Professor, o que fazer quando os alunos não demonstram interesse de ler e escrever?

julianajsj 2,212 views 6 slides Mar 17, 2015
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O grupo de pesquisa PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DO
SUJEITO EM PRÁTICAS EDUCATIVAS – PROSPED se vincula
ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia
da PUC Campinas. Desenvolve estudos que buscam
compreender os aspectos envolvidos no desenvolvimento
e aprendizagem dos sujeitos, no c...


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PROSPED Parceiro da Escola

QUEM SOMOS:

O grupo de pesquisa PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DO
SUJEITO EM PRÁTICAS EDUCATIVAS – PROSPED se vincula 
ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia 
da PUC Campinas. Desenvolve estudos que buscam 
compreender os aspectos envolvidos no desenvolvimento 
e aprendizagem dos sujeitos, no caso, aqueles que 
participam de práticas educativas em escolas ou outras 
instituições. Para desenvolver seus estudos, o grupo realiza
 atividades de intervenção nesses contextos, buscando 
contribuir com seus profssionais para a compreensão e 
superação dos desafos que enfrentam. 
As sugestões que apresentamos nesse livreto resultam de 
nossas experiências com essas intervenções e pesquisas e 
visam a atender um dos seus propósitos: contribuir para a 
transformação dos espaços educativos em que atuamos.  
Se você gostar de nossas idéias, entre em contato:
 
http://prospedpuc.blogspot.com.br/
Ilustração e Projeto Gráfco: Marcos Guilherme – Estúdio Figuras
Este projeto é fnanciado pelo CNPq
Distribuição gratuita
  
  Levar os alunos a se interessarem pela leitura e 
escrita tem sido uma das grandes difculdades encontradas 
pelo professor em sala de aula. Diante desse problema, 
uma das práticas valorizadas é a oferta, tanto em livros 
didáticos e apostilas quanto na internet, de textos 
pequenos, resumidos e superfciais. As consequências 
dessa oferta são, por um lado, a difculdade de o aluno 
entender o sentido de um texto, refetir sobre ele e 
relacioná-lo com outros textos lidos. Por outro lado, esse é 
o único contato que o aluno tem com um mínimo de 
leitura, nos casos em que há esse contato. 
  Estudos recentes mostram que despertar o interesse 
do aluno pela leitura e escrita é um trabalho complexo 
porque envolve o seu olhar para a própria vida: para que 
me servem  a leitura e a escrita? Como a minha família lida 
com a leitura e a escrita?  Por que ver uma história na 
televisão, na internet ou em jogos de videogame é mais 
fácil e prazeroso para mim do que ler um texto? Por que 
não consigo entender o que leio? O que eu sinto quando 
pego um livro na mão: tenho sono, é muito demorado 
para chegar ao assunto que me interessa? Que lembrança 
eu tenho de alguém ler para mim? Sobre quais assuntos 
eu gostaria de saber mais?
  As respostas podem ser muitas, embora não se 
possa perder de vista que o trabalho que a escola 
desenvolve com leitura nem sempre conquista leitores.
      

Não podemos também esquecer que o hábito da 
leitura ainda não é disseminado entre nós, brasileiros. 
  Pensando no professor e nos problemas que 
enfrenta em sala de aula, o objetivo deste livreto é o de 
apoiá-lo com alguns recursos construídos por meio de 
pesquisas nas áreas, apresentando algumas sugestões de 
atividades para que sejam desenvolvidas com os 
principais interessados, ou seja, os alunos. Mesmo que um 
aluno não queira ler e escrever textos, ele deve ter a  
oportunidade de pensar e refetir sobre isso e perceber 
que está fazendo uma escolha que provoca
consequências.
  
 
1- Crie um espaço periódico para
que o aluno reflita sobre a sua
relação com a leitura e escrita,
suas possibilidades de escolhas
e consequências
  Considerando a idade dos alunos e a turma da qual 
participam pode-se tomar algumas perguntas 
apresentadas anteriormente como ponto de partida para 
aproximar os alunos da refexão proposta, por exemplo: 
“Como me relaciono com a leitura e a escrita?”. Seria 
interessante que alguns alunos assumissem a função de 
registrar esses encontros. Em um primeiro momento nada 
vai ser proposto, trata-se de refetir, registrar*  as refexões 
e organizar o que apareceu na fala dos alunos, podendo 
construir uma tabela com essas informações, dessa forma: 
- João, Fábio e Mateus dormem quando começam a ler. 
- Augusto, Maria e Paulo: não entendem o que estão 
lendo; e assim, sucessivamente. Este quadro poderia ser 
fxado no mural da sala de aula, de modo a ir  
acrescentando outras atitudes em relação à leitura.
  * 
Caso os alunos resistam em registrar por escrito, poder-se-ia, a princípio, 
sugerir que alguém flmasse para depois assistirem e analisarem juntos o relato 
verbal. Esta é uma forma de trabalhar com leitura, também.
2- Favorecer o exercício de leitura
e escrita
  Uma forma de tentar aproximar os alunos da leitura 
e da escrita é perguntar quais são os assuntos e temas 
que os interessam. Para isso, o professor poderá criar uma
lista de assuntos sobre os interesses de seus alunos, por 
exemplo: quais são os jogos de videogames mais jogados; 
como alguém pode se tornar criador de jogos de 
videogame; quais são os produtos de maior consumo 
entre os jovens; quais são os lazeres mais procurados por 
 

esta população; que cantores ou bandas – rap, funk, 
reggae, hip hop, samba, pagode, rock, tecno, sertanejo, 
outros - são admirados por eles; quais são os países mais 
visitados no mundo e o que as pessoas vão ver lá; o que 
você sabe sobre a política no Brasil e como se benefcia 
desse conhecimento; você conhece ou segue algum blog 
de moda; a preservação ambiental é o assunto mais 
discutido desde as últimas décadas; você sabe quais 
materiais podem ser reciclados e a cor dos tambores que 
deverão ser colocados? 
  Estas novas informações poderão complementar a 
tabela já iniciada, como por exemplo: Joao, Fábio e Mateus 
dormem quando começam a ler; se interessam por 
videogame; gostam de ouvir e dançar funk.
3- Favorecer na Escola interações a
partir das informações obtidas
pela leitura e escrita
  A construção da tabela com os interesses permitirá 
que os alunos falem o que sabem a respeito. Depois disso 
a pergunta é: de onde vieram tais informações? Agora, 
seria interessante saber mais sobre esses assuntos, mas 
o quê? Esse é um passo muito importante: identifcar o que 
queremos saber. Não precisa ser nada longo, os alunos não 
 
gostam de ler. Nosso objetivo é levá-los a experimentar 
socialmente o uso da leitura e da escrita. Saber o que 
procuramos, nos ajuda a ter mais chance de experimentar 
o prazer do encontro. Como esses alunos experimentam 
pouco é preciso que tenham algum sucesso quando 
ousam experimentar.  
  O que resultar dessas pequenas pesquisas será 
partilhado por todos e pode levar, inclusive, caso os alunos 
topem, à escrita de uma pequena autobiografa que, além 
de favorecer o interesse pela leitura e escrita, também 
permite a refexão sobre a identidade e a consciência de si, 
o que promove o desenvolvimento do psiquismo para 
formas mais complexas e elevadas de pensamento.
  Outra forma de aproximar os alunos da leitura e da 
escrita é trabalhar com diferentes materiais, por exemplo,
 usando imagem. Pode-se pedir que pensem em uma ideia 
ou uma história que queiram contar ao colega de classe. 
Para isso o aluno deverá tirar uma foto pelo celular, ou 
trazer uma fotografa, ou imagem de jornal e revista, 
desenhar a imagem, ou ainda, pegar um material visual da 
própria escola. A classe, então, poderá pensar no signifcado 
dessas imagens. Diferentes temas poderão ser abordados 
pelos alunos nas imagens: falta de esgoto; o cartaz de um 
flme; uma propaganda; o cartaz de um show, fachada de 
prédios; enfm, qualquer coisa que lhes chamem a atenção. 
E, novamente, buscar os indícios de escrita que há nas 

diferentes interpretações. 
 
4- Fuja da rotina
  A leitura não está presente só em textos escritos, mas 
também em textos multimodais e na escrita internetês. 
As histórias em quadrinho, sejam as escritas pelo Maurício 
de Souza, sejam os mangás criados pelos japoneses, 
fornecem possibilidades de leitura e interpretação. 
Ouse refetir junto com seus alunos sobre temas que estão 
presentes no dia a dia da sala de aula e que não podem ser 
explicitados por falta de oportunidade. Ressaltando que 
temos mais opções de escolhas se tivermos mais 
informações a respeito delas; use, para isso, exemplos reais 
do cotidiano. Também invista na contação de histórias: 
crie momentos semanais para contação, buscando 
organizar a sala de modo diferente, estendendo um pano 
no chão, escurecendo o ambiente, colocando uma música 
de fundo, elegendo histórias que interessem os alunos. 
As histórias de terror costumam chamar muito a atenção 
e há bons autores de literatura infanto-juvenil. Confra 
sugestões no nosso blog. Como derivação das histórias 
contadas por professores, os próprios alunos podem 
querer contar e, mais adiante, escrever um livro, um blog
ou divulgar sua produção nas redes sociais. 
  Lembramos que estas são apenas algumas 
sugestões, temos certeza que você tem e terá ideias muito 
criativas para trabalhar com seus alunos. O importante é 
ter como objetivo a apropriação pelos alunos da leitura e 
da escrita, pois o domínio da linguagem é condição para o 
desenvolvimento do psiquismo rumo ao pensamento 
abstrato, necessário para a apropriação de conhecimentos 
complexos.
5- Confira efetivamente se essas
mudanças deram resultados
  Retomando a tabela, o último dado é sobre as 
refexões que a experiência da leitura que envolveu a 
classe proporcionou. Estas dicas são um pontapé inicial 
para a refexão e a possibilidade de mudança. E você, 
professor, pode contribuir. Escreva aqui em forma de 
depoimento uma experiência que deu certo e partilhe 
com seus colegas. Talvez alguém do seu grupo de trabalho 
precise deste compartilhamento:

  Maiores esclarecimentos ou sugestões podem ser 
encaminhadas para nosso e-mail: 
[email protected]
 
ou encontradas no blog do grupo:
  
  http://prospedpuc.blogspot.com.br
 
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