Volição, psicomotricidade, e pensamento

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About This Presentation

Aula ministrada na disciplina "Estudos dos Fenômenos Psicopatologicos I", da Turma 2017 do Curso de Psicologia da UNIFESSPA


Slide Content

Volição,
psicomotricidade, e
funções superiores
Estudos dos Fenômenos
Psicopatológicos I – Aula 6

Objetivos
•Conceituar volição, psicomotricidade, e
pensamento para a psicopatologia
•Descrever alterações de volição,
psicomotricidade, pensamento, e juízo de
realidade
•Apontar algumas síndromas que apresentam
essas alterações

Vontade/volição
•O processo de decidir e se comprometer com um curso de ação em particular
–Envolve tomar decisões e agir para que elas ocorram
–“Força de vontade” é um termo coloquial para descrever volição
•Dimensão complexa da vida mental, relacionada com as esferas afetivas e cognitivas,
bem como com valores, princípios, hábitos, e normas socioculturais
•Construto importante de diversos textos filosóficos de matriz romântica, incluindo
Schopenhauer (vontade para a vida) e Nietzche (vontade de poder) e os existencialistas
(conflitos entre livre arbítrio e determinismo)
•Esfera motivacional: definição de como o comportamento é iniciado, dirigido, e
sustentado, em suas dimensões intencionais e reguladoras
•Não esqueçamos que a psicopatologia é da mesma matriz que a prisão! Assim, uma
pergunta fundamental que se faz é: “ele queria fazer isso?” - ou seja, há volição
envolvida em determinados atos (violentos)?

Atos volitivos
•Para Nobre de Melo (1979), o ato volitivo (ou ato
de vontade) é traduzido pelas expressões típicas
do “eu quero” ou “eu não quero”
•Distinguem-se também os motivos, ou razões
intelectuais que influem sobre o ato volitivo, dos
móveis, ou influências afetivas atrativas ou
repulsivas que pressionam a decisão volitiva
para um lado ou para outro.

Processo volitivo
•O ato volitivo se dá como um processo
1) fase de intenção ou propósito, na qual se esboçam as tendências básicas
do indivíduo, suas inclinações e interesses.

Impulsos, desejos e temores inconscientes exercem influência decisiva
2) fase de deliberação, que diz respeito à ponderação consciente, levando-
se em conta tanto os motivos como os móveis implicados no ato volitivo

Análise básica, quase sempre com base em elementos afetivos
3) fase de decisão propriamente dita é o momento culminante do processo
volitivo, instante que demarca o começo da ação
4) fase de execução constitui a etapa final do processo volitivo, em que o
comportamento é executado

Abulia / hipobulia
•Diminuição ou até abolição da atividade volitiva
•O indivíduo refere que não tem vontade para nada,
sente-se muito desanimado, sem forças, sem “pique”
•Geralmente, a hipobulia/abulia encontra-se associada à
apatia (indiferença afetiva), à fadiga fá cil, à dificuldade
de decisão, tão típicas dos depressivos grave

Atos impulsivos
•Ato impulsivo – “curto-circuito” do ato voluntário da fase de
intenção à fase de execução
–“O ato impulsivo abole abruptamente as fases de intenção,
deliberação e decisão, em função tanto da intensidade dos
desejos ou temores inconscientes como da fragilidade das
instâncias psíquicas implicadas na reflexão, na análise, na
ponderação e na contenção dos impulsos e dos desejos”
•Nos impulsos patológicos predominam as ações
psicomotoras automáticas, sem reflexão, ponderação ou
decisão prévias, de tipo instantâneo e explosivo.

Atos impulsivos
•É realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão.
•É realizado, de modo geral, de forma egossintônica.
•É geralmente associado a impulsos patológicos, de natureza
inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e
necessária adaptação à realidade objetiva.
•O indivíduo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os
desejos e as necessidades das outras pessoas

Atos compulsivos
•Geralmente uma ação motora complexa que pode
envolver desde atos compulsivos relativamente
simples, como coçar-se, picar-se, arranhar-se, até
rituais compulsivos complexos, como tomar banho de
forma repetida e muito ritualizada, lavar as mãos e
secar-se de modo estereotipado, por inúmeras vezes
seguidas, etc.
•Diferem do ato impulsivo por ser reconhecido pelo
indivíduo como indesejável e inadequado, assim como
pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo

Atos compulsivos
•Há a vivência freqüente de desconforto subjetivo por parte do
indivíduo que realiza o ato compulsivo.
•Comumente são egodistônicos
•Há a tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) à realização do
ato compulsivo.
•Poder haver sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo,
que logo é substituído pelo retorno do desconforto subjetivo e
pela urgência em realizar novamente o ato compulsivo.

Impulsos e compulsões agressivas
auto- e heterodirigidas
•Automutilação. É o impulso (ou compulsão) seguido de
comportamento de autolesão voluntária
–Leves a moderadas observadas em pacientes borderline e TOC; as
formas mais graves podem acontecer em estados psicóticos
•Frangofilia. Impulso patológico de destruir os objetos que
circundam o indivíduo, associado geralmente a estados de
excitação impulsiva intensa e agressiva
•Piromania. Impulso de atear fogo a objetos, prédios, lugares, &c
•Impulso suicida.

Impulso suicida
•Ocorre quase sempre associado a outros sintomas mentais e
condições gerais como humor depressivo, desesperança, ansiedade
intensa, desmoralização crônica, dor ou disfunções orgânicas
crônicas.
•Sempre que o examinador encontrar um paciente deprimido,
cronicamente ansioso e hostil, ralizado, sem perspectivas, deve
investigar detidamente os impulsos suicidas.
•Mais comum em depressão maior, dependência de álcool,
esquizofrenia, distimias e transtornos da adaptação do tipo
depressivo, bem como em transtornos de personalidade borderline,
dependente, esquizóide, histriônica, e de evitação (Ferreira de Castro
et al.,1998).

Semiotécnica da ideação e do
impulso suicida
•A ideação, os impulsos e os planos suicidas devem ser
sempre investigados no caso de mínima suspeita.
•O tema deve ser tratado como algo delicado e pessoal, de
modo circunspecto, mas franco.
•Após contato inicial, inquirir de modo que seja mais fácil para
o paciente falar sobre o tema, começando a perguntar sobre
o desejo de “desaparecer”, de “sair de cena”, de “dormir para
sempre” até o desejo definido de se matar. O paciente
potencialmente suicida sente-se, muitas vezes, aliviado por
poder falar sobre o tema.

Semiotécnica da ideação e do
impulso suicida
•Perguntar, por exemplo: “Às vezes, você se sente tão mal que gostaria de desaparecer,
dormir muito tempo ou não mais viver?”
•Prosseguir então avaliando idéias claramente suicidas, planos suicidas: “Pensa em
terminar com a sua vida? Já fez alguma coisa no sentido de realizar tais idéias?”
•Verificar se o paciente pensa em adquirir ou já comprou veneno, remédios, uma corda, um
revólver, etc.
•Verificar se o paciente tem outros sentimentos, idéias ou atos autodestrutivos.
•Perguntar se já tentou o suicídio alguma vez.
•A notificação é obrigatória! Portaria GM/MS nº 1271/2014 e SINAN versão 5.0

Atenção especial a pacientes que...
1) Tentaram o suicídio recentemente (nos últimos meses ou anos) e
continuam com graves problemas.
2) Estavam muito deprimidos e “melhoram” subitamente (pois tal
“melhora” pode resultar em, finalmente, ter se decidido a cometer o
suicídio e, assim, livrar-se do sofrimento).
3) Embora neguem o impulso suicida, comportam-se de forma muito
autodestrutiva, revelando o seu potencial suicida.
4) “Resolvem” seus negócios (vendem pertences, fazem testamento,
etc.) sem motivo aparente.

Impulsos e compulsões relacionados
à ingestão de substâncias ou alimentos
•Dipsomania. Impulso ou compulsão periódica para ingestão
de grandes quantidades de álcool.
–O indivíduo bebe seguidamente até ficar inconsciente; a crise é
superada, voltando o paciente à situação anterior, havendo
geralmente amnésia retrógrada para o ocorrido.
•Bulimia. Impulso irresistível de ingerir rapidamente grande
quantidade de alimentos, seguido de vômitos voluntários ou
laxativos.
•Potomania. É a compulsão de beber água ou outros
líquidos sem que haja sede exagerada.

Impulsões e compulsões relacionados
ao desejo e comportamento sexual
•Fetichismo. Impulso e o desejo sexual concentrado em (ou exclusivamente
relacionado a) partes da vestimenta ou do corpo da pessoa desejada.
•Exibicionismo. impulso de mostrar os órgãos genitais, geralmente contra a vontade
da pessoa que observa. O ato de mostrar já é suficiente para o indivíduo obter prazer;
ele não busca contato sexual direto com a pessoa para a qual se exibe.
•Voyeurismo. Impulso de obter prazer pela observação visual de uma pessoa que está
tendo relação sexual, ou simplesmente está nua ou se despindo.
•Ninfomania e satiríase. Aumentos patológicos do desejo sexual ocorrem
principalmen-te em indivíduos em fase maníaca
•Cronoinversões. Pedofilia e gerontofilia.
•Outras parafilias. Zoofilia, necrofilia, coprofilia.

Alterações volitivas típicas da
esquizofrenia
•Tipicamente, alterações de volição acompanham a esquizofrenia catatônica,
comumente associadas a catalepsia e flexibilidade cerácea
•Negativismo. É a oposição do indivíduo às solicitações do meio ambiente.
Verifica-se uma resistência automática e obstinada a todos ou quase todos os
pedidos que a equipe médica ou a família faz ao paciente
•Sitiofobia. Recusa sistemática de alimentos, geralmente revelando
negativismo profundo
•Obediência automática. É o oposto ao negativismo. Nesse caso, o indivíduo
obedece automaticamente, como um robô teleguiado, às solicitações de
pessoas que entrem em contato com ele.

Alterações voliticas típicas da
esquizofrenia
•Fenômenos em eco (ecopraxia, ecolalia,
ecomimia, ecografia). Neste caso, o indivíduo
repete de forma automática, durante a entrevista,
os últimos atos do entrevistador, suas palavras
ou sílabas, reações mímicas ou escrita.
•Os fenômenos em eco revelam acentuada perda
do controle da atividade voluntária e sua
substituição por atos automáticos, sugeridos pelo
ambiente circundante.

Psicomotricidade

Definições
•Integração das funções motoras e
psíquicas em consequência da
maturidade do sistema nervoso.
•Assim como o ato motor é o componente
final do ato volitivo, as alterações da
psicomotricidade frequentemente são a
expressão final de alterações de volição

Alterações da psicomotricidade
•Agitação psicomotora: Aceleração e exaltação de toda a atividade motora do indivíduo, em geral secundária a
taquipsiquismo acentuado. Comumente se associa à hostilidade e à heteroagressividade. É um sinal psicopatológico muito
frequente, sendo visto todos os dias nos serviços de emergência e internação.
–Associado a quadros maníacos, episódios esquizofrênicos agudos, quadros psico-orgânicos agudos (p.ex intoxicação por substâncias
químicas, síndromes de abstinência, traumas cranioencefálicos,encefalopatias metabólicas,etc.), quadros paranóides em transtornos do
neurodesenvolvimento e em indivíduos com transtorno neurocognitivo maior.
•Lentificação psicomotora: Reflete a desaceleração de toda a atividade psíquica (bradipsiquismo), tendo toda a atividade
de movimentação voluntária lentificada,”pesada”, o que se denomina classicamente de inibição psicomotora.

Alterações da psicomotricidade
•Estupor. Perda de toda a atividade espontânea que atinge o indivíduo
globalmente, na vigência de um nível de consciência aparentemente preservado
e de capacidade sensório-motora para reagir ao ambiente. Envolve toda a
atividade voluntária, incluindo a comunicação não-verbal, verbal, mímica, olhar,
gesticulação e marcha. Em geral, o indivíduo fica restrito ao
leito,acordado,porém sem reagir de modo algum ao ambiente.
•Catalepsia. Acentuação exagerada do tônus postural, com grande redução da
mobilidade passiva dos vários segmentos corporais e com hipertonia muscular
global de tipo plástico.
•Flexibilidade cerácea. O indivíduo, ou uma parte de seu corpo (braço, perna,
cabeça), é colocada em uma posição, mesmo muito desconfortável,
permanecendo nessa posição como se fosse um homem de cera.

Alterações da psicomotricidade
•Cataplexia. Perda abrupta do tônus muscular,geralmente
acompanhada de queda ao chão.
•Estereotipias motoras. Repetições automáticas e uniformes de
determinado ato motor complexo, indicando geralmente marcante
perda do controle voluntário sobre a esfera motora. O paciente repete
o mesmo gesto com as mãos dezenas ou centenas de vezes em um
mesmo dia.
•Maneirismo. É um tipo de estereotipia motora caracterizada por
movimentos bizarros e repetitivos, geralmente complexos, que buscam
certo objetivo, mesmo que esdrúxulo. A harmonia do conjunto de
gestos do indivíduo é substituída por posturas e movimentos
estranhos, exagerados, afetados ou bizarros.

Alterações da psicomotricidade
•Tiques. Atos coordenados, repetitivos, resultantes de contrações súbitas,
breves e intermitentes,envolvendo geralmente um grupo de músculos que atua
em suas relações sinérgicas normais. Acentuam-se muito com a ansiedade.
•Conversão. Surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias, cegueira,
anestesias, parestesias, etc.), de origem psicogênica. A conversão motora
(paralisias, contraturas conversivas, ataxias psicogênicas, etc.) ocorre
geralmente em situação estressante, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou
interpessoal significativos para o indivíduo.

https://www.youtube.com/watch?v=_s1lzxHRO4U

Semiotécnica da volição e da
psicomotricidade
•O paciente vem à consulta por iniciativa
própria ou é trazido por alguém?
•A atitude geral do paciente é passiva ou
ativa? Colabora com o entrevistador, é
indiferente ou se opõe a ele?
•Como são os seus movimentos espontâneos?
Seus gestos são lentos e “difíceis” ou rápidos
e “fáceis”?
•Anda de um lado para outro? Esfrega as
mãos? Mexe as pernas inquietamente?
•Como é sua mímica de repouso?
•O tom da voz é alto, baixo ou estridente?
•Fala espontaneamente ou apenas quando
solicitado?
•Mostra-se hostil, contrariado, agressivo?
Parece ter dificuldades em controlar seus
impulsos?
•O paciente parece estar pronto a explodir
a qualquer momento?
•Faz movimentos inadequados? Faz
movimentos ou gestos bizarros?
•O paciente parece ter dificuldade em
controlar suas emoções?

Semiotécnica da volição e da
psicomotricidade
•Pragmatismo: O que você tem feito nos últimos dias e semanas? Tem sido capaz de
trabalhar ou estudar no último mês? O que você tem sido capaz de fazer? Tem
dificuldade em terminar o que começa? O que faz para se divertir?
•Impulsividade (perguntar ao paciente mas, sobretudo, aos acompanhantes): Ele
(você) responde sem pensar? Interrompe com frequência os outros? Não consegue
esperar a sua vez? Tem pavio curto, é explosivo? Descreva suas explosões.
•Julgamento e sentimento moral: Se você encontrasse um envelope endereçado e
selado em uma calçada, o que faria? Se encontrasse uma carteira com dinheiro e uma
carteira de identidade em uma calçada, o que faria?

O pensamento e suas alterações

Definições
•O pensamento se constitui a partir de elementos sensoriais, que, embora não sejam
propriamente intelectivos, podem fornecer substrato para o processo do pensar: são as
imagens perceptivas e as representações.
•O conceito não apresenta elementos de sensorialidade, não sendo possível contemplá-lo,
nem imaginá-lo. Trata-se de um elemento puramente cognitivo, intelectivo.
–O conceito é o elemento estrutural básico do pensamento, nele se exprimem os caracteres essenciais
dos objetos e fenômenos da natureza.
•O juízo consiste, a princípio, na afirmação de uma relação entre dois conceitos.
–O juízo tem por função básica formular uma relação unívoca entre um sujeito e um predicado.
–Na dimensão linguística, os conceitos se expressam geralmente por palavras; e os juízos, por frases ou
proposições.
•O processo do raciocínio representa um modo especial de ligação entre conceitos, de
sequência de juízos, de encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns dos outros

O processo do pensar
•O curso do pensamento é o modo como o
pensamento flui, a sua velocidade e seu ritmo ao longo
do tempo.
•A forma do pensamento é a sua estrutura básica, sua
“arquitetura”, preenchida pelos mais diversos conteúdos
e interesses do indivíduo.
•O conteúdo do pensamento pode ser definido como
aquilo que dá substância ao pensamento, os seus
temas predominantes, o assunto em si.

Alterações dos conceitos
•Desintegração dos conceitos. Ocorre quando os conceitos sofrem
um processo de perda de seu significado original. Os conceitos se
desfazem, e uma mesma palavra passa a ter significados cada vez
mais diversos, por vezes idiossincráticos (Paim, 1986).
•Condensação dos conceitos. Ocorre quando dois ou mais
conceitos são fundidos, o paciente involuntariamente condensa duas
ou mais idéias em um único conceito, que se expressa por uma
nova palavra.

Alterações dos juízos
•Juízo deficiente ou prejudicado. É um tipo de
juízo falso que se estabelece porque a elaboração
dos juízos é prejudicada por deficiência intelectual
e pobreza cognitiva do indivíduo.
–Conceitos são inconsistentes; e o raciocínio, pobre e
defeituoso. Os juízos são por demais simplistas,
concretos e sujeitos à influência do meio social
•Delírio

Alterações do raciocínio
e do estilo de pensar
•O tipo e o estilo de pensamento comum de
um indivíduo não acometido por doença
mental são apenas precariamente lógicos.
Isso faz com que seja difícil discriminar
entre pensamento normal e pensamento
patológico.
•Ainda assim, alguns padrões emergem da
observação da psicopatologia.

Alterações do raciocínio
e do estilo de pensar
•Pensamento mágico. É o tipo de pensamento que fere frontalmente os princípios da
lógica formal, bem como os indicativos e imperativos da realidade.
–Contiguidade e similaridade
•Pensamento dereístico. Só obedece à lógica e à realidade naquilo que interessa ao
desejo do indivíduo, distorcendo a realidade para que esta se adapte aos seus anseios.
–O pensar volta-se muito mais ao mundo interno do sujeito, suas fantasias e seus sonhos,
manifestando-se como um devaneio, no qual tudo é possível e favorável ao indivíduo
•Pensamento inibido. Ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade e do
número de conceitos, juízos e representações utilizados no processo de pensar
•Pensamento vago. Relações conceituais, formação dos juízos e a concatenação destes
caracterizadas pela imprecisão
–Pode ser um sinal inicial da esquizofrenia ou ocorrer em quadros demenciais iniciais, transtornos da
personalidade (p. ex., esquizotípica) e neuroses graves

Alterações do raciocínio
e do estilo de pensar
•Pensamento prolixo. O paciente não consegue chegar a
qualquer conclusão sobre o tema de que está tratando,
senão após muito tempo e esforço.
•Pensamento oligofrênico (deficitário). Estrutura pobre e
rudimentar. O indivíduo tende ao raciocínio concreto; os
conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal
que abstrato ou metafórico. A abstração apenas ocorre
com dificuldade, sem consistência ou grande alcance.

Alterações do raciocínio
e do estilo de pensar
•Desorganização do pensamento
–Pensamento demencial. Semelhante ao oligofrênico, mas o
empobrecimento é desigual
–Pensamento confusional. Pensamento incoerente, tortuoso, devido à
turvação da consciência.
–Pensamento desagregado. Pensamento radicalmente incoerente, no
qual os conceitos e os juízos não se articulam minimamente de forma
lógica. A linguagem correspondente é o que se denomina “salada de
palavras”.
•Pensamento obsessivo. Predominam ideias ou representações
que, apesar de terem um conteúdo absurdo ou repulsivo ao
indivíduo, se impõem à consciência de modo persistente e
incontrolável

Alterações do processo do pensar:
Curso
•Aceleração do pensamento
•Lentificação do pensamento
•Bloqueio ou interceptação do pensamento. Verifica-se quando o
paciente, ao relatar algo, no meio de uma conversa, brusca e
repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo
aparente. O doente relata que, sem saber por que, “o pensamento
pára”, é bloqueado.
•Roubo do pensamento. É uma vivência, frequentemente associada ao
bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de
que seu pensamento foi roubado de sua mente, por uma força ou ente
estranho

Alterações do processo do pensar:
Forma
•Fuga de ideias. É uma alteração da estrutura do pensamento secundária à acentuada aceleração do
pensamento, na qual uma ideia se segue a outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as
associações lógicas entre os juízos e os conceitos
–Assonâncias, associação com estímulos externos contingentes
•Dissociação do pensamento. Os pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência
lógica e bem-organizada, e os juízos não se articulam de forma coerente uns com os outros.
•Afrouxamento das associações. As associações parecem mais livres, não tão bem-articuladas.
•Descarrilhamento do pensamento. O pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, toma
atalhos colaterais, des vios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu curso original.
•Desagregação do pensamento. Profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da
coerência do pensamento. Sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e idéias fragmentadas

Alterações do processo do pensar:
Conteúdo
•Temas principais:
1. Persecutórios
2. Depreciativos
3. Religiosos
4. Sexuais
5. De poder, riqueza, prestígio, ou grandeza
6. De ruína ou culpa
7. Conteúdos hipocondríacos

Semiotécnica do pensamento
•Verificar a capacidade de abstração e de generalização e o grau de
sofisticação das respostas:
–Que diferença há entre a mão e o pé? Entre o boi e o cavalo? Entre a água e
o gelo? E entre o cristal e a madeira?
–Entre um quilo de chumbo e um quilo de palha, o que pesa mais? Que
diferença há entre falar uma coisa errada e dizer uma mentira? E entre a
admiração e a inveja? E entre ser uma pessoa econômica e ser uma pessoa
mesquinha, um “pão-duro”?
–Que semelhanças há entre o carro, o trem e o avião?
•Resposta precária e concreta: “São coisas.”
•Resposta correta, mas ainda concreta: “Servem para a gente andar.”
•Resposta com bom nível de generalização: “São veículos ou meios de transporte.”

Semiotécnica do pensamento
•Ao longo da entrevista, verificar:
–Como flui o pensamento do paciente; seu curso (velocidade, ritmo), forma e
conteúdos. O pensamento é lento e difícil ou rápido e fácil? O raciocínio alcança o
seu objetivo, chega a um ponto final, ou fica “orbitando” em temas secundários?
–A forma e o tipo de pensamento. O pensamento é coerente e bem-compreensível?
Ou é vago, com trechos incompreensíveis? O pensamento é predominantemente
incompreensível, muito incoerente? Há associações por assonância? Há fuga de
idéias? É concreto ou revela capacidade de abstração e uso de símbolos e
categorias de generalização? O pensamento respeita a realidade ou segue os
desígnios dos desejos e temores do paciente?

Semiotécnica do pensamento
•Se há pensamento desorganizado:
–tal desorganização é do tipo confusional (alteração da consciência),
demencial (alteração da cognição) ou deficitária (pobreza homogênea)?
•Estão presentes alterações características da esquizofrenia
(afrouxamento, descarrilhamento, desagregação)?
•Há idéias ou pensamentos do tipo obsessivo?
•Quais os conteúdos mais recorrentes e marcantes no discurso do
paciente?