O JUIZ E A VIÚVA Sobre o dever de sempre orar e não desanimar/ter medo
LUCAS 18:1-8 1- Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: 2- Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. 3- Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. 4- Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; 5- todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. 6- Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. 7- Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? 8- Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?
Durante sua última viagem a Jerusalém JESUS dá ensinos a seus discípulos que seriam importantes para eles, quando fossem deixados a prosseguir como líderes cristãos, sem a sua presença física.
A última viagem para Jerusalém
Esta passagem divide-se em três seções: Primeiro vem a introdução (v.1) Segundo, a parábola propriamente dita (vv. 2 -5) Finalmente a aplicação dominical * da parábola (vv. 6-8) * Dominical = relativo ao SENHOR.
Dois temas são interligados na passagem: A persistência em oração A iminência/demora da volta gloriosa de JESUS CRISTO.
O AUDITÓRIO Os discípulos (Lucas 17:22) Provavelmente, os fariseus (Lucas 17:20)
“A introdução reforça o tema de persistência em oração. Ao mesmo tempo, a aplicação específica no fim da parábola já é aludida nesta introdução. Os fiéis devem ser persistentes na oração não apenas em relação à intervenção decisiva de DEUS na história, mas eles devem buscá-LO sempre que Ele parecer distante e a confiança dos crentes vacilar. A solução para o medo é a oração.” (Bailey, p. 310).
“Aqui, uma piedade simples expressa em uma oração confiante é recomendada como solução para o medo que rouba ao crente a sua tranquilidade, e assim ele suportará tudo. Jesus e o seu pequeno grupo de seguidores enfrentam rejeição e hostilidade intensificadas de todos os lados. Certamente esta introdução/interpretação generalizada da parábola pode ser considerada como autêntica em relação à situação que Jesus enfrentava, bem como uma introdução apropriada à parábola em estágio posterior da vida da igreja primitiva.” (Bailey, p.310)
OS PERSONAGENS
O JUIZ
O JUIZ Em II Crônicas 19:6-7 Josafá escolhe juízes para a terra e lhes diz: ...Vede o que fazeis, porque não julgais da parte do homem, e sim, da parte do Senhor, e no julgardes Ele será convosco. Agora, pois, seja o temor do Senhor convosco; tomai cuidado, e fazei-o; porque não há no Senhor nosso Deus injustiça, nem parcialidade, nem aceita ele suborno.
Estas admoestações são sempre necessárias em qualquer sociedade, e o Antigo Testamento continua procurando estabelecer justiça às portas. Amós, em particular, ficou irado com a corrupção dos juízes. (Amós 2:6).
O Talmude (coleção de livros com comentários rabínicos) fala de juízes de aldeia que estavam dispostos a perverter a justiça por um prato de comida.
O JUIZ NÃO TEMIA A DEUS NEM RESPEITAVA HOMEM ALGUM
“O problema desse juiz não é que ele não “respeita” outras pessoas no sentido de respeitar alguém de cultura ou de posição elevada. Ao contrário, é um caso de incapacidade de sentir a maldade de suas ações na presença de alguém que possa fazê-lo ficar envergonhado. Neste caso ele está ferindo uma viúva desamparada. Ele devia sentir-se envergonhado. Mas o mundo inteiro pode gritar: “Que vergonha!” mas isto não causará nenhuma impressão sobre ele.” (Bailey, p. 312).
Uma das críticas mais agudas que se pode fazer a um adulto numa aldeia do Oriente Médio é ‘ele não tem vergonha’. (Bailey, adaptado). O juiz não tinha “vergonha”; era desavergonhado. Ele era o que popularmente chamamos “sem vergonha”. Certamente, a única maneira de conseguir alguma coisa com um juiz assim era através da corrupção e de propinas.
A VIÚVA
A VIÚVA No Antigo Testamento a viúva é um símbolo típico dos inocentes, impotentes e oprimidos (Isaías 1:17 e 23)
“Em todas as épocas e lugares os ambiciosos têm verificado que as viúvas são vulneráveis à opressão e à injustiça, pois elas não têm alguém para protegê-las. Por isso DEUS ordena que os juízes lhes dêem especial consideração, Jer. 22:3.” (Bailey, p.313)
A parábola apresenta três pressupostos: A viúva está do lado do direito (e a justiça lhe está sendo negada). Por alguma razão, o juiz não deseja servi-la (ela não pagou o suborno?). O juiz prefere favorecer o adversário dela. (O adversário dela tem influência, ou pagou suborno?)
Bailey destaca um ponto interessante sobre a mulher no Oriente Médio: As mulheres não vão a um tribunal. Uma mulher sozinha em um tribunal demonstra que ela é desamparada, ou seja, não tem um homem para defendê-la.
O LUGAR DAS MULHERES NO MINISTÉRIO DE JESUS Jesus concedeu às mulheres dignidade e respeito que eram praticamente desconhecidos entre os rabinos da época.Todos os evangelhos registram como Jesus se agradava da presença das mulheres entre seus seguidores, mas Lucas dá especial atenção a este fato. Esta parábola é um exemplo da atenção de Jesus a todas as mulheres de seu tempo.
“Para que ela não me dê dor de cabeça!” (de acordo com algumas versões árabes) “Para que ela não continue a vir e a me molestar para sempre.” (de acordo com versões gregas)
A viúva não tinha dinheiro, não tinha amigos ricos e poderosos e vivia em um mundo “machista”. O juiz era totalmente iníquo. Ainda assim, a viúva conseguiu uma audiência e teve a causa decidida a seu favor.
Assim sendo, a idéia principal da parábola é a persistência .
A parábola utiliza o princípio rabínico de “do mais leve para o mais pesado”.
Se as necessidades dessa mulher são supridas, quanto mais as necessidades do crente que ora não a um juiz iníquo, mas a DEUS. “ Se mesmo um juiz injusto (v.6) fará aquilo que é direito, quanto mais DEUS?” (Bíblia de Genebra, p. 1212) O crente pode ficar certo de que as suas petições são ouvidas e atendidas.
“Quando o medo se apossa do coração do crente, ele é desafiado a orar, e a orar continuamente em face a todos os desânimos, com plena consciência de que DEUS agirá tendo em vista os seus melhores interesses”. Bailey, p.318
É preciso lembrar que Jesus está a caminho de Jerusalém, para o grande martírio. O medo toma conta dos corações dos discípulos: E agora? DEUS vai defendê-los? DEUS vai livrar Jesus dos sofrimentos e da morte? Suas orações serão respondidas?
A resposta é: sim! A resposta às orações não foi o livramento das torturas e da morte de Cristo. A resposta foi a RESSURREIÇÃO.
Os discípulos aprenderam que não são prediletos mimados da Providência divina, mas são instrumentos para honra e glória do SENHOR. Portanto, as suas orações deveriam ser feitas com a mesma disposição da viúva, buscando incessantemente a glória de DEUS.
Para reflexão: A oração vence o medo. A persistência na oração é parte integrante da vida do crente. Quando o crente ora, ele se dirige a um DEUS amoroso e justo. DEUS vai cumprir os seus objetivos e responde todas as orações de seus servos.
“A oração é a comunhão dos filhos de DEUS com o seu Pai que está nos céus, e consiste em adoração, ação de graças, confissão de pecados e petições...” (Dicionário da Bíblia, John D. Davis, p.432)
Na definição do Dicionário da Bíblia, citada a pouco, sobre oração, observamos “ a ação de graças” como um dos aspectos da oração. Aprendemos também que nós não somos prediletas mimadas da Providência divina.
Jornalista egípcia-americana Mona Eltahawy (publicado no site de “Carta Capital” em abril/2012) “Ela cita, por exemplo, a proibição de as mulheres dirigirem na Arábia Saudita. Debate leis de países coniventes com violência doméstica contra as mulheres em “casos especiais”, e lembra que o assédio sexual é uma prática endêmica na região. Mona cita outras violações ainda mais atrozes, como a mutilação genital, proibida, mas ainda muito comum no Egito; os “testes de virgindade”, também realizados no Egito; as permissões de casamentos entre homens adultos e meninas de 10 ou 11 anos no Iêmen e na Arábia Saudita; ou de casamentos entre vítimas de estupros e seus algozes. Todos esses fatos, sem dúvida terríveis, servem para provar como é lastimável a situação de muitas mulheres no Oriente Médio ,...” http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-primavera-arabe-vai-promover-os-direitos-das-mulheres /
Reportagem realizada pelo “Fantástico” em junho/2014 O Líbano, por exemplo, uma sociedade moderna convive com costumes medievais. Lá, as mulheres, depois do casamento, passam a ser propriedade dos maridos e podem ser agredidas, presas e até estupradas sem ter a quem recorrer . ... Segregação, maus tratos, mutilação de órgãos genitais, estupros, tortura dentro de casa, divórcios desejados pelas mulheres, mas dificilmente alcançados e crimes de honra em que o marido assassino sai praticamente impune . ... Um estudo da ONU, de março deste ano, fez um ranking dos países muçulmanos que mais desrespeitam os direitos das mulheres. O Líbano aparece na posição 14 entre 47 países. No Egito, segundo a ONU, mais de 27 milhões de mulheres tiveram os órgãos genitais mutilados. No Iraque, mulheres são vendidas e estupradas . http:// g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/06/mulheres-sao-vistas-como-propriedades-dos-homens-no-libano.html
CRÉDITOS - continuação Bibliografia BAILEY, Kenneth. AS PARÁBOLAS DE LUCAS; tradução Adiel Almeida de Oliveira; Vida Nova; São Paulo; 1995. DAVIS, John D. DICIONÁRO DA BÍBLIA ; tradução do Rev. J.R. Carvalho Braga; Juerp ; Rio de Janeiro; 1990. ELWELL,Walter A. e YARBROUGH, Robert W. DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO – UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E TEOLÓGICA; tradução Lúcia Kerr Jóia ; Cultura Cristã; São Paulo; 2002. Bíblia de Estudo de Genebra. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo e Barueri, 1999.
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