Assistência ao trauma
Introdução ao trauma.
Cinemática do trauma.
Bloco 1
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Introdução ao trauma
Mundo: 5,8
milhões/ano.
Basil: 125 mil/ano.
Sexo: masculino.
Idade: economicamente
ativa.
Acidentes
automobilísticos,
quedas, FAB, FAF e
agressões.
O evento traumático gera
uma queda na homeostase
orgânica pela troca de
energias entre tecido e meio.
Acontecimento de origem
não natural, intencional
ou não e com magnitude
variável, que atinge um
ou mais sujeitos
acarretando uma injúria.
(RIBEIRO JR, 2016; ATLS, 2018)
Conhecimento e apreciação
do mecanismo do trauma
permite prever lesões.
(MARQUES et al., 2016)
Tipos de traumas
A interação entre os tecidos e o meio, tende a ativar a propriedade elástica
natural dos tecidos, suscitando seu rompimento ou deslocamento e alterando
sua posição anatômica.
Cavidade temporáriaCavidade permanente
(CANETTI et al., 2007)
Trauma penetranteTrauma contuso
Trauma fechado
Cinemática do trauma: energia cinética
A absorção de energia cinética do movimento é o componente
básico da produção de lesão.
Considerar:
•Colisão da máquina, colisão do corpo, colisão dos órgãos
internos.
•Deformidade do veículo (indicação das forças envolvidas).
•Deformidade de estruturas interiores (indicação de onde a
vítima colidiu).
•Padrões de lesão da vítima (indicação de quais partes do
corpo podem ter colidido).
(ACS COT, 2020; CANETTI, 2007)
Cinemática do trauma: fases do impacto
Acontecimentos que precedem o
incidente, comorbidades, uso de
substâncias psicoativas e acidentes
prévios.
Caracteriza- se pela interação entre os
corpos e o intercâmbio energético.
Injúrias acarretadas pelo arremesso
do corpo após o trauma.
Pré-impacto
Impacto
Pós-impacto
(ACS COT, 2020; CANETTI, 2007)
Tipo de trauma e as respectivas lesões esperadas
Colisão frontal Lesões nos membros inferiores, tórax, cabeça e coluna
cervical.
Colisão lateral Membros superiores e na clavícula, abdômen e anel
pélvico.
Colisão traseiraHiperextensão cervical e traumatismo craniano.
Colisão capotamentoQualquer lesão. Hiperextensão cervical e traumatismo
craniano.
Quedas Membros inferiores, anel pélvico, lesão axial da coluna
lombar e cervical.
Tipo do trauma Ferimentos mais comuns
Quadro 1 –Resumo do tipo do trauma e as lesões mais comuns
Fonte: adaptado de ATL (2018).
Outros tipos de trauma: capotamento e motociclistas
Capotamento:impactos em qualquer direção,
aumentando a potencialidade das injúrias. Há ainda
maior possibilidade de ejeção do automóvel,
piorando seu prognóstico.
Motociclistas:são mais graves pela ausência de
proteção dos ocupantes; as formas de proteção
envolvem o uso de capacete, os demais critérios
mencionados acima e roupas de proteção. As
principais lesões proporcionadas nessas vítimas são
na cabeça, pescoço e extremidades.
Outros tipos de trauma: atropelamento
Potencialmente fatais, com ferimentos internos graves, considerando que a
massa do veículo é sempre maior que a do pedestre.
Três momentos:
Veículo x Vítima
Vítima x Veículo
Vítima x Solo
Figura 1–Atropelamento
Fonte: weicheltfilm/iStock.com.
Outros tipos de trauma: quedas (desaceleração)
Depois dos acidentes
automobilísticos, as
quedas são as mais
prevalentes, sendo
relevante a altura
(quanto maior mais
grave), área do corpo
que absorveu o
impacto e superfície
onde ocorreu a queda.
Fonte: RealPeopleGroup/iStock.com.
Figura 2 –Queda
Outros tipos de trauma: FAB
•Objetos pontiagudos.
•Lesões de trajeto.
•Considerar múltiplos
ferimentos.
•Se estiver no corpo, não
remover.
•O levantamento abrangente
e minudenciado do histórico
da ocorrência traumática e a
correta interpretação destes
elementos admite a predição
adequada das lesões.
(ACS COT, 2020; CANETTI, 2007)
Fonte: zoka74/iStock.com.
Figura 3 –Arma branca
Outros tipos de trauma: FAF
•Energia cinética = ( ½ da massa
x velocidade) produzida por
um projétil dependente,
principalmente, da velocidade.
•Consideradas de baixa
velocidade as armas de mão e
alguns rifles. As lesões
infligidas por armas de alta
velocidade apresentam o fator
lesivo de pressão hidrostática.
•Orifício de entrada e saída e
trajeto do projétil.
Fonte: Powerofforever/iStock.com.
(ACS COT, 2020; CANETTI, 2007)
Figura 4 –Ferimento por
arma de fogo
Assistência ao trauma
Avaliação primária
Bloco 2
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Sistematização da assistência:
•Avaliação primária
(XABCDE).
•Medidas auxiliares à
avaliação primária e à
ressuscitação.
•Avaliação secundária e
medidas auxiliares.
•Reavaliação e
monitoração contínuas
após a reanimação.
•Terapêutica definitiva.
(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Avaliação primária: “X” Exsanguinação
Controle de
hemorragias
exanguinantes.
Ponderar sobre o
uso do torniquete e
do ácido
tranexâmico.
Figura 5 -Hemorragias
Fonte: RossHelen/iStock.com.
(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Avaliação primária: “A” Vias aéreas e proteção da coluna vertebral
Permeabilidade das
vias aéreas pelas
manobras: chinliftou
jawthrust, ajuizar se
há necessidade do uso
da cânula orofaríngea
e/ ou via aérea
definitiva. Colocar
colar cervical. Figura 6 –Vias aéreas
Fonte: decade3d/iStock.com.(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Avaliação primária: “B” Boa ventilação e respiração
Examinar a presença
e as características
respiratórias e
ponderar sobre a
necessidade de
receber oxigenação.
Figura 7 –Pulmão humano
Fonte: magicmine/iStock.com.
(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Avaliação primária: “C” Circulação e controle de hemorragias
Aferir parâmetros vitais,
em casos de hipovolemia,
preconiza-se a infusão de
cristaloides por um
acesso venosos periférico de grande calibre. Identificar sinais de hemorragia interna: tempo de enchimento capilar >3s, pele fria e pegajosa e perturbação do nível e qualidade de consciência.
Figura 8 -Circulação sanguínea
Fonte: myboxpra/iStock.com.
(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Avaliação primária: “D” Disfunção neurológica
Apreciação do nível de
consciência, dimensão e
reatividade pupilar e
avaliação do nível da lesão
medular, se houver.
Empregar a Escala de
Coma de Glasgow atual.
Figura 9 -Neurologia
Fonte: myboxpra/iStock.com.
Avaliação primária: “E” Exposição total do paciente
Julgamento da
extensão das lesões
e o controle do
ambiente, com
cuidado a
hipotermia.
Figura 10 –Ambiente do acidente
Fonte: franckreporter/iStock.com.
(ACS COT, 2020; RIBEIRO JR., 2016)
Assistência ao trauma
Avaliação secundária
Bloco 3
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Avaliação secundária: objetivo
•Identificar lesões ou alterações na saúde
que não foram identificados na
abordagem primária.
•Consiste na realização do levantamento
da história clínica pregressa,
antecedentes de saúde, dados pessoais,
exame físico detalhado.
•Entrevista com auxílio do mnemônico
SAMPLA.
SAMPLA
S Sintomas (queixas).
A Histórico de eventuais alergias.
M Medicamentos contínuo ou demais tratamentos.
P Passado médico, doenças prévias prenhez.
L Horário da ingestão de líquidos ou se alimentou.
A Qual foi o ambiente do evento.
Caso o paciente esteja incapaz de fornecer as
informações, considerar fontes secundárias de
dados, como prontuários, familiares, socorristas.
Exame físico
Céfalo.
Podal.
Utilizar das propriedades
propedêuticas inspeção,
palpação, percussão e
ausculta.
Tratamento definitivo
O tratamento definitivo deve ser instalado o mais precocemente possível e, caso o
local de atendimento a esse paciente não possua recursos suficientes para seu
tratamento, este precisa ser transferido urgentemente para um centro de trauma
mais especializado.
Fonte: gorodenkoff/ iStock.com.
Figura 11 –Paciente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Conclusão
O auxílio do conhecimento, acerca da cinemática do
trauma, realização sistemática das avaliações primária
e secundária no trauma, conduzem a correta atuação
do enfermeiro do trauma e terapêutica adequados a
melhorar a situação clínica do paciente.
Teoria em Prática
Bloco 4
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Reflita sobre a seguinte situação
B. A. F., 18 anos, sexo feminino, vítima de atropelamento por carro,
nega comorbidades e uso de medicações. Estava digitando no celular
quando foi atropelada. Avaliação na chegada: paciente sonolenta;
respondendo apenas quando chamada com toque REG; mucosas
coradas e hidratadas.
Pupilas isocóricas, reflexo fotomotor direto e consensual e reflexo
córneo-palpebral presentes em ambos os olhos. Com postura
alinhada em decúbito dorsal e sentada. Teste de Rombergnegativo.
Tórax apresenta formato normal, ritmo respiratório regular com FR=
30 mpm, respiração do tipo tóraco- abdominal. MV diminuídos a E.
Com RA (roncos espaços bilateralmente) Sat O2 90% com O2 2 l/ min.
Com guedel.
Reflita sobre a seguinte situação
PA em MSD 120 x 70 mmHg. FC = 120 bpm e irregular e
arrítmica. Quanto à perfusão periférica: sem alteração na
coloração (2/4+), tempo de enchimento capilar
preservado, apresenta discreta diminuição na temperatura
em MMII e pulsos periféricos universalmente presentes de
média amplitude.
Soroterapia em MSD. Ictus cordisin situ, com extensão de
dois polpas digitais, intensidade (4/4+). À ausculta
cardíaca: 2 BANF s/ sopros. Não possui frêmitos.
À avaliação do sistema urinário: paciente refere apresentar
micção espontânea em banheiro, 4x ao dia, coloração
amarelo-claro, sem odor e não apresenta sedimentos.
Reflita sobre a seguinte situação
Nega dor, hesitação ao urinar, retenção e incontinência
urinária. Rins não palpáveis; teste do choque
lomboabdominal: indolor (negativo). Relata que almoçou
há 40 minutos.
Como descrever a avaliação primária e secundária neste
caso?
Norte para a resolução...
Considerar o XABCDE do trauma para a avaliação
primária, por exemplo:
A e B: via aérea permeável com tubo de Guedel.
Taquipnéica, SatO2 90% com oxigênio por máscara de
O2. A inspeção torácica, assimetria na expansibilidade
pulmonar.
C: PA 120 x 10, com FC de 120 bpm, irregular e
arrítmico, AC 2BANF s/sopros.
D e E: doente com 13 na Escala de Coma de Glasgow
(O2 V5 M6 P0), pupilas isofotorreagentes, reativas e
simétricas. Procedeu-se à exposição da doente e
controle da temperatura.
Norte para a resolução...
S Sonolência, taquipneia, taquicardia e arritmia.
A Nega.
M Nega.
P Nega.
L Almoço completo há 40 minutos.
A Atropelamento pedestre versus moto.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Dica da professora:
Título: Protocolo X-ABCDE -Parte I.
“Abordagem primária no APH”.
Data: 04/01/2021.
Vídeo disponível no YouTube.
Título: Protocolo X-ABCDE -Parte II.
“Abordagem secundária no APH”.
Data: 06/01/2021.
Vídeo disponível no YouTube.
Dica da professora:
Referências
ACS COT. American CollegeofSurgeonsCommitteeonTrauma. AdvancedTrauma Life
Support-ATLS. 10. ed. Chicago: American CollegeofSurgeos, 2020.
BRENNAN, P. M.; MURRAY, G. D.; TEASDALE, G. M. Simplifyingtheuse ofprognostic
informationin traumaticbraininjury. Part 1: thegcs-pupilsscore: theGCS-Pupilsscore.
JournalOfNeurosurgery, [s. l.], v. 128, n. 6, p. 1612- 1620, jun./2018. Disponível em:
https://thejns.org/view/journals/j-neurosurg/128/6/article-p1612.xml. Acesso em: 25 set.
2020.
CANETTI, M. D. et al. Manual básico de socorro de emergência para técnicos em
emergências médicas e socorristas. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
NAYDUCH, D. Cuidados no trauma em enfermagem. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
RIBEIRO JUNIOR, M. A. F. (Org.). Fundamentos em cirurgia do trauma. São Paulo: Roca, 2016.
SILVA, M. R. et al. Diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem para pessoas
submetidas a cirurgias ortopédicas e traumatológicas. Revista enfermagem UFPE, Recife, v.
11, s. 5, p. 2033- 2045, maio/2017. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem /article/viewFile/23357/18977. Acesso
em: 14 fev. 2022.