construção de leprosários. A partir do século IV da Era Cristã e até o fim das
Cruzadas, os leprosários se multiplicaram. O leproso representava uma
ameaça pública. A comunidade, com a justificativa de proteger as pessoas
saudáveis, expulsava o doente. Todorov (1999), em seus relatos sobre a
conquista da América faz referência a essa situação:
Durante a terceira viagem Colombo faz escala nas ilhas do Cabo Verde, que
na época serviam aos portugueses como lugar de deportação para todos os
leprosos do reino. Supõe-se então que eles poderão curar-se comendo
tartarugas e lavando-se com seu sangue (p. 22)
Os leprosários foram construídos como espaços fora da cidade, para
excluir, para eliminar o que a sociedade e a medicina não sabiam tratar. O
Hospital Dr. Pedro Fontes (HPF) ou Colônia de Itanhenga foi inaugurado em 22
de maio de 1935 com o objetivo de atender aos pacientes portadores de
hanseníase. Os enfermos da época eram levados ao HPF, onde ficavam
isolados. Durante muitos anos os doentes leprosos do Estado foram “caçados”
pela Polícia Sanitária e isolados obrigatoriamente. Nesta época, os doentes
ficavam impedidos do convívio familiar e da sociedade em geral, representando
uma forte ruptura do seu vínculo social. O entendimento das autoridades, neste
período, era de que esta política de controle vinha para “salvaguardar” a
coletividade.
A partir de 1972, os hospitais-colônias foram banidos oficialmente em
todo o Brasil. Por volta da década de 1980, orientado pelo Ministério da Saúde,
o Hospital Pedro Fontes foi reformulado e parou de internar pacientes
compulsoriamente. Além disso, também inaugurou o tratamento ambulatorial,
estimulou a manutenção da unidade familiar e a reintegração social do
paciente.
Atualmente, o HPF continua tratando aproximadamente mil pessoas
sequeladas pela enfermidade. Todas elas moram no local. De acordo com o
diretor geral da unidade, o bairro Pedro Fontes é como se fosse uma pequena
vila do interior. O ambulatório do hospital atende a pacientes dos bairros
adjacentes, principalmente Nova Rosa da Penha I e II, conta com profissionais
da saúde, médicos de especialidades diversas como a dermatologia, clínico
geral, ginecologia e odontologia, todos mantidos pela Secretaria de Saúde do
Estado.