Durante anos e anos, todos os dias, cle ia à estacio; depois
voltava sozinho para casa, muito triste porque o dono náo tinba
chegado, Toda a cidade ficou sabendo a história e admirando o
cio; quando ele morreu, levantaram uma estitua a esse cachor-
ro admirável, como símbolo da fidelidade e como exemplo ás
criaturas humanas.
Depois Vovó contou outra história; disse que, uma vez,
um homem ia viajando a cavalo por uma estrada, acompanhado
de seu cachorro que se chamava Piel. Passando perto de um rio,
no meio de uma floresta, o homem desceu do cavalo e bebeu
gua, depois continuou a viagem
Mas Fiel parecia ter enlouquecido de repente; corria ma
frente do cavalo, ava para trás, olbava para o dono e
latia de novo, como um desesperado. O homem estranhou o
procedimento do cachorro, nunca ele tinha feito isso. Que se-
ria? Observou Fiek ele no parava, mordía 2 perna do cavalo e
nio deixava o animal andar, Entio o homem pensou: “Fiel esti
louco. Náo pode ser outta coisa, nunca cle fez isso”. E que fa
zer com um cachorro louco, num tempo em que náo havia tra
tamento contra ira? O dono tirou o revólver e, sentindo o
coraçäo apertado de dor, pois queria muito ao seu cachorro, ia
matar Fiel. Nao teve coragem.
la continuar quando verificou que estava sem a carteira
Lembrou-se de que tinha parado para beber água, e que talvez
cla tivesse caída naquele lugar. Voltou a galope até a margem
do rio; lá estava a carteira no chäo, no lugar onde ele havia se
debrugado para beber.
E Ficl? Fiel näo estava louco, estava apenas avisando o
dono que ele tinba perdido alguma coisa
Anos mais tarde Fiel morreu de velhice, O dono escreveu
junto ao túmulo estas palavras: “Aqui dorme Fiel, aquele que
foi meu maior amigo”.
Enquanto Vovó contava cssas histórias, Samba foi dar
umas voltas pelo jardim; vagou por todos os recantos. Pisou
por cima das camaradinhas, atravessou o canteiro das bo:
cas-de-lein; estavam todas fechadas, com ar aborrecido. Samba
cheirou-as uma por uma, depois dirigiu-se para um vaso onde
havia um pé de coragio-de-estudante. Os comçñes-de
estudante estavam dependurados, tomando sol.
Quando o vento soprava, eles se sacudiam como se des:
sem gargalhadas; quando o sol esquentava, cles ficavam mais
vermelhos, pareciam mais contentes.
Samba colheu um coracio-de-estudante com a boca ©
mastigou, mastigou uma porgäo de tempo até esmigalhar bem,
só de reinagio. Depois colheu outro e outro; em seguida, vol:
tou, pisando nas bocas-de-Icáo, e deitou-se na grama. Ficou de
costas, virando o corpo de um lado para outro. Depois ficou
quieto e fechou os olhos como se dormisse; uma borboletinha
azul veio voando, voando e pousou sobre a barriga de Si
as asas dela tremiam. Quando Samba viu, deu um pulo e
pantou a borboletinha; cla foi embora voando, voando e sentou
em cima de uma rosa vermelha
ficou olhando e teve vontade de voar também.