Jorge E. Brandán – - Doutrina Social da Igreja - 3
Visões economicistas do homem.
2
Visão consumista.
Visão individualista.
Visão colectivista.
Sob o signo do económico, podem-se assinalar na América Latina três
visões do homem que, embora distintas, têm raiz comum. Das três talvez a menos
consciente e, apesar de tudo, a mais generalizada seja a “visão consumista”. A pessoa
humana está como que lançada na engrenagem da máquina da produção industrial; é
vista apenas como instrumento de produção e objecto de consumo. Tudo se fabrica e se
vende em nome dos valores do ter, do poder e do prazer, como se fossem sinónimos da
felicidade humana. Impede-se assim o acesso aos valores espirituais e promove-se, em
razão do lucro, uma aparente e muito onerosa "participação" no bem comum.
Ao serviço da sociedade de consumo, mas projectando-se para além da
mesma, o liberalismo económico, de praxis materialista, apresenta-nos uma “visão
individualista” do ser humano. Segundo esta visão, a dignidade da pessoa está na
eficácia económica e na liberdade individual. Encerrada em si própria e com frequência
aferrada ao conceito religioso de salvação individual, cega-se para as exigências da
justiça social e coloca-se a serviço do imperialismo internacional do dinheiro, a que se
associam muitos governos esquecidos de suas obrigações em relação ao bem comum.
Oposto ao liberalismo económico de forma clássica e em luta permanente
contra as suas consequências injustas, o marxismo clássico substitui a visão
individualista do homem por uma “visão colectivista”, quase messiânica, do mesmo. A
meta existencial do ser humano coloca-se no desenvolvimento das forças materiais de
produção. A pessoa não é originariamente sua consciência; é antes constituída por sua
existência social. Despojada do arbítrio interno que lhe pode assinalar o caminho da
realização pessoal, recebe suas normas de comportamento unicamente daqueles que são
responsáveis pela mudança das estruturas sócio-político-econômicas. Desconhece,
portanto, os direitos humanos, especialmente o direito à liberdade religiosa, que está na
base de todas as liberdades. Desta forma, a dimensão religiosa, cuja origem estaria nos
conflitos da infra-estrutura económica, se orienta para uma fraternidade messiânica sem
relação com Deus. Materialista e ateu, o humanismo marxista reduz o ser humano, em
última instância, às estruturas externas.
Leitura e compreensão do texto.
1-Qual é a raiz comum das três visões economicistas do homem?
2-Por que a visão consumista é a menos consciente e mais generalizada?
3-Que diferença há entre indivíduo e individualista?
2
PUEBLA,