CANTO E MÚSICA NA LITURGIA Paróquia Sagrada Família – Januária /MG Sem. Thiago de Oliveira [email protected] (38) 9 9899-9829
A MÚSICA... Quem nunca se emocionou ao embalo de uma canção ou elegeu uma música para marcar determinado momento da vida? Assim como em nossa vida cotidiana, a música é de grande importância para o momento Litúrgico. Os hinos entoados a Deus devem nos levar a um contato maior com o Transcendente. Não é à toa que, como contam, disse um dia Agostinho: “Quem canta reza duas vezes!”
ESQUEMA DE APRESENTAÇÃO: INTRODUÇÃO TEÓRICA: 1- Critérios para a criação e escolha do repertório litúrgico; 2- ‘Ministérios’ litúrgico-musicais; 3- O canto e a música nos tempos do ano litúrgico; 4-Celebrações do Senhor e outras; 5- Canto e música para os demais sacramentos; 6- Cantos que NUNCA devem ser cantados na Santa Missa; Colocações finais.
O que nos diz a Escritura e a Igreja? Ler: Colossenses 3, 16. O Canto constitui um sinal de alegria do coração. (Cf. At 2, 46)... Por tanto, dê-se grande valor ao uso do canto na celebração da missa, tendo em vista as possibilidades de cada assembléia litúrgica. (Cf. IGMR 39-40). A música apropriada à liturgia é aquela que está mais intimamente integrada à ação litúrgica e ao momento ritual ao qual ela se destina (Cf. SC 112) A música litúrgica expressa o mistério de Cristo e a sacramentalidade da Igreja.
1- Critérios para a criação e escolha do repertório litúrgico A)- Que os textos sejam tirados da Sagrada Escritura ou sejam inspirados nela e das fontes litúrgicas (Cf. SC 121); B)- Que as melodias sejam acessíveis à grande maioria da assembléia, porém belas e inspiradas; C)- Sejam evitados melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e de novelas; D) Seja levado em conta o tipo de celebração, o momento ritual em que o canto será executado e as características da assembléia (Cf. SC 112); E) Seja respeitado os tempos do ano litúrgico e suas festas (Cf. SC 107); F) Seja considerada a cultura do povo do lugar (Cf. SC 38-40); G) Sejam levadas em conta as dimensões comunitária, dialogal e orante nos textos e nas melodias.
2- ‘Ministérios’ litúrgico-musicais Os compositores, cantores, salmistas, instrumentalistas, animadores, exercem um verdadeiro ministério litúrgico ( cf SC 29); Devem contribuir para que a assembléia participe ativa e plenamente da celebração
2.1- Ministério do grupo de cantores ou coral O Critério fundamental para definir o coro litúrgico não é o repertório, mas sua função que é “garantir a devida execução das partes que lhe são próprias, e auxiliar a ativa participação dos fiéis” (IGMR 103). Este grupo nada mais é do que uma porção da assembléia em cujo se desempenha um papel litúrgico particular. Seu melhor lugar é próximo da assembléia, não de costas para ela, voltado para o altar, à direita ou a esquerda, em lugar visível e cômodo, fora do presbitério; de modo que possam desempenhar bem sua função e ter acesso mais facilmente à mesa da eucaristia.
2.2- Ministério do salmista; Mais do que cantar, o salmista de PROCLAMAR o salmo no ambão , pois ali é o lugar onde Deus dirige sua palavra ao povo reunido. (IGMR 303). O salmo responsorial constitui uma resposta da assembléia, por isso é fundamental uma perfeita sintonia: SALMISTA- ASSEMBLÉIA= RESPOSTA. Integração espiritual: corpo-mente-coração . É necessário: aprofundar-se no sentido literal e critológico dos salmos; saber orar com o salmo; procurar aprender as melodias; procurar saber manusear o Lecionário . Levar liturgia ou folheto ao ambão : APENAS SE NÃO HOUVER LECIONÁRIO. O SALMISTA JAMAIS DEVE SUBSTITUIR O SALMO POR OUTRO CANTO. Se não puder cantá-lo, ressite-o (Cf. IGMR 61)
2.3- Os instrumentalistas; As principais funções dos instrumentos musicais são: sustentar o canto, facilitar a participação, criar a unidade da assembléia (cf. MS 62-64). EVITAR: o volume excessivo; adquirir postura adequada (NÃO É UM SHOW); o to que em momentos inoportunos: “CALEM-SE quando o sacerdote ou o ministro pronunciarem em voz alta algum texto, por força de sua própria função” (MS 64). Quanto aos solos instrumentais: no início; durante a procissão de entrada; procissão e preparação das oferendas; comunhão e final da missa.
2.4- Os regentes ou animadores; A)- Cuidar para que o volume dos instrumentos musicais e dos microfones não se sobreponha ao canta da assembléia; B)- Ensaiar as partes que cabem à assembléia, tais como: refrãos, aclamações, cantos do “ordinário da missa” etc., isso antes do início de cada celebração; C)- Reservar um momento de silêncio entre este breve ensaio e o início da celebração; D)- Cuidar da postura e respiração. Não se canta apenas com a boca, mas com todo o ser. NENHUM MINISTÉRIO SEJA EXERCIDO PARA, MAS COM A ASSEMBLÉIA.
3- O canto e a música nos tempos do ano litúrgico O canto e a música na liturgia devem expressar o mistério pascal de Cristo, de acordo com o tempo do ano litúrgico e suas festas (cf. SC 107).
Advento e Natal do Senhor 3.1- Canto o Advento do Senhor; No início do ano litúrgico, ao longe de quatro semanas, a Igreja entoa um canto de vigilante, amoroso e alegre esperança da vinda do Senhor. 3.2- Cantar o Natal do Senhor; Neste tempo cantamos com a euforia dos profetas e evangelistas de todos os tempos, o mistério da encarnação e da manifestação do Verbo de Deus. “A luz resplandeceu em plena escuridão”
Quaresma 3.3. Cantar a Quaresma; Cantar a quaresma é cantar a dor que se sente pelo pecado do mundo, que, em todos os tempos, crucifica os filhos de Deus e assim prolonga a Paixão de Cristo. É um canto de penitência e conversão, sem “glória” ou “aleluia”, flores ou vestes de alegria. É um canto “das profundezas dos abismos” em que nos colocaram nossos pecados. O hino da Campanha da Fraternidade de cada ano explicita o compromisso dos fiéis na vivência concreta da quaresma. Ele pode ser entoado em algum momento da homilia ou nos ritos finais.
O Tríduo Pascal e a Páscoa do Senhor Tríduo Pascal: Nesses três dias, vivenciamos o mistério pascal de Cristo que se desdobra nas celebrações do “Tríduo Sacro” de sua morte, sepultura e ressurreição. É um tempo que, antes de mais nada, cantamos o esplendor de uma luz que jamais se apagará. Proclamamos as maravilhas de Deus que nos libertou da morte e nos devolveu a vida. Revigoramos o nosso compromisso batismal. Páscoa do Senhor: O canto da Igreja neste tempo é de exultação e de alegria. Ressuscitamos com Cristo, cantamos sua glória e vitória sobre a morte com “aleluias”! “Celebremos nossa páscoa, na pureza, na verdade!”
Tempo comum O Tempo Comum é o mais extenso. Possibilita-nos a desfrutar de outros aspectos da vida e da missão de Jesus e de seus discípulos. Cada domingo do Tempo Comum tem o sabor de “páscoa semanal”.
Cantar as Solenidades e festas No decorrer da história foram sendo agregadas ao calendário litúrgico outras celebrações do Senhor, da Santíssima Virgem e dos santos. Vejamos: Celebrações do Senhor: Apresentação do Senhor no Templo (02/02); Anunciação do Senhor (25/03); Santíssima Trindade (domingo depois de pentecostes); Transfiguração do Senhor (06/08); Exaltação da Santa Cruz (14/09); Cristo, Rei do Universo (ultimo domingo do Tempo Comum).
Cantar as Solenidades e festas Outras celebrações: Maria (Mãe de Deus, Assunção, Imaculada Conceição, Aparecida); Santos (Natividade de S. João Batista, São Pedro e São Paulo Apóstolos, Todos os Santos); Dedicação da Basílica de Latrão ; Comemoração do fiéis defuntos
Canto e música para os demais sacramentos e sacramentais. São eles: Batismo, Confirmação, Ordenação, Matrimônio, Dedicação de uma Igreja ou altar, exéquias e outros. Que nada de profano ou menos condizente seja introduzido, sob o pretexto de festa, no culto divino. Cada canto ou música seja executado de acordo com a sua função ministerial, ou seja, no momento ritual específico de cada celebração (cf. SC 112)
AS 10 MÚSICAS QUE NUNCA DEVERIAM SER CANTADAS EM UMA MISSA O erro mais comum na escolha de cantos para a missa é a modificação de trechos fixos da missa com o intuito de inovar. É o que explica muito bem o nosso amigo Rafael Vitola Brodbeck num artigo recente ao diferenciar as partes fixas das partes variáveis da missa:
1.Glória a Deus Glória a Deus, glória a Deus, glória ao Pai. (2x) /A Ele seja a glória (2x)/ Aleluia, amém. Não existe letra alternativa ao ‘Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominubus . Existe uma oração para o Glória incluído na categoria de partes fixas da missa, o Ordinário. As partes do ordinário, como já vimos, não podem ser modificadas de forma alguma. Caso o ministério não siga essa instrução, o correto é rezar o Glória. Não há de se fazer concessões. Não se pode escolher o Glória como se escolhe o repertório de um show. A menos que se mude UNICAMENTE a melodia, é terminantemente proibido mudar a letra .
2.Em nome do Pai Em nome do Pai, em nome do Filho[...] Para louvar e agradecer, bendizer e adorar, te aclamar… Aqui há dois problemas: o primeiro é que o Sinal da Cruz NÃO é rezado por todos os fiéis. O Missal Romano esclarece: “O sacerdote diz: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. O povo responde: Amém”. O segundo também pode ser esclarecido pelo missal: não está previsto nenhum “para louvar e agradecer, etc ”. Infelizmente não temos poder para alterar a liturgia, que é sinal da universalidade e da unicidade da Igreja. Como diz o papa Bento XVI, “A cada dia deve crescer em nós a convicção de que a liturgia não é um nosso, um meu ‘fazer’, mas é ação de Deus em nós e conosco”.
3. Santo, Santo, Santo, Dizem Todos Os Anjos Santo, santo, santo, dizem todos os anjos [...] Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará/ Não, não, não passará Também existe uma oração específica, incluída na categoria “Ordinário da Missa”. Além disso, essa musiqueta é conhecida por incitar nos fiéis uma certa coreografia. Nada mais inadequado . 4. Faz um milagre em mim Entra na minha casa/ Entra na minha vida/ Mexe com minha estrutura/ Sara todas as feridas … Ainda que a música não tenha erro explícito (na letra), muitas vezes a melodia está carregada de personalismo e de sentimentalismo. Além disso, costuma-se cantar essa música durante a Comunhão. Alguém lê alguma referência à Eucaristia nesse canto?
5. Pai-Nosso do Padre Marcelo Rossi Pai, meu pai do céu, meu pai do céu / Eu quase me esqueci, me esqueci... A oração do Pai-Nosso é bíblica. Jesus, em nenhum momento, falou: “Eu quase me esqueci”. 6. Senhor eis aqui... Senhor, eis aqui o teu povo,/ que vem implorar teu perdão. O Missal Romano prevê três tipos de oração para o Ato Penitencial. a) ou reza ou canta o “Confesso a Deus todo-poderoso…” (confiteor); b) O “Tende compaixão…”; c) o “Senhor, que viestes salvar… tende piedade de nós”. Ou seja, faz parte do Ordinário da Missa também. Muitas vezes se pensa que basta que a letra remeta a arrependimento que pode ser incluída na missa ..
7.Quero te dar a paz Quero te dar a paz, do meu Senhor com muito amor (2x) Na flor vejo manifestar o poder da criação... Eu nunca vi essa música ser tocada sem incitar palmas, dancinhas , agitação, conversa e barulho. Só por isso deve ser excluída dos cantos de missa, ao menos que seja executada após a bênção final . 8. Cantar a Beleza da vida Cantar a beleza da vida, presente do amor sem igual:/ Missão do teu povo escolhido, Senhor, vem livrar-nos do mal ... Aqui é difícil entender que “sustento no Pão e no vinho” signifique a transubstanciação. Para mim o trecho em questão significa justamente o contrário, que Cristo está simbolicamente representado no Pão e no Vinho e dessa ligação simbólica/espiritual viria o nosso sustento. Afinal, o sustento vem do pão e do vinho ou da carne (o corpo), da hóstia consagrada, do Pão do Céu?
9. Passeio de Caranguejo Não vou ficar chorando/ Vendo a vida passar/ Vou entoar meu canto/ Cantando com os anjos até o sol raiar... Essa música é comum no canto final e talvez seja apropriada para um encontro, mas jamais para qualquer momento que seja da Missa. 10. Reunidos aqui Reunidos aqui/ Só pra louvar ao Senhor,/ Novamente aqui, Em união... Costumam cantar esta música no canto de entrada. Ela transmite uma visão reducionista do Culto Sagrado. Antes de estar na missa “só pra louvar”, estamos lá adorar, agradecer, expiar e pedir. Não é festa e não estamos lá “só para louvar”.
DISCUTINDO SOBRE O TEMA!
Obrigado pela atenção! Thiago de Oliveira (Sem. Msf ) [email protected] (38) 9 9899-9829