de músicas, rimas e
poesias ajuda a reforçar padrões sonoros e promove a memorização de estruturas linguísticas,
enquanto atividades de recorte e colagem de letras ou sílabas permitem reforço tátil e visual do
aprendizado (Santos e Siqueira, 2002).
O método fônico também pode ser integrado a atividades digitais, como jogos
educativos de identificação de sons e letras, aplicativos de leitura interativa e produção de textos
em plataformas digitais adaptadas ao nível da turma, garantindo engajamento e diversidade de
estímulos. A utilização de tecnologias amplia o repertório de experiências sensoriais e oferece
suporte adicional para alunos com dificuldades específicas.
A avaliação contínua por meio de portfólios permite ao professor documentar a
evolução de cada criança, identificar lacunas e planejar atividades de intervenção de forma
estruturada. Esse acompanhamento sistemático contribui para o desenvolvimento de autonomia e
consciência sobre o próprio processo de aprendizagem, promovendo autoavaliação e reflexão
crítica.
Outras atividades práticas incluem criação de jogos de palavras cruzadas, atividades de
bingo com sílabas, montagem de frases com palavras móveis, identificação de fonemas em livros
de imagens, produção de histórias ilustradas, leitura em voz alta com feedback, exercícios de
segmentação silábica, dramatização de letras com gestos, criação de cartões de memória sonora,
produção de pequenos textos colaborativos, exercícios de correspondência som-grafema com
objetos concretos, atividades de completar palavras, jogos de memória auditiva, leitura
compartilhada em grupos, utilização de alfabeto móvel, exercícios de rimas, atividades de
categorização de palavras, confecção de livros coletivos, produção de textos individuais no
portfólio, jogos de palavras ilustradas e dramatização de rimas e sons iniciais.
A implementação dessas estratégias garante que todos os alunos, independentemente do
nível de alfabetização ou idade, participem ativamente do processo de aprendizagem,
desenvolvendo habilidades fonológicas e cognitivas essenciais para a leitura e a escrita
(Ischkanian, 2018; Ischkanian, 2019). A integração de recursos multisensoriais, atividades
colaborativas e portfólios pedagógicos fortalece o engajamento, promove equidade e torna o
aprendizado mais significativo e duradouro.
Essa abordagem demonstra que o ensino em turmas multisseriadas pode ser altamente
eficaz quando há planejamento estratégico, diversidade de recursos e atenção individualizada.

30
Ao organizar a sala de aula em pequenos grupos, o professor consegue trabalhar
simultaneamente diferentes níveis de alfabetização, garantindo que cada aluno participe de
atividades ajustadas ao seu ritmo. Atividades lúdicas, multisensoriais e colaborativas criam um
ambiente de aprendizagem inclusivo e motivador, estimulando a curiosidade, a autonomia e o
engajamento das crianças, promovendo competências essenciais de leitura e escrita.
Entre as atividades lúdicas destacam-se jogos de rimas, nos quais as crianças devem
identificar palavras que soam de forma semelhante, promovendo consciência fonológica e
percepção auditiva (Paula, Mota e Keske-Soares, 2005). Brincadeiras de memória auditiva, com
cartões de figuras e palavras, estimulam a retenção de sons e a associação som-grafema (Indri,
Keske-Soares e Mota, 2007). Canções e cantigas de roda com repetição de fonemas permitem
que as crianças internalizem padrões sonoros enquanto se divertem. Jogos de sílabas móveis
possibilitam que os alunos construam palavras a partir de letras e sílabas, favorecendo a
manipulação concreta dos grafemas.
A dramatização de histórias curtas permite que os alunos leiam, interpretem e
expressem oralmente os textos, fortalecendo a compreensão e a fluência (Freinet, 1949). Caça-
palavras fonéticos, adaptados aos diferentes níveis de alfabetização, incentivam a exploração do
vocabulário e a atenção aos sons iniciais e finais das palavras. Jogos de eco, onde o professor
pronuncia palavras e as crianças repetem em coro, fortalecem a articulação verbal e a memória
auditiva (Santos e Siqueira, 2002). Atividades de bingo fonético permitem que os alunos
associem imagens, sons e palavras de forma divertida.
O uso de blocos de letras ou imãs possibilita criar palavras em lousa ou mesa de
atividades, estimulando a aprendizagem tátil e visual. Jogos de categorização, separando
palavras por sons iniciais, finais ou rimas, desenvolvem habilidades metalinguísticas e raciocínio
lógico. Histórias ilustradas com lacunas para preencher com palavras permitem que as crianças
pratiquem a decodificação e a produção textual. Desafios de soletração em equipe promovem
colaboração e reforço positivo.
A confecção de cartazes coletivos com palavras e imagens trabalhadas em sala favorece
integração e consolidação do aprendizado. Jogos de tabuleiro fonético, em que cada casa exige a
leitura ou escrita de uma palavra, incentivam a participação e a competição saudável. Atividades
de ditado ilustrado permitem que os alunos escrevam palavras a partir de imagens, reforçando a
correspondência som-grafema. Brincadeiras de telefone sem fio com palavras exploram
percepção auditiva e atenção detalhada aos sons.
Oficinas de escrita criativa, usando imagens ou sequências de figuras, estimulam a
expressão escrita e a imaginação. Jogos de formação de palavras com objetos concretos, como
blocos ou letras móveis, tornam o aprendizado mais concreto e interativo. Leitura em círculo,
com cada criança lendo uma frase ou palavra, desenvolve fluência, cooperação e socialização.

31
Por fim, o uso de portfólios pedagógicos, conforme proposto por Simone Helen Drumond
Ischkanian (2018; 2019), registra cada atividade, permitindo acompanhar o progresso individual,
identificar dificuldades e planejar intervenções personalizadas.
Essas atividades demonstram que o método fônico, quando aliado a recursos lúdicos e
estratégias adaptadas, promove aprendizagem significativa, engajamento e inclusão, sendo capaz
de atender às demandas de turmas multisseriadas, inclusivas e típicas.
2.6.2. TURMAS INCLUSIVAS
Em turmas inclusivas, a aplicação do método fônico requer atenção especial às
necessidades individuais dos alunos, considerando condições como Transtorno do Espectro
Autista (TEA), Transtorno de Hiperatividade com Déficit de Atenção (THAD), Transtornos de
Ordem do Desenvolvimento (TOD) e Pessoas com Deficiência (PCDs). A adaptação pedagógica
envolve a oferta de apoio individualizado, reforço positivo constante e atividades estruturadas de
remediação fonológica, que permitem que cada criança participe de maneira efetiva do processo
de alfabetização (Santos e Siqueira, 2002; Schopler, Mesibov e Sherman, 1978).
Jogo de Rimas: O professor apresenta palavras e as crianças devem encontrar outras que
rimem, desenvolvendo percepção fonológica, aumentando a sensibilidade aos sons finais das
palavras e facilitando a consciência de padrões sonoros da língua escrita.
Segmentação de Palavras: As crianças dividem palavras em sílabas utilizando palmas,
batidas ou objetos concretos, reforçando a consciência silábica e auxiliando na identificação da
estrutura interna das palavras, importante para a decodificação.
Sons Iniciais e Finais: Atividade em que as crianças identificam fonemas iniciais e
finais em palavras apresentadas por meio de imagens ou cartões, fortalecendo o reconhecimento
de sons específicos e a habilidade de discriminação auditiva.
Ditado de Sílabas: O professor dita sílabas ou palavras curtas e as crianças escrevem,
promovendo a associação entre sons e grafemas e desenvolvendo habilidades de escrita inicial e
decodificação.
Palavras Mágicas: As crianças utilizam letras móveis para formar palavras ditadas ou
escolhidas, estimulando a manipulação concreta dos fonemas e a construção de vocabulário de
forma lúdica e interativa.
Histórias Lacunadas: Textos com palavras faltando são apresentados, e as crianças
devem completar as lacunas oralmente ou por escrito, reforçando a consciência fonológica e
incentivando a leitura e interpretação contextualizada.
Bingo Fonético: As crianças recebem cartelas com imagens ou letras e marcam os
elementos correspondentes ao som pronunciado pelo professor, promovendo atenção auditiva,
reconhecimento fonêmico e motivação através do jogo.

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Jogo de Eco Fonético: O professor pronuncia palavras ou fonemas, e os alunos repetem
em coro ou individualmente, fortalecendo a memória auditiva, articulação verbal e percepção
fonológica de forma coletiva e envolvente.
Caça-palavras Fonético: Atividade em que as crianças procuram palavras em quadros
ou folhas que compartilhem fonemas semelhantes, desenvolvendo discriminação sonora e
familiaridade com padrões ortográficos.
Palavras em Cadeia: Crianças formam sequências de palavras iniciando pelo último som
da palavra anterior, incentivando atenção aos fonemas, memória fonológica e criatividade
linguística durante o processo de alfabetização.
Soletrando com Cartões: Crianças soletram palavras utilizando cartões de letras,
permitindo a associação direta entre sons e grafemas, além de reforçar habilidades motoras finas
e memória visual.
Jogo de Correspondência: Imagens e palavras que compartilham sons iniciais ou finais
são pareadas, ajudando no reconhecimento de fonemas e na consolidação da correspondência
entre som e letra.
Ditado Ilustrado: As crianças escrevem palavras correspondentes a imagens
apresentadas pelo professor, integrando percepção visual, auditiva e habilidades de escrita
inicial, fortalecendo a relação entre grafema e fonema.
Letras Móveis em Sequência: Montagem de palavras com letras móveis permite que as
crianças manipulem fisicamente os fonemas, consolidando a compreensão da estrutura da
palavra e promovendo aprendizado tátil.
Jogo de Palavras com Massa de Modelar: Formação de letras ou palavras com massinha
proporciona estímulo sensorial, visual e tátil, tornando o aprendizado de fonemas mais concreto
e prazeroso.
Telefone Fonético: As crianças repetem palavras ou sílabas de ouvido em sequência,
exercitando percepção auditiva, memória fonológica e atenção, ao mesmo tempo que se engajam
em uma atividade lúdica e coletiva.
Atividades de Segmentação Auditiva: O professor pronuncia palavras, e as crianças
batem palmas, tocam objetos ou gesticulam para cada fonema ouvido, fortalecendo a consciência
fonêmica e o processamento auditivo.
Leitura em Dupla: Crianças leem palavras ou pequenas frases em pares, ajudando-se
mutuamente na correção e reforçando a interação social, a leitura compartilhada e a prática de
decodificação.
Cartazes de Palavras: Produção coletiva de cartazes com palavras trabalhadas em sala
permite que as crianças visualizem e registrem os fonemas e grafemas aprendidos, facilitando
memória visual e engajamento no processo de aprendizagem.

33
Portfólios Pedagógicos: As crianças registram suas atividades, reflexões e progressos
em portfólios individuais, permitindo acompanhamento contínuo do desenvolvimento,
identificação de dificuldades específicas e planejamento de intervenções personalizadas, de
acordo com Ischkanian (2018; 2019).
Jogos Fonológicos Temáticos: Atividades lúdicas estruturadas em torno de temas
(animais, alimentos, objetos) estimulam a percepção de sons iniciais, médios e finais,
associando-os a significados concretos, aumentando motivação e envolvimento da criança no
aprendizado.
Jogos fonológicos são estratégias eficazes para desenvolver a percepção auditiva, a
segmentação de sons e a consciência fonológica. Atividades como identificação de sons iniciais
e finais, associação de fonemas a imagens, construção de palavras com letras móveis e jogos de
memória auditiva ajudam a consolidar habilidades linguísticas em crianças com diferentes tipos
de dificuldades. Histórias dramatizadas e contação de narrativas incentivam a participação,
promovendo compreensão fonológica por meio de interação social e estímulo à linguagem oral
(Salgado e Capellini, 2004).
Recursos visuais e táteis, como cartazes coloridos, blocos de letras, objetos concretos e
materiais manipulativos, são fundamentais para alunos com déficits de atenção, dislexia ou
transtornos fonológicos, pois facilitam a percepção auditiva, visual e cinestésica, fortalecendo a
associação entre som e grafema. A utilização de sons de instrumentos musicais, gestos e
movimentos corporais para representar fonemas também contribui para a aprendizagem
multisensorial e inclusiva.
Portfólios pedagógicos, conforme sugerido por Simone Helen Drumond Ischkanian
(2018), funcionam como ferramentas de acompanhamento contínuo, permitindo registrar o
progresso individual de cada aluno, documentar conquistas e planejar intervenções
personalizadas. Esses portfólios podem conter atividades escritas, registros de jogos fonológicos,
desenhos representando palavras e relatos de leitura compartilhada, possibilitando ao professor
monitorar a evolução de habilidades fonológicas e cognitivas de forma detalhada.
Exemplos de aplicação incluem atividades de leitura em dupla com feedback imediato,
jogos de associação de fonemas a imagens, criação de murais coletivos com palavras aprendidas,
dramatização de sons iniciais e finais, exercícios de segmentação e fusão de sílabas, construção
de palavras com letras móveis, atividades de completar palavras em lacunas, produção de
pequenas histórias ilustradas, exercícios de correspondência som-grafema, leitura de rimas e
poesias, produção de textos curtos individualmente, jogos de bingo fonológico, exercícios de
categorização de palavras, leitura compartilhada em grupos pequenos, confecção de livros
coletivos, atividades de identificação de fonemas em objetos do cotidiano, dramatização de letras

34
e sílabas com gestos, jogos de memória auditiva, produção de textos colaborativos e atividades
de autoavaliação fonológica.
A implementação dessas estratégias favorece a participação ativa de todos os alunos,
garantindo equidade no processo de alfabetização. Cada criança, independentemente de suas
habilidades cognitivas ou desafios de aprendizagem, tem a oportunidade de desenvolver
competência leitora e escritora, respeitando seu ritmo e potencial individual.
A atuação do professor em turmas inclusivas envolve constante observação e adaptação.
Ele deve ajustar as atividades de acordo com as respostas dos alunos, reforçar conquistas,
identificar dificuldades e planejar intervenções específicas, garantindo que cada estudante seja
estimulado de forma adequada.
Atividades coletivas adaptadas, como leitura de histórias em grupo ou jogos fonológicos
em equipe, promovem interação social, cooperação e troca de experiências, fortalecendo também
habilidades socioemocionais. A colaboração entre alunos com diferentes necessidades estimula a
empatia, o respeito à diversidade e a aprendizagem mútua.
O uso de tecnologias educacionais, como aplicativos de leitura interativa e jogos
fonológicos digitais, oferece suporte adicional para alunos com necessidades especiais,
ampliando o repertório de estímulos sensoriais e possibilitando personalização das atividades.
Recursos digitais podem ser utilizados para reforçar fonemas, criar histórias interativas e permitir
revisões constantes em atividades de leitura e escrita.
A avaliação contínua, com base nos portfólios e na observação do desempenho, permite
ao professor planejar estratégias de intervenção pedagógica de forma precisa. Essa avaliação
documenta o progresso individual, identifica lacunas de aprendizagem e orienta a tomada de
decisões pedagógicas, fortalecendo o processo inclusivo e garantindo aprendizagem efetiva para
todos os alunos.
A aplicação do método fônico em turmas inclusivas demonstra que, com planejamento
estratégico, uso de recursos multisensoriais, portfólios pedagógicos e atenção individualizada, é
possível atender às necessidades de cada aluno, promover equidade, desenvolver habilidades
fonológicas e cognitivas e assegurar que todos participem plenamente do processo de
alfabetização.
2.6.3. TURMAS TÍPICAS
Mesmo em turmas típicas, com desenvolvimento relativamente homogêneo, o método
fônico exige planejamento estratégico e atividades estruturadas que promovam o domínio do
sistema ortográfico e o desenvolvimento da consciência fonológica. Atividades bem delineadas
permitem que todos os alunos avancem de forma consistente, consolidando a leitura e a escrita.
A segmentação silábica é uma das estratégias fundamentais, em que as crianças aprendem a

35
identificar e separar sílabas em palavras faladas ou escritas, fortalecendo a percepção sonora e
facilitando a decodificação (Soares, 2017).
Jogos de palavras, como formar palavras a partir de letras móveis ou criar novas
palavras mudando sons iniciais e finais, estimulam a criatividade, a consciência fonêmica e o
reconhecimento de padrões ortográficos (Soares, 2020). Atividades de leitura compartilhada, em
que o professor lê junto com a turma e realiza pausas estratégicas para que os alunos completem
palavras ou frases, promovem engajamento, reforçam a percepção auditiva e aumentam a
fluência.
Exercícios de discriminação auditiva ajudam os alunos a diferenciar sons semelhantes,
como /p/ e /b/, /f/ e /v/, promovendo atenção fonológica e precisão na escrita (Soares, 2021).
Atividades de soletração oral, em que os alunos identificam e articulam fonemas de palavras,
fortalecem a memória de trabalho e a correspondência grafema-fonema. Cartazes com palavras
do cotidiano ou imagens que representem fonemas trabalhados permitem a associação visual
entre sons e letras.
A escrita de ditados curtos e frases simples contribui para a aplicação prática da
consciência fonológica, permitindo que as crianças experimentem o sistema ortográfico de forma
contextualizada. Jogos de memória fonética, em que cartas com palavras ou imagens são
combinadas com base nos sons iniciais ou finais, desenvolvem atenção auditiva e habilidades
cognitivas relacionadas à leitura (Soares, 2017).
Atividades de categorização de palavras, como agrupar palavras por sons iniciais, finais
ou sílabas semelhantes, fortalecem habilidades metalinguísticas e promovem análise crítica do
idioma. A utilização de rimas e canções facilita a internalização de padrões fonológicos,
tornando a aprendizagem mais significativa e prazerosa (Soares, 2020).
Leitura em duplas, com alunos alternando a leitura de palavras ou frases, estimula
colaboração e permite a prática da leitura em ritmo constante, consolidando a compreensão e a
decodificação. Ditados ilustrados, em que imagens são associadas a palavras e escritas, integram
percepção visual, auditiva e escrita, reforçando o aprendizado multisensorial.
Atividades de segmentação auditiva, em que os alunos batem palmas ou tocam objetos a
cada fonema ouvido, desenvolvem consciência fonêmica e coordenação motora. Jogos de
cadeias de palavras, onde cada palavra deve iniciar com o último som da palavra anterior,
incentivam atenção fonológica, memória auditiva e criatividade.
A construção de pequenas histórias, em que os alunos criam textos utilizando palavras
previamente trabalhadas foneticamente, promove expressão escrita, compreensão textual e
aplicação prática do método fônico. Exercícios de ortografia lúdica, como completar palavras
faltando letras ou sons, incentivam análise consciente do sistema ortográfico e atenção aos
detalhes fonológicos.

36
Atividades com letras móveis ou blocos alfabéticos permitem manipulação concreta de
fonemas, tornando visível a relação som-grafema. Jogo de bingo fonético, no qual os alunos
identificam fonemas pronunciados pelo professor em suas cartelas, estimula atenção,
memorização e engajamento.
Produção de portfólios individuais possibilita acompanhamento contínuo do
desenvolvimento, registro de progressos e dificuldades, e permite que o professor planeje
intervenções pedagógicas personalizadas, garantindo que cada aluno avance de acordo com seu
ritmo (Ischkanian, 2018; 2019).
Desafios colaborativos em grupos, como formar palavras ou frases com um conjunto de
letras, promovem interação social, cooperação e aprendizagem ativa. A prática de leitura oral em
grupo fortalece a fluência, a entonação e a confiança na expressão verbal. Atividades de
identificação de palavras em textos curtos ajudam a consolidar vocabulário e reconhecimento de
padrões ortográficos.
Jogos de “qual palavra começa com este som?”, utilizando imagens ou objetos,
desenvolvem percepção auditiva e discriminação fonêmica. Finalmente, atividades de revisão
periódica, nas quais os alunos relembram palavras, sílabas e fonemas trabalhados anteriormente,
consolidam a aprendizagem, reforçam a memória de trabalho e mantêm a motivação.
Essas atividades demonstram que, mesmo em turmas típicas, o método fônico é um
modelo pedagógico robusto que integra ciência cognitiva, desenvolvimento de habilidades
metalinguísticas e práticas lúdicas, garantindo que todos os alunos adquiram autonomia,
competência leitora e escrita eficiente, e capacidade crítica para interagir com o mundo letrado.
2.7. LETRAMENTO , INFÂNCIA E MÉTODO FÔNICO
O letramento na infância é um fenômeno complexo que envolve não apenas a
aprendizagem formal da leitura e da escrita, mas também a capacidade de compreender,
interpretar e produzir textos em contextos sociais diversos. Nessa perspectiva, o método fônico
surge como uma abordagem pedagógica eficaz, fundamentada em princípios cognitivos que
privilegiam a consciência fonológica, a percepção auditiva e a memória de trabalho, permitindo
que as crianças construam uma compreensão sistemática da língua escrita (Ferreiro e Teberosky,
1985; Ferreiro e Teberosky, 1986). A alfabetização baseada em fonemas e grafemas oferece uma
base sólida para o desenvolvimento do letramento, integrando aspectos cognitivos, linguísticos e
sociais da aprendizagem.
A psicogênese da língua escrita, proposta por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985;
1986), enfatiza que a aquisição da leitura e da escrita não é apenas um processo mecânico, mas
uma construção cognitiva que se dá progressivamente. As crianças passam por hipóteses sobre o

37
funcionamento do sistema de escrita, testando suas ideias em contextos de produção textual e
leitura. O método fônico, ao enfatizar a correspondência entre sons e grafemas, proporciona
oportunidades estruturadas para que essas hipóteses sejam verificadas, promovendo um
aprendizado ativo e reflexivo.
Célestin Freinet (1949) contribui com uma perspectiva pedagógica que valoriza a
experiência concreta e a aprendizagem prática, integrando a exploração do meio e a produção
textual. A abordagem fônica pode se beneficiar dessa visão ao incluir atividades lúdicas,
manipulação de objetos e exploração de sons do cotidiano, reforçando a relação entre linguagem
oral e escrita. Paulo Freire (1970; 2005) complementa essa abordagem ao enfatizar a
alfabetização como prática de liberdade, onde a leitura do mundo antecede a leitura da palavra, e
a consciência crítica é construída simultaneamente ao domínio da escrita.
Howard Gardner (1983), com a teoria das inteligências múltiplas, oferece subsídios para
diversificar atividades fônicas em sala de aula, contemplando habilidades linguísticas, lógico-
matemáticas, corporais, espaciais, musicais, interpessoais, intrapessoais e naturalistas. A
aplicação do método fônico aliada a essa abordagem permite que cada criança se engaje de
acordo com seus pontos fortes, promovendo aprendizagem significativa e engajamento.
Estudos sobre memória de trabalho e processamento fonológico, como os de Indri,
Keske-Soares e Mota (2007), demonstram que atividades estruturadas que envolvem
segmentação de sons, fusão silábica e manipulação de fonemas fortalecem a capacidade
cognitiva necessária para decodificação textual. Estratégias que exploram jogos de rimas, ditados
fonéticos e construção de palavras com letras móveis permitem que as crianças internalizem o
sistema ortográfico de forma gradual e efetiva.
Simone Helen Drumond Ischkanian (2018; 2019) propõe o uso de portfólios
pedagógicos como instrumento de acompanhamento individualizado. Essa ferramenta possibilita
registrar progressos, identificar dificuldades específicas e planejar intervenções direcionadas,
tornando a alfabetização um processo personalizado e contínuo. Portfólios podem incluir
atividades de leitura compartilhada, exercícios de segmentação de sons, registros de produção
textual e autoavaliação, consolidando o aprendizado e promovendo a autonomia do aluno.
A aplicação do método fônico em turmas multisseriadas exige segmentação em
pequenos grupos, permitindo que cada criança avance conforme seu nível de desenvolvimento.
Atividades de leitura em duplas ou trios, jogos fonológicos, produção de textos coletivos e
utilização de recursos multisensoriais favorecem a aprendizagem colaborativa e respeitam a
diversidade de ritmos e habilidades (Salgado e Capellini, 2004; Salgado e Capellini, 2008).
Em turmas inclusivas, alunos com necessidades educacionais especiais, como TEA,
dislexia ou transtornos fonológicos, podem se beneficiar de reforço positivo, apoio
individualizado e materiais adaptados, como objetos táteis e recursos visuais, para facilitar a

38
associação som-grafema. Estratégias de dramatização de letras e fonemas, músicas e jogos de
memória auditiva contribuem para a percepção fonológica e para o desenvolvimento da
linguagem (Santos e Siqueira, 2002; Schopler, Mesibov e Sherman, 1978).
Magda Soares (2006; 2017; 2020; 2021) ressalta a importância de uma alfabetização
que articule técnicas fonológicas com práticas de letramento, possibilitando que a criança não
apenas decifre palavras, mas também compreenda, produza e interprete textos em contextos
sociais significativos. Essa abordagem integrada garante que a alfabetização seja funcional e
socialmente relevante, promovendo a leitura crítica e a escrita reflexiva.
O método fônico, quando aplicado de forma sistemática e aliando práticas pedagógicas
diferenciadas, promove o desenvolvimento da consciência fonológica e fortalece habilidades
cognitivas essenciais para a leitura e escrita. A articulação entre teoria, evidências científicas e
estratégias pedagógicas adaptadas ao contexto da infância proporciona aprendizagem efetiva,
inclusiva e significativa.
1 a 2 anos – Descoberta da linguagem oral
Nessa fase, o foco está na exploração do som e da linguagem oral, preparando a base
para a consciência fonológica futura. Atividades podem incluir:
 Leitura de livros ilustrados e histórias curtas, enfatizando sons repetitivos e rimas
(Ferreiro e Teberosky, 1985).
 Canções e cantigas de roda que destacam aliterações e padrões sonoros (Ischkanian,
2018).
 Jogos de imitação de sons da natureza ou de animais para estimular percepção
auditiva (Santos e Siqueira, 2002).
 Repetição de palavras simples e brincadeiras de eco, fortalecendo memória auditiva.
 Observação de objetos e identificação inicial de sons iniciais, como “b” de bola.

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2 a 3 anos – Exploração de fonemas e rimas
O objetivo é desenvolver a atenção aos sons da fala e iniciar a discriminação auditiva:
 Jogos de rimas simples, como “sol – rol” ou “cão – mão” (Paula, Mota e Keske-
Soares, 2005).
 Leitura compartilhada com ênfase em palavras repetidas e sons iniciais.
 Brincadeiras de segmentação de palavras em sílabas (clap hands para cada sílaba).
 Introdução de blocos de letras coloridas para associar som com forma visual (Indri,
Keske-Soares e Mota, 2007).
 Cantos e música com onomatopeias para aumentar consciência auditiva.
3 a 4 anos – Primeiros vínculos som-grafema
As crianças começam a reconhecer letras e sons correspondentes:
 Apresentação de letras móveis, explorando fonemas iniciais de palavras do cotidiano
(Ischkanian, 2019).
 Jogos de combinação som-grafema com cartões ilustrativos.
 Escrita de nomes próprios ou objetos da sala em atividades de traçado livre.
 Ditados de sons simples com apoio visual e tátil.
 Leitura em voz alta de livros com palavras repetidas e previsíveis.

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4 a 5 anos – Segmentação e fusão fonêmica
Momento de aprofundar a consciência fonológica e a manipulação de sons:
 Atividades de segmentação de palavras em fonemas, por exemplo, “p-a-t-o”
(Salgado e Capellini, 2004).
 Jogos de construção de palavras com blocos de letras ou lousa magnética.
 Produção de pequenas frases a partir de imagens sequenciais.
 Exercícios de rimas complexas e trocadilhos para ampliar percepção sonora.
 Contação de histórias interativas onde a criança completa palavras faltantes.

5 a 6 anos – Decodificação e leitura inicial
Foco na leitura emergente e na produção escrita estruturada:
 Leitura de palavras e frases simples, com apoio visual.
 Ditados de palavras curtas para fortalecer correspondência som-grafema.
 Jogos de sílabas móveis para formar palavras novas.
 Escrita de pequenas histórias com orientação do professor.
 Atividades em duplas ou grupos pequenos para leitura compartilhada.

41
6 a 7 anos – Consolidação da leitura e escrita
A criança passa a decodificar e escrever com maior autonomia:
 Atividades de leitura de textos curtos com compreensão de sentido.
 Jogos de substituição de fonemas em palavras para desenvolver flexibilidade
fonológica.
 Produção de portfólios individuais com registro de palavras, frases e pequenas
narrativas (Ischkanian, 2018).
 Criação de cartazes temáticos ou murais de palavras.
 Exercícios de escrita criativa, incentivando autoexpressão.
7 a 8 anos – Expansão do letramento e compreensão
textual
A criança amplia vocabulário, compreensão de textos e consciência ortográfica:
 Leitura e análise de textos mais complexos, identificando fonemas difíceis e padrões
ortográficos.
 Escrita de pequenos textos narrativos ou descritivos com revisão colaborativa.
 Atividades de jogos de palavras cruzadas, caça-palavras e rimas elaboradas.

42
 Portfólios com registros de produção textual, autoavaliação e revisões periódicas
(Ischkanian, 2019).
 Discussão em grupo sobre textos lidos para desenvolver interpretação e
argumentação.

Essa progressão respeita o desenvolvimento cognitivo, linguístico e social de cada faixa
etária, garantindo que as crianças avancem em ritmo adequado às suas capacidades e
necessidades. Ao considerar fatores como memória de trabalho, percepção auditiva, consciência
fonológica e habilidades metalinguísticas, é possível planejar atividades que consolidem a leitura
e a escrita de maneira significativa. O letramento na infância, apoiado pelo método fônico, vai
além do domínio técnico da escrita; ele oferece a oportunidade de formar leitores críticos,
capazes de interpretar e refletir sobre textos, e escritores autônomos, aptos a produzir textos com
intencionalidade e coerência.
A integração de atividades lúdicas, multisensoriais e colaborativas permite que o
aprendizado se torne envolvente e contextualizado, fortalecendo não apenas as competências
cognitivas, mas também habilidades sociais essenciais, como empatia, cooperação e respeito à
diversidade. O uso de portfólios pedagógicos, conforme proposto por Simone Helen Drumond
Ischkanian, possibilita o acompanhamento contínuo do progresso individual, a personalização do
ensino e a valorização das conquistas de cada criança, promovendo uma aprendizagem centrada
no estudante.
As contribuições de Emília Ferreiro e Ana Teberosky evidenciam a importância de
compreender a psicogênese da língua escrita, mostrando que o aprendizado da leitura e da escrita
é um processo construtivo, no qual a criança formula hipóteses sobre o sistema ortográfico e
ajusta suas estratégias conforme a experiência. Célestin Freinet reforça a relevância do
aprendizado ativo e do trabalho com materiais concretos, incentivando a participação e a
autonomia, enquanto Paulo Freire destaca a dimensão social da alfabetização, enfatizando a
leitura do mundo como base para a leitura da palavra, promovendo reflexão crítica e
engajamento social.
Howard Gardner contribui com a teoria das inteligências múltiplas, evidenciando a
necessidade de diversificar as atividades para contemplar diferentes perfis de aprendizagem. Isso
inclui exercícios linguísticos, musicais, corporais, espaciais, interpessoais, intrapessoais e
naturalistas, de modo que cada criança possa explorar suas potencialidades e desenvolver
competências de forma integrada. A aplicação dessas teorias no método fônico permite que o
ensino seja inclusivo, estimulante e eficaz, garantindo que todos os alunos alcancem níveis
satisfatórios de alfabetização.

43
Estudos de Salgado e Capellini reforçam a importância da intervenção estruturada em
consciência fonológica, especialmente para crianças com dificuldades de aprendizagem ou
transtornos fonológicos, demonstrando que atividades planejadas de forma sistemática podem
reduzir desigualdades no processo de alfabetização. Da mesma forma, Santos e Siqueira
destacam o papel da memória e da atenção auditiva na aquisição das habilidades fonológicas,
indicando a necessidade de exercícios contínuos de discriminação sonora, segmentação silábica e
manipulação de fonemas.
Magda Soares enfatiza que o letramento eficaz combina alfabetização formal com
práticas de leitura e escrita significativas, promovendo o desenvolvimento de leitores críticos e
escritores competentes. Sua abordagem reforça que a alfabetização não é um fim em si mesma,
mas um meio para que a criança se aproprie do conhecimento, construa autonomia e participe
ativamente da sociedade letrada.

A articulação entre fundamentos cognitivos, práticas pedagógicas
adaptadas e princípios de letramento proporciona uma aprendizagem
diversificada, equitativa e contextualizada.

O desenvolvimento de atividades planejadas por faixa etária, considerando a progressão
de habilidades fonológicas e metalinguísticas, favorece a construção de conhecimentos sólidos e
a internalização das regras ortográficas. Crianças de diferentes idades e níveis de habilidade
podem ser engajadas em tarefas colaborativas, leitura compartilhada, jogos de rimas, ditados
fonéticos e produção textual, promovendo aprendizado ativo e significativo.
A aprendizagem significativa é reforçada quando se integra recursos visuais, auditivos e
táteis, como cartazes, blocos de letras, figuras e objetos concretos, permitindo que as crianças
estabeleçam conexões entre sons, letras e palavras. Essa abordagem multisensorial contribui para
a consolidação da memória fonológica e da correspondência grafema-fonema, aspectos
essenciais para o domínio da leitura e escrita.
A utilização de portfólios pedagógicos não apenas registra o progresso das crianças,
mas também estimula reflexão e autoavaliação, incentivando a criança a perceber suas
conquistas e identificar áreas de aprimoramento. Essa prática promove autonomia,
responsabilidade e engajamento, elementos fundamentais para o desenvolvimento de habilidades
cognitivas e socioemocionais no processo de alfabetização.
Gladys Nogueira Cabral (2025) enfatiza que o processo de alfabetização na infância
deve ser estruturado de maneira a integrar estratégias fonológicas e atividades lúdicas,

44
garantindo que cada criança desenvolva consciência fonêmica, habilidades metalinguísticas e
autonomia na leitura e escrita, independentemente de seu ritmo individual de aprendizagem.
Sandro Garabed Ischkanian (2025) destaca que a aplicação do método fônico em turmas
inclusivas e multisseriadas exige planejamento pedagógico cuidadoso, uso de portfólios para
acompanhamento contínuo do progresso e adaptação das atividades para contemplar diferentes
estilos cognitivos e níveis de desenvolvimento linguístico.
Nívea Maria Costa Vieira (2025) aponta que o letramento infantil precisa articular
fundamentos cognitivos, percepção auditiva e memória de trabalho com práticas pedagógicas
contextualizadas, de modo que as crianças possam construir hipóteses sobre o sistema
ortográfico e consolidar a compreensão da língua escrita de forma significativa.
Fabiane Bandeira Vieira (2025) argumenta que a alfabetização baseada no método
fônico favorece a equidade educacional, ao possibilitar que crianças com necessidades especiais,
dificuldades de aprendizagem ou diferentes ritmos de desenvolvimento participem ativamente de
atividades fonológicas, colaborativas e multisensoriais.
Silvana Nascimento de Carvalho (2025) enfatiza a importância de sequências didáticas
progressivas que integrem leitura compartilhada, jogos de rimas, exercícios de segmentação
silábica e ditados fonéticos, promovendo a internalização do sistema ortográfico e o
desenvolvimento de competências leitoras e escritoras de maneira estruturada.
Regina Daucia de Oliveira Braga (2025) reforça que o ensino da leitura e escrita na
infância deve ir além da decodificação mecânica, articulando consciência fonológica,
compreensão textual e produção criativa, garantindo que cada criança se torne leitora crítica e
autora de seu próprio conhecimento.
Idênis Glória Belchior (2025) destaca que a implementação do método fônico em
contextos multisseriados exige atenção individualizada, monitoramento contínuo e adaptação de
materiais, promovendo inclusão, motivação e aprendizagem significativa para todas as crianças,
independentemente de suas habilidades.
Eliana Drumond de Carvalho Silva (2025) ressalta que o uso de recursos lúdicos,
visuais, auditivos e táteis no processo de alfabetização fortalece a correspondência grafema-
fonema e a memória fonológica, permitindo que crianças consolidem competências de leitura e
escrita de maneira prazerosa e eficaz.
Rosimery Mendes Rodrigues (2025) argumenta que a alfabetização deve ser entendida
como um processo social e cultural, no qual a criança constrói significados a partir de interações
com colegas e professores, utilizando o método fônico como ferramenta para desenvolver
consciência fonológica e habilidades metalinguísticas essenciais.
Gabriel Nascimento de Carvalho (2025) enfatiza que a articulação entre fundamentos
cognitivos, metodologias ativas, portfólios pedagógicos e estratégias diferenciadas possibilita a

45
formação de leitores autônomos, críticos e capazes de utilizar a escrita como instrumento de
comunicação, reflexão e participação social.
Ao articular teoria, prática e evidências científicas, é possível planejar sequências
didáticas que respeitem o ritmo individual, promovam inclusão e contemplem diferentes estilos
de aprendizagem. Estratégias como segmentação em pequenos grupos, atividades diferenciadas,
jogos fonológicos e desafios colaborativos garantem que cada criança participe de forma ativa,
fortalecendo competências de leitura, escrita e consciência fonológica.
A integração das contribuições de Ferreiro, Teberosky, Freinet, Freire, Gardner,
Ischkanian, Salgado, Capellini, Santos, Siqueira e Soares evidencia que a alfabetização eficaz
deve contemplar aspectos cognitivos, sociais e culturais. Esse modelo promove aprendizagem
diversificada, equitativa e significativa, preparando leitores críticos, escritores autônomos e
indivíduos capazes de interagir com o mundo de forma reflexiva, fundamentada e consciente.
3. CONCLUSÃO
A compreensão dos fundamentos cognitivos do método fônico evidencia que a
alfabetização vai além da simples aquisição de letras e palavras, envolvendo processos
complexos de percepção auditiva, memória de trabalho e processamento fonológico que
permitem às crianças reconhecerem e manipularem os sons da língua escrita, estabelecendo a
base para a decodificação e produção textual. Esses princípios cognitivos são essenciais para
garantir que o aprendizado da leitura e da escrita seja sólido e duradouro, promovendo não
apenas a competência técnica, mas também a capacidade de reflexão crítica sobre a linguagem e
seu uso na sociedade. A abordagem fônica, sustenta-se em teorias cognitivas e evidencia
científica, oferecendo um caminho estruturado para o desenvolvimento de habilidades
metalinguísticas e do domínio do sistema ortográfico, especialmente para alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem, dislexia ou transtornos fonológicos.
A implementação do método fônico em turmas multisseriadas exige atenção especial à
diversidade de níveis de alfabetização presentes na mesma sala de aula, sendo necessário
segmentar os alunos em pequenos grupos de acordo com suas necessidades específicas. Essa
estratégia permite que cada criança participe de atividades adaptadas ao seu ritmo de
aprendizagem, garantindo progresso contínuo e evitando lacunas no desenvolvimento
fonológico. O uso de recursos lúdicos e multisensoriais, como jogos de rimas, blocos de letras e
atividades concretas, fortalece a associação entre som e grafema, ao mesmo tempo em que torna
o aprendizado mais envolvente e significativo, promovendo autonomia e motivação.
Em turmas inclusivas, a aplicação do método fônico requer adaptações ainda mais
individualizadas, considerando alunos com TEA, THAD, TOD ou outras condições que
impactam o aprendizado da leitura e da escrita. Estratégias de apoio individualizado, reforço

46
positivo e atividades de remediação fonológica são essenciais para garantir a participação efetiva
de todos os alunos. O uso de jogos fonológicos, dramatizações, recursos visuais e táteis contribui
para o desenvolvimento da percepção auditiva e do processamento fonológico, promovendo a
inclusão e o fortalecimento das competências linguísticas, enquanto os portfólios pedagógicos
permitem monitoramento contínuo do progresso individual e ajustes precisos nas estratégias de
ensino.
Turmas típicas, ainda que apresentem desenvolvimento relativamente homogêneo, se
beneficiam do método fônico por meio de atividades estruturadas que promovem o domínio do
sistema ortográfico e o desenvolvimento da consciência fonológica. Atividades de segmentação
silábica, jogos de palavras, leitura compartilhada, exercícios de discriminação auditiva e desafios
colaborativos estimulam habilidades metalinguísticas, pensamento crítico e autonomia na
aprendizagem. A articulação entre teoria e prática possibilita a utilização de portfólios de
progresso, permitindo que os alunos acompanhem seu próprio desenvolvimento e participem de
forma ativa do processo de alfabetização.
O método fônico aliado à teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner amplia
ainda mais a eficácia do ensino, permitindo que o professor diversifique atividades e estratégias
para contemplar diferentes habilidades cognitivas e estilos de aprendizagem. Atividades que
envolvem inteligência linguística, lógico-matemática, corporal, espacial, musical, interpessoal,
intrapessoal e naturalista garantem que cada aluno se engaje de maneira significativa,
aproveitando seus talentos individuais e desenvolvendo competências cognitivas
complementares à alfabetização.
O planejamento pedagógico cuidadoso, com foco na diversificação de recursos, é
fundamental para o sucesso do método fônico. A integração de materiais concretos, jogos,
atividades digitais e portfólios de acompanhamento possibilita que as crianças pratiquem a
leitura e a escrita de maneira contextualizada, promovendo aprendizagem significativa e
garantindo a consolidação das habilidades fonológicas. A alternância entre atividades
individuais, em pequenos grupos e colaborativas fortalece a compreensão, favorece a
socialização e estimula a autonomia.
A articulação entre a teoria cognitiva, evidências empíricas e práticas pedagógicas
permite que os professores promovam sequências didáticas progressivas, capazes de desenvolver
a consciência fonológica de maneira sistemática. A leitura compartilhada, os exercícios de
decodificação e a produção textual integrada contribuem para a construção de habilidades
linguísticas sólidas, essenciais para o sucesso escolar e para o desenvolvimento integral do aluno.
O uso de estratégias de ensino planejadas com base em pesquisas científicas garante que as
intervenções sejam eficientes e direcionadas às necessidades de cada criança.

47
O método fônico demonstra também a importância de respeitar o ritmo de
aprendizagem individual, garantindo que alunos com dificuldades ou defasagens recebam
suporte adequado. O monitoramento contínuo por meio de portfólios e registros pedagógicos
permite identificar avanços e lacunas, promovendo intervenções pontuais e direcionadas. Essa
abordagem evidencia que a alfabetização não deve ser padronizada, mas sim adaptada à
realidade de cada sala de aula, atendendo à diversidade cognitiva, social e cultural dos alunos.
A integração do método fônico com atividades lúdicas, jogos, recursos multisensoriais e
portfólios pedagógicos reforça o caráter inclusivo e equitativo do ensino, criando um ambiente
de aprendizagem motivador e desafiador. A aprendizagem se torna mais significativa quando as
crianças conseguem relacionar o conteúdo com experiências concretas, contextos do cotidiano e
interesses pessoais, fortalecendo a compreensão e a retenção do conhecimento.
A aplicação do método fônico permite desenvolver habilidades cognitivas complexas,
como atenção, memória de trabalho, percepção auditiva e processamento fonológico, que são
fundamentais não apenas para a alfabetização, mas para o aprendizado em outras áreas do
conhecimento. Essa abordagem evidencia a relação entre ciência cognitiva e prática pedagógica,
demonstrando que intervenções fundamentadas cientificamente promovem resultados mais
consistentes e duradouros.
O método fônico também se mostra alinhado às políticas educacionais e diretrizes de
letramento infantil, garantindo que a alfabetização seja significativa, crítica e contextualizada.
Ao combinar fundamentos cognitivos, estratégias pedagógicas adaptadas e recursos
diversificados, os professores conseguem criar experiências de aprendizagem que contemplam a
diversidade da infância, promovendo inclusão e equidade. A formação de leitores críticos e
escritores autônomos, capazes de interagir reflexivamente com o mundo, é o resultado direto
dessa articulação entre teoria, prática e evidência científica.
A implementação do método fônico, quando realizada de forma planejada, estruturada e
inclusiva, demonstra ser uma estratégia pedagógica transformadora, capaz de atender às
diferentes necessidades de alunos em turmas multisseriadas, inclusivas e típicas. O uso de
atividades lúdicas, multisensoriais, colaborativas e portfólios de acompanhamento garante não
apenas o desenvolvimento da leitura e da escrita, mas também a formação integral das crianças,
estimulando autonomia, pensamento crítico e engajamento. A alfabetização baseada no método
fônico, apoiada por evidências científicas e práticas pedagógicas inovadoras, consolida a base
cognitiva necessária para o letramento pleno e contribui para a construção de sociedades mais
justas e educacionalmente equitativas.

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