• Estêvão Jonas: administrador e marido de Carolinda.
• Carolinda: mulher do administrador e que dorme com Kindzu.
• Assane: antigo secretário administrador da região de Matimati.
• Quintino: guia de Kindzu.
Resumo
Muidinga é um menino que sofreu amnésia e tinha a esperança de encontrar seus
pais. Tuahir é um velho sábio que tenta resgatar toda a história do menino, ensinando-lhe
novamente tudo sobre o mundo. Eles estão fugindo dos conflitos da guerra civil em
Moçambique.
Logo no início, enquanto os dois estão caminhando pela estrada, eles encontram
um ônibus (machimbombo) que foi queimado. Junto a um cadáver, eles encontram um
diário. Nos “Cadernos de Kindzu”, o menino conta detalhes de sua vida.
Dentre outras coisas, o garoto descreve sobre seu pai que era um pescador e sofria
de sonambulismo e alcoolismo. Além disso, Kindzu menciona sobre os problemas da
falta de recursos que sua família sofria, a morte de seu pai, a relação carnal que tem com
Farida e o início da guerra. Kindzu vai relatando em seu diário momentos de sua vida. Da
mesma forma, ele fugiu da guerra civil no país.
Assim, vai-se narrando a história dos dois, intercalada com a história do diário do
menino. Os corpos encontrados foram enterrados por eles e o ônibus serviu de abrigo por
um tempo a Muidinga e Tuahir.
Adiante, eles caíram numa armadilha e foram feitos prisioneiros por um velho
chamado Siqueleto. No entanto, logo eles foram libertados. Por fim, Siqueleto, um dos
sobreviventes de sua aldeia, se mata.
Tuahir revela a Muidinga que ele foi levado a um feiticeiro para que sua memória
fosse apagada e com isso evitar muitos sofrimentos. Tuahir tem a ideia de construir um
barco para seguirem a viagem pelo mar.
No último caderno de Kindzu, ele narra o momento em que encontra um ônibus
queimado e sente a morte. Chegou a ver um menino com seus cadernos na mão, o filho
de Farida que ele tanto procurava: Gaspar. Assim, podemos concluir que Gaspar era, na
verdade, o garoto que sofreu amnésia: Muidinga.
Me apetece deitar, me anichar na terra morna. Deixo cair ali a mala onde trago
os cadernos. Uma voz interior me pede para que não pare. É a voz de meu pai que me dá
força. Venço o torpor e prossigo ao longo da estrada. Mais adiante segue um miúdo com
passo lento. Nas suas mãos estão papéis que me parecem familiares. Me aproximo e, com
sobressalto, confirmo: são os meus cadernos. Então, com o peito sufocado, chamo:
Gaspar! E o menino estremece como se nascesse por uma segunda vez. De sua mão
tombam os cadernos. Movidas por um vento que nascia não do ar mas do próprio chão,
as folhas se espalham pela estrada. Então, as letras, uma por uma, se vão convertendo
em grãos de areia e, aos poucos, todos meus escritos se vão transformando em páginas
de terra.
Análise da Obra
Escrito em prosa poética, o foco central do escritor é fazer um panorama de
Moçambique após anos de guerra civil no país. Essa guerra sangrenta, que durou cerca
de 16 anos (1976 a 1992), deixou 1 milhão de mortos.
O objetivo central é revelar os horrores e desgraças que envolveram a guerra no
país. Os conflitos, o cotidiano, os sonhos, a esperança e a luta pela sobrevivência são os
pontos mais relevantes do enredo.