SANTO AGOSTINHO FILOSOFIA MEDIEVAL – 4°BIM Prof. Wagner Stefani
FILOSOFIA MEDIEVAL - A QUEDA DE ADÃO E EVA A EXPLICAÇÃO DA ORIGEM DO HOMEM O INICIO DO CRISTIANISMO A CONCEPÇÃO DE LIBERDADE HUMANA
SANTO AGOSTINHO – VIDA Agostinho de Hipona (354-430) foi um teólogo, bispo da Igreja católica e filósofo do Império Romano que contribuiu profundamente para a institucionalização da Filosofia cristã da Igreja. A partir do estudo da Filosofia de Platão, ele foi o primeiro a produzir o concílio entre a fé e a razão filosófica helênica. Agostinho fez uma adaptação da Filosofia platônica para a sistematização do pensamento cristão. Dessa forma, sua Filosofia é um legado fundamental para a estruturação da Teologia cristã ocidental.
SANTO AGOSTINHO – VIDA
Santo Agostinho – Contexto histórico Agostinho viveu entre os séculos IV e V, época marcada por profundas transformações no Ocidente europeu: a decadência do Império Romano, que passava por uma crise de ordem econômica, política e social; e a consolidação do cristianismo como religião e unidade cultural na Europa. Imperador Constantino – Edito de Milão – Cristianismo se torna a religião do império. A atuação pública dos bispos foi uma ferramenta fundamental para a expansão da Igreja na região mediterrânea, sobretudo na África romanizada, terra de Agostinho .
Santo Agostinho – Formação Agostinho lecionou Retórica em Cartago , Roma e Milão e, nesta última cidade, teve contato com os sermões de Santo Ambrósio (c. 340-397), um dos mais influentes membros do clero no século IV. Tais sermões despertaram seu interesse inicialmente pela qualidade literária, e não pelo conteúdo religioso . Leitura de obras de Cícero (106-43 a.C.), um dos mais importantes filósofos da Roma antiga, o que lhe proporcionou grande prazer e culto à sabedoria. Instituto Patrístico Augustinianum Rome
O maniqueísmo
O maniqueísmo Maniqueu – Manes – Profeta Iraniano. Anjo anuncia que será um Profeta. Zoroastrismo – doutrina do bem e mal o materialismo maniqueísta, os indivíduos devem buscar o bem (a luz) para se libertar do mal (a matéria). Hoje se emprega recorrentemente o termo “maniqueísta” para qualificar alguém que polariza bem e mal de modo absoluto e irreconciliável.
Agostinho de Hipona – Qual é a origem do Mal? Um encontro de Agostinho com um bispo maniqueísta chamado Fausto convenceu-lhe sobre a insustentabilidade dessa corrente de pensamento, pois, diante de várias dúvidas colocadas por Agostinho, como “Qual é a origem do mal? Deus é limitado por forma corpórea, tem cabelo e unhas?”,
Santo Agostinho – Neoplatonismo Noção de Deus como substância espiritual. Não interpretar a bíblia literalmente. Plotino – (205-270) - O divino é algo transcendental. Noção do Uno, ideia que concebe o mundo como originado por um princípio racional e regido por uma entidade superior e transcendente. O Uno está além de todas as categorias do ser e do não ser. Agostinho, ao se apropriar de tal pensamento, substituiu a ideia do “Uno” por “Deus”. Tal conceito foi muito relevante para que a Teologia agostiniana compreendesse a existência divina sem a necessidade de uma noção materialista e corpórea.
Santo Agostinho – Neoplatonismo Ao retomar a Filosofia de Platão, com base no neoplatonismo, pode-se dizer que o teólogo não “platonizou” o cristianismo, mas, sim, o contrário: “cristianizou” Platão. Agostinho ultrapassou as doutrinas dos maniqueus e dos neoplatônicos e construiu a própria teoria a respeito dos problemas que lhe ocupavam: a origem do mal, a liberdade, a graça e a predestinação, além de outros temas, como veremos a seguir. Suas principais obras foram O livre-arbítrio, Confissões e A Cidade de Deus.
Santo Agostinho – O Livre Arbítrio
Santo Agostinho – O Livre Arbítrio Contrapondo o intelectualismo moral proposto pelo filósofo grego Sócrates, Agostinho defende a ideia de que a vontade é uma força neutra, incapaz de diferenciar o bem do mal. A vontade é como um poder dado ao ser humano por Deus para que ele, aproximando-se de Deus, possa desfrutar da felicidade. Mas os seres humanos, ao fazerem escolhas por meio de sua vontade livre, dos seus atos voluntários, podem desviar-se do bem.
Santo Agostinho – O Livre Arbítrio O que conduz os atos humanos é a vontade, e é por isso que existe o pecado: os seres humanos pecam porque usam o livre-arbítrio, e somente a graça divina pode salvá-los. O mal se origina do fato de a vontade do ser humano dirigir-se, em suas escolhas, ao que não está de acordo com o único bem absoluto, que é Deus. O fato de termos recebido de Deus uma vontade livre é, para nós, um grande bem. O problema está no mau uso dessa vontade livre . Em O livre-arbítrio, Agostinho diz que somente os seres humanos são detentores da razão. Para ele, existem três realidades: ser, viver e entender, sendo esta última exclusiva aos seres humanos.
Santo Agostinho – O Livre Arbítrio
Santo Agostinho- Teoria da Iluminação No processo rumo à verdade, Agostinho argumenta existir uma iluminação divina que permite a elevação da inteligência humana para compreender a verdade, que é Deus: universal, imutável e eterno. A razão, dessa forma, é iluminada pela fé. A iluminação divina é uma luz que permite ao ser humano obter compreensão. Para explicar o que é essa iluminação, o filósofo faz uma analogia e diz que Deus é para a alma tal como o Sol é para os olhos. Dessa forma, Deus é uma luz que ilumina os seres humanos e permite que a verdade seja conhecida. Se o Sol é a luz do mundo natural, Deus é a fonte eterna da verdade, revelada ao intelecto pela chamada luz divina .
Santo Agostinho- Teoria da Iluminação A fé revela as verdades ao ser humano e a razão esclarece o que a fé antecipou . A iluminação divina não dispensa o conhecimento racional, pois fé e razão são complementares. A união entre a fé e a razão segue uma hierarquia, tendo em vista que a razão é um auxílio à fé, ou seja, está submetida.
Santo Agostinho- O Problema do Mal
Santo Agostinho- O Problema do Mal Agostinho encontrou no neoplatonismo (pela metafísica em substituição à ideia materialista) a resolução para a questão do mal: o mal não é ser, mas, sim, deficiência e privação de ser. O mal não existe porque Deus é bom e tudo cria; dessa forma, o mal não pode existir, porque todas as coisas são boas. Logo, o mal não é uma substância: se fosse, seria boa. Agostinho analisa o problema do mal sob três perspectivas: metafísico-ontológica, moral e física: 1. Metafísico-ontológica: o mal não existe como substância. 2. Moral: o mal moral é uma aversão a Deus , fruto das escolhas dos seres humanos que, em vez de optarem pelo bem supremo, que é o próprio Criador, optam pelos bens inferiores no lugar dos bens superiores. 3. Física: o mal físico, como dores e sofrimento , é consequência do pecado original, ou seja, uma consequência do mal moral. A reflexão de Agostinho sobre o livre-arbítrio está diretamente ligada à sua resposta sobre o problema do mal, de modo a entender o pecado – ou o mal moral – como consequência da vontade livre, da escolha, da submissão da razão às paixões.
Santo Agostinho- Cidade de Deus No Salmo 87: Cidade de Deus. Nela, Agostinho descreve o mundo, dividido entre aquele dos seres humanos (o mundo terreno) e aquele dos céus (o mundo espiritual). As duas cidades representam as duas formas de se viver a vida: segundo a carne ou segundo o espírito. A cidade terrena (o mundo terreno) corresponde ao amor da soberba, o amor a si mesmo. A cidade celestial, de Deus, corresponde ao amor de Deus, o amor que o conduz a negar até a si mesmo para amar a Deus. As duas cidades são separadas porque têm origens diferentes. A cidade terrena é fruto do apetite humano para o domínio, a vingança, a soberba e a avareza. Já a Cidade de Deus é a dos seres humanos que têm consciência de sua pequenez, desprezam as coisas terrenas e buscam a paz de Deus. Essa cidade nasce com o desejo do bem aos outros, à imitação do Pai que dá sua graça, tomando como exemplo a generosidade divina.