e batatas, criadas a partir da cisgenia, estão próximas da aprovação comercial pelas
autoridades europeias e americanas.
No Brasil, a primeira liberação para teste de campo com variedades cisgênicas (passo
anterior para a aprovação comercial) deverá ocorrer nos próximos meses com a laranja,
fruta que dá origem ao suco mais exportado pelo país. Em fase menos avançada, há
também trabalhos com cana-de-açúcar.
Na citricultura, o programa que envolveu pesquisadores do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), Esalq, Instituto Biológico, Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC) e Embrapa Mandioca e Fruticultura culminou com o desenvolvimento de 32
"eventos de transformação" - o jargão científico para as plantas geneticamente
modificadas. Dessas, entre 16 e 18 deverão ir para campo já no ano que vem para que
sejam testadas.
"O primeiro passo é ver se a planta sobrevive à doença. Depois, checar se a qualidade
da laranja se mantém", afirma Marcos Antonio Machado, pesquisador e diretor do
centro de citricultura do IAC.
No foco dos cientistas estão as maiores pragas que assolam os pomares de laranja:
cancro cítrico, CVC, greening, provocadas por bactérias, e a leprose, resultado da ação
de um fungo. Das quatro, a modificação genética que mais deu resultados até o
momento foi a do cancro, com índice de infeção de apenas 5% a 10% das plantas.
De acordo com o pesquisador, a opção pela cisgenia se deu por uma questão de
imagem. "A percepção pública da cisgenia é melhor que a dos transgênicos", diz
Machado. Pesou também o fato de a indústria de suco de laranja não querer estar
associada explicitamente ao termo transgenia, como acontece com vários outros
segmentos da indústria alimentícia.
Embora na prática sejam técnicas similares - a base é a modificação genética -, muitos
cientistas esperam que a cisgenia enfrente menos entraves burocráticos que a transgenia.
"Pesquisadores nos EUA apresentaram uma variedade transgênica de laranja resistente
ao greening que contém um gene de espinafre. Até hoje não foi aprovada", exemplifica
Machado. "Mas colocar o gene de uma tangerina em uma laranja pode não ter tanto
problema de aceitação", diz ele. Até agora, porém, as regras para aprovação continuam
as mesmas.
Mas é exatamente isso que pesquisadores brasileiros, fomentados pelo CNPq e pela
Fapesp, estão fazendo. Inserindo genes de tangerina na laranja e genes de uma
variedade de laranja em outra.
Os testes em laboratório e em vasos precisam agora do sinal verde da CTNBio para ir a
campo, onde estarão sujeitos às condições reais de produção. Em agosto, a autoridade
brasileira para biotecnologia aprovou uma resolução normativa, ainda pendente da
publicação no Diário Oficial, que determina como as experiências de campo devem ser
realizadas.
Apesar da expectativa de maior aceitação pública, a cisgenia não substituirá a
transgenia, considerada o último grande salto científico no campo. "É só mais uma linha