Introdução Classificação de Black é importante para que os profissionais de odontologia possam entender a extensão, localização e tipo de cavidade, auxiliando na escolha do tratamento mais adequado. Segundo Vlack as cavidaddes são classificadas em Classes, I, II, III, IV e V. A Classe I de Black engloba cavidades em: Superfícies oclusais de molares e pré-molares: As faces oclusais são as superfícies superiores dos dentes posteriores. Sulcos e fissuras: São as áreas de menor esmalte, que podem ser ponto de partida para o desenvolvimento de cáries. Faces vestibular e/ou lingual/palatina: Em algumas situações, a cárie pode se espalhar para essas faces dos dentes posteriores. Região do cíngulo: A área em forma de cunha na face palatal dos incisivos superiores.
A Classe II de Black refere-se a cavidades que afetam as faces proximais (mesial e distal) dos dentes posteriores (pré-molares e molares). Pode envolver apenas a face proximal ou se estender para a face oclusal (superfície de mastigação) do dente. É dente posterior? SIM / Acomete proximal ? SIM A Classe III de Black refere-se a cavidades que afetam as faces proximais (interdentais) dos dentes anteriores (incisivos e caninos), sem envolver o ângulo incisal (borda cortante). Em outras palavras, as lesões se localizam entre os dentes, mas não atingem. É dente anterior? SIM / Acomete proximal? SIM / Acomete ângulo incisal ? NÃO A Classe IV de Black refere-se a cavidades que afetam as faces proximais (mesial e distal) dos dentes anteriores (incisivos e caninos), envolvendo também a borda incisal . É dente anterior? SIM / Acomete proximal? SIM / Acomete ângulo incisal ? SIM
A Classe V de Black refere-se a cavidades que afetam o terço cervical (ou gengival) das faces vestibular e/ou lingual de todos os dentes. É uma área frequentemente afetada por lesões, especialmente cáries e erosões, que podem levar à hipersensibilidade dentinária.
Alguns Conceitos – nome das cavidades Quando uma cavidade acomete um face Oclusal podemos chamá-la de CAVIDADE OCLUSAL, logo o nome da cavidade é dado pelo nome da cavidade que foi cometida. Uma cavidade classe II de black, que acomete 3 faces (duas proximais e uma oclusal, podemos chamar de: M.O.D., OU MESIO – OCLUSO – DISTAL, Com exceção do último nome, todos os outros deverão ser contraídos. OBS: Cavidades que não se tocam são cavidades distintas
Alguns Conceitos – Classificação quanto ao número de faces Cavidade que acomete apenas 1 face – SIMPLES Cavidade que acomete 2 faces – COMPOSTA Cavidade que acomete 3 ou + faces – COMPLEXA
Alguns Conceitos – Partes de dentro da cavidade Dentro das cavidades encontramos paredes e ângulos. Dentro das cavidades encontramos 2 tipos de paredes: as CIRCUNDANTES e as de FUNDO. Parede de fundo é aquela que quando perfurada irá atingir a polpa e não se comunicam com a parte externa do dente. São elas as paredes PULPAR e AXIAL. Parede Circundante é aquela que quando perfurada irá se comunicar com a área externa do dente. São elas as paredes LINGUAL ou PALATINA, MESIAL, DISTAL, OCLUSAL e GENGIVAL
Alguns Conceitos – Partes de dentro da cavidade
Alguns Conceitos – Partes de dentro da cavidade Além das paredes, encontramos dentro das cavidades ângulos formado pelo encontro das paredes internas, são eles: Diedro, triedro e cavo superficial. Diedro: é o ângulo formado pela união de duas paredes; Triedro: é o ângulo formado pelo encontro de três paredes; Cavo Superficial: é a parte de interseção entre a parede circundante do nosso preparo e a parte não preparada do dente, é o limite do nosso preparo.
Alguns Conceitos – Fator C Fator de configuração cavitário O Fator C (Fator de Configuração Cavitário) em dentística é uma razão que descreve a relação entre as superfícies aderidas e as superfícies livres em uma cavidade dentária durante uma restauração. É crucial para entender como as tensões de contração de polimerização da resina composta afetam a restauração e a estrutura do dente. O Fator C tem que ser < ou = a 1. Se for > que 1 precisamos usar a técnica incremental para restauração dessa cavidade com resina composta convencional.
Alguns Conceitos – Fator C Fator de configuração cavitário Em uma classe I de black, temos 1 parede oclusal perdida, logo temos, 5 paredes aderidas: Como o Fator C é calculado: É calculado dividindo o número de superfícies aderidas pelo número de superfícies livres na cavidade. Fator C = 5/1 = 5 sendo assim precisamos lançar mão de técnicas para diminuir o Fator C para 1. Técnica Incremental: Aplicar a resina em camadas finas, reduzindo a tensão de contração e o tamanho da cavidade. Resinas de baixa contração: Utilizar resinas que contraem menos durante a polimerização.
Alguns Conceitos – Fator C Técnica incremental Logo só posso colocar 2 paredes por vez, nuca colocando duas paredes opostas. Um incremento polimerizado é igual a uma não aderida, não interferindo para o estresse do fator C. Vamos colocando pequenos incrementos de resina composta e colando as paredes duas a duas, essa técnica tem o objetivo de tornar o Fator C menor que 1. OBS: todas as resinas contraem de forma igual, o que vai determinar se haverá falhas é a configuração da cavidade.
Alguns Conceitos – Fator C Técnica incremental Se negligenciarmos a regra incremental, quando realizarmos a polimerização da resina, as forças de contração que é sempre para o centro, irá contrair a resina para centro do incremento, aumentando o risco de falha da restauração, como descolamento da restauração, sensibilidade e formação de gaps. Como toda regra tem sua exceção, para cavidades menores de 2mm², podemos sim colocar um incremento direto sem realizar a técnica incremental, como por exemplo, restauração de cíngulo, classe I Black.
Resina Composta A resina composta é o material de escolha para restaurações diretas. Atualmente existe uma grande variedade de compósitos no mercado e o conhecimento de suas propriedades é fundamental para escolha de qual resina escolher para cada caso. As resinas compostas, utilizadas em odontologia para restaurações, são materiais com composição complexa, que se polimerizam através de um processo químico ou fotoquímico, apresentando diversas propriedades físicas, mecânicas e ópticas, e podem ser classificadas de acordo com o tamanho das partículas e a viscosidade.
Composição das resinas As resinas compostas possuem diversos componentes, dentre eles pode-se destacar: partículas de carga inorgânica, matriz orgânica e o silano (agente de união). A matriz orgânica é constituida por Bis-GMA ou pleo UDMA que são compostos orgãnicos que constituem a parte química ativa das resinas compostas, eles estabelecem ligações cruzadas no momento da polimerização, entregando resistência ao material. Todavia, o BisGMA e UDMA são materiais altamente viscosos a temperatura ambiente, que dificulta a incorporação de carga a inorgânica.
Composição das resinas Para solucionar esse problema os fabricantes adicionaram um diluente a base de dimetracrilato, o TEGDMA e EDMA que reduzem a viscosidade dos Bis-GMA e do UDMA. Contudo os diluentes aumentam a contração de polimerização das resinas, sendo necessário adicionar a hidroquinona (um inibidor de polimerização) para garantir a longevidade do material. As partículas de carga inorgânica adicionadas as resinas são: quartzo, Sílica, vidro de flúor e silicato de alumínio. Também há bário e estrôncio que foram adicionados para conferir radiopacidade.
Composição das resinas Resumindo: Matriz Orgânica: É a parte que se polimeriza (endurece), fornecendo a estrutura da resina. Carga Inorgânica: São partículas que aumentam a resistência e a durabilidade da resina. Silano: É uma molécula bifuncional que se liga tanto à matriz orgânica quanto à carga inorgânica, formando uma ligação forte e estável. Agente polimerizador : em resinas compostas é um fotoiniciador , que geralmente é a canforoquinona , que, quando exposta à luz azul visível, desencadeia a polimerização (endurecimento) da resina. Inibidor de polimerização: Hidroquinona é um inibidor de polimerização que é adicionado à resina composta para evitar a polimerização prematura do material, aumentando assim o tempo de trabalho do dentista.
Classificação das Resinas Método de ativação As resinas podem ser classificadas em quimicamente ativadas, fotoativadas e duais: Resinas quimicamente ativadas (ou autopolimerizáveis ): São ativadas por meio de uma reação química entre dois componentes (uma pasta iniciadora e uma pasta ativadora) que, ao serem misturados, iniciam o processo de polimerização. Resinas fotoativadas (ou fotopolimerizáveis ): São ativadas por meio de luz, geralmente visível, que atua sobre um fotoiniciador presente na composição da resina, desencadeando a polimerização. Resinas duais (ou de dupla ativação): Combinam os dois métodos de ativação, sendo que a polimerização inicia tanto quimicamente quanto pela ação da luz.
Classificação das Resinas Tamanho das Partículas As resinas compostas também são classificadas pelo tamanho das partículas inorgânicas. Essa classificação divide as resinas em: Macroparticuladas , Microparticuladas , Híbridas, Micro-híbridas , Nano-híbridas e Nanoparticuladas .
Macroparticuladas Tamanho: As partículas nas resinas compostas macroparticuladas são grandes, com tamanhos entre 15 e 100 micrômetros. Material: São geralmente compostas por sílica, quartzo ou vidro, que são minerais inorgânicos. Função: A principal função das partículas de carga é melhorar as propriedades mecânicas da resina, como a resistência à compressão, e também atuar na contração de polimerização. Características: As partículas maiores podem dificultar o polimento da resina, aumentar a tendência ao desgaste e tornar a resina mais suscetível ao manchamento .
Microparticuladas Tamanho das Partículas: O tamanho médio das partículas de sílica coloidal nas resinas microparticuladas é de 0,04 µm. Composição: As partículas de sílica coloidal são a carga mineral principal, juntamente com uma matriz orgânica (como Bis-GMA ) e um agente de união (como silano). Características: As resinas microparticuladas oferecem boa lisura superficial e facilidade de polimento, o que contribui para um bom brilho e estética. No entanto, devido ao tamanho e à alta área superficial das partículas, elas podem ter baixa resistência mecânica e alta contração de polimerização. Indicações: Devido à sua estética e fácil polimento, as resinas microparticuladas são frequentemente usadas em áreas estéticas do dente, como facetas e restaurações em dentes anteriores. Elas também podem ser usadas em regiões de baixa força oclusal, como restaurações de classe III e V.
Híbridas Resinas híbridas: Possuem partículas de carga inorgânica maiores e menores, combinando boa resistência mecânica com um bom polimento e acabamento. Indicações: Restaurações em dentes anteriores e posteriores. Cavidades de classe III, IV, V e VI. Restaurações indiretas, como facetas e colagem de fragmentos. Vantagens: Boa resistência mecânica. Bom polimento e acabamento. Possibilidade de uso em áreas de alta e baixa solicitação. Desvantagens: Podem apresentar menor durabilidade e perda de brilho em comparação com resinas micro-híbridas ou nano-híbridas. Podem ser menos estéticas do que as resinas microparticuladas ou nano-híbridas.
Micro-híbridas Tamanhos Variados: As micro-híbridas não são uniformes em tamanho de partícula, como as microparticuladas ou as nanoparticuladas . Equilíbrio: A presença de partículas de tamanhos diferentes permite que as resinas micro-híbridas ofereçam uma boa combinação de resistência mecânica, polimento e estética. Evolução: São consideradas uma evolução das resinas híbridas, buscando melhorar a estética e a resistência. Exemplos: As partículas de carga em micro-híbridas podem incluir sílica coloidal, vidro ou outros materiais. Indicações: São frequentemente utilizadas em restaurações diretas, especialmente em áreas com maior necessidade de resistência, como dentes posteriores e áreas com alta carga oclusal.
Nanoparticuladas As resinas compostas nanoparticuladas são caracterizadas por partículas de carga inorgânica de tamanho nanométrico, geralmente entre 1 e 80 nanómetros. Esta característica confere propriedades únicas ao material, como excelente polimento, lisura superficial e manutenção do brilho. Clinicamente, são indicadas para restaurações estéticas, como dentes anteriores, onde a aparência e o polimento são cruciais.
Nano-híbridas As resinas nano-híbridas são compostas por uma combinação de nanopartículas e micropartículas de carga, que conferem ao material propriedades mecânicas e estéticas superiores. As nanopartículas, geralmente de sílica, têm tamanhos entre 1 e 80 nanómetros e funcionam como um "rejunte" entre as partículas maiores, melhorando a superfície e o polimento da resina. As micropartículas, por sua vez, são maiores e contribuem para a resistência e durabilidade do material. Em resumo, as resinas nano-híbridas combinam a tecnologia das nanopartículas com a resistência das micropartículas, resultando em um material de alta performance para restaurações dentárias. Indicações Clínicas: Restaurações Estéticas, Restaurações em dentes posteriores e restaurações em Áreas de Alta Demand a