São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras de som , figuras de palavras , figuras de pensamento e figuras de construção .
Como podemos classificar as figuras de linguagem? Observe: Fernanda acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia. "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela.“ Seus olhos eram luzes brilhantes. Nos exemplos acima, temos três tipos distintos de figuras de linguagem.
Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na terceira frase, um termo citado anteriormente - o verbo acordar . Repare que a segunda e a última frase do primeiro exemplo devem ser entendidas da seguinte forma: "Renata acordou às nove horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma figura de construção ou de sintaxe . Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as palavras fecha e abre , que possuem significados opostos. Temos, assim, uma figura de pensamento . Exemplo 3 : a força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes brilhantes . Essa associação nos permite uma transferência de significados a ponto de usarmos "olhos" por "luzes brilhantes" . Temos, então, uma figura de palavra .
Figuras de som Aliteração Figura que consiste na repetição de consoantes, cujo intento é promover a intensificação do ritmo ou produzir um efeito sonoro significativo. Vejamos um exemplo : Violões que choram [...] Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. [...] Cruz e Souza Constatamos que a repetição do fonema sonoro /v/ nos remete à ideia relacionada ao sussurro do vento.
Assonância Tal figura se caracteriza pela repetição de sons vocálicos em sílabas tônicas de palavras distintas ou naquelas contidas numa mesma frase, cujo intuito é provocar efeitos de estilo. Constatemos alguns exemplos: Antífona Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Cruz e Souza Notamos que as vogais “o”, “a” e “e” se repetem constantemente em todos os versos. Nesse exemplo, podemos perceber a combinação de ambas as figuras (assonância e aliteração). Observe : Um sonho Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... O sol, celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos... [...] Eugênio de Castro
Paronomásia Caracteriza-se pela reprodução de sons semelhantes em palavras com significados distintos. Eis alguns exemplos : Aquela cativa Aquela cativa que me tem cativo, porque nela vivo já não quer que viva. [...] Luís de Camões Qualquer coisa [...] Berro pelo aterro Pelo desterro Berro por seu berro Pelo seu erro [...] Caetano Veloso
Onomatopeia Consiste no emprego de uma palavra ou de um grupo de palavras no intuito de imitar os sons da realidade. Constatemos, pois : Ode triunfal À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! [...] Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa Fonte : Vânia Duarte Graduada em Letras