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alfabetização das crianças, no entanto, como a maioria dos alunos ainda está no nível
silábico, foi necessário, como nos coloca Freire (1996), escutar o que as crianças
tinham a dizer, não meramente por fazê-lo, mas levando o que diziam em
consideração durante o projeto a fim de fazer com que os alunos se reconhecessem
como “arquitetos” da própria aprendizagem: “[...] desafiar o aluno a que se vá
percebendo na e pela própria prática, sujeito capaz de saber.[...] ” (p. 124)
Ainda de acordo com a perspectiva Freiriana
Uma das tarefas essenciais da escola, como centro de produção
sistemática de conhecimento, é trabalhar criticamente a
inteligibilidade das coisas e dos fatos e a sua comunicabilidade. É
imprescindível, portanto, que a escola instigue constantemente a
curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou “domesticá-la”. É
preciso mostrar ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera
a sua capacidade de achar e obstaculiza a exatidão do achado. [...]
(FREIRE, 1996, p. 124)
Indo por esse caminho, dialogando e tentando descobrir de que forma cada
aluno recebia e interiorizava as propostas feitas pela professora, foi possível notar a
satisfação das crianças quando percebiam que conseguiam identificar letras, sílabas e
aos poucos descobrir as primeiras palavras sem a ajuda da professora. A medida que
as atividades eram apresentadas, seu desenvolvimento era discutido coletivamente e
os resultados obtidos iam sendo compartilhados com todos, as crianças foram
enfrentando o desafio da aprendizagem cada vez mais seguras, movidas pela
curiosidade mas, principalmente, pelo prazer de dominar, cada vez com mais
propriedade, uma temática que está em todas as rodas de conversa: na família, nos
vizinhos, na escola, etc.
Levando ainda em consideração que os sujeitos em questão são crianças em
seu primeiro ano escolar, é totalmente impossível afirmar coisas como “Fulano não
aprendeu nada”, “Ciclano não é capaz de realizar determinada proposta” ou “Beltrano
não corresponde às expectativas de forma satisfatória”. Percebe-se, claro, que
algumas crianças já apresentam maior facilidade com relação aos conteúdos e
demandas escolas, principalmente com relação à alfabetização, mas isso se deve ao
fato de que, recorrendo às suas realidades, se sabe que as respectivas famílias
estimulam as mesmas com relação ao conhecimento do alfabeto, dos números, de
placas, rótulos e etc., o que imprime nelas um ritmo mais acelerado no
desenvolvimento das atividades. Por outro lado, mesmo advindas de famílias aonde o
nível escolar dificilmente chega ao Ensino Fundamental completo, foi possível
perceber nos alunos que apresentaram um ritmo mais lento para absorver as