Caracterização física e psicológica: Mestre Finezas: Mestre dos três ofícios, barbeiro, actor e
violinista, o Mestre é descrito como uma figura alta magra e severa, de “ pernas esguias, carão
severo de magro, o corpo alto, curvado (…), os braços compridos arqueados”, imagem que
manteve ao longo do tempo, com traços de velhice: “ os cabelos todos brancos”, “mãos
trémulas que já mal seguram (…) a navalha” e o “busto mirrado”. No passado foi um homem
talentoso, hábil e respeitado. O presente, era uma figura entristecida, magoada, votada ao
abandono, que só vive de recordações e que transpõe para o violino toda a dor que sente.
Carlinhos: É o “único confidente” do Mestre, participando da sua mágoa com ternura e
complacência. O medo que no passado sentia, evoluiu para um sentimento de piedade, à
medida que entre eles aumenta o conhecimento e identificação. Sobre a sua própria vida,
Carlinhos resume-a em poucas palavras: saiu para estudar, mas acabou por falhar no curso, e
vive agora uma vida de marasmo e de ociosidade”, ansioso por “partir breve”.
Vila: A vila surge como personagem colectiva. Este conjunto de pessoas anónimas não tem um
papel meramente decorativo, teve grande influência na vida do Mestre, aclamando-o como o
melhor artista, para depois o votar ao maior abandono, esquecendo-se da sua fama. Finezas
diz daquelas pessoas que vivem apenas para “o negócio, a lavoura” sem apreciarem
devidamente a vida. Carlinhos deseja afastar-se da vila, pois apenas sente indiferença, não se
identificando com nada.
Processos de Caracterização- autocaraterização direta: “ estou muito velho, Carlinhos.”
-heterocaracterização direta: “ Mestre Finezas é ainda a mesma figura alta e seca. Somente
tem cabelos brancos.”
-caracterização indireta: “ quase sempre morria quando a cortina principiava a descer e , na
plateia, as senhoras soluçavam alto. (…) mas a cena tinha sido tão viva e a sua morte tão
notada durante o resto do espetáculo (…)- indícios das suas qualidades de actor.
Tempo
Tempo do discurso: Há um desencontro entre a ordem temporal e a ordem real pela qual os
acontecimentos são narrados (anacronia). O narrador parte do tempo presente(Agora
entro…)para logo de seguida, evocar, através da analepse, o tempo passado (Lembro-me
muito bem de como tudo se passava…)e regressar ao presente (Passaram os anos…).
Tempo psicológico: Quando o Mestre Finezas cortava o cabelo, Carlinhos perceciona a
passagem do tempo de forma dolorosa e interminável.
Espaço
Espaço físico- a vila
- a barbearia- o teatro da vila: o palco e a plateia.
Espaço social e cultural
A vila é um meio pequeno e rural, que tinha como costume, assistir às récitas dos atores
amadores da vila, hábito que perderam com o passar do tempo.