4. Geografia Pragmática.
A Geografia Pragmática é uma tentativa de contemporaneizar, em vista dessa nova função, este campo
específico do conhecimento, sem romper seu conteúdo de classe. Suas propostas visam apenas uma
redefinição das formas de veicular os interesses do capital, daí sua crítica superficial à Geografia
Tradicional. Uma mudança de forma, sem alteração do conteúdo social. Uma atualização técnica e
lingüística. Passa-se, de um conhecimento que levanta informações e legitima a expansão das relações
capitalistas, para um saber que orienta esta expansão, fornecendo-lhe opções e orientando as
estratégias de alocação do capital no espaço terrestre. Assim, duas tarefas diferentes, em dois
momentos históricos distintos, servindo a um mesmo fim. Nesse sentido, o pensamento geográfico
pragmático e o tradicional possuem uma continuidade, dada por seu conteúdo de classe – instrumentos
práticos e ideológicos da burguesia. (MORAES, pág. 37).
Nessa corrente geográfica, advinda após um movimento de renovação da Geografia, iniciado no
pós-Segunda Guerra Mundial e tendo sua maior força de divulgação entre os anos de 1960 e 1970.
Nessa linha de pensamento, temos diversos geógrafos, que assumem uma renovação ainda em função
da manutenção da elite burguesa e de sua atuação global em forma de grandes corporações, essa linha
de pensamento pode ser considerada como uma crítica meramente acadêmica que se baseia no que
podemos chamar de neopositivismo.
De forma sucinta, podemos dizer que o neopositivismo sai da linha de um empirismo de mera
observação direta em campo, por um empirismo mais abstrato, baseado em métodos matemático-
estatísticos. Ou seja, defendia que as formulações deveriam se basear mensurações, estatísticas,
gráficos e tabelas ao invés do trabalho de campo. Um claro objetivo dessa forma de pensar é o uso
desses dados para intervenção do Estado sobre a realidade observada nos mais diversos locais.
A partir dessa vertente de pensamento, podemos perceber duas coisas sobre essa nova
realidade de estudo da Geografia: primeiro que essa nova forma torna-se demasiadamente formal,
presa também as aparências do real, já que os dados estatísticos serão o foco de trabalho, para orientar
os investimentos estatais sobre a economia em meio a crise que se coloca no pós-Segunda Guerra de
forma a garantir a maximização dos lucros e capitais, assim como a manutenção da exploração do
trabalho; o segundo ponto é o empobrecimento dado a análise geógrafica em comparação com os
movimentos anteriores, visto que as escolas anteriores com suas observações de campo, ao menos
concebiam o espaço em sua riqueza e complexidade, diminuindo a mesma meramente a análises
quantitativas.
5. Geografia Crítica.
Os autores da Geografia Crítica vão fazer uma avaliação profunda das razões da crise: são os que
acham fundamental evidenciá-la. Vão além de um questionamento acadêmico do pensamento
tradicional, buscando as suas raízes sociais. Ao nível acadêmico, criticam o empirismo exacerbado da
Geografia Tradicional, que manteve suas análises presas ao mundo das aparências, e todas as outras
decorrências da fundamentação positivista (a busca de um objeto autonomizado, a idéia absoluta de
lei, a não-diferenciação das qualidades distintas dos fenômenos humanos etc.). Entretanto, vão além,
criticando a estrutura acadêmica, que possibilitou a repetição dos equívocos: o “mandarinato”, o apego
às velhas teorias, o cerceamento da criatividade dos pesquisadores, o isolamento dos geógrafos, a má
formação filosófica etc. E, mais ainda, a despolitização ideológica do discurso geográfico, que afastava
do âmbito dessa disciplina a discussão das questões sociais. Assim, ao nível da crítica de conteúdo
interno da Geografia, não deixam pedra sobre pedra. (MORAES, pág. 42).
Nessa linha de pensamento que se evidencia também no movimento de renovação da ciência
geográfica, tendo seu início em meados dos anos de 1970, como uma forma de pensamento que se
mostrava contrário as propostas tanto da Geografia Pragmática, a quem é contemporânea, como as