O que é Teologia? Composta de duas palavras gregas ( Theos e logos), a teologia, etimologicamente, é um tratado sobre Deus. Neste sentido, antes de ter sido usada pelos autores cristãos, foi usada pelos escritores gregos, o que significa que se pode e se deve distinguir entre uma teologia natural ( teodiceia ) e uma teologia sobrenatural. Outro sinônimo seu, em uso desde o tempo da Escolástica, é o de "doutrina sagrada".
Ciência da Fé Na expressão acertada de Karl Rahner (1904-1984 ), teologia é "a explanação e explicação consciente e metodológica da Revelação divina, recebida e aprendida na fé". Nesta formulação estão presentes os elementos identificadores de uma autêntica teologia cristã. Trata-se, de fato, de "ciência da fé", entendida como esforço humano para compreender e interpretar a experiência de fé de uma comunidade e comunicá-la em linguagem e símbolos.
Intellectus Fidei São várias as definições de teologia que os teólogos cristãos têm dado, mas todas elas se referem geralmente ou à revelação ou à fé. Por isso, se diz que a teologia é a reflexão sistemática sobre a revelação ou a ciência da fé, em latim, intellectus fidei , a fé como ciência.
Experiência de Fé A teologia nasce da fé; é seu desdobramento teórico ou intelectual. A experiência da fé constitui sua condição interna, essencial e vital. Com a razão o cristão procura aprofundar, justificar e esclarecer seu ato de fé em Deus. Isto é, busca "compreender o que crê" ou captar pela razão aquilo de que já está convencido pela fé.
A Comunidade Fiel Teologia se faz dentro da Comunidade eclesial e como serviço ao Povo de Deus. Com efeito, trata-se de "teologia da fé" e fé é "fé da Igreja". É na Comunidade eclesial que essa fé nasce, cresce e se mantém. Assim, teologia não é uma atividade privada, mas essencialmente eclesial.
Refletir um Encontro Na Comunidade eclesial a fé é testemunhada primeiramente no querigma (anúncio) e só depois transmitida na didaskalia (ensino). A teologia não reflete, em primeiro lugar, uma doutrina, mas a própria Revelação, entendida como "verdade-evento": o acontecimento da Verdade salvífica na História, acolhida na fé.
A Razão Atenta No fundo, a teologia é a tentativa de pôr ordem e unidade no conjunto do plano de salvação de Deus, manifestado e comunicado aos homens no decorrer da história. É Deus e o seu mundo submetidos à atenção da razão humana, a fim de Lhe captamos as suas pulsações interiores e assim podemos dar uma solução aos problemas fundamentais do homem.
Componentes Essenciais A teologia, além de ler no passado, tem também o encargo de atualizar as verdades da fé para os homens de cada época, respondendo às suas perguntas, inquietações e esperanças, com a linguagem que lhes é própria. Para tal, é preciso um olho retrospectivo, que olha para a revelação e a fé; e um prospectivo, que se lança para o presente e o futuro , a fim de os iluminar com a luz da fé. Duas tarefas que, unidas, formam a chamada hermenêutica e que exigem do teólogo o difícil e arriscado empenho de conjugar a fidelidade e a criatividade.
Contínua Atualização Não nos podemos limitar a dizer que a teologia é a fé que procura compreender. Ela é também o esforço permanentemente renovado de atualização . Nesta sua função, ela sente a necessidade da ajuda que lhe podem oferecer as ciências humanas, em especial a filosofia. Na verdade, a teologia exerce uma função de mediadora entre a Igreja e o mundo e a cultura do momento
Fontes da Teologia O projeto divino da Revelação realiza-se ao mesmo tempo "por ações e por palavras ligadas entre si e que se iluminam mutuamente". Por etapas Deus vai se revelando e pedagogicamente conduz seu povo a acolher esta sua auto-revelação que culmina na pessoa e missão de Jesus de Nazaré, seu Verbo encarnado.
A Revelação Aprouve a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina. Em virtude desta revelação, Deus invisível, na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele... (DV 2)
Sagrada Escritura A Bíblia não é um tratado sistemático, mas uma história, precisamente a história da salvação e da comunhão. A revelação natural é superada e transcendida em beleza, isto é, Deus faz-Se amigo do homem. Uma revelação que, no entanto, não acaba com o mistério, porque, enquanto revela, apenas levanta o véu (a revelação, literalmente, também re-vela, isto é, vela de novo). Velar e revelar são os seus componentes essenciais. Revelação e mistério são as duas faces da mesma medalha.
Depositum Fidei A transmissão da Revelação divina se faz pela Tradição apostólica e pela Escritura, estreitamente unidas entre si e reciprocamente comunicantes. Ambas, de fato, promanam da mesma fonte e, de certo modo, tendem ao mesmo fim. Embora a Revelação esteja terminada, pois Cristo é o mediador pleno da inteira auto-manifestação divina, ela ainda não está "explicitada" por completo. Cabe à fé cristã no decorrer dos tempos captar todo o seu alcance ...
Mediar e Interpretar A revelação, que é a automanifestação de Deus pela comunhão, não se realiza em estado puro. Ela exige sempre uma mediação, uma interpretação, uma aceitação por parte da pessoa (ou da comunidade) que a recebe. Esta recepção é hoje considerada como elemento constitutivo da própria revelação. Assim, por exemplo, o Novo Testamento não é só palavra que cai do alto, mas também um eco vivo da Igreja primitiva que a recebeu, viveu e transmitiu . a Tradição não é senão o modo concreto como a comunidade crente escutou, em cada época, a revelação.
Tradição Apostólica A primeira interpretação do acontecimento-Jesus é constitutiva e normativa para a Igreja de todos os tempos. A comunidade cristã deve voltar sempre a ela, para lhe apreender o sentido profundo e predispor-se, assim, à sua atualização, uma vez que ela constitui a fonte fundamental da fé.
O Elo: Vida e Texto A Sagrada Escritura não é uma cristalização direta da comunidade apostólica, realizada sob o carisma da inspiração e a vigilância dos apóstolos. Por conseguinte, não podemos estar seguros de encontrar nela, total e explicitamente, o pensamento e a prática da Igreja Apostólica... É aqui que se torna necessário recorrer à tradição eclesiástica, a fim de nos esclarecermos sobre as fontes escriturísticas .
Tradição Pós-Apostólica A tradição pós-apostólica (ou eclesiástica) é o modo como a Igreja compreendeu a revelação ao longo dos séculos, em função dos novos problemas da Humanidade: uma atualização contínua, sob a bandeira da fidelidade e da criatividade. Se, quanto à sua etapa constitutiva, a revelação ficou encerrada para sempre com a morte do último apóstolo, a sua atualização, no seio da Igreja, nunca termina. A fidelidade ao passado jamais pode eliminar o dever para com o presente.
Magistério da Igreja Ao Magistério, que possui «O carisma da verdade», foi confiado «O interpretar autenticamente a palavra de Deus inscrita ou contida na Tradição» (DV 10) e esta sua função normativa e esclarecedora deve ser vista em relação a duas realidades que é chamado a servir: por um lado, em relação à palavra de Deus, a única norma absoluta; por outro, em relação à comunidade dos crentes que, no seu conjunto, possui o sentido da fé que não erra (LG 12).
Tipos de Magistério O magistério da Igreja é exercido de várias maneiras e com graus de intensidade crescente. É fundamental a distinção entre magistério autêntico em si, mas não infalível, e magistério autêntico e infalível . O aspecto da fé em questão é o da verdade e o dos conteúdos. É neste domínio que compete ao magistério institucional da Igreja estabelecer os limites entre verdade e erro, entre normas estabelecidas da fé e as que dela se afastam.
“Parece bom, pensar” O dogma é em si mesmo imutável, embora se possa falar de evolução do dogma, no sentido em que este não se considera como uma fórmula estática e absolutizada , mas aberta ao progresso e que pode, por isso mesmo, ser integrada, aprofundada ou ainda, em último termo, substituída por uma expressão melhor e mais compreensível.
Jesus Cristo Cristo é o centro, o objetivo e a plenitude da Revelação. A fé da Igreja confessa e anuncia que a autocomunicação de Deus se deu em plenitude na pessoa histórica de Jesus Cristo, mediador entre o Pai e a Humanidade, pois o “Verbo se fez carne”. É por isso que, na perspectiva cristã, toda a Bíblia deve ser lida à luz de Cristo, de sua palavra e de sua vida .
Todo joelho se dobrará Os grandes teólogos são pessoas de intensa vida espiritual. A fé vivida é a alma da teologia e, por isso, esta deve ser feita “de joelhos”, orando. De fato, só uma teologia genuflexa ( Han Urs von Balthasar ) pode obter do Espírito o dom de uma mente iluminada.