ZERO HORA
CAMPO&
LAVOURA
POR TO ALE GRE, SEXTA-FEI RA,26 DE SETEMBRO DE 2008 – Nº 1.238
A ELITE DO CAMPO
Caipira com estilo
A aquisição de uma
propriedade no Rio Grande
do Sul é o novo alvo do
agroempresário Zurita
SEBASTIÃO RIBEIRO
D
e repente, um zum-zum toma conta do
estande montado pela Agrozurita na Ex-
pointer, realizada no início deste mês, em
Esteio. Empregados correm para varrer o
corredor, deixá-lo impecável para a che-
gada do “visitante” mais esperado. É Ivan
Zurita, dono do negócio, que se aproxima. Presidente da
Nestlé no Brasil, o empresário toca paralelamente a sua
fazenda, no município de Araras (São Paulo), e deve pas-
sar a ser presença mais freqüente no Rio Grande do Sul.
Não apenas porque a Nestlé inaugura hoje uma indús-
tria de leite em Palmeira das Missões e pretende ampliar
suas atividades gaúchas, mas porque a compra de uma
propriedade no Estado está nos planos da Agrozurita.
Na Expointer, ciceroneado pelo diretor de comercializa-
ção da Rede Globo, o gaúcho e também pecuarista Willy
Haas, Zurita enumera as qualida-
des de seus animais, entre eles a
vaca Lady Siska, cuja metade da
propriedade o cantor Roberto Car-
los e seu empresário Dodi Sirena
compraram por R$ 1,6 milhão em
um leilão da Agrozurita. As ami-
zades no meio artístico também
já permitiram parcerias com Ana
Maria Braga, Tom Cavalcante e He-
be Camargo, em remates que são
verdadeiros shows de produção (o último, há duas se-
manas, faturou R$ 7,5 milhões com a venda de 50 lotes).
O faturamento anual da empresa rural do presidente da
Nestlé é de cerca de R$ 60 milhões, sendo R$ 30 milhões
provenientes da pecuária, e o restante, de outros negócios,
como plantação de cítricos.
É com naturalidade que Zurita parece lidar com a ba-
dalação decorrente do próprio cargo. Vestindo uma calça
jeans, camisa e jaqueta de couro, com os cabelos grisalhos
um tanto desgrenhados, o empresário não chama a aten-
ção pelo visual. Sabe-se que é alguém importante pela mo-
vimentação desmedida de garçons, assessores e curiosos
que o cercam. Em Esteio, o executivo finge nem perceber
e trata a todos com cordialidade e simplicidade. Encanta-
se quando o artista Manuel Touguinha se aproxima para
mostrar um livro sobre o Museu do Pão, restauração pa-
trocinada pela Nestlé no pequeno município de Ilópolis
– sucesso internacional em exposições de arquitetura. Só
Av. Carlos Gomes, 691
(51) 3022.1000
NA IESA NISSAN
ÚLTIMAS UNIDADES
FRONTIER 08/08
COM
CONDIÇÕES DA EXPOINTER.
EMÍLIO PEDROSO
Presidente da Nestlé fez questão de degustar sua carne de filé AgroZ vinda direto de São Paulo para a Expointer
não se mostra mais relaxado porque o telefone não pára de
tocar. Ainda assim, não segura um sorriso dirigido a um
garoto que, ao observar Lady Siska, comenta com a mãe.
– Esta vaca parece um dogue alemão!
A principal razão da visita de Zurita ao Rio Grande do
Sul foi o plano de expandir o programa de carne de qua-
lidade com a marca AgroZ para o Estado. Zurita costuma
dizer que, se não for para agregar valor a um produto, nem
começa o negócio. Atualmente, cerca de mil animais são
abatidos por mês pelo programa. A carne já é vendida em
restaurantes classe A, e a intenção é levá-la aos supermer-
cados. Não é à toa que ao ver em Esteio o diretor da rede
Zaffari, Cláudio Zaffari, Zurita ordena a um garçom que
ofereça cubos de filé da AgroZ no estande da empresa:
– Leva a carne para o Cláudio ver o produto que va-
mos vender – brinca.
A ligação de Zurita com o campo não é de hoje e nem
vem da Nestlé, empresa na qual ingressou há 33 anos co-
mo estagiário e uma das maiores compradoras de produ-
tos agropecuários do país. Quando tinha 13 anos, o empre-
sário já administrava o tambo do pai. Foi natural que, nos
17 anos que trabalhou para a multinacional no Exterior,
Zurita aplicasse toda a renda que sobrava em atividades
rurais. Hoje, a Agrozurita possui cerca de 3 mil hectares.
A área de pecuária tem 500 cabeças nelore e 800 simental
sul-africano, além de 350 animais em parceria com cria-
dores de Estados Unidos e Canadá.
Mas, além de um negócio, a propriedade também é um
hobby, refúgio no qual ele descansa com a família. Nos fi-
nais de semana, o empresário gosta mesmo é de comer
um frango caipira, com mandioca, ovo frito e hortaliças
produzidas pela mulher, a biomédica Berenice, que tam-
bém se dedica à criação de pavões e galinhas d’angola.
Como aperitivo, vai bem a Cachaça do Barão, da qual o
alambique da Agrozurita produz 250 mil litros por ano.
E, no desjejum, o café e o leite da propriedade. É nessas
horas que Zurita deixa de ser um dos maiores executivos
do Brasil e vira apenas um caipira. Com muito orgulho.
Faturamento anual
da Agrozurita, com
sede em Araras (SP),
chega a R$ 60 milhões,
sendo R$ 30 milhões
na área de pecuária