01 - O texto injuntivo e o imperativo

01 - O texto injuntivo e o imperativo

1. O texto injuntivo

Ao escrever um texto (e divulgá-lo), o autor/escritor pode ter, dentre várias
intenções, as seguintes: comunicar acontecimentos; expor/defender ideias; expressar
perplexidade/espanto/emoção com relação fatos vividos; compartilhar reflexões/emoções;
etc.
No entanto, até os mais experientes escritores reconhecem que escrever não é uma
tarefa fácil. Isto porque a forma escrita da língua obedece a normas mais rígidas que as da
língua falada, uma vez que esta não apresenta o grau de formalidade exigido por aquela,
como sabemos.
Portanto, para produzirmos um texto, devemos, em primeiro lugar, identificar o
modo de organização desse texto, que pode ser basicamente dos seguintes tipos: narração,
descrição, argumentação, exposição e injunção. Deve-se entender que todo texto tem sua
intencionalidade, e só percebendo a intenção do texto, poderemos dizer qual seu modo de
organização. E é muito comum que essas formas de organização se entrelacem ao longo
dos textos, como artigos de jornal, ou narrativas de diversos gêneros, ou mesmo cartas,
textos de propaganda etc.
Iremos no deter, por ora, na injunção. De acordo com a definição do Professor
Azeredo, na Gramática Houaiss (p. 88):

A injunção consiste no emprego e formas da linguagem com que o enunciador
explicita sua intenção de levar o destinatário, ouvinte ou leitor, a praticar atos ou ter
atitudes. Esse modo é próprio das receitas, manuais, propaganda.
(AZEREDO, 2009)

Logo, o texto injuntivo tem por meta fazer com que o interlocutor faça alguma
coisa, mude o comportamento, acate alguma sugestão ou mesmo aprenda a operar algo.
Enfim, um tipo de texto que se dirige diretamente ao leitor/ouvinte. É o caso, por exemplo,
dos manuais de instruções. Observe o texto abaixo:

Limpe somente utilizando pano umedecido e sabão neutro – nenhum tipo de produto
químico deve ser utilizado, sob risco de afetar as propriedades da matéria prima plástica.
Jamais lubrifique este ventilador – pois o líquido lubrificante poderá migrar para as partes
plásticas, causando danos irreversíveis.
Instale num instalador credenciado (vide relação de assistência técnica) – para evitar a
perda de garantia em caso de má instalação.
Utilize apenas lâmpadas incandescentes de no máximo 60 W – para modelos que aceitam 2
lâmpadas.

O texto que você leu pertence a um manual de instruções de um ventilador de teto.
O que você assinala como correto em relação ao texto lido acima?
Colégio Pedro II - Unidade Tijuca II
Departamento de Língua Portuguesa
Coordenadora: Rosângela Abraão
Professores: Vanessa Gomes e Rosângela Abraão

2. ( ) Ele se propõe a descrever o ventilador de teto.
( ) Ele informa onde comprar o ventilador.
( ) Ele indica o tipo de comportamento que o usuário deve ter ao usar o instrumento.
( ) O texto conta o que acontece sempre que alguém usa o aparelho.
( ) Ele orienta o usuário na maneira correta de manusear o ventilador.

O modo Imperativo

E você reparou como as frases do texto acima se iniciam? Os verbos estão no modo
Imperativo, que é o modo verbal da ordem, do pedido, da orientação, da sugestão, etc. No
texto, por exemplo, podemos observar os verbos: “limpe”, “lubrifique”, “instale”, “utilize”.
O Imperativo é formado pelo Presente do Subjuntivo e pelo Presente do Indicativo:

 no afirmativo, apenas as 2ª pessoas (tu e vós) são tiradas do Presente do Indicativo
sem o –s (sublinhadas no quadro), e as outras pessoas saem do Presente do
Subjuntivo.
 no negativo, todas as pessoas são tiradas do Presente do Subjuntivo.

FALAR (1ª conjugação)
Presente do
Subjuntivo
Presente do
Indicativo
Imperativo
afirmativo
Imperativo
negativo
Eu fale falo ------ ------
Tu fales falas fala não fales
Ele / Ela / Você fale fala fale não fale
Nós falemos falamos falemos não falemos
Vós faleis falais falai não faleis
Eles / Elas / Vocês falem falam falem não falem
ESCREVER (2ª conjugação)
Presente do
Subjuntivo
Presente do
Indicativo
Imperativo
afirmativo
Imperativo
negativo
Eu escreva escrevo ------ ------
Tu escrevas escreves escreve não escrevas
Ele / Ela / Você escreva escreve escreva não escreva
Nós escrevamos escrevemos escrevamos não escrevamos
Vós escrevais escreveis escrevei não escrevais
Eles / Elas / Vocês escrevam escrevem escrevam não escrevam
PARTIR (3 ª conjugação)
Presente do
Subjuntivo
Presente do
Indicativo
Imperativo
afirmativo
Imperativo
negativo
Eu parta parto ------ ------
Tu partas partes parte não partas
Ele / Ela / Você parta parte parta não parta
Nós partamos partimos partamos não partamos
Vós partais partis parti não partais
Eles / Elas / Vocês partam partem partam não partam

3. Então:

Imperativo afirmativo:
 tu e vós - presente do Indicativo sem –s.
 você, nós, vocês - presente do Subjuntivo.

Imperativo negativo:

 todas as pessoas saem do presente Subjuntivo.

Exercícios:

Os anjos - Renato Russo

Hoje não dá
Hoje não dá
Não sei mais o que dizer
E nem o que pensar.
Hoje não dá
Hoje não dá
A maldade humana agora não tem nome
Hoje não dá.
Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja,
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espírito de
porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça.
Hoje não dá
Hoje não dá
Está um dia tão bonito lá fora
E eu quero brincar
Mas hoje não dá
Hoje não dá
Vou consertar a minha asa quebrada
E descansar.
Gostaria de não saber destes crimes
atrozes
É todo dia agora e o que vamos fazer?
Quero voar pra bem longe, mas hoje não
dá
Não sei o que pensar e nem o que dizer
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou.

1. Que verso da segunda estrofe mostra que ele está decepcionado com as pessoas de
maneira geral?
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2. Assinale o que pode ser relacionado com a “receita” que há na letra da música:

( ) Ela indica o que se deve fazer quando estamos tristes.
( ) Ela ensina como viver sem se preocupar com nada.

4. ( ) A receita é a forma como o poeta acha que as pessoas usam como fórmula para
viverem tendo vantagens.
( ) Essa receita é o que poeta gostaria de fazer para poder se proteger do mundo.

3. Mesmo estando muito triste com as pessoas, o poeta tem esperança. Que versos
confirmam essa afirmativa?

( ) “Gostaria de não saber destes crimes atrozes”
( ) “Quero voar pra bem longe, mas hoje não dá”
( ) “Está um dia tão bonito lá fora / E eu quero brincar”
( ) “Só nos sobrou do amor / A falta que ficou.”
( ) “Vou consertar minha asa quebrada / E descansar”

4. Agora, releia com atenção a letra de Os anjos e informe em que modo estão os verbos da
“receita” apresentada na letra.
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5. Em seguida, reescreva no seu caderno apenas a “receita” apresentada no texto, usando a
forma do Infinitivo os verbos que estão no Imperativo.
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6. Compare as duas maneiras de apresentar a “receita” e pense: em qual das duas, o emissor
parece mais suave em suas instruções?
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7. Observe as locuções verbais retiradas tanto do manual de instruções quanto da letra de
Os anjos. Numere a primeira coluna tendo em vista o aspecto que o verbo auxiliar
acrescenta ao sentido do verbo principal:

( ) deve ser utilizado ( 1 ) vontade ( 4 ) probabilidade
( ) poderá migrar ( 2 ) obrigatoriedade ( 5 ) possibilidade
( ) quero voar ( 3 ) hipótese