"Prece"- "Mensagem" de Fernando Pessoa
VniaRodrigues30
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Feb 25, 2019
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Análise interna e externa do poema "Prece" do livro "Mensagem" de Fernando Pessoa, no âmbito da disciplina de Português do 12º ano.
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Language: pt
Added: Feb 25, 2019
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Slide Content
“Mensagem”
“ PRECe ” Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silêncio hostil, O mar universal e a saudade. Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —, Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distância — Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Se/ nhor /, a/ noi /te/ vei /o/ e a al/ma é/ vil. 10 sílabas Tan /ta/ foi/ a/ tor / men /ta e a / von /ta/ de ! 9 sílabas Res / tam /-nos/ ho / je /, no/ si/ lên / ci /o/ hos / til , 11 sílabas O/ mar/ u/ni/ver/sal/ e a/ sau /da/ de . 9 sílabas Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —, Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distância — Do mar ou outra, mas que seja nossa! Rima cruzada Realização (2º parte) Regularidade estrófica (3 quadras) Regularidade rimática Irregularidade métrica Estrutura Externa
Estrutura Interna Senhor , a noite veio e a alma é vil . Tanta foi a tormenta e a vontade ! Restam-nos hoje, no silêncio hostil, O mar universal e a saudade. Apóstrofe “A vida é desprezável” Dificuldades que ultrapassaram Sonho Desânimo após a conquista Tristeza
Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Estrutura Interna Depois da morte esta a esperança Morte Metáfora e Personificação: Deus e Esperança
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —, Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distância — Do mar ou outra, mas que seja nossa! Estrutura Interna “O pedido” Indefinida e misteriosa Apego às coisas materiais
“PRECE” A prece é um ato religioso pelo qual nos dirigimos a Deus para suplicar algum benefício. Neste poema, Deus é invocado para reacender a alma de Portugal (“O Infante”- “Falta cumprir-se Portugal!”), para que pudessem conquistar de novo. Primeira estrofe Nesta estrofe a expressão “a noite veio” representa tempo de tristeza e abatimento, visto que o “dia” representou grandeza. Nada do Império material sobreviveu. No segundo verso “a tormenta” simboliza as dificuldades que os portugueses tiveram que ultrapassar e “a vontade” que tinham para o fazer, aliás, esta exclamação mostra a grande emotividade presente no discurso. Após isto, o desânimo é o sentimento que o sujeito poético assume. Apenas resta o “silêncio hostil” e a “saudade”. Aqui está visível um país marcado pelo apego às coisas materiais, onde a “alma é vil” e não há capacidade de sonhar, ao contrário de um passado de “vontade”.
“PRECE” Segunda estrofe A segunda estrofe retrata a esperança na morte. A metáfora e personificação “A mão do vento”, representa Deus e a esperança num país que se pode reerguer. A esperança é o resultado da aceitação da morte e esta é essencial para a ressurreição. O que se perdeu na morte foi a “chama” (ocultada pela morte- “O frio morto em cinzas a ocultou”) , mas o fundamental não se perdeu (“Se ainda há vida ainda não é finda), ou seja o sonho pode ganhar força tal como o fogo pode ser reavivado com um sopro. A repetição da palavra “ainda” reforça também a ideia de que tudo se pode alterar assim como as “cinzas” podem simbolizar o mistério e o renascer.
“PRECE” Terceira estrofe Nesta estrofe é onde aparece o pedido/súplica ou como indica o título, a prece. O sujeito poético pede ajuda divina, um “sopro” que ateie “a chama do esforço”, mesmo que para isso tenham que pagar com a “desgraça” ou com a “ânsia”. Esse sopro serviria para levantar as cinzas e desvendar o mistério, para que a chama reacendesse e a vontade de descobrir regressasse, ou seja, serviria para o recomeço. A “Distância” é o caminho para o descobrimento, não o do mar, uma vez que império material já tinha sido descoberto, mas sim o caminho para uma nova viagem (indefinida), a espiritual (império imaterial- Espiritual). O último verso, a exclamação, reforça a determinação e a necessidade de procurar a identidade nacional perdida, mas também a ambição dos portugueses.