As chamadas desobrigas exigiam grandes preparativos, era a época em que o
padre da paroquia ou o bispo da prelazia visitava as comunidades do interior. Das
redondezas, vinham homens, mulheres e crianças, para assistirem á missa e,
nessa oportunidade, as crianças eram batizadas e os noivos e amasiados
aproveitavam para casar. O coronel ou patriarca da localidade contribuía com o
que tinha de melhor, pois era uma demonstração de muito prestigio e de
religiosidade receber o bispo em sua casa. Na mesa, como todos sabiam que
padre gosta de comer bem, tinha a galinha caipira guisada, o Capão assado, o
porco ao molho ou assado no forno, o pernil de bode, o assado de panela, a
linguiça, as costeletas de leitão. Para beber, refresco, garapa de cana, e água fria.
Na merenda atardinha , o café era feito na hora, acompanhado de biscoito, queijo,
da coalhada escorrida, das petas, dos doces de leite e dos pudins.
Das festas regionais a Farinhada é a mais conhecida, festa tipicamente rural e
bastante esperada por agregados e vizinhos. A farinha de mandioca, é um
produto especial no Estado. Para se obter a farinha, há um verdadeiro ritual. Isso
acontece todos os anos, nos meses de julho e agosto, nas casas de farinhada
espalhadas por todo o Piauí. O produto é a mandioca, raiz forte, venenosa, que
tudo dela se aproveita. Do caule comprido e cheio de nódulos se faz o replantio
ou serve como alimento para o gado, em forma de ração, juntamente com as
folhas depois de desidratadas. Depois de descascadas, a mandioca e colocada
de molho para que depois seja retirada uma massa branca, a qual irá se
transformar em farinha, o ser torrada em forno artesanal. Daí nasce a farinha de
mandioca, a goma e a puba, subprodutos da raiz, que são muito usados. Da
goma se faz o beiju e o bolo, da puba, o mingau e também bolo.