Terra sonâmbula

rafabebum 2,590 views 3 slides Nov 30, 2017
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About This Presentation

"Terra Sonâmbula" - análise


Slide Content

Terra Sonâmbula é um romance do escritor africano Mia Couto, Antônio Emílio
Leite Couto, que foi publicado em 1992. É considerada uma das melhores obras africanas
do século XX.
O título da obra faz referência à instabilidade do país e, portanto, à falta de
descanso da terra que permanece “sonâmbula”.
A realidade e o sonho são dois elementos fundamentais na narrativa. No prefácio
do livro, temos o trecho:
Se dizia daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam,
a terra se movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o
novo rosto da paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela
fantasia do sonho. (Crença dos habitantes de Matimati)

Estrutura da Obra
Terra Sonâmbula está dividida em 11 capítulos:
• Primeiro Capítulo: A Estrada Morta (que inclui o “Primeiro caderno de Kindzu”: O
Tempo em que o Mundo tinha a nossa idade)
• Segundo Capítulo: As Letras do Sonho (que inclui o “Segundo caderno de Kindzu”: Uma
Cova no Tecto do Mundo”)
• Terceiro Capítulo: O Amargo Gosto da Maquela (que inclui o “Terceiro caderno de
Kindzu”: Matimati, A Terra da Água)
• Quarto Capítulo: A Lição de Siqueleto (que inclui o “Quarto caderno de Kindzu”: A
Filha do Céu)
• Quinto Capítulo: O Fazedor de Rios (que inclui o “Quinto caderno de Kindzu”: Juras,
Promessas, Enganos)
• Sexto Capítulo: As Idosas Profanadoras (que inclui o “Sexto caderno de Kindzu”: O
Regresso a Matimati)
• Sétimo Capítulo: Moços Sonhando Mulheres (que inclui o “Sétimo caderno de Kindzu”:
Um Guia Embriagado)
• Oitavo Capítulo: O Suspiro dos Comboios (que inclui o “Oitavo caderno de Kindzu”:
Lembranças de Quintino)
• Nono Capítulo: Miragens da Solidão (que inclui o “Nono caderno de Kindzu”:
Apresentação de Virgínia)
• Décimo Capítulo: A Doença do Pântano (que inclui o “Décimo caderno de Kindzu”: No
Campo da Morte)
• Décimo Primeiro Capítulo: Ondas Escrevendo Estórias (que inclui o “Último caderno
de Kindzu”: As Páginas da Terra)

Personagens Principais
• Muidinga: protagonista da história que perdeu a memória.
• Tuahir: velho sábio que guia Muidinga depois da guerra.
• Siqueleto: velho alto e último sobrevivente de uma aldeia.
• Kindzu: menino morto que escreveu seu diário.
• Taímo: pai de Kindzu.
• Junhito: irmão de Kindzu.
• Farida: mulher com quem Kindzu tem uma relação.
• Tia Euzinha: tia de Farida.
• Dona Virgínia: portuguesa e mãe de consideração de Farida.
• Romão Pinto: português e pai de consideração de Farida.
• Gaspar: filho desaparecido de Farida e que foi feito pelo abuso de seu pai adotivo:
Romão.

• Estêvão Jonas: administrador e marido de Carolinda.
• Carolinda: mulher do administrador e que dorme com Kindzu.
• Assane: antigo secretário administrador da região de Matimati.
• Quintino: guia de Kindzu.

Resumo
Muidinga é um menino que sofreu amnésia e tinha a esperança de encontrar seus
pais. Tuahir é um velho sábio que tenta resgatar toda a história do menino, ensinando-lhe
novamente tudo sobre o mundo. Eles estão fugindo dos conflitos da guerra civil em
Moçambique.
Logo no início, enquanto os dois estão caminhando pela estrada, eles encontram
um ônibus (machimbombo) que foi queimado. Junto a um cadáver, eles encontram um
diário. Nos “Cadernos de Kindzu”, o menino conta detalhes de sua vida.
Dentre outras coisas, o garoto descreve sobre seu pai que era um pescador e sofria
de sonambulismo e alcoolismo. Além disso, Kindzu menciona sobre os problemas da
falta de recursos que sua família sofria, a morte de seu pai, a relação carnal que tem com
Farida e o início da guerra. Kindzu vai relatando em seu diário momentos de sua vida. Da
mesma forma, ele fugiu da guerra civil no país.
Assim, vai-se narrando a história dos dois, intercalada com a história do diário do
menino. Os corpos encontrados foram enterrados por eles e o ônibus serviu de abrigo por
um tempo a Muidinga e Tuahir.
Adiante, eles caíram numa armadilha e foram feitos prisioneiros por um velho
chamado Siqueleto. No entanto, logo eles foram libertados. Por fim, Siqueleto, um dos
sobreviventes de sua aldeia, se mata.
Tuahir revela a Muidinga que ele foi levado a um feiticeiro para que sua memória
fosse apagada e com isso evitar muitos sofrimentos. Tuahir tem a ideia de construir um
barco para seguirem a viagem pelo mar.
No último caderno de Kindzu, ele narra o momento em que encontra um ônibus
queimado e sente a morte. Chegou a ver um menino com seus cadernos na mão, o filho
de Farida que ele tanto procurava: Gaspar. Assim, podemos concluir que Gaspar era, na
verdade, o garoto que sofreu amnésia: Muidinga.
Me apetece deitar, me anichar na terra morna. Deixo cair ali a mala onde trago
os cadernos. Uma voz interior me pede para que não pare. É a voz de meu pai que me dá
força. Venço o torpor e prossigo ao longo da estrada. Mais adiante segue um miúdo com
passo lento. Nas suas mãos estão papéis que me parecem familiares. Me aproximo e, com
sobressalto, confirmo: são os meus cadernos. Então, com o peito sufocado, chamo:
Gaspar! E o menino estremece como se nascesse por uma segunda vez. De sua mão
tombam os cadernos. Movidas por um vento que nascia não do ar mas do próprio chão,
as folhas se espalham pela estrada. Então, as letras, uma por uma, se vão convertendo
em grãos de areia e, aos poucos, todos meus escritos se vão transformando em páginas
de terra.

Análise da Obra
Escrito em prosa poética, o foco central do escritor é fazer um panorama de
Moçambique após anos de guerra civil no país. Essa guerra sangrenta, que durou cerca
de 16 anos (1976 a 1992), deixou 1 milhão de mortos.
O objetivo central é revelar os horrores e desgraças que envolveram a guerra no
país. Os conflitos, o cotidiano, os sonhos, a esperança e a luta pela sobrevivência são os
pontos mais relevantes do enredo.

Em grande parte da obra, o escritor narra os acontecimentos e as aventuras de
Muidinga e Tuahir. Isso tudo paralelo à história de Kindzu. Mas Mia Couto acrescenta
um toque de fantasia e surrealismo no romance, mesclando assim a realidade com a
fantasia (realismo mágico). O foco narrativo da obra demostra também essa mescla, ou
seja, ora é narrado em terceira pessoa, ora em primeira.
Alguns termos locais são utilizados na linguagem da obra, marcando a oralidade.
Além das descrições, o discurso indireto é muito utilizado, com inclusão da fala dos
personagens. O enredo não é linear, ou seja, momentos da história dos personagens são
intercalados com outros.
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