O processo de luto que se segue a um suicídio costuma ser mais
difícil e mais doloroso, tanto para familiares e amigos como para
profissionais da saúde, pois combina sentimentos de tristeza e de
raiva, este último em reação à violência imposta pelo suicídio. Afinal,
uma das leituras que podemos fazer a respeito de um suicídio é a
do repúdio do falecido às pessoas que estavam mais próximas e
tentando ajudar. É o sentimento de raiva pela rejeição sofrida,
juntamente com a dor pela perda de um ente querido, que os
enlutados têm dificuldade de suportar.
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A recuperação psicológica do profissional que perdeu um
paciente por suicídio envolve a gradual elaboração de sentimentos
ambivalentes, de lembranças de diálogos e de ocorrências ao longo
do tratamento. De alguma forma, o vínculo outrora mantido com o
paciente precisa ser desfeito, ou mesmo transformado, ao longo de
um processo de luto. Isso requer tempo, e o processo pode ser
incrementado por psicoterapia, discussões clínicas, conversas com
colegas e supervisão.
[bode expiatório] A expressão se originou de um ritual hebraico realizado no
Dia da Expiação, Yom Kippur, descrito na Bíblia no livro de Levítico. Dois
bodes eram levados a uma celebração em que um deles era sorteado e
sacrificado. O outro, o bode expiatório, era tocado na cabeça por um
sacerdote, que confessava todos os pecados dos israelitas. Posteriormente, o
animal era deixado ao relento, na natureza selvagem, levando consigo os
pecados nele depositados.
[autoajuda] Grupos de autoajuda iniciaram-se e tornaram-se frequentes após
a II Guerra, como, por exemplo, os grupos de viúvas de militares, nos Estados
Unidos e no Reino Unido. Os grupos de apoio a pessoas enlutadas pelo
suicídio surgiram na década de 1970. A Associação Americana de
Suicidologia e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em colaboração com
a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP), elaboraram
manuais sobre o tema, disponíveis na internet.
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[grupo de apoio] Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio Anônimos
(GASSA) para familiares e amigos de pessoas falecidas por suicídio.
Informações: (11) 9831 8663,
[email protected].