Aula sobre crônica
O texto chama-se “Defenestração”.
Objetivos:
Conhecer uma crônica e suas características;
Produzir uma crônica.
Size: 8.53 MB
Language: pt
Added: Jul 20, 2023
Slides: 19 pages
Slide Content
LÍNGUA PORTUGUESA 3ª SÉRIE CRÔNICA
Conhecer uma crônica e suas características; P roduzir uma crônica . OBJETIVOS
O texto que vamos ler agora chama-se “ Defenestração”. Levante hipóteses: O que significa essa palavra? Começo de conversa
Defenestração Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra. Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria. – Os hermeneutas estão chegando! – Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada… (...) Traquinagem devia ser uma peça mecânica. – Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
Continuando a leitura... Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar no ouvido das mulheres: – Defenestras? A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas… Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais. Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? (...) Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “ defenestration ”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.Ato de atirar alguém ou algo pela janela! Acabou a minha ignorância, mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Continuando a leitura...
Afinal , não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração? Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. (...) Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar. – Querida… – Mmmm ? – Há uma coisa que preciso lhe dizer… – Fala, amor! Continuando a leitura...
– Sou um defenestrador . [...] Em outra ocasião, uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia: – Fui defenestrado… Alguém comenta: – Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela? Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti. Luís Fernando Veríssimo. O Analista de Bagé. 6ª ed. Porto Alegre.L&PM ed. 1981. p. 29-31. Continuando a leitura...
a) O texto que lemos é uma crônica. Segundo informações fornecidas pelo texto, por que o narrador é fascinado pela palavra defenestração? b) No decorrer do texto, o narrador imaginava possíveis significados para defenestração. Pela ordem, quais os sentidos que ele atribui à palavra? ATIVIDADE 1 CRÔNICA DEFENESTRAÇÃO
a) Sugestão de resposta. Porque ele se encantava com a palavra, primeiro por causa dos significados que imaginava para ela, depois por causa do significado dicionarizado dela. b) No decorrer do texto, o narrador imaginava possíveis significados para defenestração. Pela ordem, poderíamos dizer que ele atribuía à palavra os seguintes sentidos: conduta sexual não convencional, dedetização, deferimento. ATIVIDADE - RESPOSTA
A palavra crônica deriva do Latim “chronica” e do grego “chronos” que significa tempo . O relato de acontecimentos em sua ordem temporal cronológica deu origem à crônica. Sendo, portanto, um registro cronológico de eventos. O que é uma CRÔNICA? No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no “Journal de Débats”, publicado em Paris.
a) Por que, mesmo após descobrir o real significado da palavra defenestração , o narrador continua fascinado por ela? b) No trecho “Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais”, a que se refere narrador quando utiliza o termo misteriosas ? c)Releia: “Certas palavras têm o significado errado. Falácia , por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal.” Você consegue descobrir, pelo contexto, o significado da palavra falácia ? ATIVIDADE 2
a) Sugestão de resposta. Porque o significado dela remete a um ato pouco comum, e ele fica imaginando as razões da existência de tal palavra. b) Refere-se ao fato de que a linguagem formal (jurídica, no caso) utiliza palavras cujo significado é desconhecido pela maioria das pessoas. c) Falácia é uma falsidade, um sofisma (no aristotelismo, é raciocínio falso que simula a verdade). ATIVIDADE - RESPOSTA
CARACTERÍSTICAS DAS CRÔNICAS Ao escrever, os cronistas buscam emocionar e envolver seus leitores, convidando-os a refletir, de modo sutil, sobre situações do cotidiano, vistas por meio de olhares irônicos, sérios ou poéticos, mas sempre agudos e atentos. Um olhar atento sobre o cotidiano! Crônica
CARACTERÍSTICAS DAS CRÔNICAS
SOBRE O AUTOR Luis Fernando Veríssimo, nascido em Porto Alegre – RS, em 1936 é escritor, humorista, cartunista, tradutor, rotei r ista de televisão, autor de teatro e romancista brasileiro. Já foi publicitário e revisor de jornal. Com mais de 80 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo .
Acesse o aplicativo Redação Paraná! https://redacao.pr.gov.br/ Selecione: Proposta de: Atividade Escolar > Gênero textual: Crônica > Tema: Um fato qualquer . Não se esqueça de revisar seu texto antes de entregar ao seu professor. A T I V I D A D E - M Ã O N A M A S S A 25 min.
Lemos e interpretamos uma crônica sobre o significado de uma palavra e a confusão que pode gerar o seu desconhecimento . Reconhecemos características deste tipo de texto e p roduzimos uma crônica. O que aprendemos... Descritores trabalhados na aula D06 - Identificar o tema de um texto. D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.