O discurso filosófico e a sua análise lógica Problematizar/Argumentar/Concetualizar
O Discurso poético e o discurso filosófico . Novembro. Só! Meu Deus, que insuportável mundo! Ninguém, viv'alma ... O que farão os mais? Senhor! a Vida não é um rápido segundo: Que longas horas estas horas! Que profundo Spleen o d’estas noites imortais! Faz tanto frio. (Só de a ver me gela, a cama...) Que frio! Olá, Joseph! bota mais carvão! E quando todo se extinguir na áurea chama, Eu botarei (para que serve? já não ama...) Às cinzas brancas, meu vermelho coração!
António Nobre, Ao canto do lume.1892 Que hei- de eu fazer? Calai essas canções imundas, Cervejarias do Quartier ! Rezai, rezai! Paisagem, onde estás? Ó luar, águas profundas! Ó choupos, à tardinha, altivos, mas corcundas, Tal como aspirações irrealizáveis, ai! Não me tortura mais a Dor. Sou feliz. Creio Em Deus, n’uma outra vida, além do Ar. Meus livros dei-os, meu Filósofo queimei-o: Agora, trago uma medalha sobre o seio Com a qual falo, às noites, ao deitar.
O discurso filosófico “Os males do mundo devem-se tanto a defeitos morais quanto à falta de inteligência. Mas a humanidade não descobriu até agora qualquer método para erradicar defeitos morais [...] A inteligência, pelo contrário, aperfeiçoa-se facilmente por meio de métodos que todos os educadores competentes conhecem. Logo, até se descobrir um método para ensinar a virtude, o progresso terá de ser alcançado por meio do aperfeiçoamento da inteligência e não da moral.” Bertrand Russell
Quais as diferenças? O primeiro texto fala-nos de uma emoção subjetiva. Utiliza metáforas para nos expressar um sentimento. Visa tocar-nos emocionalmente. Verdade sentimental.
O texto Filosófico apela a Razões O segundo texto pretende apresentar-nos uma ideia que responde a um problema. Utiliza conceitos que denotam, isto é, com um significado objetivo e universal. Fundamenta a sua ideia em argumentos, razões que podem ser discutidas. Texto argumentativo.
Análise lógica do texto: TEMA: Como afastar os males do mundo. PROBLEMA: Como podemos progredir para afastar os males do mundo? TESE: Até se descobrir um método para ensinar a virtude, o progresso terá de ser alcançado por meio do aperfeiçoamento da inteligência e não da moral.”
Argumento e conceitos ARGUMENTO/CORPO ARGUMENTATIVO (RAZÕES): “Os males do mundo devem-se tanto a defeitos morais quanto à falta de inteligência. Mas a humanidade não descobriu até agora qualquer método para erradicar defeitos morais [...] A inteligência, pelo contrário, aperfeiçoa-se facilmente por meio de métodos que todos os educadores competentes conhecem CONCEITOS: O mal do mundo, a moral, a inteligência, a educação
O Problema e a Tese de um texto filosófico O problema é a questão que está presente no texto à qual o texto pretende dar uma resposta. A Tese é a resposta encontrada pelo autor ao problema, é a ideia que o autor defende. Podem ser apresentadas várias teses. Também se podem apresentar contraexemplos ou objeções como se esta reflexão fosse um diálogo do autor consigo próprio. A tese é uma frase declarativa ou proposição. Pode também ser entendida como a conclusão do argumento que se expõe.
A argumentação e os conceitos A argumentação é o conjunto de razões que servem para justificar a tese proposta, explica o porquê da tese que se defende. Os conceitos são as palavras que referem classes de objetos, o conceito é aquilo que distingue essa classe de todas as outras. Expressa-se por palavras/termos.
Os nomes que se utilizam para avaliar logicamente:
O diálogo filosófico https://www.youtube.com/watch?v=nSs-tNRZGYI
Exercício de Análise lógica Para compreender uma idade ou uma nação temos de compreender-lhe a filosofia, e para isso temos de ser em qualquer grau filósofos. Há aqui uma causalidade recíproca. As circunstâncias da vida do homem concorrem muito para determinar a sua filosofia e, reciprocamente, a sua filosofia determina em muito as suas circunstâncias. Esta interação multisecular é o tópico das páginas seguintes (da história da filosofia). Há, no entanto, uma resposta mais pessoal. A ciência diz-nos o que sabemos, e é pouco; e se esquecemos quanto ignoramos ficaremos insensíveis a muitos factos da maior importância. Por outro lado, a teologia induz a crer dogmaticamente que temos conhecimento onde realmente só temos ignorância, e assim produz uma espécie de impertinente arrogância em relação ao Universo. A incerteza perante esperanças vivas e receios é dolorosa mas tem de suportar-se se quisermos viver sem o conforto dos contos de fadas. Nem é bom esquecer as questões postas pela filosofia, nem persuadirmo-nos de que lhes achámos resposta indubitável. Ensinar a viver sem certeza sem ser paralisado pela hesitação é talvez o mais importante dom que a filosofia do nosso tempo dá, a quem a estuda. Bertrand Russell, História da Filosofia Ocidental,(1946) Relogio D’água, 2017, p. 13,1 4