Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto

ADALBERTOCOELHOSILVA 78 views 89 slides May 31, 2023
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About This Presentation

O Pai moderno, (...) com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua Declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho.
Entretanto, perguntaríamos: QUAL O VALOR MAIS ALTO, QUAL A PARTE MAIS IMPORTANTE DA DECLARAÇÃO DE BENS...


Slide Content

O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E
FILHOS NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO

SUMÁRIO

1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição ............................................ 1
1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos .............................................................. 1
1.1.1 Considerações Doutrinárias .................................................................................. 1
1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais ................................ 15
1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço ....................................................................................... 15
1.1.2.2 Geração Peito e Coxas ........................................................................................ 16
1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais ................................................... 17
1.1.3.1 Autoritativo ......................................................................................................... 17
1.1.3.2 Autoritário .......................................................................................................... 17
1.1.3.3 Permissivo .......................................................................................................... 18
1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos .................. 19
1.2.1 De um Pai Encarnado ......................................................................................... 19
1.2.2 De um Pai Desencarnado .................................................................................... 23
1.2.3 De uma Mãe Encarnada ...................................................................................... 24
1.2.4 De uma Mãe Desencarnada ................................................................................ 26
1.2.5 De um Filho Encarnado ...................................................................................... 28
1.2.6 De um Filho Desencarnado ................................................................................ 30
1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas .................................................. 32
1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai .............................................. 32
1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais................................................. 35
1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos ............................................. 37
2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos .............................. 39
2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar ................................................... 39
2.2 De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso ? ........................ 54
2.3 E o filho rebelde ? ............................................................................................... 58
2.4 E a filha desatinada ? .......................................................................................... 58
2.5 E os parentes/amigos abnegados ?...................................................................... 59
2.6 Como é encarado o divórcio nos planos superiores ? ......................................... 62
2.7 Que precisamos para vencer na luta doméstica? ................................................ 65
3 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Estudo de Casos .................. 66
3.1 Caso 1 – Mãe/Filho - Epifânio Leite – Luz no Lar ............................................ 67
3.2 Caso 2 – Pais/Filho – Chico Xavier – Chico de Francisco ................................. 68
3.3 Caso 3 – Pai/Filhos – André Luiz – Ação e Reação ........................................... 68
3.4 Caso 4 - Pais/Filho – Hélio Ossamu – Resgate e Amor ..................................... 70

3.5 Caso 5 - Mãe/Filho – Mario Sobral – Memórias de um Suicida ........................ 71
3.6 Caso 6 – Avó/Neta – Maria da Conceição – Vozes do Grande Além ................ 72
3.7 Caso 7 – Pais/Filha - Marina da Conceição – Depois da Vida ........................... 73
3.8 Caso 8 – Pai/Filho – Inácio Ferreira – Psiquiatria em Face da Reencarnação ... 76
3.9 Caso 9 – Pai/Filhos – Yvonne Pereira – Dramas da Obsessão ........................... 78
3.10 Caso 10 – Pai/Filho – Epifânio Leite – Luz no Lar ............................................ 81
4 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Síntese .................................. 82

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1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição
1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos
1.1.1 Considerações Doutrinárias

Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto porque, no reduto
familiar raramente fecundam a conversação edificante, o entendimento fraterno, a
tolerância geral, o amor desinteressado...
Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 11: Cristo em Casa

E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente
os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos.
Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente, contra
os próprios descendentes.
Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro
do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando- se uns aos outros, com os raios
mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados
no solo mental.
Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de
enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na
trincheira mascarada sob o nome de Lar.
Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada;
entretanto, na profundez das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que,
não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida.
Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde
ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso,
procurando a terra firme da costa.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que
nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no
cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, às vezes, matam sem a intenção
de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.

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Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando- nos ao sacrifício e à bondade,
ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-
nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada
coração, inclin ando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime
de melhoria individual, em favor da tranquilidade coletiva e da ascensão de todos.
Humberto de Campos – Luz no Lar - Cap. 5 – No Reino Doméstico
Necessário que os Pais conversem mais cordialmente com os seus filhos no clima
da harmonia doméstica, dentro da própria casa e nunca adiar essas conversações para
tempos de desastre sentimental.
Frequentemente, os pais não se sentam com os filhos para um entendimento afável, para
uma conversação mais doce, para que o intercâmbio da amizade se processe, para que o amor
realize a sua Obra Divina nos corações, e bastas vezes, assumem atitudes atormentadas, quando
os filhos ou as filhas mais jovens adquirem dificuldades ou problemas íntimos para a solução
dos quais eles, os pais, não os preparam.
Precisamos agora, mormente na atualidade quando se opera vasta revisão de
valores domésticos, familiares e sociais, da prática de um amor sem limites, de uma tolerância
imensa — de nós todos, de uns para com os outros —, para que atinjamos um acordo geral de
rearmonização e, então, iniciar uma era nova, em que a criança receba realmente aquele
amparo de que necessite e a que tem direito, para que nunca venhamos a condenar
indebitamente, os mais jovens.
Francisco Cândido Xavier – Entrevistas – Cap. 10: Pais e Filhos
Claro que a qualidade do relacionamento é muito importante, mas qual o mínimo de
tempo considerado ideal?
Dez minutos por dia?
Três ou quatro beijinhos sôfregos antes de sair correndo ou ao voltar do trabalho e
encontrar a criança já na cama, banhada e alimentada?
Isso é qualidade? E nos fins de semana? Trazer trabalho para casa e ficar o fim de
semana inteiro plugado no computador, resolvendo os problemas da firma e pedindo silêncio,
às vezes irritado porque precisa trabalhar?
Alguém já fez uma planilha e se deu conta de quanto tempo fica com os filhos por dia,
por semana, por mês?
Já pensou o que isso vai significar no final de um ano ou de toda a infância?
Qual o percentual de presença que você está dando para seus filhos?
José Martins Filho – A Criança Terceirizada – Cap. 6: Os descaminhos das Relações
Familiares no mundo contemporâneo.

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Nota: José Martins Filho é o médico pediatra, neonatologista, professor titular emérito de
pediatria da Unicamp, na qual foi reitor da universidade entre os anos de 1994 e 1998.

O livro O Executivo & sua Família, afirma – “o sucesso dos pais não garante a
felicidade dos filhos”, do psiquiatra e psicoterapeuta Içami Tiba
Por isso, afirma Tiba, “o melhor investimento não é o plano de previdência privada,
mas sim o relacionamento com os filhos”. Se não for assim, diz o autor, “a pessoa corre o
risco de acabar num asilo, rica, mas sem afeto”.
(...) Tiba chega a afirmar que, às vezes, os filhos formam-se de tal maneira distante da
própria família que nem adquirem seus valores nem absorvem o espírito da formação de um
lar.
Carlos Abranches – Revista Reformador – 1999 – Julho: Sucesso no Trabalho,
fracasso em Casa

Não importa a idade física de teus filhos ou tutelados.
Ausculta-lhes as tendências e aspirações, oferecendo-lhes na frase amiga a luz de
tuas próprias experiências, de modo a auxiliá -los, tanto quanto possível, a sentir raciocinando
e a discernir o rumo exato que se lhe descerre à frente, nas sendas que lhes caiba trilhar.
Todavia, não deixes o diálogo amigo tão somente para os dias de aflição, quando a
crise haja surgido, estabelecendo desastre e sofrimento nos trilhos da experiência doméstica.
Mantém o hábito de conversar frequentemente com os seres amados, praticando a
caridade da cortesia e da tolerância, e reconhecerás sem dificuldade que, muitas vezes, alguns
simples minutos de diálogo afetuoso, na paz do cotidiano, conseguem realizar verdadeiros
prodígios de tranquilidade e segurança, francamente inabordáveis por longos e longos meses
de azedume ou de discussão.
Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 9: Dialogo no Lar

Dialoga com teus filhos com lúcida argumentação, ouvindo o que têm a dizer-te, com
tranquilidade e compreensão, fazendo-os sentir que o nosso percurso humano é por demais
meteórico e deveremos aproveitar o mundo para aprender e empreender o melhor, porque, como
cidadãos do Universo, os lares da imensidão nos aguardam, e todos nós, pais, filhos e irmãos
na Terra, em realidade somos todos irmãos em Deus, na marcha determinada para a felicidade.
Camilo – Revelações da Luz: Cap. 19 – Que Fazes de Teu Filho?

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O que vem acontecendo, quase sempre, nas estruturas do mundo, é uma interpretação
equivocada de como deve ser o nosso relacionamento com os nossos filhos. Muitas vezes, os
enchemos de proteção. Protegemos de tal forma os filhos que eles ficam incapazes, não sabem
dar um passo por si mesmos, não sabem dizer nada sem olhar para nós e pedir permissão com
o olhar.
Tornam-se criaturas completamente verdes, flores de estufa, na grande construção da
vida. Certamente sofrerão. Quantas são as vezes em que os enchemos de dinheiro. Para nossos
filhos não falta nada, não falta coisa alguma. Não faltam as coisas.
É importantíssimo que percebamos se, isto é, o devido, se deveríamos encher os nossos
filhos de recursos pecuniários, de mesadas, de dinheiro para que eles aprendam a ganhar sem
fazer qualquer esforço, aprendam a ter coisas que outros trabalharam por eles. Para eles, na
medida em que o tempo passe, a vida terá que ser assim: Alguém trabalha para mim, eu usufruo.
Começaremos a criar os nossos filhos com essa mentalidade de que eles só exigem, só
querem. Apenas cobram e os pais, na condição de Banco Central, de Caixa
Econômica, de burra, de recursos amoedados. Mas não foram nossos filhos que se fizeram
assim. Nós os estamos acomodando a esse status quo.
Outras vezes, enchemos nossos filhos de coisas, de bugigangas, damos- lhes os carros
que eles querem, as motos que eles querem, as roupas que eles querem, as marcas que eles
querem e, para isso, nos desdobramos trabalhando, fazendo extra, tendo que tirar de algum lugar
para locupletar a vontade dos filhos.
(...) Quantas e quantas vezes fazemos com os nossos filhos como na brincadeira das
cabras-cegas. Vendamos-lhes os olhos para a realidade do mundo, rodopiamos nossos filhos
em torno das quinquilharias da Terra e os soltamos. E eles se acharão completamente tontos. A
tendência será errar o caminho, a tendência será cair, perder-se.
(...) Nunca sabemos quem são os nossos filhos. Não foi por outra razão que Jesus Cristo,
ao conversar com Nicodemos, de acordo com o Evangelho de São João, lhe disse: O Espírito
sopra onde quer, não sabemos de onde vem nem para onde vai, de que realidades experienciais
ele vem, para que realidades experienciais ele vai. Por causa disso, vale a pena termos cuidado
com o tipo de norte que estamos dando aos nossos filhos.
Imaginando que seus filhos sejam seus pertences, são muitos os pais, são muitas as mães
que os criam como se os fossem colocar numa redoma e venerá-los para sempre aos seus pés.
Nossos filhos são aves que devem voar, singrar altos céus, missionários que todos eles são, em
nível alto, em nível mais simples e para isto devemos cooperar.
Raul Teixeira - Programa Vida e Valores, de número 184 – 2009 - Federação
Espírita do Paraná

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Em todas as situações, ouve teus filhos com afetuoso apreço. E auxilia-os a seguir
pela estrada que julguem mais adequada ao que anseiam fazer, na base da consciência
tranquila.
Todos estamos no endereço de Deus, entretanto cada um de nós transita em estrada
diferente para chegar ao destino.
Não provoques o desespero dos filhos pela imposição das ideias que te modelam a
experiência.
Tempera o calor da disciplina com a bênção da brandura.
De qualquer modo e quaisquer que sejam as circunstâncias, compadece -te de teus
filhos para que eles se compadeçam de ti.
Emmanuel – Caminhos de Volta – Cap. 9: Vocação dos filhos
A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o
inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam
ressumar, programando a reconciliação e o bem-estar através do amor incessante, delineador
da felicidade tio grupo.
(....) Somente no relacionamento doméstico é possível a preparação para a fraternidade
generalizada, desde que, no grupamento familiar, de menor dimensão, onde todos se conhecem
e se podem desculpar com mais facilidade, são trabalhados os sentimentos e superadas as
exigências do ego, dando lugar aos interesses gerais que farão bem igualmente a cada indivíduo.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar: Cap. 4 - Os Filhos

Em meu livro “Amor, Casamento & Família”, refletindo sobre a natureza dos
componentes da família, considerando os fenômenos da atração afetiva que caracteriza os lares,
exprimindo a realidade espiritual de seus integrantes, propus, como hipótese de trabalho, três
categorias de grupos familiares: famílias relativamente compensatórias, famílias afetivamente
amorfas e famílias afetivamente passionais.
As famílias afetivamente compensatórias, embora grandemente diferenciadas entre
si, apresentam uma unidade emocional, psíquica, intelectual e moral, razoavelmente equilibrada
e produtiva.
As famílias afetivamente amorfas apresentam um relacionamento insatisfatório,
instável e embora não atinjam níveis de conflitos angustiantes, também não estimulam a
formação de liames profundos. A interação é insuficiente para gerar uniões permanentes e por
isso tendem a se desagregar.

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As famílias passionais são marcadas pela reunião de Espíritas traumatizados,
conflitados entre si, gerando desajustes que atingem o clima de tragédia, desde as que
ocultamente dilaceram o coração, até as agressões abertas e os crimes.
Estatisticamente, as famílias afetivamente amorfas são a maioria, enquanto as
afetivamente compensatórias e as passionais permanecem nos extremos minoritários.
Esse quadro demonstra que existe todo um espaço a ser trabalhado na reformulação das
ideias. Que a grande maioria dos componentes das famílias afetivamente amorfas permanece
num estágio de estagnação pessoal e afetivo, sem estimulação própria para superar o apelo à
futilidade.
O sofrimento, o isolamento afetivo não produz neles, imediatamente, respostas de
eliminação, mas de esquiva.
Enquanto que os componentes das famílias compensatórias e passionais, por possuírem
a paixão, poderão prosseguir no seu aperfeiçoamento ou reverter os fatores negativos com maior
facilidade, se encontrarem oportunidade de estimulação adequada.
Jaci Regis – Abertura – Jornal de Cultura Espírita, outubro de 1996. Licespe –
Santos–SP – O Espiritismo e a Família Perante o Século 21
Convicto de que trazes espirituais compromissos com teus herdeiros, nunca te inibas
quando os tenhas de abordar.
Senta-te com eles e demonstra a alma sensível que és. Não te faças distante dos teus
filhos. Abraça-os, beija-os, envolve-os com ternura, pois na Terra terás pouco tempo para
expressar-lhes todo o teu amor.
Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente
observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos
teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres
normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham.
Evitarás, assim, a falsa postura de super -homem ou de mulher-maravilha, que não
sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros.
Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não
suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando
passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais.
Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis
à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna
e materna ou o respeito.
Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos

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Deploravelmente, invertendo por completo, a hierarquia dos valores reclamados pelos
filhos, Pais existem que só se preocupam com o futuro deles e, no afã de preparar- lhes
“dias melhores”, isto é, uma vida de luxo e regalos, esquecem-se do essencial, que é
proporcionar-lhes, no presente, aquele ambiente repleto de amor, compreensão, ternura, paz e
alegria, indispensável a uma boa educação, isenta dos problemas de personalidade.

(...) Quantas vezes, a falta de diálogo com os filhos e, consequentemente, o
desconhecimento do que lhes vai pela alma, tem feito com que interpretemos mal suas atitudes,
julgando-as agressivas e desrespeitosas, quando não passam de apelos dramáticos para que
nos apercebamos de que eles existem?
E quantas outras, ao se sentirem perplexos face a uma situação inusitada, precisariam
não que lhes aumentássemos a “mesada” ou que os presenteássemos com um carro novo, mas
simplesmente que nos sentássemos a seu lado e nos dispuséssemos a ouví-los, pelo menos
durante quinze ou vinte minutos?
Como pretender, pois, que eles nos estimem e nos demonstrem gratidão, a traduzir-se
por uma conduta irreprochável, se o que recebem de nós são migalhas afetivas nem sempre
dadas de boa vontade, insuficientes para saciar a fome de carinho que os consome?
Rodolfo Calligaris – A Vida em Família – 2º Parte – Relacionamento entre Pais e
Filhos – Item: Preservemos os vínculos Familiares.

Os diálogos pessoais, no momento, cedem lugar às comunicações eletrônicas, o prazer
da convivência entre os amigos é transferido para as mensagens ligeiras, ortograficamente
incorretas e atentatórias à boa linguagem.
Diz-se que são os novos tempos e, sem dúvida, trata-se de um novo período no processo
sociológico e psicológico da Humanidade, lamentavelmente com resultados bastantes afugentes
para os seus áulicos.
A falta de comunhão fraternal, de conversação edificante, de estudos sociais abrangentes
com objetivos libertadores caracteriza o crepúsculo desta civilização, em um claro-escuro de
sentimentos, enquanto surge nova madrugada anunciando outros valores que estão esquecidos,
mas que são de sabor e significado permanente.
Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal - Cap. 4 – Tempo Mental

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Faze de teu filho o melhor amigo se desejas um continuador para os teus ideais.
Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de
agradecimento endereçado ao teu Espírito, por parte daqueles que deves amar?
(...) Ama teu filho e faze dele o teu confidente e companheiro.
E, quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, auxilia -o, cada dia,
para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada na hora do teu repouso e para que
te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar.
Emmanuel – Trilha de Luz – Cap. 12: Página do irmão mais velho

Auxilia a criança, não apenas a sorrir, mas também a se educar.
Aprendamos a não gritar e sim conversemos.
Não te esqueças: a união começa de casa, mas a calma geral começa em ti mesmo.
Emmanuel – Calma – Cap. 14: Rusgas Domésticas

Acostuma-te a dialogar com teus filhos, tão logo comecem a se comunicar contigo,
ainda que da forma mais rudimentar.
Não os temas quando gritem, quando batam portas, quando se trancafiem e não
compareçam às refeições, quando fechem o cenho ou quando chorem copiosamente. Não há
por que temê-los.
Importante será entendê-los, retornando à realidade de que são reencarnados, trazendo
do seu pretérito as rebeldias, os destemperos, as manias e quejandos, a fim de que, pouco a
pouco, possam corrigir esses dislates sob o comando do teu amor responsável.
Dialoga, apresenta teus raciocínios, argumenta ou contra argumenta, nada obstante
também eles devam ser levados a se expressar, exteriorizando anseios, sonhos e agonias.
Indispensável ouvi-los, sem que sejam transformados em reizinhos ou princesinhas,
sempre com a última palavra na relação familiar, convertidos em criaturas mimadas e
caprichosas, o que seria fatal no processo da sua formação moral tanto para a família quanto
para a sociedade, uma vez que eles mesmos se tornariam pessoas muito infelizes.
Aprende, pai ou mãe, a fazê-los também ouvintes do que tenhas a lhes dizer, quando
lhes fales sem arrogância, sem crueldade, sem autoritarismo, sem aranzéis, sem gritarias ou
encenações de todo indevidas, quanto dispensáveis.
(...) Crê, contudo, que tantos tormentos que encontra hoje, aqui e, ali, no íntimo de tantos
lares, devem-se ao relaxamento, ao descaso para com a educação, tida por muitos como algo
dispensável e cerceadora da liberdade.

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Não adiras a essa onda e deixa- te conduzir pelo pensamento luminar do Cristo ao propor:
Deixai que venham a mim os pequeninos ...
Camilo - Nos Passos da Vida Terrestre - Cap. 8 - Descaso na Educação


Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec recebe dos Espíritos a informação de que a
paternidade é uma verdadeira missão e, mais do que isto, que é um grandíssimo dever e que
envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro, conforme
notamos na questão 582.
Acredito que a questão grave não seja a situação em que a mãe precisa trabalhar fora do
lar, mas sim, como fará ela a necessária compensação, quando ao lar retorna.
É certo que admitimos que a ausência da mãe sempre provocará, sobre os filhos
pequenos, processos de carências que ninguém suprirá devidamente. De acordo com o tipo de
Espírito, essas carências poderão atingir índices altos de transtornos na formação da
personalidade infantil, a desaguar nos desajustes da adolescência, quando não corrigidos a
tempo.
Faz-se, assim, importante que a mãe que trabalhe fora de casa, empreenda maiores
esforços para envolver a criança, atendê-la, entendê-la, ajudá- la em seus trabalhos
escolares, dialogando sempre. Enfim, torna-se imprescindível que os pais, e particularmente
a mãe, conversem com as crianças sobre as razões ponderáveis.
Não deverão os pais, em chegando ao lar, fixarem-se nas intermináveis novelas, em
leituras de jornais delongadas, irritando-se com a aproximação ou solicitação dos pequenos, aos
quais, antes deveriam buscar para aconchegá- los.
Nesses casos, depois que os pais cheguem em casa, eles próprios superarão o cansaço
para cuidarem, com atenção e carinho, dos filhos que ficaram sem eles durante todo o dia, ou
grande parte do dia. Os finais de semana, igualmente, deverão ser passados junto dos filhos,
aproveitados na companhia deles, salvo em casos de necessidade imperiosa que determina o
contrário.
Necessário se faz renunciar a alguns prazeres e divertimentos, enquanto os filhos disto
careçam, a fim de formá-los no equilíbrio para o futuro, agindo dentro da orientação espírita,
de acordo com o que nos lembra a Codificação Espírita.
Raul Teixeira – Entrevista em Catanduva- SP – Jornal Mundo Espírita – 1986 –
Agosto

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(...)
Pouca gente se dará conta de que esses menores abandonados não são apenas os que
nascem nos guetos, nas favelas, mas todos aqueles que deixaram de receber de alguma
maneira, o suporte, a atenção, o respaldo sejam da família, seja dos governos, seja da
sociedade em geral.
É dessa maneira que vamos encontrando menores abandonados que nunca poderíamos
supor que o fossem. Porque eles estão dentro dos lares, com seu pai, com sua mãe , com seus
irmãos, mas costumeiramente são órfãos. Órfãos sociais, órfãos, diríamos, de pais vivos.
E quando é que essa situação passará a ocorrer? Quando é que teremos esses órfãos de
pais vivos?
Todas as vezes que eles recebam desses pais coisas, mas não tenham propriamente
os pais. Seja pelo motivo que for. Se essas crianças, se esses moços estiverem fadados a crescer
nas mãos de servidores domésticos ou nas mãos da via pública, sob o impacto das violências
cotidianas das ruas da cidade, serão menores abandonados.
Abandonados pelos pais, que nunca têm tempo para conversar com eles, para dialogar
com eles, de explicar-lhes os perigos encontrados pelas avenidas do mundo nas pessoas que
não merecem confiança. Serão menores abandonados pelas autoridades que pouco se
preocupam com o menor em si.
(...)
Nós temos tantos menores abandonados nas ruas, como os temos nos lares, onde os pais
lhes dão brinquedos, brindes, viagens, dinheiro, carros, motos, mas não lhes dão o coração.
(...)
Aqueles meninos, meninas que vivem dentro de casa com seu pai, com sua mãe, apenas
como um dado. É que esses pais são sempre ausentes, seja pelo trabalho, seja pela vida social
intensa que levam, seja porque motivo for.
Esses moços, essas crianças, esses jovens ou adolescentes, o que é que deverão pensar,
o que é que lhes passa pela cabeça?
Parecerá que eles são verdadeiros estorvos na vida dos seus pais. Porque os pais nunca
têm tempo para eles. Sempre coisas muito rápidas para atender a necessidades econômico-
financeiras, para dar-lhes dinheiro, para ouvir a respeito de alguma das suas necessidades.
Aqueles que têm casa, que têm pão, que têm comida, que têm roupa, que têm quase
tudo, mas lhes falta o amor dos pais, cabe- nos pensar no estilo de apoio que estamos dando às
nossas crianças, nossos filhos, nossos menores.
E, honestamente, verificarmos se, apesar de todas as coisas que lhes damos, se não
estamos convertendo nossos filhos em outros tantos menores abandonados.

11
Raul Teixeira – Programa Vida e Valores, de número 105 – Federação Espírita do
Paraná – Menores Abandonados

O importante na tarefa de administrar o relacionamento “pais filhos” está na
nítida convicção da realidade espiritual. Ou seja, a de que trazemos em nós um vasto e pouco
explorado universo inespacial extremamente rico em potencialidades, cujo conhecimento muito
poderá ajudar-nos a entender melhor aquilo a que costumo chamar de o oficio de viver.
Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 28

12
O relacionamento no lar constitui preparação para as conquistas da solidariedade
com todos os seres, não apenas os humanos, porquanto o desenvolvimento dos valores
intelecto-morais proporciona aspirações mais amplas que vão sendo conquistadas à medida que
o indivíduo amplia a capacidade volitiva de amar.
(...) Mede -se o desenvolvimento e a maturidade psicológica de uma pessoa, quando
o seu relacionamento no lar é positivo, mesmo que enfrentando clima de hostilidade ou de
indiferença, que o prepara emocionalmente para outros cometimentos na convivência social.
(...) Representando a família a mais valiosa célula do organismo social, é nela que se
encontram os Espíritos necessitados de entendimento, de intercâmbio de sentimentos e de
experiências, de forma que o lar se faz sempre a escola na q ual os hábitos irão definir todo
o rumo existencial do ser humano.
(...) Por serem profundos e inevitáveis os relacionamentos domésticos, positivos ou não,
apressam o desenvolvimento da afetividade que prepondera, quando negativos, em forma
reagente, porém viva, e quando saudáveis, em mecanismos de evolução que apressa a lídima
fraternidade.
(...) Quando, porém, alguém não consegue evitar os constrangimentos domésticos,
porque outrem – aquele a quem desejaria ser simpático – se recusa à mudança de atitude hostil,
é possível tornar o problema um valioso recurso para a prática de tolerância, tentando
compreender a sua dificuldade, desculpando- o pelo estágio primário em que ainda permanece,
mas tratando de não se deter no aparente impedimento, e crescendo sem a marras emocionais
com a retaguarda.
(...) Quando não vicejam sentimentos felizes na família – que se apresenta dispersiva ou
sempre mal disposta, egoísta ou agressiva –, a melhor terapia para um bom relacionamento
é aquela que não envolve as emoções, evita ndo-se dilacerações sentimentais, porquanto os
menos equipados de grandeza moral são insensíveis às palavras e aos gestos de ternura,
caracterizando-se pela forma brutal de comportamento.
(...) Os relacionamentos familiares são particulares testes para a fraternidade,
desde que o campo é fértil para as discussões, as agressões, as discrepâncias, mas também para
a compreensão, a ajuda recíproca, o interesse comum, mediante cujas ocorrências, dá- se
naturalmente a integração do ser na convivência social.
(...) A fornalha mais preciosa para o amoldamento do caráter e da personalidade é
o lar.

13
Quando esse falta, deixando o ser em formação em mãos estranhas ou ao abandono, o
sofrimento marca-lhe o desenvolvimento psicológico, que passa a exigir terapia de amor
muito bem direcionada, evitando-se os apelos de compaixão, de proteção injustificada, para se
tornar natural, franco, encorajador, e que faculte a compreensão do educando sobre o fenômeno
que lhe aconteceu, mas em realidade não lhe pode afetar a existência, desde que se trata de uma
ocorrência proposta pelas Leis naturais da Vida.
O ser humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento na Escola terrestre, é sempre
aprendiz sensível a quem o amor oferece os mais poderosos recursos para a felicidade ou para
a desdita, dependendo de como esse seja encaminhado.
O lar, desse modo, é oficina de crescimento moral e intelectual, mas sobretudo
espiritual, que deve ser aprimorado sempre, abrindo espaço para tornar-se célula eficiente da
sociedade.
Joanna de Angelis – O Despertar do Espírito – Cap.: Relacionamentos F amiliares

Somente através de uma convivência positiva, que resulte agradável, é que se podem
formar relacionamentos saudáveis, que resultam em harmonia no grupo, em interesse sincero
em favor do bem-estar de todos.
O isolamento a que se entregam os indivíduos contemporâneos, especialmente nestes
dias de comunicação virtual, trabalha em favor de conflitos mais graves do que aqueles
que já se lhes instalaram, empurrando- os para distanciamentos físicos cada vez maiores, em
que perdem a sensibilidade da convivência, o calor da amizade, e os anseios que os movem são
sempre pertinentes aos interesses financeiros, aos gozos sexuais, quando não, às perversões que
grassam avassaladoras.
Quando esse isolamento não decorre da fuga para a convivência virtual, os conflitos
existentes nessa pessoa afastam-na do meio social, da intimidade na família, procurando
justificações para entregar-se ao sofrimento, quando não tombando em depressão.
Os relacionamentos, portanto, devem iniciar -se no próprio meio familiar, no
interesse pelo que ocorre em relação ao grupo sanguíneo, no qual se renasceu, participando das
atividades domésticas e das preocupações, procurando solucionar os problemas e as
dificuldades, enfim, movimentando- se de maneira edificante na constelação do lar.
Mais facilmente se torna partir do simples para o complexo, da família para o vizinho,
do grupo de interesses comuns para as aspirações da sociedade, oferecendo-se de maneira ativa
para tornar melhores os dias da existência, em relação à própria como às que se referem às
demais pessoas.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 16: Relacionamentos Sociais

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Mesmo havendo dificuldades e problemas, como é perfeitamente natural, esses devem
ser examinados com naturalidade, sem os extremos da revolta ou os escamoteamentos para
disfarçá-los, dando- se uma falsa idéia de que tudo está bem.
Quando não ocorrem os hábitos de confiança e de lealdade na convivência
doméstica, a família começa a desestruturar-se, avançando para o desmoronamento.
É imprescindível, portanto, que antes de tal acontecimento todos os seus membros
estejam informados das ocorrências que têm lugar no ninho familiar, de forma que os mesmos,
em conjunto, contribuam, conforme possam, para solucionar as dificuldades e ampliar os bons
resultados do trabalho desenvolvido.
As experiências que se vão acumulando nos relacionamentos domésticos serão,
mais tarde, automaticamente transferidas para a convivência fora do lar, quando as lutas
são mais severas e a ausência de parâmetros da afetividade concorre para as definições em torno
daqueles que devem ser eleitos como amigos, em relação aos demais que passarão a ser
conhecidos apenas, credores de consideração, mas não de confiança ou de intimidade.
Nesse ambiente de entendimento familiar, todos auxiliam -se reciprocamente, nas
atividades domésticas, nos trabalhos escolares, nas preocupações de sustentação
econômica, evitando- se exageros de gastos e de consumismo, sempre perturbadores e
responsáveis por situações aflitivas em relação ao futuro.
A consciência coletiva na família é o resultado da participação de todos os seus
membros nas ocorrências diárias, facultando o trabalho geral e ordeiro de preservação do afeto
e da manutenção do respeito.
Sendo a família constituída por espíritos de diversas procedências, alguns dos quais
cobradores de débitos anteriores, é compreensível que se manifestem com azedume, constante
insatisfação, agressividade ou reagentes aos planos de entendimento coletivo.
Será sempre este membro o criador de problemas, o reclamador, o calceta, o rebelde...
Fragilizado espiritualmente, corre o perigo de tombar na fuga pelas drogas, pelo álcool, e, na
sua insegurança, iniciar-se no furto, como recurso psicológico para chamar a atenção.
Torna-se, então, um verdadeiro desafio familiar, que deve ser levado em consideração,
numa representação diminuta em relação ao que será encontrado multiplicadamente na
sociedade fora do lar, que exigirá comportamento equilibrado e desafiador.
A família, portanto, é a célula primordial do grupamento social , o reduto onde se
forjam os sentimentos e as qualificações para os relacionamentos humanos em toda parte.
Manter-se, desse modo, uma convivência agradável e louçã, é a regra de bem proceder
no lar, para os enfrentamentos coletivos no futuro.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 17: Relacionamentos Familiares

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1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais
1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço
a. Pais hipersolícitos
Nós, Pais, criamos os filhos procurando dar-lhes o melhor.
Fizemos de tudo para que não sofressem o que nós tínhamos sofrido. Porém, o que tenho
observado na sociedade e no consultório levou- me a concluir que tais gestos de amor mais
prejudicaram que ajudaram na formação dos jovens.
Portanto, foram erros de amor.
Os Pais, hoje, são hipersolícitos, deixam a criança fazer o que quiser, toleram e relevam
os erros dela, colocam-na sempre em primeiro lugar, não estabelecem limites para suas ações,
fazem por ela o que ela mesma teria de fazer.
São gestos de amor, mas inadequados, pois dessa forma os pais não a educarão para que
viva em sociedade.
Algum pai se lembra de como os filhos obedeciam só pelo olhar do pai? O pai era uma
autoridade suprema, um patriarca.
Quando havia frango no cardápio, quem comia a melhor parte, peito e coxa, era o pai.
Para nós, filhos, sobravam asa e pescoço. E hoje, pais que somos, não queremos que nossos
filhos comam asa e pescoço, como nós havíamos comido, portanto nos empenhamos em lhes
dar o melhor. O que eles comem?
Peito e coxa. E o que sobra para nós? Asa e pescoço.
Somos, portanto, a geração asa e pescoço, ou seja, uma geração-sanduíche, sufocada de
asa-e-pescoço entre duas gerações de peito-e-coxas.
b. Pães: Pais com a função de mães
As crianças começam a se acostumar com o pai carregando sua mochila, tarefa antes
exclusiva da mãe. Com frequência podemos observar, em áreas sociais como as praças de
alimentação dos shoppings, crianças que dão respostas mal-educadas ao Pai e, não raro, tapas
no rosto dele quando não atendidas.
É a tirania despontando.

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1.1.2.2 Geração Peito e Coxas
a. Avós patriarcas: geração peito -e-coxas. Criaram uma geração de pais
sufocados. Que criou uma geração de netos folgados.
b. Crianças príncipes. Pais criam verdadeiros príncipes (outra geração peito-e-
coxa), que se transformam em tiranos. (criam “crionças”).
Do alto de seus 2 anos de idade, aquele nanico consegue desafiar a mãe, até que ela
cede: "Tá bom, só dessa vez...”
Quer dizer: outra vez ele venceu. Venceu porque ela mesma decretou a sua falência,
passando então a autoridade para o catatau.
É assim que a criança aprende que basta fazer birra para confirmar seu poder.
Sem entender os porquês de a mãe negar-lhe algo, ela aprende a não tolerar frustrações.
Não consegue "passar vontade", isto é, querer algo e não ter.
c. Adolescentes, “aborrescentes”: D ificuldade muito grande de assumir
compromissos: “A escola é boa o que atrapalha são as aulas”; não querem a
Escola, querem a Turma.
Um aborrescente não nasce da noite para o dia. Antes ele já, foi uma “crionça” (mistura
de criança com onça).
Talvez uma crioncinha linda naquele tempo em que os pais a deixavam fazer tudo. O
pobrezinho começava a chorar, logo ofereciam colo. Qual é a criança que não gosta de colo?
Pode não resolver o que provocou o choro, mas dá certa tranquilidade. Assim, aprende que é
mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema.
Percebemos, então, que não é assim tão de repente que o adolescente decreta: "Eu quero,
eu faço, e ponto final".
O fato de sermos Pais biológicos não nos capacita a educar nossos filhos. Somos Pais
silvestres, educadores sem capacitação, pois há muita informação disponível para quem estiver
interessado.
Ainda há tempo de fazer valer o não. Educação é um fenômeno vivo. A cada momento
podemos evoluir e fazer mudanças.
Içami Tibo – Juventude & Drogas – Cap. 5 - Anjos Caídos

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1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais
Estudos científicos relacionados à educação familiar, iniciados a partir da década de 60,
indicam que há três protótipos básicos de P ais: o autoritativo, o autoritário e o permissivo.
FEB - Campanha Nacional Antidrogas – Cap. 3: Influência da família e do meio
social
1.1.3.1 Autoritativo
• Tentam direcionar as atividades dos filhos de maneira racional e orientada; ouvem -
lhes as solicitações e procuram atendê -las de acordo com o plano de boa conduta
estabelecido na família.
• São responsivos e, também, exigentes.

Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente
observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos
teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres
normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham.
Evitarás, assim, a falsa postura de super -homem ou de mulher-maravilha, que não
sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros.
Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não
suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando
passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais.
Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis
à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna
e materna ou o respeito.
Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos
1.1.3.2 Autoritário
• Definem, controlam e avaliam o comportamento dos filhos de acordo com regras de
conduta pré-estabelecidas, em geral, absolutas; estimam a obediência irrestrita, por
considerá-la virtude, e aplicam medidas punitivas para lidar com as desobediências ou
conflitos identificados na relação pais- filhos.
• São exigentes e não responsivos.

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1.1.3.3 Permissivo
• Pais permissivos podem ser subdivididos em dois tipos: indulgente e negligente
o Os permissivo-indulgentes são excessivamente tolerantes, "maquiam" a
realidade e sempre apresentam desculpas para os comportamentos
inconvenientes dos filhos.
o Pais permissivo negligentes não são exigentes nem responsivos. São
irresponsáveis em relação à educação dos filhos, ausentes e indiferentes .

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1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos
1.2.1 De um Pai Encarnado

O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo
atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao
presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil
atividades — tudo com o objetivo de garantir o seu amanhã.
É com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o
Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho.
Lote, casa, apartamento, sítio — tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está
sedimentando o futuro da sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua
missão e não vai deixar ninguém desamparado.
E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta
com um emprego só — é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar
junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de
viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda — afinal, ele é um
executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar.
No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor
mais alto, aquele que efetivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de
Renda — mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase es condidas, onde se lê “relação
dos dependentes”.
Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar
o melhor de seu tempo.
Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar,
aumento da renda bruta — nada disso.
Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar.
Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se
entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não
participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa
infantil, não teve tempo para assistir à coroação da menina — pois um executivo não deve
desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados.
Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe
para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta
convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas,
resolve as coisas na base do entendimento.

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Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o
outro o dia inteiro — ginástica, natação, judô, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia,
lição de piano, etc. — e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo.
Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam — e, para ver os pais, quase é
preciso marcar hora.
* * *
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que
tenho para dar — e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares,
movimentos e entidades — é esta: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos
filhos.
Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas
tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objetivo único e prioritário:
construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa,
viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida
sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida — que
foi, na verdade, mais importante do que minha família.
E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que
me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro,
penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio.
De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos
todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente?
Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses
bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia
provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou
a ter um peso mínimo e relativo em tudo.
Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que
serve ele? Para que ser escravo dele?
Eu trocaria — explodindo de felicidade — todas as linhas da declaração de bens por
uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha: o nome do meu filho na relação
dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha, na declaração de 1983, ano-base de 82.
Hélio Fraga - Família, último lugar? – Cap. 1 – Declaração de Bens

21
Nota:
1- Versões criminosamente falsificadas desta crônica (Declaração de Bens) circulam
pela Internet e em diversas publicações. Algumas das versões plagiadas acrescentam ao texto
original que Luiz Otávio morreu drogado e que teve uma irmã Priscila, que fugiu de casa.
O filho de Hélio Fraga, Luiz Otávio, faleceu aos 12 anos, em novembro de 1982,
vítima de tumor cerebral (meduloblastoma). Teve dois irmãos: Marcelo, nascido em 1972, e
Ana Cristina, em 1977. Eles estudam, trabalham e moram em Belo Horizonte. A outra irmã
jamais existiu.
2 - Hélio Fraga morreu na noite de 13/07/2021 em consequência da COVID-
19. (21/04/1937 – 13/07/2021)

Hélio Fraga Atuou como jornalista, editor e colunista nos principais jornais de
Minas Gerais. Ele tinha um blog de Turismo.

Hélio Fraga teve uma extensa carreira no jornalismo. Começou em 1960, quando obteve
o registro, de número 1.427, de jornalista profissional e filiou- se ao Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).
Na TV Itacolomi, trabalhou, nos anos de 1960, durante sete anos, como redator do Jornal
Banco Minas, o noticioso noturno da emissora.
No jornal impresso, também quase na mesma época, chefiou as redações dos
jornais Correio de Minas e Diário de Minas.
Hélio Fraga também teve passagem pelo setor público. Foi assessor de Comunicação do
Governo de Minas entre 1964 e 1966 e, algum tempo depois, ocupou a mesma função na
Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
No jornal Estado de Minas, foi editor e colunista de Esportes. Em redação, seu último
trabalho foi como editor de Turismo do jornal Hoje em Dia.
Além destas atividades, Hélio Fraga foi escritor. Em O menino valente, ele descreveu a
história da perda de seu primeiro filho, aos 12 anos, de câncer. Foi uma experiência dramática
para ele, que havia dado prioridade ao trabalho. Com isso, a convivência familiar acabou sendo
colocada em segundo plano.
No livro, ele contou seu arrependimento por ter desprezado o tempo do convívio
familiar com o filho. Por isso, exaustivamente, nas palestras que dava sobre o assunto, Hélio
Fraga repetia exaustivamente o mesmo conselho: “Não há tempo melhor aplicado do que aquele
destinado aos filhos”.

22
Na vida sindical, Hélio Fraga foi diretor do SJPMG de 1978 1980. De tempos em
tempos, ele dava um plantão no sindicato para fazer o atendimento à categoria. Cuidadoso no
contato com os jornalistas, ele fazia um relatório de todos os atendimentos.
Com mais de 20 diplomas, troféus e prêmios internacionais, incluindo oito diplomas de
Reconhecimento da Comissão Européia de Turismo - CET e Medalha de Ouro do Governo da
França e três títulos de Cidadão Honorário nos Estados Unidos, Hélio Fraga fez mais de 240
viagens ao exterior a partir dos anos 60. Conheceu quase 100 países. Acumulou 10 mil horas
de voo em 117 companhias aéreas e mais de 2.500 horas de navegação.
"Meu pai foi um homem ímpar. Um exemplo de caráter, integridade e resiliência.
Dedicou sua vida à profissão que tanto amava: o jornalismo. Conheceu o mundo inteiro mas
não perdeu sua essência e seus valores. Hoje nos resta a saudade e a certeza de que um dia nos
encontraremos", disse ao Estado de Minas a filha Ana Cristina.

23
1.2.2 De um Pai Desencarnado

Compreendemos, sim.
Atiramos-te cedo à luta, sem considerar- te a mentalidade em reformulação .
Quantas vezes tua mãe e eu te entregamos à mãos mercenárias e quase sempre
irresponsáveis, quando despontavas do berço, à vista dos imperativos de relacionamento social!
Noutras ocasiões, assim procedíamos de modo a desfrutarmos sozinhos as horas
feriadas que nos surgissem, a título de refazimento ou distração.
E, em regressando à casa, nunca te perguntamos pelo que viste ou ouviste, a fim de
estabelecermos contigo um diálogo adequado para que se te pacificasse o espírito inquieto à
frente da vida.
Enviamos-te à escola, no entanto, para falar a verdade, não expressávamos interesse
permanente por teu currículo de lições. E quando nos apresentavas certos assuntos colhidos
involuntariamente à margem do ensino, frequentemente dávamos de ombros, julgando- te a
conversação demasiado infantil, afastando-nos sob pretexto de serviço urgente.
Largamos-te às impressões alheias, nem sempre as mais construtivas, de maneira a nos
encasularmos no ócio doméstico.
Quiseste associar-nos às tuas companhias e leituras, caminhadas e afetos, mas, via de
regra, recusamos- te o convite, com a desculpa de fazer dinheiro ou mobilizar providências
para sustentar- te, qual se fosses um peso em nossa economia ao invés de abençoada luz do
nosso amor.
Distanciamo-nos de ti e deixamos-te a sós, impensadamente é verdade.
Achávamo- nos como que anestesiados pela obsessão de ganho para excessivo
reconforto, incapazes de oferecer-te cobertura nos domínios do coração.
A morte, entretanto, apareceu quando nem havíamos começado a pensar con-
venientemente na vida, a transferir-nos de plano e hoje vemos -te em perigo, espiritualmente
desprotegido, cansado, desiludido, enredado em desequilíbrio e doença.
Somente agora reconhecemos o quanto te amamos, unicamente agora notamos que não
teremos futuro sem ti. E porque nada conseguimos realizar de bom sem amor, ante a
necessidade de nossa reintegração nos interesses e aspirações uns dos outros, abeiramo-nos com
humildade do caminho em que segues hoje, tão longe de nós, para dizer-te simplesmente:
- CONSIDERA O NOSSO ENGANO e perdoa-nos, meu filho!...
I.R. – Astronautas do Além – Cap. 12(médium Francisco Cândido Xavier)

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1.2.3 De uma Mãe Encarnada

“Depois de 400 noites em claro, finalmente consegui dormir, pois sei que ela está sendo
cuidada.”
Sempre fomos muito pobres, mas nunca deixei de lutar. Sou mãe solteira, tenho outros
quatro filhos: uma menina de 19, que já está casada; um de 16; outro de 13; e o pequeno de 4
anos. Cuidei de todos sozinha.
Solange trabalhava como auxiliar de cozinha, mas teve de sair do emprego porque a
filha tinha começado “a dar trabalho”. Para ter comida em casa, virou catadora de recicláveis.
Por uns tempos, dormia em calçadas e praças com os filhos. “Tinha vergonha e me
escondia. Foi quando uma instituição espírita me tirou da rua e fez uma casa de dois cômodos
e banheiro para mim e as crianças.”
A família viveu uma curta boa fase, segundo ela. “Minha filha estudava e me dava
orgulho. Era muito boa em Química, Física e Matemática. Todo ano era a melhor da classe. Até
que, de 2015 para 2016, começou a mudar. Ela, que era tímida, de poucas palavras, começou a
tagarelar. Achei que estava alterada.”
A adolescente trabalhava como babá e ganhava dinheiro para comprar sandálias e
roupas. “Começou a ir em baladinhas, andar com algumas amizades. Foi quando conheceu o
‘doce’ (droga sintética).” A garota começou a matar aulas e o colégio suspendeu sua vaga. “Ela
se perdia no caminho da escola. Aí parei de trabalhar. Larguei tudo para ficar em cima.”
Solange conta que, um dia, a menina invadiu a casa onde havia trabalhado, pegou roupas
e bijuterias e as jogou na rua. “Foi quando compreendi que ela estava fora de si por causa da
droga. Apanhava na rua e chegava machucada. Ficamos três meses presas em casa eu e ela ,
com porta e janela trancadas. Ela ‘surtava’ e queria explodir botijão, quebrar batedeira.”
A mãe procurou ajuda, chegou a internar a filha no Centro de Apoio Psicossocial (Caps),
mas ela fugia.
“Não posso afirmar que ela se prostituía, mas desconfio que sim, pois sempre tinha
dinheiro para droga.”
Decisão extrema
Solange conta que decidiu acorrentar a filha quando percebeu que ela corria risco de
vida. “O cerco estava se fechando. Eu já tinha ido atrás de traficantes para pagar a droga que
ela devia, mas aí acusaram minha filha de sumir com uma droga que eu não tinha dinheiro para
pagar. Vi a corrente que usava para trancar o portão, tive a ideia e comprei o cadeado.”
Nos 43 dias acorrentada, a filha dormiu pouco. “Ficava a noite inteira ouvindo funk e
ninguém dormia.Ia até 6 da manhã. Meus filhos precisavam levantar cedo para a escola.”

25
Com o início do tratamento da filha, Solange espera ter mais tempo para cuidar dos
outros filhos. No bairro, segundo ela, há muitos casos de dependência química.
Solange espera que a filha se recupere e retome os estudos, mas sabe que há um longo
caminho. Sobre o processo por maus tratos que terá de responder, não se preocupa tanto.
“Espero que o delegado e o juiz tenham filhos. Eles vão entender.”
Solange Bueno dos Santos – O Estado de São Paulo – Reportagem – 21/Junho/2017
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,nao- fui-carrasca-desabafa- mae-que-
acorrentou- filha-para-impedir-uso-de-crack,70001851971

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1.2.4 De uma Mãe Desencarnada

Que Deus tenha compaixão das nossas necessidades!
Não sou digna sequer de vos chamar irmãos, eu que não soube honrar a maternidade.
Sou aqui trazida pelos Instrutores desta Casa para apresentar as chagas da enfermidade
ultriz que me aniquila lentamente através de remorso causticante, que ainda me infelicita e
inquieta sem piedade.
Tentarei contar a minha tragédia em forma de um: Apelo as Mães.

Fui mãe, no entanto, sou uma suicida moral.
Troquei as claras manhãs da esperança pelas noites tenebrosas do arrependimento;
permutei a brisa suave do entardecer pelo vento gélido do remorso devastador; joguei e perdi,
na mesa das ilusões, a promessa de tranquilidade, sendo arrastada na voragem ardente e cruel
de vulcão interior.
Deslustrei o compromisso do respeito recíproco no matrimônio, por alimentar, na
vacuidade em que me acomodei, a sede terrificante do prazer mentiroso...
Abençoada, porém, por uma filha que me iluminava a loucura da mocidade mal vivida,
fiz-me requintada no modernismo faccioso, vestindo- a de boneca para a vitrina da ilusão.
Atarefada nas mil mentiras da fantasia, ajudei-a a crescer sob os artifícios da imaginação
e descobria- a subitamente selvagem, poluída...
Quando lhe bati as portas do sentimento encontrei somente a avenida larga das
futilidades ; quando lhe busque! a honra, somente pude ver a face vulgarizada pelo desrespeito;
quando a convoquei ao dever, o sorriso que lhe bailava nos lábios dizia da loucura da sua
irresponsabilidade.
E tomada repentinamente por enfermidade irreversível, demandei a sepultura sem ter
tido tempo de reparar os males que fiz a filha que Deus me emprestou, fazendo-me mordoma
de um bem que é Seu e que eu atirei fora.
Hoje, de coração ralado, de alma despedaçada, acompanho-a pelas ruas em caminhadas
noctívagas — borboleta da ilusão —, e escuto-lhe o pensamento chicoteando- me: “Megera e
ingrata, que se evadiu do mundo através da morte, deixando-me morta nesta vida de misérias.”
Quando lhe tento falar aos ouvidos: “Filhinha, aqui estou, perdoa-me o que fiz de ti!”,
parecendo ouvir-me pelo pensamento atormentado, retruca, desgostosa e infeliz: “Não tenho
mãe! Sou um corpo vencido ajudando o mundo a apodrecer”.
Oh! mães, meditai um pouco, ouvi meu apelo. Não venho da sepultura para gritar
inutilmente! Não é a voz do remorso que clama, nem o arrependimento que grita.

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É o sofrimento que suplica: “Poupai vossas filhas, guardai vossos filhos!”
O cinema moderno e a televisão educativa para onde os levais são a serpe enganosa que
os pica, injetando- lhes o veneno letal do desejo que os consumirá e os desgraçará.
A noite de alegria que reservais para vós outras, nas reuniões da futilidade, dai-as aos
vossos filhos, ficando com eles no lar.
A planta tenra que não recebe sombra protetora vai queimada pelo sol inclemente ou
crestada pelo frio cortante que a açoita, vencida pela chama ardente ou arrancada pelo vento
tempestuoso.
As crianças são débeis plantas do jardim do amor!
Todo sacrifício pelos filhos é pouco.
Nós os nominamos como amores nossos, mas não lhes damos o nosso amor. Dizemos
que são o futuro, mas lhes amarguramos o presente com a quase indiferença. Chamamo -los
promessas e martirizamos- lhes a esperança.
Ganhamos todos os prazeres, brilhando no mundo e deixamos que a inconsequência,
filha da negligência dos nossos atos, lhes assinale os passos.
Trocai as fantasias pelo respeito a verdade, ao lado das crianças: nem a austeridade da
clausura, nem a libertinagem da “motoca”; nem a exigência monacal, nem a indiferença do
anarquismo; nem o potro da proibição, nem o descuido da invigilância; nem a corda punitiva,
nem o desrespeito total.
Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que
disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há melhor método pedagógico de
educação do que o amor honrado, constante e firme de uma mãe que faz do lar um santuário
onde os filhos são as messes abençoadas da vida.
Dai as vossas alegrias de agora, mães, sofrendo um pouco, certamente, para
experimentardes a ventura, mais tarde, vendo os vossos filhos ditosos, e não carregardes o fardo
que ora me esmaga, experimentando, dia-a-dia sem nunca cessar, o gosto amargo do fel do
remorso.
Marta da Anunciação – Depoimentos Vivos – Cap. 19 – Apelo de Mãe

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1.2.5 De um Filho Encarnado

Emocionado, ele desabafou:
Só tenho um problema: a minha mãe. Ela havia terminado o doutorado, no curso de
biologia. Em razão de meu envolvimento com os entorpecentes, ela estudou tanto, e estava se
preparando para publicar um livro sobre a dependência de drogas.
Entretanto, numa madrugada de domingo, quando eu retornava das baladas, excitado e
agressivo pelo consumo da cocaína, assim que ela me recriminou a conduta, chamando- me a
atenção para os perigos que eu corria, enfrentei-a como nunca.
Passei a gritar, acusando-a de não me dar atenção, dizendo-lhe que suas viagens e o seu
doutorado eram o que mais lhe importava, enquanto eu e meu pai nada valíamos.
Foi quando, sem que me desse conta, desferi-lhe um empurrão, provocando-lhe a queda.
Humilhada, permaneceu no chão chorando.
A seguir, sem nutrir qualquer pena de minha mãe, tranquei-me no quarto, coloquei o
fone de ouvido e passei a ouvir rock pesado. Pouco depois, adormeci pela exaustão em que me
achava.
Pela manhã fui acordado pelo meu pai que retornava de uma viagem, me informando
que mamãe estava hospitalizada em decorrência de um enfarte muito grave ocorrido de
madrugada.
Conhecendo meus hábitos, meu pai nem perguntou onde me encontrava naquele
momento. A notícia me feriu como um punhal . . .
Foi muito difícil, mas reuni minhas forças e fui vê-la na UTI do hospital. Ela apenas
dormia sedada por força dos medicamentos.
No dia seguinte, ao visitá-la, ela apenas sorria e me fitava com seus olhos cheios de
ternura, sem nada conseguir falar. Essa imagem jamais me abandonou, porque no dia seguinte
ela morreu, sem que eu pudesse lhe pedir perdão.
A morte de minha mãe, e ainda nessas circunstâncias, é o que me atormenta sem cessar
até hoje.
No dia de sua morte, apenas meu pai a visitara, e por alguns momentos ela conseguiu
falar com ele, mas não lhe revelou nada sobre nossa discussão. Até hoje, não tive a coragem de
contar ao meu pai e à minha irmã que "matei minha mãe''. Esmaga- me ver o silêncio, a tristeza
e a saudade deles.
Ela era o sol de nossa casa..., somente pude perceber a sua luz quando ela se apagou.
Túlio – Filhos da Dor – Cap. 5 – Os desafios da Família

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Nota:
Túlio, 25 anos, órfão de mãe aos 19 anos, residia com o pai, com quem tinha enormes
conflitos de relacionamento.
Compreendido em seu drama pessoal, sentia- se aceito pelo pai, o que permitiu a melhora
de sua autoestima. Sua luta, a partir de então, se travaria no campo aberto do autoperdão.
Atualmente, vive em companhia do pai, concluindo o curso de engenharia, e prossegue
com acompanhamento psicológico, estando há três anos sem as drogas.

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1.2.6 De um Filho Desencarnado

Não sei qual seria a maneira correta de introduzir-me nesta reunião.
Na impossibilidade de agir como exige a tradição, eu saúdo a todos, pedindo a Deus
misericórdia para os infelizes.
Meus pais, aflitos, pedem notícias de mim, procuram-me por toda parte, exigem que eu
lhes comunique como estou passando, desejam uma evidência da continuação da minha vida.
Desesperam-se, porque tardam as minhas cartas. . .
Esperam que a morte seja um trampolim para um mundo estranho, abstrato, talvez
sobrenatural. Não se dão conta, como também não me dei, de que morrer é pegar um veículo
em desabalada correria que nos arroja de chofre noutro lugar, sem nos arrancar da vida,
atirando- nos numa dimensão poderosa e diferente que a mente antes não pôde conceber, mas
que a defrontando não pode negar.
Pedem-me que lhes diga se é verdade que eu prossigo vivendo e gostariam que eu
retornasse como um anjo para lhes incensar as vaidades pessoais, tornando-os privilegiados,
diminuindo- lhes a responsabilidade no insucesso de que fui vítima.
Reconheço a minha imprudência, constato a minha miséria, mas não posso descartar
que tenho sido vítima educação e do meio onde vivi.
Meus pais deram-me tudo. Educação bem cuidada, liberdade, amigos e dinheiro, só
não foram pais. . . Eu pude desfrutar de regalias, mas não pude desfrutar de uma família .
De cedo, os vícios e as dissipações sociais que eu encontrei em casa passaram a tomar
parte nas minhas horas. Como os vícios sociais constituem motivo de projeção na comunidade,
eu projetei-me. Mas, aos vinte e três anos minha projeção se apagou no acidente de um “Porche”
depois de uma ingestão de drogas além da dose habitual.
Que notícias eu posso dar? Dizer que despertei como um sátrapa, recolhido a um
hospital onde a dor, nivelando os Espíritos, era também o meu quinhão da vida?
Relatar o que tem sido este tempo sem tempo que o calendário da Terra não pode
representar?
O arrependimento toma uma dimensão que se perde nas medidas habituais. Por isso, o
vulgo diz que, se o “arrependimento matasse". . . No entanto, a muitos aniquila o corpo, a
outros tantos apaga a lucidez.

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Eu diria a todos os pais, a todos aqueles que sentem saudade dos que viajaram para cá,
que há um padrão de avaliação de como se encontram os que a morte conduziu para a
realidade da vida. A conduta que tinham, as ações que praticaram, o comportamento que
se permitiram – eis os documentos de identificação para receber aval para a felicidade ou
algema para a desdita.
Muda-se de lugar, porém, não se muda de estado íntimo.
E porque se encontram pessoas queridas que nos aguardam com lágrimas de júbilos
quando aportamos no Mundo Espiritual, de maneira nenhuma este amor modifica a paisagem
em sombra de quem enxergou o bem pelas lentes do mal, ou perdeu a oportunidade de agir
corretamente . Não há critério de exceção, nem regimes de privilégios.
Todos nós despertamos, no Mundo dos Espíritos, com o cabedal que trouxemos do
mundo dos homens. Somente a conduta bem vivida e as ações bem delineadas constituem o
patrimônio de felicidade para os que a morte não consumiu.
Sem desejar enviar uma mensagem de desencanto, eu gostaria de dizer aos meus pais e
a quantos esperam a prevalência de novidades e a caracterização de júbilos infindáveis pelos
que morreram, que se resguardem no discernimento e no equilíbrio, e, meditando sobre o
que foram os seus amores, compreendam que permanecem iguais no esforço por melhorar -se,
se se encontram lúcidos, e na redenção por evoluir, se se encontram agoniados sob os látegos
das próprias aflições. . .
Francisco Ângelo de Souza – Depois da Vida – Cap. 5 (médium Divaldo Franco)

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1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas
1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai

É um diálogo entre o escriba que vos fala e o Pai Eterno. O cenário é o céu, o ano, 1920.
Por ordem do Senhor, Pedro, o querido Pescador de Almas, porteiro perpétuo da mansão
celestial, recebe aquele que seria eu e me leva à presença do Altíssimo. Acho até que a Ana-
Maria estava por lá, escutando discretamente, por trás de alguma nuvem diáfana, dado que ela
reproduziu fielmente a momentosa conversa.
Eis o que ela escreveu:
E como vai você, meu filho?
Vou muito bem, Senhor. Melhor agora, na Sua presença.
“— Que bom que você pensa assim. Mas, te chamei aqui porque, você sabe, você pediu
para voltar e resolvi que você vai descer dia 5!
“— Dia 5?
É. Lá na Terra, tem dia, hora, meses, essas coisas... Lá existe o tempo.
“— Ah, sei...
“— Bem, você vai se chamar Hermínio Corrêa de Miranda; sua mãe, Helena, e seu pai,
Reduzindo, estão te esperando com muita ansiedade. Você vai ser o primeiro filho desse casal
que está muito próximo do meu Amor.
“— Sim, Senhor.
“- Seu plano de vida já está, como é de praxe, decidido, seguindo sua prévia solicitação.
Mas, naturalmente, você terá o livre- arbítrio, ou seja, o direito de escolher outro plano,
de mudar.
”- Sim, Senhor.
“— Você vai primeiro ser filho. Depois, vai ser afilhado, depois, irmão, depois aluno,
e...
“- Aluno, Senhor?
“— É, aluno e tio, primo, funcionário, e assim por diante, até ser namorado, noivo e
esposo, pra depois ser... PAI. Esta é a mais importante de todas as categorias citadas.
“— PAI, Senhor? Pensei que só o Senhor pudesse ser Pai.
“— Bem, digamos que sou o PAI de todos os pais.
“— Ah, sei...
“— Mas você também vai ser PAI, como disse. Você pediu três filhos; duas meninas e
um menino.
“— É mesmo, Senhor?

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“— É. Primeiro, é claro, tem a Inez — aquela que vai ser a eterna companheira, a mãe
de seus filhos. Depois então, virão a Ana-Maria, a Marta e o Gilberto.
“— Ana-Maria, Marta e Gilberto?
“— É. Foi o que você pediu. Vão te dar muito trabalho, muitos problemas, muitas
descrenças, muitos desgostos, mas algumas alegrias que compensam muito de tudo isto. É assim
que os pais pensam...
“- Sei...
“— Naturalmente, que isto só vai começar a acontecer daqui a 23 anos.
“— Naturalmente, Senhor. Vinte e três anos...
“- Mas, como ia dizendo, de tudo o que você pediu pra ser, ser PAI é o mais difícil lá na
Terra. E com o passar dos anos, vai ser cada vez pior.
“— Entendo, Senhor...
“- Não, meu filho, você não entende. Mas quando chegar a hora você saberá o que fazer;
às vezes até com muito sacrifício, renúncia, angústia e até revolta. Mas, com muita
compreensão.
“— Senhor, me parece difícil demais. Revolta e compreensão?
“— É, realmente. Você é quem sabe. Foi o que me pediu.
“— Estou muito receoso, Senhor. Ser pai, como o Senhor... Não vou conseguir.
“— Quem sabe? Daqui a muitos anos, vamos nos encontrar de novo e assim
retomaremos esta conversa...
“— Sim, Senhor... Mas, vejo dois envelopes em Suas mãos. São para mim?
“— Ah, já ia chegar lá. Vamos ver. Este aqui, contém minhas instruções para a sua vida
de pai. Aqui estão as soluções para todas as situações que vai enfrentar com Ana- Maria, Marta
e Gilberto. Aqui está o que lhes dizer, fazer, aconselhar, ensinar, repreender, incluir, tudo. Vou
instalar estas instruções no computador do seu Espírito!
“— Computa... o quê, Senhor?
“— Computador? Um dia você vai saber. Quando chegar a hora de resolver o problema
com um dos rebentos, é só você chamar a memória e já virão todas as MINHAS instruções.
Aqui está o programa.
“— Obrigado, Senhor, mas deve haver algum engano, aqui só há uma folha de papel em
branco!
“- Não é engano não, meu filho. É que só os PAIS podem ler o que está aí.
“- Ah, entendi, Senhor. E o outro envelope? “ — Este contém uma única palavra.
“— Só uma?

34
“— Só uma. E você só vai poder abrir este envelope no dia em que sentir necessidade
de saber uma coisa muito importante.
“— Verdade, Senhor?
“-É.
“— Mas que coisa é esta? Algo relacionado com os filhos?
“— Sim. Vou explicar. Eu sei o que você pensará a respeito de seus filhos. Sei o que
eles três pensarão a teu respeito. Mas você não saberá o que eles pensam a teu respeito, como
pai.
“-Ah...
“— Então, no dia em que você quiser saber, abra este envelope. Se pelo menos um deles
três te chamar da palavra escrita aqui, nesta folha, você terá se aproximado ainda mais de
MIM, como... PAI.
“— Sim, Senhor.
“— Bem, chegou a hora. Daqui a um segundo, você não se lembrará de mais nada, por
muitos e muitos anos. Vai, Hermínio. Minha bênção e boa sorte.
“— Obrigado, Senhor. Vou sentir Sua falta. Até a volta...”
(O segundo ato se passa na Terra, em 1991. O casal está comemorando 49 anos de união.
Recebo de Ana-Maria, o seguinte recado: )
“— Pai, abra aquele envelope hoje. Veja se a palavra escrita pelo Senhor, não foi...
AMIGO.
- Era.
* * *
Assim, este livro, que começou com Ana- Maria, termina com esta página que ela criou
com o talento e a emoção de que foi generosamente dotada. Ela assinou o meu Diploma de
Pai. Ele me responde a uma das perguntas que eu li nos olhos de Ana-Maria, quando, pela
primeira vez, nos encontramos do lado de cá da vida. Lembram-se? Ela se perguntava assim:
— Será que esse sujeito vai ser um bom pai para mim?
Com ele (com o Diploma), poderei, um dia, me apresentar lá em cima, como aquele
trabalhador de que falou Paulo de Tarso, que não se envergonhará do trabalho que
realizou por aqui, na Terra.
Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 29

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1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais
Filhos
Ensinarás a voar ...
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar ...
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver...
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar ...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar...
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!
Origem Desconhecida (atribuída a madre Tereza de Calcutá)
Sobre as Crianças
Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse, Fala-nos das Crianças.
E ele respondeu:
Os vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não de vós.
E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos, pois eles têm os seus
próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em
sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná- los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas
flechas partam rápidas e cheguem longe. Que a vossa inflexão na mão do Arqueiro seja para a
alegria; Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
Também ama o arco que se mantém estável.
Gibran Khalil Gibran - O Profeta – Cap. 4: Sobre as Crianças

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Vida não é para ser recebida, mas para ser conquistada

"(...) Um dos meus passatempos em criança era colecionar os casulos das traças (a traça
é o casulo das borboletas) e assistir, na primavera, a emersão das borboletas (...). A luta delas
para escapar do cárcere despertava sempre minha compaixão (...). E, um dia, com uma tesoura
muito fina, papai veio e cortou a parede sedosa do casulo, ajudando o bichinho a se soltar. A
borboleta daí a um instante estava morta...
- Filho - disse papai, - O esforço com que esta traça procura libertar-se do casulo
ajuda- a a segregar os venenos do corpo. Se o veneno não for expulso, o bichinho morrerá.
O mesmo ocorre com a gente: quando uma pessoa luta por aquilo que deseja, torna- se
melhor e mais forte. Mas quando as coisas se realizam sem esforço tornamo- nos fracos,
pusilânimes, sem personalidade (...). E parece que alguma coisa morre dentro de nós.
Wallace Leal V. Rodrigues – E para o resto da Vida... – Cap. 26 – A Bo rboleta/A
Traça (1979)

E podemos complementar com a nossa grande Amiga Joanna de Angelis:
“Nenhuma conquista pode ser lograda sem o correspondente trabalho que a torna
valiosa ou inexpressiva.
Quando se recebem títulos ou moedas, rendas ou posição sem a experiência árdua de
consegui-los, estes empalidecem, não raro, convertendo- se em algemas pesadas, estímulos à
indolência, convites ao prazer exacerbado, situações arbitrárias pelo abuso da fortuna e do
poder”.
Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 22 – N ecessidade de Evolução (1994)
Exatamente por isso nos diz Divaldo Franco:
“Temos de ensinar aos nossos Filhos que a Vida não é para ser recebida, mas para ser
conquistada”.
Divaldo Franco – Vivências do Amor em Família – Cap. 1 – Pelos Caminhos da
Família (2016)

O que é sintetizado pelo nosso também grande Amigo Jacome Góes, não apenas para
os nossos Filhos, mas para Todos nós:
“Felicidade é nascer no Mundo e aprender a Renascer na Vida”.
Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 61 – Para Você Pensar (1990)

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1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos

Filho Querido,
O mundo começa a abrir as pesadas cortinas, mostrando a ti as forças e as cores de toda
a sua realidade.
Encontrarás violências coletivas, mas saberás construir a tua paz individual!
Encontrarás indiferenças e omissões, mas procurarás dar o testemunho da fraternidade
e do trabalho!
Edifica dentro dos rígidos padrões da dignidade, o teu património material, porém não
esqueças jamais de estabeleceres em tua vida, o bom senso do critério seletivo de prioridades,
defendendo com coragem e fé, o património moral, que os ladrões não roubam e as traças não
roem.
Procura palmilhar sempre a estrada luminosa da fé, e não esqueças de que a tua
existência, por mais longa pareça, não é mais do que um momento, na imensidade dos
tempos, que constituem para todos nós, a eternidade.
Dissipas as trevas da ignorância, gerando nas usinas da tua mente e do teu coração, a
tua própria luz.
Quando alguém te falar de morte, é bom lembrares de que sempre há vida, pelo princípio
Divino da imortalidade da alma.
Sê absolutamente verdadeiro, na palavra e na ação, para não te igualares aos que mentem
e terminam por acreditar na verdade das próprias mentiras...
Nunca pretendas parecer, senão, somente aquilo que és, pois toda hipocrisia e
fingimento denotam lamentável pobreza espiritual...
Para viveres inteiramente as lições da caridade, procura atender aos teus irmãos,
lembrando- te sempre de que a maior carência é a de amor.
Onde estiverem os teus pensamentos, aí tu estarás. E duca a tua mente, para que todas
as tuas expressões louvem ao Senhor!
Confia em teus talentos, desenvolve -os e usa- os em função do amor, para não seres
alcançado pelos pesados tributos da omissão...
É imperioso que cresças e te tornes um ser ativo no bem, ao invés de permanecerei como
eterno mendigo de favores...
Irradia amor e luz em todas as direções, sem exigires o coercitivo juro do retorno.
Esteja preparado para o exercício da sereni dade, quando as nuvens pesadas do
sofrimento acumularem -se sobre o teu mundo Intimo.

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Não te esqueças de que só há dois caminhos para a liberdade: a obediência e a
humildade.
Procura conviver em equilíbrio, com a alegria e com a dor. Não consintas que uma ou
outra ajam com excessos, para que a paz não se afaste da tua vida.
Considera o trabalho não só como um valor econômico, mas, principalmente, como um
valor moral.
Jamais assumas no terreno sagrado do lar, a triste e infeliz posição de tirano e déspota,
para não te transformares em carrasco dos seres que deverás amar.
Que nada, absolutamente nada, possa vir a perturbar tua placidez: nem os aplausos pelos
teus sucessos, nem as críticas pelas tuas derrotas. Continua a agir conscientemente, procurando
sempre fazer o melhor dentro dos rígidos padrões da dignidade, e continua pela tua estrada, não
indiferente aos que te observam, mas, seguro na de fesa dos teus justos valores.
Procura ouvir a todos que te falam, com a máxima atenção, e respeita, em qualquer
circunstância, o silêncio daqueles que nada te querem falar.
Os teus conhecimentos são as tuas asas. Somente os que têm os pés atolados no pântano
da ignorância não conseguem voar...
Sê livre para amar, e não imponhas o domí nio ou a posse sobre ninguém, para poderes
ser não temido, mas, realmente amado.
Quando sentires saudade, alegra- te por descobrires que já aprendeste a amar!
Jamais procures montar a tribunal da tua própria justiça, julgando os teus irmãos, pois
o íntimo das pessoas, muitas vezes, nem elas próprias conhecem.
Procura respeitar o teu corpo como veículo indispensável para a plenitude da tua vida,
e como templo vivo da tua redenção.
FILHO QUERIDO, nós, teus Pais, buscamos, com sentimento do mais puro amor, a
Excelsa Mãe de Jesus, para junto, dizermos: DEUS TE ABENÇÕE!
Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 21: Paternidade Responsável

39
2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos
2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar

Duas espécies há de afeição: a do corpo e a da alma, acontecendo com frequência
tomar-se uma pela outra. Quando pura e simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera
a do corpo. Daí vem que, muitas vezes, os que julgavam amar-se com eterno amor passam a
odiar-se, desde que a ilusão se desfaça.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 939

As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se unam segundo as Leis
Divinas.
Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 11

Muitos homens e mulheres exigem, por tempo vasto, flores celestes sobre espinhos
terrenos, reclamando dos outros atitudes e diretrizes que eles são, por enquanto, incapazes
de adotar, e o matrimônio se lhes converte em instituição detestável.
Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 137

Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação
redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de
compromisso perante a Vida Infinita. E ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os
nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde
que nos empenhamos a solvê-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do
amor.
Emmanuel – Caminhos de Volta – Pag.12

40
Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em
algema ou prisão.
Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém. Estará,
porém, onde quer que vá, sob o clima que merece.
Tem paciência e confia em Deus.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.13

Em verdade, o que mantém o matrimônio não é o prazer sexual, sempre fugidio, mesmo
quando inspirado pelo amor, mas a amizade, que responde pelo intercâmbio emocional
através do diálogo, do interesse nas realizações do outro, na convivência compensadora, na
alegria de sentir-se útil e estimado.
Joanna de Angelis – Amor, Imbatível Amor – Cap.6

Os que se casam, unem -se e não se fundem, o que determina que cada qual prosseguirá
com suas conquistas e gostos, preferências e realidades íntimas, inteiramente “sui generis”.
Camilo - Educação e Vivências – Cap. 11

A cultura do exacerbado materialismo desses dias tem ensinado aos indivíduos a fechar
ouvidos e corações para o exercício da paciência, da tolerância, do perdão, da perseverança, da
cooperação recíproca, no vero cumprimento dos deveres conjugais, e, ao invés disto, há
estabelecido o culto ao “meu” prazer, ao “meu” bem-estar, a “minha” satisfação, a
“minha” razão e ao “meu” direito, num aterrador domínio egoístico, promotor de
inenarráveis tormentos para o porvir.
Camilo – Desafios da Educação – pag. 96

41
Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto
assegurar que está sempre certo.
Em algumas circunstâncias, a separação é um subterfúgio para uma saída fácil ou um
pretexto com que alguém procura esquivar-se das responsabilidades, unicamente.
Há uniões em que o divórcio é compreensível e razoável, porque a decisão de casar foi
tomada sem maturidade, porque são diversos os equívocos e desencontros humanos.
Em outros casos, há anos de atitudes de desrespeito e maus tratos, há os que
impedem o desenvolvimento do outro.
São variadas as necessidades da alma humana e, muitas vezes, é melhor que os parceiros
se decidam pela separação a permanecerem juntos, fazendo da união conjugal uma hipocrisia.
Em todas as atitudes e acontecimentos da vida, somente a própria consciência do
indivíduo pode fazer o autojulgamento e decidir sobre suas carências e dificuldades da
vida a dois.
Hammed - As Dores da Alma – Pag. 89

Frustrações, conflitos, vinculações extremadas e aversões congênitas de hoje são
frutos dos desequilíbrios afetivos de ontem a nos pedirem trabalho e restauração.
Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 27

42
Famílias-problemas! ...
− Irmãos que se antagonizam...
− Cônjuges em lamentáveis litígios...
− Animosidades entre filho e pai , farpas de ódios entre filha e mãe...
− Afetos conjugais que se desmantelam em caudais de torvas acrimônias...
− Sorrisos filiais que se transfiguram em rictos de idiossincrasias e vinditas...
− Tempestades verbais em discussões extemporâneas...
− Agressões infelizes de consequências fatais...
− Tragédias nas paredes estreitas da família...
− Enfermidades rigorosas sob látegos de impiedosa maldade...
− Mãos encanecidas sob tormentos de filhos dominados por ódios inomináveis.
− Pais enfermos açoitados por filhas obsidiadas, em conúbios satânicos de
reações violentas em cadeia de ira...
− Irmãos dependentes sofrendo agressões e recebendo amargos pães, fabricados
com vinagre e fel de queixas e recriminações...
Famílias em guerras tiranizantes, famílias -problemas! ...
É da Lei Divina que o infrator renasça ligado à infração que o caracteriza.
A justiça celeste estabeleceu que a sementeira tem caráter espontânea, mas a colheita
tem impositivo de obrigatoriedade.
Não renasceste ali por circunstância anacrônica ou casual.
Não resides com uma família- problema por fator fortuito nem por engano dos Espíritos
Egrégios.
Escolheste, antes do retorno ao veículo físico, aqueles que dividiriam contigo as aflições
superlativas e os próprios desenganos.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Pág. 164

Há alguns sinais de alarme que podem informar a situação de dificuldade antes de
agravar a união conjugal:
− Silêncios injustificáveis quando os esposos estão juntos;
− Tédio inexplicável ante a presença do companheiro ou da companheira;
− Ira disfarçada quando o consorte ou a consorte emite uma opinião;
− Saturação dos temas habituais, versados em casa, fugindo para intérminas
leituras de jornais ou inacabáveis novelas de televisão;
− Irritabilidade contumaz sempre que se avizinha do lar;

43
− Desinteresse pelos problemas do outro;
− Falta de intercâmbio de opiniões.
− Atritos contínuos que ateiam fagulhas de irascibilidade, capazes de provocar
incêndios em forma de agressão desta ou daquela maneira...
E muitos outros mais.
Joanna de Angelis – Sol de Esperança – Cap. 35













A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme,
não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor,
enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
(...)
O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira, para os laços da comunhão
mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois o homem cruel e desorientado,
suscetível de constrangê- la a carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os
anseios de ventura que lhe palpitam na alma.
Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito --- em existências que já se
foram --- a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o caráter,
metamorfoseando- o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar.
(...)
Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a deixou e no ponto em que a
deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o continuísmo da
obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o mesmo referentemente à
mulher.

44
O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em
existências anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de
atitude que o segregaram em deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas
condições, consubstancia necessidades e provas da mesma espécie.
(...)
Toda vez que amamos alguém e nós entregamos a esse alguém, no ajuste sexual,
ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois - somente depois - surpreender
nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura
anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos,
no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de certas contas, mas, sobretudo, a esmolar -nos
compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do
destino.
Emmanuel –Vida e Sexo – Cap . 12
O amor é de origem divina. Quanto mais se doa, mais se multiplica sem jamais
exaurir-se.
Partidários da libertinagem, porém, empenham-se em insensata cruzada para torná -lo
livre, como se jamais não o houvera sido.
Confundem-no com sensualidade e pensam convertê-lo apenas em instinto primitivo,
padronizado pelos impulsos da sexualidade atribulada.
Liberdade para amar, sem dúvida, disciplina para o sexo, também.
Amor é emoção, sexo sensação.
Compreensivelmente, mesmo nas uniões mais ajustadas, irrompem desentendimentos,
incompreensões, discórdias que o amor suplanta.
Joanna de Angelis – Celeiro de Bênçãos – Cap. 34

Nessa ou naquela idade física, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos
governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem
as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem
para a justa ascensão às Esferas Mais Altas.
Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por determinadas questões,
nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas
nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à
assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria.

45
E' por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações
de aprendizado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutua mente e
mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras.
Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção.
Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido
o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida e terna.
Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela felicidade dos corações que o Senhor
nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino.
Embora estejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador de culpas
recíprocas, em verdade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências.
Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 14

Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro
delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. Isso porque,
embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na
companheira da vida íntima, os reflexos de nós próprios.
Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 9

Quando te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de
dolorosos problemas do espirito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o
resgate de velhas contas.
Busca auxiliá- los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos
os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado
para enriquecê- los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado, em
silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
Emmanuel – Livro da Esperança – Cap. 38

46
Em cada companheiro que partilha a consanguinidade, temos um livro de lições que, às
vezes, nos detém o passo por tempo enorme, no esforço da repetência.
Cada um deles nos impele a desenvolver determinadas virtudes; num, a paciência,
noutro, a lealdade, e ainda em outros, o equilíbrio e a abnegação, a firmeza e a brandura
!
Ainda mesmo ao preço de todos os valores da existência física, refaze milhares de
vezes, as tuas demonstrações de humildade e serviço, perante as criaturas que te cercam,
ostentando os títulos de pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou irmãos, porque é na tua vitória
moral junto deles que depende a tua admissão definitiva entre os amados que te esperam,
nas vanguardas de Luz, em perpetuidade de regozijo na Família Maior.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 62

• ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro , induzindo- o à derrocada
moral.
HOJE, guardamo- lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
• ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando- a ao mergulho na
lagoa do vício.
HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva , necessitada do nosso amor.
• ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os
exemplos menos felizes.
HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho -problema, o
cálice amargo da redenção.
• ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
HOJE , reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de
moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lagrimas, o trabalho de reajuste.
• ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio ,
situando-a nas garras da delinquência.
HOJE, achamo- la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente , a
exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
• ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados , sangrando-
lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.
HOJE , moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a
fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

47
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que
possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os te
ferem e desculpa todos àqueles que te injuriam...
A HUMILDADE É A CHAVE DE NOSSA LIBERTAÇÃO.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na Família, é preciso reconhecer que toda
construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisív eis da luta
em Casa.
Emmanuel – Luz no Lar – C ap. 49
Cede hoje à Vida o que possuas de melhor e, amanhã, aquilo que a Vida tenha de
melhor te responderá.
Emmanuel – Jóia – Pag. 8
Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios
de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com
que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos
prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as
experiências que se nos façam precisas.
Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também
oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.
Emmanuel – Ceifa de Luz – Ca p. 22 – Renovação em Amor
Sê sábio, investindo no futuro.
O que ora te acontece, resulta do passado que não podes remediar.
Mas, aquilo que irá suceder, depende do que realizes a partir de hoje.
Enquanto recolhes efeitos de ações passadas, estás atuando para consequências
futuras.
Joanna de Ângelis - Vida Feliz – Cap.152

No rio do tempo somente o hoje é vital.
Vivê-lo com elevação e nobreza é a forma feliz de anular o ontem e programar o
amanhã.
Quem deseje conhecer o próprio como o futuro da Humanidade, examine o
seu comportamento e escreva com atos atuais as determinantes que comporão as paisagens que
irá defrontar mais tarde.
Se aspiras conhecer o teu futuro, examina o teu presente, programando os
teus pensamentos, palavras e atos que formarão o tecido do que está por vir.

48
Se aspiras saber do teu passado, aprofunda reflexões nos teus dias atuais e concluirás
como ele ocorreu, em razão daquilo que és agora
Joanna de Ângelis - Revista Presença Espírita - 1996 – Julho - Desconhecimento do
futuro

O nosso futuro está sendo articulado neste instante por nós mesmos .
Façamos agora o melhor ao nosso alcance, porque o amanhã para nós será sempre o
nosso hoje passado a limpo.
Emmanuel – Algo Mais – Cap. 1

49
É um erro considerar como futuro o que se relaciona ao remoto, ao qual se atiram
realizações que deveriam ser executadas agora, definindo circunstâncias e tempo. A soma dos
segundos transforma-se em milênios.
É mais exequível realizar-se em cada pequeno lapso de minuto do que aguardar a
sucessão dos anos.
Quando se deseja realmente fazer algo, estabelece- se horário e define-se ocasião. Essa
ordem, registrada no subconsciente, faculta que se consume o programa estabelecido.
Quando não se deseja inconscientemente fazê- lo, estatui- se: Um dia… Na primeira
oportunidade…
Esse dia e essa oportunidade não existirão, porque não foram definidos.
Assim também é esse futuro, não delimitado, vazio, ameaçador.
Vivendo bem cada momento, em profundidade, o futuro torna-se natural,
acolhedor, gratificante, porquanto será conforme os atos de ontem – em reencarnações
passadas — e de hoje – na existência atual - , que alterará o mapeamento do amanhã.
Joanna de Ângelis - Autodescobrimento - Cap. 8.2– uma busca interior

Comparemos a Providência Divina a estabelecimento bancário, operando com reservas
ilimitadas, em todos os domínios do mundo.
Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada criatura retém depósito particular, com especificação
de débitos e haveres, nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões
são iguais para todos.
André Luiz - Estude e Viva – Cap. 1 – Hoje e Nós






Tempo velho, tempo novo…
Cada dia é diferente;
Por isso, o Céu nos avisa:
“Olha o tempo, minha gente”

Problemas e provações
Surgirão, constantemente…

50
A luta exige, onde estejas:
“Olha o tempo, minha gente”
Cornélio Pires – Estrelas no Chão – Cap. 32 – Convite Geral
Um ano chega e se vai,
Mas outro ano aparece,
Para que o drama da vida,
Na Terra se represente…

Em cada dia que nasce
Há sempre dor e prazer;
Resguardemos o otimismo
Na alegria de viver…
Jair Presente – Palco Iluminado – Cap. 2 – Nota do Tempo

O MINUTO é uma joia. A HORA é uma fortuna. O DIA é um tesouro. Aproveitá- los
é subir para a gloriosa destinação que o eterno Pai nos reserva.
Neio Lucio – Colheita do Bem – Cap. 8

Para coisa alguma serve chorar pelo que aconteceu: não podemos retomar a
oportunidade perdida.
O passado ensina e o futuro promete em função do presente.
Reflitamos na justiça das horas. Tempo é valor divino na experiência humana. Cada
consciência plasma com ele o próprio destino.
André Luiz - Opinião Espírita – Cap. 57
Toda compensação exterior afeta a personalidade em experiência; mas todo valor de
tempo interessa à personalidade eterna, aquela que permanecerá sempre em nossos círculos
de vida, em marcha para a glória de Deus.
É por essa razão que o Altíssimo concede sabedoria ao que gasta tempo em
aprender e dá mais vida e mais alegria aos que sabem renunciar! ...
André Luiz - Nosso Lar – Cap. 36
Senhor,
Tu que nos deste no TEMPO o sábio condutor de nossos destinos, Faze-nos entender a
BÊNÇÃO DOS MINUTOS , a fim de não perdermos o TESOURO DOS SÉCULOS…
LIVRA- NOS DA INÉRCIA, porque sem Tua bênção A RONDA DOS MILÊNIOS
é só repetição, prova e monotonia…

51
Emmanuel – Instruções Psicofônicas – Cap. 42

Cada dia é tempo de dar novas maneiras às nossas resoluções e aos nossos atos, a fim
de tudo renovar e tudo redimir para a exaltação do Bem Infinito.
Emmanuel - A Verdade Responde – pag. 17

52
No reino doméstico
Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles que ainda não
acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução , a fim de trabalharem com o
abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a harmonia.
Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no Instituto Familiar, caminham, lado
a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da tradição, sorvendo o remédio amargoso da
convivência compulsória para sanarem velhas feridas imanifestas.
E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente
os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos.
Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente, contra
os próprios descendentes.
Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro
do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando -se uns aos outros, com os raios
mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados
no solo mental.
Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de
enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na
trincheira mascarada sob o nome de Lar.
Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada;
entretanto, na profundez das causas, reside a influência maligna da parentela consangüínea que,
não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida.
Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde
ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso,
procurando a terra firme da costa.

53
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que
nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no
cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, ás vezes, matam sem a intenção
de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
Por isso mesmo, o ESPIRITISMO COM JESUS , convidando- nos ao sacrifício e à
bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e
reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de
luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do
programa sublime de melhoria individual, em favor da tranqüilidade coletiva e da ascensão de
todos.
Humberto de Campos – Cartas e Crônicas – Cap. 32 – No Reino Domestico

54
2.2 De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso ?
O marido faltoso é aquele mesmo homem que, um dia, inclinamos à crueldade e à
mentira.
• E O MARIDO DESLEAL ?
O marido ingrato e desleal, em muitas circunstâncias, é o mesmo esposo do pretérito,
que precipitamos na deserção, com os próprios exemplos menos felizes.
• E A ESPOSA DESEQUILIBRADA ?
A esposa desequilibrada é aquela mulher que, certa feita, relegamos à necessidade e à
viciação.
• E A ESPOSA DESORIENTADA ?
A companheira desorientada, que nos amarga o sentimento, é a mulher que
menosprezamos, em outra época, obrigando- a a resvalar no poço da loucura.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 4
....
Instituído a ajuste afetivo entre duas pessoas, levanta- se, concomitantemente, entre elas,
o impositivo do respeito à fidelidade natural, ante os compromissos abraçados, seja para a
formação do lar e da família ou seja para a constituição de obras ou valores do espírito.
Desfeitos os votos articulados em dupla, claro que a ruptura corre à conta daquele ou
daquela que a empreendeu, com o aceite compulsório das conseqüências que advenham de
semelhante resolução.
Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 19 – Amor Livre

Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a deixou e no ponto em que a
deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o continuísmo da
obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o mesmo referentemente à
mulher.

O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em
existências anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de
atitude que o segregaram em deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas
condições, consubstancia necessidades e provas da mesma espécie.

Toda vez que amamos alguém e nos entregamos a esse alguém, no ajuste sexual,
ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois - somente depois - surpreender
nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura

55
anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos,
no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de certas contas, mas, sobretudo, a esm olar-nos
compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do
destino.

A união suposta infeliz deixa de ser, portanto, um cárcere de lágrimas para ser um
eduncandário bendito, onde o espírito equilibrado e afetuoso, longe de abraçar a deserção,
aceita, sempre que possível, o companheiro ou a companheira que mereceu ou que necessita ,
afim de quitar-se com os princípios de causa e efeito, liberando-se das sombras de ontem para
elevar-se, em silenciosa vitória sobre si mesmo, para os domínios da luz.
Emmanuel – Vida e sexo – C ap. 12 - desajustes

56
Uniões de prova

Aspiras a convivência dos Espíritos de Eleição com os quais te harmonizas agora, no
entanto, trazes ainda na vida social e domestica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te
compelem a frenar impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.

Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.

Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstancias de hoje nos
constrangem a revisar.

O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras
existências, de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.

Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados
ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que
impeliste friamente à pavorosas quedas morais.

A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme,
não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor, enredando -lhe
os pés em degradação e loucura.

Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença
daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quais plantastes o espinheiral do despotismo
e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão
sem limites.

Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo,
transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo, à feição de professor
devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade,
viciação e intolerância que nos comprometem a alma.

À frente, pois, das Uniões menos simpáticas, saibamos suportá-las, de ânimo firme.

57
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas
convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições
mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência nos aflige, na expectativa de afastar-nos da obrigação,
perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece
Emmanuel – Livro da E sperança – Cap. 76 - Uniões de prova

58
2.3 E o filho rebelde ?
O filho rebelde e vicioso é o irmão que arrojamos, um dia, à intemperança e à
delinqüência.

2.4 E a filha desatinada ?
A filha detida nos desregramentos do coração é a jovem que, noutro tempo, induzimos
ao desequilíbrio e à crueldade.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 2

CREDORES NO LAR

No devotamento dos pais, todos os filhos são jóias de luz; entretanto, para que
compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que, entre os
filhos-companheiros que te apoiam a alma, surgem os filhos-credores, alcançando-te a
vida, por instrutores de feição diferente.
...
.Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
.Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.
.De doces instrumentos de carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores
constantes de tua estrada.
.Governam-te os impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e
exigem-te as horas.
Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os pensamentos para que te
percebam os testemunhos de amor.
.Calas os próprios sonhos, para que os sonhos deles se realizem.
.Recebes todas as dores que te impõem á alma, com sorrisos nos lábios, conquanto te
amarfanhem o coração.
.E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dás
de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.
...
Quando te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de
dolorosos problemas do espirito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o
resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos
os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado

59
para enriquecê- los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado, em
silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
Emmanuel - Livro da Esperança – Cap. 38 - credores no lar

2.5 E os parentes/amigos abnegados ?
Os parentes abnegados, em que nos escoramos, são os amigos de outras eras, com os
quais já construímos os sólidos alicerces da amizade e do entendimento, propiciando- nos o
reconforto da segurança recíproca.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 2

60
PARENTELA
Parentela – Instituto primário de Caridade.
É aí, no reduto doméstico, por trás das paredes que nos isolam do aplauso público, que
a Providência Divina nos experimenta a madureza mental .
Nós que, de vez em vez, desembolsamos sorrindo pequena parcela de recursos
amoedados, em benefício dos outros, estamos incessantemente convocados a sustentar os
familiares que precisam de nós, não apenas mobilizando possessibilidades materiais, mas
também apoio e compreensão, disciplina e exemplo, resguardando as forças que nos asseguram
felicidade.
Nada difícil suportar o agressor desconhecido que raramente conseguiremos rever.
Nenhum sacrifício em amparar o doente, largado na rua, a quem não nos vinculamos
em compromisso direto. Em casa, porém, somos constrangidos ao exercício da assistência
constante.
Em cada companheiro que partilha a consangüinidade, temos um livro de lições que, às
vezes, nos detém o passo por tempo enorme, no esforço da repetência. Cada um deles nos
impele a desenvolver determinadas virtudes; num, a paciência, noutro, a lealdade, e ainda
em outros, o equilíbrio e a abnegação, a firmeza e a brandura !
Ainda mesmo ao preço de todos os valores da existência física, refaze milhares de
vezes, as tuas demonstrações de humildade e serviço, perante as criaturas que te cercam,
ostentando os títulos de pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou irmãos, porque é na tua
vitória moral junto deles que depende a tua admissão definitiva entre os amados que te
esperam, nas vanguardas de Luz, em perpetuidade de regozijo na Família Maior.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 62 - Parentela

61
NA INTIMIDADE DOMÉSTICA
...
Jesus transmitiu-nos a parábola do Bom Samaritano, ensinando- nos o exercício da
caridade real, mas, até agora, transcorridos quase dois milênios, aplicamo-la, via de regra, às
pessoas que não nos comungam o quadro particular.
Quase sempre, todavia, temos os caídos do reduto doméstico.
Não descem de Jerusalém para Jerico, mas tombam da fé para a desilusão e da alegria
para a dor, espoliados das melhores esperanças, em rudes experiências.
Quantas vezes surpreendemos as vítimas da obsessão e do erro, da tristeza e da
provação, dentro de casa!.
Julgamos, assim, que a parábola do Bom Samaritano produzirá também efeitos
admiráveis, toda vez que nos decidirmos a usá-la, na vida íntima, compreendendo e auxiliando
os vizinhos e companheiros, parentes e amigos, sem nada exigir e sem nada perguntar.
Ajudemos, sim, ajudemos aos outros, quanto nos seja possível; entretanto, sejamos
bons para com aqueles que respiram em nosso hálito. Devedores de muitos séculos, temos
em Casa, no Trabalho, no Caminho, no Ideal ou na Parentela, as nossas principais
testemunhas de quitação.
Emmanuel - Livro da E sperança - capítulo 40 - Na intimidade doméstica

62
2.6 Como é encarado o divórcio nos planos superiores ?
Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a
rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas.
....
Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o
espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de
interromper, recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos
compromissos que abraça.
Em muitos lances da experiência, é a própria individualidade, na vida do Espírito,
antes da reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que faceará na estância
física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existências pretéritas para os ajustes que lhe
pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas.
Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a união esponsalícia que a traiu a
si mesma, hei-la desencorajada à face dos empeços que se lhe desdobram à frente. Por vezes,
o companheiro ou a companheira voltam ao exercício da crueldade de outro tempo, seja através
do menosprezo, desrespeito, violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre
encontra recursos em si para sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é vitima.
Compelidos, muitas vez, às ultimas fronteiras da resistência, é natural que o esposo
ou a esposa, relegada a sofrimento indébito, se valha do divórcio por medida extrema
contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam ainda mais o
destino. Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de benção necessária e o
cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o apoio moral da auto-
aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo ou não nova companhia
para a jornada humana.
...
O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência humana e claramente
compreensível nos processos de evolução pacífica.
Emmanuel - Vida e Sexo – C ap. 8 - Divorcio

63
EM CASA

Ninguém foge à lei da reencarnação

• ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo- o à derrocada
moral.
HOJE, guardamo- lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício
incessante.

• ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando- a ao mergulho na lagoa
do vício.
HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.

• ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os
exemplos menos felizes.
HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho- problema,
o cálice amargo da redenção.

• ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador
de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lagrimas, o trabalho de reajuste.

• ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio,
situando-a nas garras da delinqüência.
HOJE, achamo- la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a
exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.

• ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes
o espírito, a punhaladas de ingratidão.
HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia,
a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.

64
Ajuda aos te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os te ferem
e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A HUMILDADE É A CHAVE DE NOSSA LIBERTAÇÃO.

E, sejam quais sejam os teus obstáculos na Família, é preciso reconhecer que toda
construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta
em Casa.
Emmanuel - Luz no L ar - Cap. 49 - Em casa

65
2.7 Que precisamos para vencer na luta doméstica?
Devemos revestir-nos de paciência, amor, compreensão, devotamento, bom ânimo e
humildade a fim de aprender e vencer, na luta doméstica.
No mundo, o lar é a primeira escola da reabilitação e do reajuste.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 2
Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na esfera das
realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os
legisladores terrestres perceberão igualmente, um dia, que a Justiça Divina alcança também os
contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciências os reflexos do saque
afetivo que perpetram contra os outros.
Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das equações infelizes dos
compromissos de ordem sentimental, injustamente menosprezados, que resgataremos em tempo
hábil, parcela a parcela, pela contabilidade dos princípios de causa e efeito.
Reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das
mutilações e conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas
próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere
aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós.
Emmanuel - Vida e Sexo - Capítulo 6 - Compromisso Afetivo
Toda sementeira se acompanha de colheita, conforme a espécie.
É razoável nos lembremos disso, porquanto o autor ou autora da defecção havida, ante
os princípios de causa e efeito, é considerado violador de almas, assumindo com as vítimas a
obrigação de restaurá-las, até o ponto em que as injuriou ou prejudicou, ainda mesmo quando
na conceituação incompleta do mundo essas criaturas tenham sido encontradas supostamente
já prejudicadas ou injuriadas por alguém.
Emmanuel - Vida e sexo - Capítulo 19 - Amor Livre

66
3 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Estudo de Casos

A tabela a seguir apresenta uma síntese dos Casos expostos neste Estudo da Lei de Causa
e Efeito e o Envolvimento Familiar.


Caso
#
Relação Autor Referência Observações
1. Mãe/Filho Epifânio Leite Luz no Lar
Cap. 54
Médium: Chico Xavier
Lei de Causa e Efeito em Poesia
2. Pais/Filho Adelino da Silveira Chico de Francisco
Pag. 56
Médium: Chico Xavier
Sobrinho de Chico Xavier
3. Pai/Filhos André Luiz Ação e Reação
Cap. 16
Médium: Chico Xavier
Dívida Expirante
4. Pais/Filho Hélio Ossamu Resgate e Amor
Cap. 1 a 11
Médium: Chico Xavier
Mensagens de Familiares
5. Mãe/Filho Mario Sobral Memórias de um Suicida
Cap. 5/6/7
Médium: Yvonne Pereira
Camilo Castelo Branco
6. Avó/Neta Maria da Conceição Vozes do Grande Além
Cap. 3
Médium: Chico Xavier
Grupo Meimei/Arnaldo Rocha
7. Pais/Filha Marina da Conceição Depois da Vida
3º Parte – Cap. 1
Médium: Divaldo Franco
Mensagem/Depoimento
8. Pai/Filho Inácio Ferreira Psiquiatria em Face da
Reencarnação
Pag. 51
Dr. Inácio Ferreira
Casos de Clínica Médica
9. Pai/Filhos Yvonne Pereira Dramas da Obsessão
Cap. 1
Médium: Yvonne Pereira
Dr. Bezerra de Meneses
10. Pai/Filho Epifânio Leite Luz no Lar
Cap. 56
Médium: Chico Xavier
Lei de Causa e Efeito em Poesia

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3.1 Caso 1 – Mãe/Filho - Epifânio Leite – Luz no Lar

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Existência em que, mulher ligada à nobreza, induz jovem por ela apaixonado ao suicídio
durante festa que promovia em sala de seu castelo.
• Efeito
Mulher, vivendo em extrema penúria entre humildes choupanas, trazendo nos braços um
filhinho sem fala, mutilado ao nascer.
 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
Recordo, castelã!… O narciso trescala
Do teu colo a fulgir de joias soberanas…
Alguém morre na festa… E, soberba, te ufanas
Do jovem que impeliste ao suicídio na sala.
 O PRESENTE
Tempos correram, presto… Entre humildes choupanas,
Trazes agora ao peito um filhinho sem fala,
Mutilado ao nascer, flor que se despetala,
No trato de aflição da prova em que te fanas…

Restauras, padecente, a vítima de outrora,
Ontem, transviada e ré, hoje, mãe que ama e chora!…
Salve a REENCARNAÇÃO, PASSAPORTE AO FUTURO !
 O FUTURO
Mãe, agradece a dor!… No porvir que vem perto,
Brilharás como estrela, ante o filho liberto ,
E alcançarás, ditosa, o reino do amor puro!…
Epifânio Leite – Luz no Lar – Cap. 54 – Santa Maternidade

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3.2 Caso 2 – Pais/Filho – Chico Xavier – Chico de Francisco
 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Promotor de Justiça responsável por levar centenas de pessoas à Guilhotina durante a
Revolução Francesa.
• Efeito
Filho, cego, surdo e mudo de nascença.
 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
1795 Paris/França – Revolução Francesa – Procurador
Em pleno Tribunal Revolucionário, no período de Terror, quando não havia vítimas para serem
levadas à guilhotina, ele enviava algum desconhecido, ou um de seus inimigos, para que
a “máquina” não parasse...
“Dêem-me uma frase de quem quer que seja e eu encarrego-me de fazê-lo guilhotinar”.
Antoine Quentin Fourquier Tinville
 O PRESENTE
1936 – Pedro Leopoldo/Brasil. (...) Era uma criança cega, surda, muda e não possuía células
gustativas na boca e nas papilas da língua, razão pela qual era alimentada com a introdução de
papas diretamente na garganta
(...) Certa vez Emmanuel explicou: “Ele só vai desencarnar quando o pulmão começar
a desenvolver e não encontrar espaço. Aí, então, qualquer resfriado pode-se transformar numa
pneumonia e ele partirá”.
(...) No momento do desencarne, com doze anos de idade, ele abriu os olhos e, em meio
a um choro convulsivo, agradeceu, por sinais, ao Chico por tudo.
(...) Emmanuel, que observava a cena, declarou: “Graças a Deus! É a primeira vez,
depois de cento e cinquenta anos, que seus olhos se voltam para a luz. As suas dívidas do
passado foram liquidadas. Louvado seja Jesus”.
Adelino da Silveira – Chico de Francisco
 O FUTURO
Depois de um tempo, que me pareceu muito longo, eis que ele me aparece em espírito:
era então um moço muito bonito, aparentando vinte e dois anos.
Da comunicação que se estabeleceu entre nós, em meio às alegrias do seu retorno,
após os saudosos anos de ausência, o belo rapaz informou- me que teria de permanecer mais
cinquenta anos no Além, com reencarnação programada para o início do Terceiro Milênio.
Romeu Grisi - Inesquecível Chico
3.3 Caso 3 – Pai/Filhos – André Luiz – Ação e Reação
 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Filho leva a morte o Pai, através do fogo, em função de herança, com auxílio da Madrasta e
empregados do Pai.
• Efeito
(...) Saúde debilitada - (...) revelava longa faixa de eczema na pele à mostra. Certa porção
da cabeça, os ouvidos e muitos pontos da face exibiam placas vermelhas, sobre as quais se
formavam diminutas vesículas de sangue, ao passo que as demais regiões da epiderme surgiam
gretadas, evidenciando uma afecção cutânea largamente cronicificada.

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 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
(...) Maria Emília e ele (Martim) entregaram-se à paixão desvairada e foi assim que
Martim/Adelino, auxiliado por dois capatazes de sua confiança - Antônio e Lucídio -, e com
aprovação da madrasta (Maria Emília), administrou uma poção entorpecente no pai, que
estava acamado naquele dia, provocando em seguida um incêndio no qual o mísero
Gaspar (o Pai), em horríveis padecimentos, veio a falecer.
 O PRESENTE
(...) Ajudando aos outros, Martim - agora Adelino - desbastava, dia a dia, o montante
dos seus débitos, de vez que a Misericórdia do Pai permite que os nossos credores atenuem
o rigor da cobrança sempre que nos vejam oferecendo ao próximo necessitado aquilo que
lhes devemos...
(...) Desse modo, ele resgatava o pretérito, ganhava tempo e adquiria novas bênçãos,
porquanto atraíra para junto de si, como filha, a antiga madrasta, reencarnada para reeducar-
se ao calor de seus exemplos nobres, e os dois antigos cúmplices - Antônio e Lucídio - ,
recolhidos por ele como filhos adotivos.
 O FUTURO
(...) Como é fácil de reconhecer -- acentuou Silas --, nosso irmão, através da
responsabilidade espírita- cristã, corretamente sentida e vivida, conquistou a felicidade de
reencontrar os laços do pretérito criminoso para o necessário reajuste, ao passo que, se
houvesse desertado da luta pela irreflexão da companheira, que o abandonou, ou se tivesse
cerrado a porta do coração a dois meninos infelizes, teria adiado para futuros séculos o
nobre trabalho que está fazendo agora..."
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 16 – Dívida Expirante

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3.4 Caso 4 - Pais/Filho – Hélio Ossamu – Resgate e Amor

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Comandante ordena a morte de amigo, falsamente acusado.
• Efeito
Sofre acidente na qual vem a desencarnar de forma semelhante a imposta ao amigo no passado.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro

 O PASSADO
(...) Um amigo, erguido à posição de alto comandante de homens, apoiando- se numa
calúnia caprichosamente tramada, determina a morte, através do hara- kiri, para o seu mais
devotado auxiliar.
De nada valem protestos e justificações.
A sentença é executada.
 O PRESENTE
Decorrido o tempo de espera compreensível, o supliciado do pretérito está novamente
no mundo, desincumbindo- se de novos encargos.
O rigoroso comandante de outra época aproxima-se dele, enternece- se no ambiente
familiar em que observa a digna tranqüilidade do homem que lhe fora vítima e, com o amparo
dos Benfeitores Espirituais, aos quais se liga por afeição imorredoura, nasce na condição de
filho do companheiro que ele próprio sacrificara.
Entretém o carinho renascente nos pais queridos que o amam com inexcedível ternura
e, quando a existência terrestre se lhe consolida, sofre, num acidente doloroso, a mesma
provação do amigo de outro tempo, agora transformado no pai amoroso que o acompanha no
transe amargo.
O golpe no acidente que lhe causa a desencarnação tem a forma do Hara- kiri do passado...
 O FUTURO
(...) Agora, sou feliz, o feliz Tiaminho que recuperou o senso do amor aos amigos e do
respeito aos adversários, sem pensamentos de pesar a me vergarem a cabeça. Espero que os
meus pais muito amados compreendam e me abençoem.
(...) Agora, papai Hélio, os horizontes se me abriram e estamos entrosados um com o
outro na mesma continuidade do trabalho que retomamos sob os céus do Brasil.
Hélio Ossamu Daikuara – Resgate e Amor

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3.5 Caso 5 - Mãe/Filho – Mario Sobral – Memórias de um Suicida

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Homem, abandona família, enforca amante e se suicida
• Efeito
Renasce em lar paupérrimo, mutilado das mãos.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
(...) Quero desafrontar-me dos ultrajes por mim mesmo levados a efeito no seio de
minha família!... à minha mãe, Deus do Céu, a quem cobri de desgostos, desde o berço até o
túmulo, à minha esposa, a quem atraiçoei e abandonei às vicissitudes diárias! A meus filhos,
os quais rejeitei e esqueci... e a Eulina...
(...) Prometi, de joelhos, à sombra dolorosa de Eulina agonizante, ser outra vez
homem, arrastar uma existência, do berço à velhice e ao túmulo, destituído das mãos que a
estrangularam!...
Sim Passarei sem as mãos que serviram para assassinar uma pobre mulher indefesa!
 O PRESENTE
(...) Levou- me o bom mentor a visitar Mário Sobral, reencarnado em certa capital
tumultuosa do Brasil. Não me contive e deixei-me prorromper em copioso pranto à beira do
grabato em que vi repousando o corpo mutilado do desgraçado amante e assassino da formosa
Eulina.
Andrajosamente vestido, pés descalços crestados pela continuação do contacto com as
pedras e poeiras das estradas em que transita; mutilado das mãos, cabelos ainda revoltos,
despenteados, tal qual o víamos desde o Vale Sinistro, no Invisível.
(...) O que vem demonstrar ser todo este lamentável presente, obra do seu próprio
passado e não punição provinda de um juiz austero ou inclemente que se desejaria vingar.
 O FUTURO
(...) Pois bem, destes escombros ruinosos, cuja visão te amargura, despontará para teu
amigo Mário Sobral a alvorada de progressos novos, porquanto, aqui se refazendo, estará
solvida a dívida desonrosa que o atava às galés do remorso, reabilitando-o perante si mesmo e
perante as leis que infringiu...
Mario Sobral/Camilo Castelo Branco – Memórias de um Suicida – Cap. 5/6/7

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3.6 Caso 6 – Avó/Neta – Maria da Conceição – Vozes do Grande Além
 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Mãe e Filha acusavam falsamente pessoas de heréticos com o objetivo de ficarem com as
propriedades deles.

• Efeito
Pobre moça que renascera paralítica, muda e surda, vivendo por mais de meio século num catre
de sofrimento, sob os cuidados de abnegada avó.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
(...) Dama vaidosa e influente da Corte de Filipe II, na Espanha inquisitorial.
Ela então explicou-lhe que havia exercido, na corte de Felipe II, uma posição muito
relevante, havendo sido mãe de uma personalidade de alta significação no clero, tendo
contribuído com a sua ambição para atormentar pessoas que eram acusadas como dignas de
processo inquisitorial, por heresia.
Ela e sua filha, irmã, portanto, da alta personalidade clerical, beneficiavam-se das
denúncias que eram feitas contra pessoas muito ricas, porque, segundo a lei da época, os bens
passavam a pertencer ao Estado, que ficava com 50%, outra parte ia para a Igreja e a outra para
o denunciante.
Elas compraziam-se nisso, mas nunca se deram ao trabalho de ver como eram arrancadas
as confissões das suas vítimas .

 O PRESENTE
(...) Durante mais de cinquenta anos sucessivos, por felicidade minha experimentei
fome, frio, enfermidade e desprezo de meus semelhantes…
Em toda a existência, como bênção de calor na carne devastada de sofrimento, não
recebi senão a das lágrimas que me escorriam dos olhos…

Raras vezes, porém, refletimos nos tormentos que a consciência culpada impõe a si
própria, além-túmulo.
É então que a Bondade do Senhor interfere na justiça, permitindo ao criminoso traçar
mentalmente a correção que lhe é necessária.

Paralítica, surda, muda e quase cega,
Não era surda para as vozes que me acusavam, na profundez de minhas dores da
consciência,
Não era paralítica para o pensamento que se movimentava a distância de minha cabeça
flagelada,
Não era muda para as considerações que me saltavam do cérebro e
Nem cega para os quadros terrificantes do plano imaginativo...
 O FUTURO
(...) Com o Amparo Divino, entretanto, sinto que o meu novo dia nasceu.
Aprendamos, pois, a ouvir e a refletir, sem jamais esquecer que o Amor reina, soberano,
em todos os círculos do Universo, recordando, porém, que a Justiça
Cumprir- se-á, rigorosa, na senda de cada um.
Maria da Conceição – Vozes do Grande Além – Cap. 3

73
3.7 Caso 7 – Pais/Filha - Marina da Conceição – Depois da Vida
 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Senhora de Fazenda insensível leva a morte escrava por ciúme do Marido
• Efeito
Renasce com deficiência mental, sendo estrupada e tendo morte trágica.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro
 O PASSADO
(...) Num certo momento, uivando como um animal e tentando libertar- me das amarras,
vi-me subitamente projetada em um outro cenário, na forma de uma fidalga aparentando
quarenta anos, diante de uma escrava com evidentes sinais de parto, numa senzala miserável e
infecta.
Ali presente eu exigia o feitor que lhe amarrasse as pernas, enquanto lhe retinha os
braços no tronco da punição. Aquele filho não podia nascer porque era do meu marido com a
jovem negra que o roubara de mim.
Acompanhei o trucidar daquele corpo moço, nas violentas contrações do organismo,
com zombaria. Gargalhava, enquanto seus gritos dilacerantes de dor ecoavam por toda parte.
Vi-a morrer, sem que o filho fosse projetado para fora.
 O PRESENTE
Experimentei, desde a primeira hora, o desdém e a mágoa dos pais frustrados que não
queriam uma filha.
E, a seguir, á medida que o tempo se passou, a fissura inicial fez- se um abismo entre
nós, porquanto, como consequência das leis divinas, a idiotia e a epilepsia me assinalaram a
debilidade orgânica e mental.
E, a seguir, á medida que o tempo se passou, a fissura inicial fez- se um abismo entre
nós, porquanto, como consequência das leis divinas, a idiotia e a epilepsia me assinalaram a
debilidade orgânica e mental.
Quatro anos depois do meu nascimento um irmão veio coroar a felicidade do nosso lar,
fazendo, não obstante, que a minha dor fosse tornada insuportável.
Na minha limitação, entretanto, eu não podia avaliar o que, em verdade, se passava.
Quando as convulsões epiléticas assaltaram-me, a partir dos sete anos, um verdadeiro calvário
se apossou da minha vida fragmentada pelas limitações mentais e por sofrimentos outros que
me eram impostos.
Pessoas inescrupulosas, chantageando a presunção da minha família, afirmavam ser eu
possessa de demônios, o que levava meus pais a aplicarem -me surras constantes e homéricas,

74
em vãs tentativas de expulsar de mim o Espírito mau, execrando-me com epítetos malsãos e
expressões que me humilhavam, na presença dos empregados e dos demais familiares.
Não fluí a bênção do caminho materno que, ao contrário, não escondia sua ojeriza pela
minha presença.
Era obrigada a fazer as refeições à parte da família, porque o meu descontrole motor
sempre gerava cenas embaraçosas à mesa.
Aos quinze anos, apresentando uma forma harmônica, na estupidez de uma mente
limitada e enferma, fui vítima de pessoas mais infelizes, que me estupraram, em plena mata,
sem que eu tivesse consciência da hediondez do crime; e minha mãe, acreditando-se vulgar,
exigiu de meu pai que tomasse providências, que se complicariam mais tarde, após uma
sucessão de agressões físicas que me deixaram prostrada no leito por vários dias.
Não terminou aí o meu calvário, porque, pouco mais de dois meses depois, anunciou -
se uma gestação indesejada.
Meus genitores, tomados de fúria, levaram-me para a mata e espancaram-
me impiedosamente, a fim de que eu acusasse o homem que me havia desencaminhado, para
que eles encenassem um matrimônio impossível ou mandassem lavar-lhes a honra manchada
com a vingança. Na minha alucinação e desequilíbrio, no entanto, eu não podia identificar o
meu algoz.
Ataram-me então, a um tronco de árvore, e meu pai, tomado por um furor indômito,
chibateou- me até que a morte me adveio.
 O FUTURO
Senti-me livre e leve, enquanto minha mãe que me concedera a maternidade, havia sido
a escrava que eu mandara matar, e o homem que me houvera trazido à vida era o meu marido
de outrora a quem eu negara o direito da paternidade.
Nesse momento uma doce paz tomou conta de mim.

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Abandonei o casulo carnal, reconhecida, e porque algué m me aparecesse oferecendo-
me mãos generosas, passados alguns minutos, ali mesmo, me pus de joelhos e agradeci a deus
a oportunidade de resgatara o crime que cometera antes, a fim de poder encontrar a paz perante
a Justiça Divina, entregando os meus genitores à própria consciência, sem qualquer rancor.
Aqui venho hoje, para dizer que todas as dores, mesmo aquelas que se apresentam com
caráter mais chocante e cruel, têm as suas raízes no amor desprezado, que enlouqueceu no
passado, quando engendramos crimes e que, agora, a Providência deles nos permite liberar, a
fim de granjearmos a plenitude da paz.
Marina da Conceição – Depois da Vida – 3º Parte – Cap. 1

76
3.8 Caso 8 – Pai/Filho – Inácio Ferreira – Psiquiatria em Face da Reencarnação

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Homem mata a Esposa e o Tio, de forma bárbara. Tio que seria amante de sua esposa.
• Efeito
Renasce com profunda aversão aos Pais, que seriam a reencarnação da Esposa e do Tio.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro

 O PASSADO
(...) casou-se com uma moça cujo conceito não era muito bom.
Após o seu casamento, aceitou um tio por sócio, no seu armazém e, certo tempo depois
de volta de uma de suas viagens, teve desconfianças de que o tio tornara-se amante de sua
esposa, manchando o seu lar.
Eles de nada desconfiavam, julgando- se únicos senhores deste segredo.
Nos dias de convivência que se seguiram, tudo fez para que as desconfianças que o
empolgavam se objetivassem em certezas, e, quando convicto de que tudo era verdade,
assassinou o tio na adega; retalhou seu corpo em centenas de pedaços e os lançou em um dos
tonéis de vinho, no qual pôs uma boa quantidade de ácido para desfazer e apagar os vestígios
de seu crime.
Em seguida levou também o corpo de sua esposa à adega, após amarrá- la, abriu-lhe o
ventre procurando deformá-la, mostrando- lhe, também o que restava do corpo do amante.
Ela enlouqueceu sob tanta tortura e pouco depois morria vitimada pela infecção que lhe
produzira no ventre.
(...)
tenho presenciado a tragédia de suas vidas pois o seu pai atual foi o seu tio, e a sua mãe
nada menos que a sua esposa, naquela existência.






 O PRESENTE
Desde pequeno demonstra gênio irascível, contra o pai e a mãe, mormente contra o
primeiro com o qual não quer convivência, evitando mesmo a aproximação.

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Ao contrário não respeita a velhice do pai, senhor já dos seus 60 anos, cobrindo- o de
impropérios e injúrias, tentando mesmo agredi-los fisicamente e, por vezes sem motivo
justificados.
Com os amigos e conhecidos demonstra-se um indivíduo perfeito, conversando e
tomando parte em suas reuniões, convivendo naturalmente, sem nenhuma demonstração de
desequilíbrio mental.
Do pai não tolera a mínima observação, o mínimo conselho, demonstrando revolta
imediata, insultando o genitor, requerendo intervenção de várias pessoas para contê-los nas suas
demonstrações de ódio, insultos, pois torna-se furioso, completamente louco, proferindo sem
cessar numa algaravia de assuntos, insultos e ameaças, aglutinando lembranças e momentos da
política Européia, coisas que desconhece, pois pouco se importa com jornais e tudo ignora do
velho mundo.
Essas crises são constantes e por vezes duram horas e mesmo dias, sendo então
constantemente vigiado, amarrado ou posto sob a proteção de entorpecentes, único meio de que
lançaram mão médicos que dele trataram.
 O FUTURO
(...) Fizemos um relato completo sobre a passada existência das personagens em foco.
Da melhor maneira possível, fizemos- lhe ciente, assim, de que a convivência do paciente, junto
dos pais seria problemática.
Levasse- o e tentasse, mais uma vez. Certo continuassem as manifestações de ódio e
rancor contra os pais, afastassem o paciente do convívio da família, permitindo que fosse
trabalhar alhures, porquanto a recuperação dependia dele mesmo, jamais de drogas médicas.
(...) Impressionados com mais essa demonstração de revolta e cientes do nosso aviso,
mais uma vez resolveram seguir nossos conselhos e facilitaram a sua ida para outra cidade,
onde permanece até o momento presente – Um ano após – Entregue ao seu trabalho, rodeado
de considerações e amizades por fazer jus a elas, com o seu proceder correto e sua conduta sem
mácula.
Inácio Ferreira – Psiquiatria em Face da Reencarnação – Filho que detesta os Pais .

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3.9 Caso 9 – Pai/Filhos – Yvonne Pereira – Dramas da Obsessão

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Homem, pertencente ao clero, levou enorme sofrimento aos outros via Inquisição Espanhola.
• Efeito
Renasce sob profundo processo obsessivo, levando a tentativas de suicídio dele e outros
elementos da família.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro

 O PASSADO
São ódios, vinganças pessoais de um passado que se me afigura intensamente dramático!
Os obsessores pertencem às falanges do antigo judaísmo! Ainda conservam nas irradiações
mentais, refletindo sobre a sensibilidade do perispírito, as sombras, as imagens, mui
concretizadas, da indumentária usada pelos judeus de Portugal, pelo século XVI...
Bezerra de Menezes – Dramas da Obsessão – Cap. 1 – Leonel e os Judeus
(...)
O Leonel havia sido o inquisidor português Jerônimo de Azambuja. Tive muito trabalho
para descobrir se esse Jerônimo de Azambuja realmente existiu!
Quem acabou descobrindo para mim foi o Ismael Gomes Braga. Na verdade, ele não se
chamava Leonel, mas Luís.
Foi o dr. Bezerra que decidiu mudar o seu nome. O dr. Bezerra, com aquela caridade
toda, disse para mim: "Vamos mudar o prenome para Hidelbrando, para ele não ficar odiado".
Yvonne Pereira - Pelos Caminhos da Mediunidade Serena - Sexta Entrevista O
Suicidio de Leonel

 O PRESENTE
- Trata-se de um caso de obsessão coletiva simples , meu caro irmão..., carente de
intervenção imediata de socorro espiritual, a fim de que se evitem outros suicídios na
família...
São, quase todos os membros dessa numerosa família, constituída do velho casal e dez
filhos menores, portadores de faculdades mediúnicas ignoradas...
(...)
- Sim! Inteirei- me de que o chefe da mesma família , de nome Leonel, pôs termo à
existência terrena, desfechando um tiro de revólver no ouvido direito, e que sua filha
primogênita, jovem de vinte primaveras, lhe imitou o gesto alguns meses depois, servindo-
se, porém, de um tóxico violento...

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Inteirei- me ainda de que outro filho seu, de quinze anos de idade, tentou igualmente o
sinistro ato, salvando-se, no entanto, graças à ação prestimosa de amigos agilíssimos, que
evitaram fosse ele colhido por um trem de ferro, pois o tresloucado lançou- se aos trilhos,
enfrentando o comboio, que se aproximava...
(...)
- Vimos ambos os suicidas ainda retidos no próprio teatro dos acontecimentos: - Leonel,
vagando, desolado e sofredor, a bradar por socorros médicos, traindo nas próprias repercussões
vibratórias o gênero da morte escolhida sob pressões invisíveis... e Alcina, a filha, com o
perispírito ainda em colapso, desmaiada sob o choque violento do ato praticado... distinguimos
também os obsessores...
(...)
As anormalidades morais e psíquicas surgiram na vida de Leonel desde a infância.
Durante esse período, em que, geralmente, a criança é graciosa e gentil, passiva às disciplinas
educativas, a dita personagem mostrava- se avessa aos próprios carinhos maternos, preferindo
rebelar-se contra toda e qualquer modalidade de correção imposta pelos pais, e também pelos
mestres, na escola que freqüentava, e repelindo conselhos e advertências que visavam a orientá-
lo para bons princípios.
(...)
De outras vezes, verdadeiramente possesso pelas entidades trevosas do Invisível,
quebrava os consolos e aparadores de sua mãe e as porcelanas existentes nos armários onde se
guardava a louça da casa, quebrava espelhos, vidraças, e tais eram os desatinos que
sobrevinham dentro do lar, daí derivados, que, desesperado, seu pai saía para a rua, às vezes a
horas adiantadas da noite, receoso de esbordoá-lo e matá- lo sob a cólera por que se sentia
invadir, enquanto sua mãe caía com ataques nervosos de suma gravidade, após o que, ele
próprio, caía em prostração surpreendente, abatido e sonolento, para avançar pela noite a dentro,
presa de pesadelos terríveis, durante os quais se sentia envolvido em chamas, no centro de uma
fogueira imensa, ou encarcerado em prisões infectas, torturado por azorragues e mil outras
impressões que a custo se dissipavam.
Bezerra de Menezes – Dramas da Obsessão – Cap. 1 – Leonel e os Judeus

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 O FUTURO
- O nosso querido Leonel necessitava, meus amigos, realmente, da amarga lição que,
finalmente, a lei das causas e dos efeitos o levou a experimentar. Desde tempo remoto até a
atualidade, ele se vem inspirando em diretrizes corrompidas, arraigado a paixões inferiores,
sem boa vontade para a emenda em princípios regeneradores, apesar dos nossos esforços para
conduzi-lo à marcha legítima para o Bem.
(...)
Qual o corretivo, porém, a aplicar?... Que punição bastante justa, castigo assaz sábio
para, corrigindo- o, não reverter em impiedade por parte da lei que os permitisse?...
De fácil solução seria o problema, aplicado tantas vezes entre os endurecidos no mal,
pela mesma lei: - deixá-lo inteiramente entregue ao seu livre arbítrio! Afastarmo-nos dos seus
caminhos, não mais os aconselhando durante o sono corporal e tão-pouco tecendo em torno dos
seus passos barreiras que anulassem os múltiplos malefícios com que teimava em barricar a
própria evolução moral espiritual.
Deixarmos de interferir nas reencarnações, abandonando-o à própria responsabilidade,
sem nossas inspirações e assistência, a fim de que sentido, finalmente, a solidão interior
envolver o seu espírito, ele se humilhasse perante si mesmo e procurasse reencontrar-nos, com
boa vontade para a emenda e a conquista do progresso, impulsionado pelos aguilhões da dor.
Bezerra de Menezes – Dramas da Obsessão – Cap. 1 – Leonel e os Judeus

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3.10 Caso 10 – Pai/Filho – Epifânio Leite – Luz no Lar

 Síntese – Causa/Efeito
• Causa
Lider utiliza a sua inteligência para destruir e levar o sofrimento a outros.
• Efeito
Renasce mudo e cego desde o berço, em tarefa expiatória, por abusos da inteligência.

 Descrição dos fatos - Passado/Presente/Futuro

 O PASSADO
Filho meu de outro tempo, armei-te de ouro e lança,
Exortei-te a sonhar: “ama, constrói, ensina!...”
E transformaste o mando em presença assassina;
Vejo-te a trilha em fogo onde a memória alcança.

 O PRESENTE
Quis ver-te reencarnado.., O amor jamais descansa.
E achei-te — águia enjaulada em gaiola mofina —-
Cego e mudo a esmolar e a gemer em surdina.
Trazes luto no peito e chagas na lembrança!...

Chorei ao reencontrar-te em provações supremas...
Louvo, entanto, meu filho, as ríspidas algemas
Da dor a nos zurzir, ao redor de teus passos!

 O FUTURO
O pranto lavará nossas culpas longevas,
E, um dia, subirás da humilhação nas trevas
Para a glória da luz na concha dos meus braços.
Epifânio Leite – Luz no Lar – Cap. 56 – Meu Filho

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4 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Síntese

Você nasceu no lar que precisava nascer, vestiu o corpo físico que merecia, mora onde
melhor Deus te proporcionou, de acordo com o teu adiantamento.
Você possui os recursos financeiros coerentes com tuas necessidades... nem mais, nem
menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Seu ambiente de trabalho é o que você elegeu espontaneamente para a sua realização.
Teus parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria afinidade.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Você escolhe, recolhe, elege, atrai, busca, expulsa, modifica tudo aquilo que te rodeia a
existência.
Teus pensamentos e vontades são a chave de teus atos e atitudes. São as fontes de
atração e repulsão na jornada da tua vivência.
Não reclame, nem se faça de vítima.
Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta, busca o bem e você viverá melhor.
Hammed - Um Modo de Entender: Uma Nova Forma de Viver.
Nota: Esta mensagem, ditada por Hammed, terá sido recebida pelo médium Francisco
do Espírito Santo em Reunião Pública da Sociedade Espírita Boa Nova, na noite de 06 de março
de 1996. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Chico Xavier

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode
começar agora e fazer um novo fim.
Emmanuel/Chico Xavier

Todas as contas a resgatar pedem relação direta entre credores e devedores.
É por isso que te vês, frequentemente, na Terra, diante daqueles a quem deves algo.
Emmanuel – Justiça Divina – Cap. 14 – Quitação
Marina expulsou a sogra
Por causa de uma tigela;
A pobre morreu na chuva
Mas agora é filha dela.

Suicidaram-se por Jonas
Dila e Duca de morais...
Renasceram filhas dele,
Meninas excepcionais.

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Por que Joaquim tanto apóia
A filha que não o releva?!...
Ela é a mulher que ele mesmo
Um dia, atirou na treva...
Leonor enganou Fimfim,
Que morreu de raiva e dor,
Mas Fimfim tornou a terra...
Hoje é filho de Leonor.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 1 Quadros da Reencarnação
Numa contenta de afeto,
João se matou por Cirila...
Reencarnado, é o filho enfermo,
Que não a deixa tranqüila.
Que ódio entre filho e mãe!...
Que havia entre Juca e Sara?
Ela fora, noutro tempo,
A esposa que o renegara.
Tatão perseguiu Quinquim
Até matá- lo a facão;
Mas Quinquim hoje renasceu
Como filho de Tatão.
Rita matou o velho tio
Com pancada no monjolo,
Hoje ele é o neto que Rita
Acaricia no colo.
Com sentimentos alheios,
Não brinques, mesmo de leve...
Tanto no amor quanto em tudo,
Cada qual paga o que deve.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 2 – Amor e Reencarnação

Xandoca morreu de ódio
De Maricota do esteio.
Hoje xandoca é a filhinha
Que ela amamenta ao seio
Tião pisou Josefina,
Faleceu zombando dela...
Hoje, é um menino enjeitado
Que Josefina tutela.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 4 – Defesa e Reencarnação

Que razões do amor em Nira,
Se o filho nem a procura?
Ele é o homem passado
Que ela induziu à loucura.
Nhô tico matou o genro,
Achou que se fosse embora,
Mas o genro nasceu dele
É o caçula que ele adora.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 5 – Telas da Reencarnação

84
Por causa de terra e nota,
Líliu matou João Braúna,
Mas João nasceu de Líliu
Para herdar toda a fortuna.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 6 – Trilhas da Reencarnação

Por ódio trocado, Antônia
Matou Lino do lagarto...
Hoje, elas são mãe e filha
Doentes no mesmo quarto.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 10 – Aulas de Reencarnação

Maricota suicidou-se
Por causa de Anísio Prado,
Mas hoje é filhinha dele
De cérebro retardado

Pos Zina matou- se João...
Um carro fê- lo aos pedaços...
Hoje ele é o filho doente
Que Zina beija nos braços.

Manoel seduziu Percília,
Deixando- a em tombos loucos...
Ela morreu e voltou
É a filha que o mata aos poucos.

Por Téo, Naná largou Juca
Que se matou pela ingrata,
E Juca voltou à ela,
É o filho que a desacata.

Joaquim arrasou Simão
Para tomar-lhe Ana Vera
Mas Simão tornou a ele
É o filho que o não tolera.

Tesouro maior da vida
É a mente tranqüila e sã.
Erro que a gente faz hoje
A vida acerta amanhã.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 11 – Delito e Reencarnação

João odiava Gilberto,
Gilberto odiava João,
Morreram e renasceram,
Dois gêmeos em provação.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 12 – Reajuste e Reencarnação

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Cocota matou o sogro
Com veneno em berinjela,
Mas o sogro renasceu...
É filho nos braços dela.
Paulinho matou Marcelo
E suicidou-se por Lia...
Renasceu... É filho dela
Que sofre esquizofrenia.

O delito não compensa,
As culpas persistirão
Até que a vida as apague
Na lei da reencarnação.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 15 – Cenas da Reencarnação

Sertório abusou de Joana
E assassinou-a tranqüilo...
Ela hoje é filha dele
Com ganas de destruí-lo.
Pessoas que noutro tempo
Plantavam difamação,
Formam agora famílias
No enredo da obsessão.
Recebe a dificuldade
Com fé serena e inteiriça,
Sofrimento em qualquer parte,
É socorro da justiça.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 17 – Rixas e Reencarnação

Por Zena, João matou Nico
E desposou- a depois...
Mas Nico voltou a eles
É o caçula deles dois.

Inimigo do passado
Perseguia Gabriela.
No ajuste das próprias contas
Ele agora é filho dela.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 18 – Expiação e Reencarnação

Se são filha e mãe porque
Tantas rixas as consomem?
Noutra vida se arrasaram
Disputando o mesmo homem.
Téo matou- se por ciúme
De Maria do Sossego...
Mas voltou... É filho dela
Aprendendo desapego.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 22 – Punição e Reencarnação

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Três homens foram ao crime
Por causa de Florisbela...
Noutra vida, todos três
São agora filhos dela.
Cornélio Pires - Coisas deste Mundo – Cap. 23 – Justiça e Reencarnação

É da Lei Divina que o infrator renasça ligado à infração que o caracteriza.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 52 – Dentro do Lar

O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte.
Através do amor que nos eleva, o mundo se aprimora. Ama, pois, em Cristo, e alcançarás
a glória eterna.
Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 162
Cede hoje à Vida o que possuas de melhor e, amanhã, aquilo que a Vida tenha de
melhor te responderá.
Emmanuel – Jóia – Pag. 8