Três Ensaios sobre a Sexualidade de Freud - Ensaio 1
FelipedeSouza10
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Aug 06, 2014
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Slides do Curso em Vídeo Três Ensaios sobre a Sexualidade de Freud, por Felipe de Souza do site www.psicologiamsn.com
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Três Ensaios sobre a Sexualidade Curso em Vídeo-HD - Trê s Ensaios sobre a Sexualidade Por Felipe de Souza – Site www.psicologiamsn.com
Três Ensaios sobre a Sexualidade Prefácio a ampliação aqui ensaiada do conceito de sexualidade (...) se aproxima do Eros do divino Platão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade Ensaio 1 - AS ABERRAÇÕES SEXUAIS ( 1) Desvios com Respeito ao Objeto Sexual (A) A Inversão (B) Animais e Pessoas Sexualmente Imaturas como Objetos Sexuais (2) Desvios com Respeito ao Alvo Sexual (A) Transgressões Anatômicas (B) Fixações de Alvos Sexuais Provisórios (3) Considerações Gerais sobre as Perversões (4) A Pulsão Sexual nos Neuróticos (5) Pulsões Parciais e Zonas Erógenas (6) Esclarecimentos sobre a Aparente Preponderância da Sexualidade Perversa nas Psiconeuroses (7) Indicação do Infantilismo na Sexualidade
Três Ensaios sobre a Sexualidade Definição de pulsão sexual. Analogia com pulsão de nutrição. A fome é para a pulsão de nutrição como a libido para a pulsão sexual. Objeto (outro sexo) e finalidade (reprodução) - objeto sexual a pessoa de quem provém a atração sexual . - alvo sexual a ação para a qual a pulsão impele. Perversões: desvios em ambos, o objeto sexual e o alvo sexual
Três Ensaios sobre a Sexualidade (1) DESVIOS COM RESPEITO AO OBJETO SEXUAL Fábula poética da divisão do ser humano em duas metades – homem e mulher – que aspiram a unir-se de novo no amor . Há homens cujo objeto sexual não é a mulher, mas o homem, e mulheres para quem não o homem, e sim a mulher, representa o objeto sexual. Diz-se dessas pessoas que são “de sexo contrário”, ou melhor, “invertidas”, e chama-se o fato de inversão
Três Ensaios sobre a Sexualidade Tipos de “invertidos” a ) absolutos b) bissexualidade c) ocasionais Tempo de aparecimento e recorrência Outras variações concernem às relações temporais. Particularmente interessantes são os casos em que a libido se altera no sentido da inversão depois de se ter uma experiência penosa com o objeto sexual normal.
Três Ensaios sobre a Sexualidade Tipos de “invertidos” a ) absolutos b) bissexualidade c) ocasionais Tempo de aparecimento e recorrência Outras variações concernem às relações temporais. Particularmente interessantes são os casos em que a libido se altera no sentido da inversão depois de se ter uma experiência penosa com o objeto sexual normal.
Três Ensaios sobre a Sexualidade CONCEPÇÃO DA INVERSÃO A degeneração: (1) houver uma conjugação de muitos desvios graves em relação à norma; (2) a capacidade de funcionamento e de sobrevivência parecer em geral gravemente prejudicada. Vários fatores permitem ver que os invertidos não são degenerados nesse sentido legítimo da palavra: (1) Encontra-se a inversão em pessoas que não exibem nenhum outro desvio grave da norma; (2) Do mesmo modo, encontramo-la em pessoas cuja eficiência não está prejudicada e que inclusive se destacam por um desenvolvimento intelectual e uma cultura ética particularmente elevados.
Três Ensaios sobre a Sexualidade CONCEPÇÃO DA INVERSÃO Degeneração (3) Se abstrairmos os pacientes encontrados em nossa experiência médica e procurarmos abarcar um horizonte mais amplo, depararemos em duas direções com fatos que impedem que se conceba a inversão como um sinal de degeneração: (a) É preciso considerar que nos povos antigos, no auge de sua cultura, a inversão era um fenômeno frequente , quase que uma instituição dotada de importantes funções. (b) Ela é extremamente difundida em muitos povos selvagens e primitivos, ao passo que o conceito de degeneração costuma restringir-se à civilização elevada (cf. I. Bloch); e mesmo entre os povos civilizados da Europa, o clima e a raça exercem a mais poderosa influência sobre a disseminação e o juízo que se faz da inversão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade CONCEPÇÃO DA INVERSÃO Degeneração (3) Se abstrairmos os pacientes encontrados em nossa experiência médica e procurarmos abarcar um horizonte mais amplo, depararemos em duas direções com fatos que impedem que se conceba a inversão como um sinal de degeneração: (a) É preciso considerar que nos povos antigos, no auge de sua cultura, a inversão era um fenômeno frequente , quase que uma instituição dotada de importantes funções. (b) Ela é extremamente difundida em muitos povos selvagens e primitivos, ao passo que o conceito de degeneração costuma restringir-se à civilização elevada (cf. I. Bloch); e mesmo entre os povos civilizados da Europa, o clima e a raça exercem a mais poderosa influência sobre a disseminação e o juízo que se faz da inversão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade CONCEPÇÃO DA INVERSÃO – Inato ou Adqurido Somos portanto impelidos à suposição de que a alternativa inato/adquirido é incompleta , ou então não abarca todas as situações presentes na inversão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade CONCEPÇÃO DA INVERSÃO – Inato ou Adqurido Somos portanto impelidos à suposição de que a alternativa inato/adquirido é incompleta , ou então não abarca todas as situações presentes na inversão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade O RECURSO À BISSEXUALIDADE Certo grau de hermafroditismo anatômico constitui a norma; em nenhum indivíduo masculino ou feminino de conformação normal faltam vestígios do aparelho do sexo oposto, que persistiram sem nenhuma função como órgãos rudimentares, ou que se modificaram para tomar a seu encargo outras funções . Não é possível imaginar relações tão estreitas entre o suposto hibridismo psíquico e o hibridismo anatômico comprovável Freud, portanto, critica a possibilidade de explicar a inversão a partir da bissexualidade anatômica.
Três Ensaios sobre a Sexualidade O RECURSO À BISSEXUALIDADE Certo grau de hermafroditismo anatômico constitui a norma; em nenhum indivíduo masculino ou feminino de conformação normal faltam vestígios do aparelho do sexo oposto, que persistiram sem nenhuma função como órgãos rudimentares, ou que se modificaram para tomar a seu encargo outras funções . Não é possível imaginar relações tão estreitas entre o suposto hibridismo psíquico e o hibridismo anatômico comprovável Freud, portanto, critica a possibilidade de explicar a inversão a partir da bissexualidade anatômica.
Três Ensaios sobre a Sexualidade ALVO SEXUAL DOS INVERTIDOS D e modo algum se pode chamar de uniforme a meta sexual dos invertidos Nos homens, a relação sexual per anum não coincide em absoluto com a inversão; a masturbação é com igual freqüência seu alvo exclusivo, e as restrições ao alvo sexual – a ponto de ele ser um mero extravasamento da emoção – são aqui ainda mais comuns do que no amor heterossexual. Também entre as mulheres invertidas são múltiplos os alvos sexuais, parecendo privilegiado entre elas o contato com a mucosa bucal.
Três Ensaios sobre a Sexualidade Imaginávamos como demasiadamente íntima a ligação entre a pulsão sexual e o objeto sexual. É provável que, de início, a pulsão sexual seja independente de seu objeto
Três Ensaios sobre a Sexualidade (B) ANlMAlS E PESSOAS SEXUALMENTE IMATURAS COMO OBJETOS SEXUAIS Pedofilia e Zoofilia - Indivíduos talvez bastante válidos em outros aspectos - A causa não é loucura
Três Ensaios sobre a Sexualidade (2) DESVIOS COM RESPEITO AO ALVO SEXUAL Considera-se como alvo sexual normal a união dos genitais no ato designado como coito, que leva à descarga da tensão sexual e à extinção temporária da pulsão sexual (uma satisfação análoga à saciação da fome). Normal - coito
Três Ensaios sobre a Sexualidade o beijo – , atribuiu-se em muitos povos (dentre eles os mais altamente civilizados) um elevado valor sexual, apesar de as partes do corpo nele implicadas não pertencerem ao aparelho sexual, mas constituírem a entrada do tubo digestivo. Aí estão, portanto, fatores que permitem ligar as perversões à vida sexual normal e que também são aplicáveis à classificação delas .
Três Ensaios sobre a Sexualidade As perversões são de 2 TIPOS (a) transgressões anatômicas quanto às regiões do corpo destinadas à união sexual, ou (b) demoras nas relações intermediárias com o objeto sexual, que normalmente seriam atravessadas com rapidez a caminho do alvo sexual final.
Três Ensaios sobre a Sexualidade USO SEXUAL DA MUCOSA DOS LÁBIOS E DA BOCA O uso da boca como órgão sexual é considerado como perversão quando os lábios (língua) de uma pessoa entram em contato com a genitália de outra, mas não quando ambas colocam em contato a mucosa labial. Nesta exceção reside o ponto de ligação com o normal.
Três Ensaios sobre a Sexualidade USO SEXUAL DO ORIFÍCIO ANAL No que concerne ao ânus, reconhece-se com clareza ainda maior do que nos casos anteriores que é a repugnância que apõe nesse alvo sexual o selo da perversão. O papel sexual da mucosa do ânus de modo algum se restringe à relação sexual entre homens, nem tampouco a predileção por ela é característica da sensibilidade dos invertidos. Parece, ao contrário, que o paedicatio do homem deve seu papel à analogia com o ato praticado com a mulher, ao passo que a masturbação recíproca é o alvo sexual mais facilmente encontrado na relação sexual dos invertidos.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SUBSTITUIÇÃO IMPRÓPRIA DO OBJETO SEXUAL – FETICHISMO - fator da supervalorização sexual, da qual dependem esses fenômenos ligados ao abandono do alvo sexual. - Pés - Cabelos Roupas Comparou-se esse substituto, não injustificadamente, com o fetiche em que o selvagem vê seu deus incorporado. Nenhuma outra variação da pulsão sexual nas raias do patológico merece tanto o nosso interesse quanto essa, dada a singularidade dos fenômenos a que dá lugar.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SUBSTITUIÇÃO IMPRÓPRIA DO OBJETO SEXUAL – FETICHISMO - fator da supervalorização sexual, da qual dependem esses fenômenos ligados ao abandono do alvo sexual. - Pés - Cabelos Roupas Comparou-se esse substituto, não injustificadamente, com o fetiche em que o selvagem vê seu deus incorporado. Nenhuma outra variação da pulsão sexual nas raias do patológico merece tanto o nosso interesse quanto essa, dada a singularidade dos fenômenos a que dá lugar.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SUBSTITUIÇÃO IMPRÓPRIA DO OBJETO SEXUAL – FETICHISMO O caso só se torna patológico quando o anseio pelo fetiche se fixa, indo além da condição mencionada, e se coloca no lugar do alvo sexual normal, e ainda, quando o fetiche se desprende de determinada pessoa e se torna o único objeto sexual. São essas as condições gerais para que meras variações da pulsão sexual se transformem em aberrações patológicas.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SUBSTITUIÇÃO IMPRÓPRIA DO OBJETO SEXUAL – FETICHISMO O caso só se torna patológico quando o anseio pelo fetiche se fixa, indo além da condição mencionada, e se coloca no lugar do alvo sexual normal, e ainda, quando o fetiche se desprende de determinada pessoa e se torna o único objeto sexual. São essas as condições gerais para que meras variações da pulsão sexual se transformem em aberrações patológicas . Na escolha do fetiche manifesta-se a influência persistente de uma impressão sexual recebida, na maioria das vezes, na primeira infância, o que se pode comparar com a proverbial persistência do primeiro amor Em outros casos, o que leva à substituição do objeto pelo fetiche é uma conexão simbólica de pensamentos que, na maioria das vezes, não é consciente para a pessoa.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SUBSTITUIÇÃO IMPRÓPRIA DO OBJETO SEXUAL – FETICHISMO O caso só se torna patológico quando o anseio pelo fetiche se fixa, indo além da condição mencionada, e se coloca no lugar do alvo sexual normal, e ainda, quando o fetiche se desprende de determinada pessoa e se torna o único objeto sexual. São essas as condições gerais para que meras variações da pulsão sexual se transformem em aberrações patológicas . Na escolha do fetiche manifesta-se a influência persistente de uma impressão sexual recebida, na maioria das vezes, na primeira infância, o que se pode comparar com a proverbial persistência do primeiro amor Em outros casos, o que leva à substituição do objeto pelo fetiche é uma conexão simbólica de pensamentos que, na maioria das vezes, não é consciente para a pessoa.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (B) FIXAÇÕES DE ALVOS SEXUAIS PROVISÓRIOS O TOCAR E O OLHAR Uma certa dose de uso do tato, ao menos para os seres humanos, é indispensável para que se atinja o alvo sexual normal. Sabe-se também, universalmente, que fonte de prazer, por um lado, e que afluxo de excitação renovada, por outro, são proporcionados pelas sensações de contato com a pele do objeto sexual. Portanto, demorar-se no tocar, desde que o ato sexual seja levado adiante, dificilmente pode contar entre as perversões. O mesmo se dá com o ver, que em última análise deriva do tocar A progressiva ocultação do corpo advinda com a civilização mantém desperta a curiosidade sexual, que ambiciona completar o objeto sexual através da revelação das partes ocultas, mas que pode ser desviada (“sublimada”) para a arte, caso se consiga afastar o interesse dos genitais e voltá-lo para a forma do corpo como um todo. A demora nesse alvo sexual intermediário do olhar carregado de sexo surge, em certa medida, na maioria das pessoas normais, e de fato lhes dá a possibilidade de orientarem uma parcela de sua libido para alvos artísticos mais elevados.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (B) FIXAÇÕES DE ALVOS SEXUAIS PROVISÓRIOS Por outro lado, o prazer de ver [ escopofilia ] transforma-se em perversão (a) quando se restringe exclusivamente à genitália, (b) quando se liga à superação do asco (o voyeur – espectador das funções excretórias ), ou (c) quando suplanta o alvo sexual normal, em vez de ser preparatório a ele. Este último é marcantemente o caso dos exibicionistas, que, se posso deduzi-lo após diversas análises, exibem seus genitais para conseguir ver, em contrapartida, a genitália do outro.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SADISMO E MASOQUISMO A inclinação a infligir dor ao objeto sexual, bem como sua contrapartida, que são as mais frequentes e significativas de todas as perversões, foram denominadas por Krafft-Ebing , em formas ativa e passiva, de “sadismo” e “masoquismo” (passivo). - o sadismo, suas raízes são fáceis de apontar nas pessoas normais. A sexualidade da maioria dos varões exibe uma mescla de agressão , de inclinação a subjugar, cuja importância biológica talvez resida na necessidade de vencer a resistência do objeto sexual de outra maneira que não mediante o ato de cortejar . Assim, o sadismo corresponderia a um componente agressivo autonomizado e exagerado da pulsão sexual, movido por deslocamento para o lugar preponderante.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SADISMO E MASOQUISMO Perversão – quando é exclusivo para a satisfação É frequente poder-se reconhecer que o masoquismo não é outra coisa senão uma continuação do sadismo que se volta contra a própria pessoa, que com isso assume, para começar, o lugar do objeto sexual . O sadismo e o masoquismo ocupam entre as perversões um lugar especial, já que o contraste entre atividade e passividade que jaz em sua base pertence às características universais da vida sexual.
Três Ensaios sobre a Sexualidade SADISMO E MASOQUISMO Perversão – quando é exclusivo para a satisfação É frequente poder-se reconhecer que o masoquismo não é outra coisa senão uma continuação do sadismo que se volta contra a própria pessoa, que com isso assume, para começar, o lugar do objeto sexual . O sadismo e o masoquismo ocupam entre as perversões um lugar especial, já que o contraste entre atividade e passividade que jaz em sua base pertence às características universais da vida sexual.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (3) CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS PERVERSÕES Em nenhuma pessoa sadia falta algum acréscimo ao alvo sexual normal que se possa chamar de perverso, e essa universalidade basta, por si só, para mostrar quão imprópria é a utilização reprobatória da palavra perversão . Quando a perversão não se apresenta ao lado do alvo e do objeto sexuais normais, nos casos em que a situação é propícia a promovê-la e há circunstâncias desfavoráveis impedindo a normalidade, mas antes suplanta e substitui o normal em todas as circunstâncias, ou seja, quando há nela as características de exclusividade e fixação , então nos vemos autorizados, na maioria das vezes, a julgá-la como um sintoma patológico.
Três Ensaios sobre a Sexualidade DUAS CONCLUSÕES 1) a pulsão sexual tem de lutar contra certas forças anímicas que funcionam como resistências, destacando-se entre elas com máxima clareza a vergonha e o asco. 2) a própria pulsão sexual não seja uma coisa simples, mas reúna componentes que voltam a separar-se nas perversões. A clínica nos alertaria, portanto, para a existência de fusões que perderiam sua expressão como tais na conduta normal uniforme.
Três Ensaios sobre a Sexualidade DUAS CONCLUSÕES 1) a pulsão sexual tem de lutar contra certas forças anímicas que funcionam como resistências, destacando-se entre elas com máxima clareza a vergonha e o asco. 2) a própria pulsão sexual não seja uma coisa simples, mas reúna componentes que voltam a separar-se nas perversões. A clínica nos alertaria, portanto, para a existência de fusões que perderiam sua expressão como tais na conduta normal uniforme.
Três Ensaios sobre a Sexualidade 4) A PULSÃO SEXUAL NOS NEURÓTICOS O s sintomas são a atividade sexual dos doentes. O caráter histérico permite identificar um grau de recalcamento sexual que ultrapassa a medida normal; uma intensificação da resistência à pulsão sexual (que já ficamos conhecendo como vergonha, asco e moralidade); e uma fuga como que instintiva a qualquer ocupação do intelecto com o problema do sexo
Três Ensaios sobre a Sexualidade 4) A PULSÃO SEXUAL NOS NEURÓTICOS O s sintomas são a atividade sexual dos doentes. O caráter histérico permite identificar um grau de recalcamento sexual que ultrapassa a medida normal; uma intensificação da resistência à pulsão sexual (que já ficamos conhecendo como vergonha, asco e moralidade); e uma fuga como que instintiva a qualquer ocupação do intelecto com o problema do sexo
Três Ensaios sobre a Sexualidade A enigmática contradição da histeria, registrando a presença desse par de opostos: uma necessidade sexual desmedida e uma excessiva renúncia ao sexual. O ensejo para o adoecimento apresenta-se à pessoa de disposição histérica quando, em consequência de sua própria maturação progressiva ou das circunstâncias externas de sua vida, as exigências reais do sexo tornam-se algo sério para ela. Entre a premência da pulsão e o antagonismo da renúncia ao sexual situa-se a saída para a doença, que não soluciona o conflito, mas procura escapar a ele pela transformação das aspirações libidinosas em sintomas.
Três Ensaios sobre a Sexualidade Os sintomas se formam, em parte, às expensas da sexualidade anormal; a neurose é, por assim dizer, o negativo da perversão.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (5) PULSÕES PARCIAIS E ZONAS ERÓGENAS Por “pulsão” podemos entender, a princípio, apenas o representante psíquico de uma fonte endossomática de estimulação que flui continuamente, para diferenciá-la do “estímulo”, que é produzido por excitações isoladas vindas de fora. Pulsão, portanto, é um dos conceitos da delimitação entre o anímico e o físico. A hipótese mais simples e mais indicada sobre a natureza da pulsão seria que, em si mesma, ela não possui qualidade alguma, devendo apenas ser considerada como uma medida da exigência de trabalho feita à vida anímica. O que distingue as pulsões entre si e as dota de propriedades específicas é sua relação com suas fontes somáticas e seus alvos . A fonte da pulsão é um processo excitatório num órgão, e seu alvo imediato consiste na supressão desse estímulo orgânico.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (5) PULSÕES PARCIAIS E ZONAS ERÓGENAS Na escopofilia e no exibicionismo o olho corresponde a uma zona erógena; no caso da dor e da crueldade como componentes da pulsão sexual, é a pele que assume esse mesmo papel – a pele, que em determinadas partes do corpo diferenciou-se nos órgãos sensoriais e se transmudou em mucosa
Três Ensaios sobre a Sexualidade (6) ESCLARECIMENTOS SOBRE A APARENTE PREPONDERÂNCIA DA SEXUALIDADE PERVERSA NAS PSICONEUROSES O fato é que se tem de alinhar o recalcamento sexual, enquanto fator interno, com os fatores externos que, como a restrição da liberdade, a inacessibilidade do objeto sexual normal, os riscos do ato sexual normal etc., permitem que surjam perversões em indivíduos que, de outro modo, talvez permanecessem normais. A neurose sempre produz seus efeitos máximos quando a constituição e a vivência cooperam no mesmo sentido. Uma constituição marcante talvez possa prescindir do apoio de impressões provenientes da vida, e um grande abalo na vida talvez provoque a neurose até mesmo numa constituição corriqueira. Aliás, essa visão da importância etiológica do inato e do acidentalmente vivenciado é igualmente válida em outros campos.
Três Ensaios sobre a Sexualidade (7) INDICAÇÃO DO INFANTILISMO DA SEXUALIDADE A extraordinária difusão das perversões força-nos a supor que tampouco a predisposição às perversões é uma particularidade rara, mas deve, antes, fazer parte da constituição que passa por normal.
Três Ensaios sobre a Sexualidade Mas devemos dizer ainda que essa suposta constituição que exibe os germes de todas as perversões só é demonstrável na criança, mesmo que nela todas as pulsões só possam emergir com intensidade moderada. Vislumbramos assim a fórmula de que os neuróticos preservaram o estado infantil de sua sexualidade ou foram retransportados para ele. Desse modo, nosso interesse volta-se para a vida sexual da criança, e procederemos ao estudo do jogo de influências que domina o processo de desenvolvimento da sexualidade infantil até seu desfecho na perversão, na neurose ou na vida sexual normal.