Breve apresentação sobre o conceito de tecnologia e a extensão universitária tecnológica
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Language: pt
Added: Oct 27, 2025
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O Conceito de Tecnologia e a Extensão Universitária Este trabalho explora o conceito de tecnologia, revisitando as obras de diversos autores, e sua aplicação na prática da extensão universitária, especialmente no contexto do Núcleo de Solidariedade Técnica da UFRJ. O objetivo é orientar as metodologias de ação do núcleo, valorizando o trabalho coletivo e a economia solidária. por Vanessa Conceicao
Álvaro Vieira Pinto e a Ideologia da Técnica Álvaro Vieira Pinto critica a visão dualista da tecnologia, que oscila entre a idealização dos artefatos e a percepção da tecnologia como algo maléfico. Ele argumenta que a tecnologia deve ser analisada no contexto das mudanças no modo de produção social, e não de forma isolada. Pinto define técnica como a capacidade humana de projetar e a condição de ser social para produzir. Ele identifica quatro significados para tecnologia: teoria da técnica, equivalência com técnica, conjunto de técnicas de uma sociedade e ideologia da técnica. Crítica à Ideologização Pinto critica a ideologização da tecnologia, que serve aos interesses de dominação e impede a expansão dos países periféricos. Relações Sociais Ele enfatiza a importância de considerar as relações sociais de produção ao analisar a tecnologia.
Estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) Bazzo, Von Linsingen e Pereira (2003) entendem a técnica como uma capacidade distintiva do ser humano, relacionada à produção, sobretudo industrial. Eles refutam a ideia de que a tecnologia é simplesmente ciência aplicada, defendendo que ela altera o conhecimento científico. Renato Dagnino, em diálogo com Andrew Feenberg, critica a neutralidade da ciência e da tecnologia, argumentando que o controle é inerente a qualquer forma de produzir e varia conforme o processo de trabalho. Crítica à Neutralidade A tecnologia não é neutra, expressando conteúdos de classe e a tentativa de controle de uma classe sobre outra. Quadros de Referência As decisões técnico-científicas acontecem sobre quadros de referência limitados, que podem excluir atores relevantes.
A Teoria Crítica da Tecnologia de Andrew Feenberg Feenberg organiza a filosofia da tecnologia em quatro perspectivas: determinismo, instrumentalismo, substantivismo e teoria crítica. Ele critica o instrumentalismo, que vê a tecnologia como neutra e controlada pelo homem, e propõe uma racionalização subversiva ou democrática. Feenberg propõe democratizar o processo de desenvolvimento e controle das tecnologias, incorporando novos custos na racionalização tecnológica, além da busca de lucro. Ele apresenta os conceitos de instrumentalização primária e secundária. 1 Instrumentalização Primária Descontextualização, reducionismo, autonomização e tomada de posição. 2 Instrumentalização Secundária Sistematização, mediação, vocação e iniciativa.
A Teoria Ator-Rede de Bruno Latour Pela ótica da teoria ator-rede (Latour, 2000), um artefato tecnológico é uma rede de articulações entre elementos humanos e não humanos. A neutralidade da ciência é um mito, pois o contexto e o conteúdo se fundem na construção de fatos científicos. Latour apresenta os laboratórios científicos como espaços construídos para "criar" fatos científicos, e os cientistas alinham-se com grupos poderosos para financiar suas pesquisas, influenciando os valores da P&D. Artefato tecnológico como rede de articulações. Laboratórios científicos como espaços de criação de fatos. Alinhamento com grupos poderosos para financiamento.
O Conceito de Tecnologia Social (TS) O conceito de tecnologia social (TS) parte de uma crítica à neutralidade da ciência e tecnologia, visando adequar a tecnologia vigente para construir uma sociedade com novas relações sociais de produção. A TS se opõe à tecnologia convencional (TC), desenvolvida e utilizada pela empresa privada. A construção do conceito de TS tem sua gênese em práticas que buscaram opor-se à tecnologia convencional, como as ações de Gandhi a favor das tecnologias tradicionais. Crítica à Neutralidade A TS critica a neutralidade da ciência e tecnologia. Oposição à TC A TS se opõe à tecnologia convencional (TC). Origem nas Práticas A TS tem sua gênese em práticas que se opõem à TC.
Tecnologia Social vs. Tecnologia Convencional A TS é orientada para a gestão coletiva, adaptada a pequeno tamanho físico e financeiro, liberadora do potencial do produtor, orientada para o mercado interno de massa, capaz de viabilizar empreendimentos autogestionários, não discriminatória e ambientalmente sustentável. Dagnino, Brandão e Novaes (2004) propõem sete modalidades de adequação sociotécnica (AST) como forma de operacionalizar a TS, visando desconstruir as TC e reconstruí-las com critérios alternativos. 1 Gestão Coletiva Orientada para a gestão coletiva ou promotora do controle coletivo. 2 Sustentabilidade Uso de matéria-prima local, de forma sustentável. 3 Não Discriminação Não discriminatória (patrão versus empregado).
A Rede de Tecnologia Social (RTS) e as Disputas A Rede de Tecnologia Social (RTS) surgiu em 2004 com o intuito de agregar sinergias e esforços para alargar e melhorar a atuação no campo social. A rede utiliza a definição de que tecnologia social compreende produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade. Há divergências sobre o que significa transformação social, polarizando o conceito entre inclusão e um novo projeto de sociedade. A falta de convergência fragiliza a construção de um campo teórico forte. Inclusão Transformação social como inclusão de diversos atores. Novo Projeto Transformação social como um novo projeto de sociedade.
Reflexões para a Prática da Extensão A atuação extensionista, tendo como referencial teórico a tecnologia social, exige que as áreas tecnológicas dialoguem com outras áreas de conhecimento, buscando a participação dos atores envolvidos nos projetos e garantindo que sejam pensados a partir de uma visão crítica ao modo de produção vigente. A adequação sociotécnica não é uma reivindicação dos grupos populares, e a tecnologia social, enquanto contestadora do modo de produção capitalista, não é uma demanda dos empreendimentos populares. Interdisciplinaridade 1 Visão Crítica 2 Participação 3
Considerações Finais Para ampliar a participação dos atores envolvidos na concepção tecnológica e no engajamento crítico ao sistema capitalista, é necessário rumar a uma efetiva interdisciplinaridade, fazendo com que os praticantes da técnica passem a refletir sobre a mesma, e quem se ocupa da epistemologia da técnica possa aproximar-se da prática. A conceituação e desenvolvimento de tecnologias sociais necessitam se aproximar mais da realidade dos empreendimentos econômicos solidários, considerando seus anseios e motivações principais. 1 Sociedade Justa 2 Realidade dos Empreendimentos 3 Interdisciplinaridade