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coração e amam o Seu salvador”.
Em segundo lugar, temos as 97 teses de Lutero contra os
escolásticos. Ele fala muito sobre Aristóteles entre as teses
43 e 49. Basicamente, contra Aristóteles. Sua tese 46 diz: “É
em vão que se forja uma lógica da fé, uma suposição sem pé
nem cabeça”. A tese 47 diz que “nenhuma forma silogística
subsiste em questões divinas”. A tese 49 é muito bonita: “Se
uma fórmula silogística subsistisse em questões divinas, o
artigo sobre a Trindade seria conhecido, em vez de ser crido”.
Aqui, Lutero cria um certo tipo de oposição entre aceitar
pela fé, crendo em certas doutrinas bíblicas, e tentar prová-
las argumentando filosófica e silogisticamente, por vias
aristotélicas.
Em terceiro lugar, João Calvino, nas suas Institutas, segue
o mesmo caminho. Respondendo à pergunta “por que Adão
não perseverou na fé?”, ele responde: “No entanto, por que
não quis sustentá-lo com o poder da perseverança, isso está
oculto em seu conselho secreto”. Apreendemos, portanto,
que Calvino cria em um conselho secreto de Deus. Calvino
diz mais: “Que aqui ninguém vocifere dizendo que Deus
poderia ter acudido melhor à nossa salvação se houvesse
impedido a queda de Adão, visto que essa objeção, em vista
da curiosidade em extremo ousada que envolve, não só
deve ser abominada pelas mentes piedosas, como também
pertence ao mistério da predestinação”.
de arminianos. Dentro do calvinismo, temos homens como
Vincent Cheung. É um tipo de autor que, mesmo não sendo
reconhecido em nenhum lugar do mundo, fez sucesso
exclusivamente no Brasil. Ele escreve algumas atrocidades
como o livro “O autor do pecado ”. Nesse livro, ele argumenta
que Deus é o autor do pecado, e não há problema nenhum
nisso. É uma tentativa de responder o problema do mistério
por outras vias, indo para o lado de um hipercalvinismo,
que certamente apresenta uma oposição ao que é dito pela
Escritura e só convence quem não consegue entender os
limites da revelação.
Permita-me dar três exemplos históricos interessantes. Em
primeiro lugar, os Cânones de Dort. O artigo 14 do primeiro
capítulo diz o seguinte: “Essa doutrina deve ser ensinada na
igreja de Deus – para qual ela foi particularmente destinada
– em tempo e lugar apropriados, com espírito criterioso,
de modo reverente e santo, sem curiosa investigação nos
caminhos do Altíssimo, para a glória do santíssimo nome
de Deus, e para a viva consolação do Seu povo”. No artigo
18, é dito algo muito parecido: “nós, porém, adorando
com reverência estes mistérios, exclamamos com o
apóstolo: Ó profundidade da riqueza [...]”. No artigo 13, o
documento ainda reconhece que não podemos compreender
a completude do agir de Deus: “Na vida presente, não é
possível aos que creem compreenderem totalmente o modo
como Deus realiza esta obra. Contudo, lhes é suficiente
conhecer e sentir que por essa graça de Deus eles creem de