4. Lerner. DéLia. Ler Escrever Escola. Paulo Deloroso

deacortelazzi 8,141 views 27 slides Nov 30, 2009
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Slide Content

Delia Lerner Delia Lerner
Ler e Escrever na Escola: o real, o possível e o Ler e Escrever na Escola: o real, o possível e o
necessárionecessário
20022002

Cap. 1 – Cap. 1 – Ler e Escrever na escola: o real, o possível e o Ler e Escrever na escola: o real, o possível e o
necessárionecessário..
 Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a
alfabetização em sentido estrito. alfabetização em sentido estrito.
 Participar na cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e Participar na cultura escrita supõe apropriar-se de uma tradição de leitura e
escrita e isso requer que a escola funcione como uma microcomunidade de escrita e isso requer que a escola funcione como uma microcomunidade de
leitores e escritores.leitores e escritores.
 O necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que produzem O necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que produzem
seus próprios textos para mostrar suas idéias, para informar sobre fatos que seus próprios textos para mostrar suas idéias, para informar sobre fatos que
os destinatários necessitam ou deve conhecer, para iniciar seus leitores a os destinatários necessitam ou deve conhecer, para iniciar seus leitores a
empreender ações que consideram valiosas, para convencê-los da validade empreender ações que consideram valiosas, para convencê-los da validade
dos pontos de vista ou das propostas que tentam promover, para reclamar, dos pontos de vista ou das propostas que tentam promover, para reclamar,
para compartilhar com os demais uma bela frase ou um belo escrito, para para compartilhar com os demais uma bela frase ou um belo escrito, para
intrigar ou fazer rir... intrigar ou fazer rir...
 Fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e Fazer da escola um âmbito onde leitura e escrita sejam práticas vivas e
vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem vitais, onde ler e escrever sejam instrumentos poderosos que permitem
repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde interpretar e
produzir textos sejam direitos legítimos a exercer e responsabilidades que é produzir textos sejam direitos legítimos a exercer e responsabilidades que é
necessário assumir. O necessário é preservar o sentido do objeto de ensino necessário assumir. O necessário é preservar o sentido do objeto de ensino
para o sujeito da aprendizagem.para o sujeito da aprendizagem.
 O real é que levar à prática o necessário é uma tarefa difícil para a escola O real é que levar à prática o necessário é uma tarefa difícil para a escola
porqueporque

1- a escolarização das práticas de leitura e de escrita 1- a escolarização das práticas de leitura e de escrita
apresenta problemas árduos;apresenta problemas árduos;
2- os propósitos que se perseguem na escola ao ler e 2- os propósitos que se perseguem na escola ao ler e
escrever são diferentes dos que orientam a leitura e a escrever são diferentes dos que orientam a leitura e a
escrita fora dela;escrita fora dela;
3- a inevitável distribuição dos conteúdos no tempo pode 3- a inevitável distribuição dos conteúdos no tempo pode
levar a parcelar o objeto de ensino;levar a parcelar o objeto de ensino;
4- a necessidade institucional de controlar a aprendizagem 4- a necessidade institucional de controlar a aprendizagem
leva a pôr em primeiro plano somente os aspectos mais leva a pôr em primeiro plano somente os aspectos mais
acessíveis à avaliação;acessíveis à avaliação;
5- a maneira como se distribuem os direitos e obrigações 5- a maneira como se distribuem os direitos e obrigações
entre o professor e os alunos determina quais são os entre o professor e os alunos determina quais são os
conhecimentos e estratégias que as crianças têm ou não conhecimentos e estratégias que as crianças têm ou não
têm oportunidade de exercer e, portanto, quais poderão ou têm oportunidade de exercer e, portanto, quais poderão ou
não poderão aprender.não poderão aprender.

Tensões entre os propósitos escolares e extra-Tensões entre os propósitos escolares e extra-
escolares da leitura e da escritaescolares da leitura e da escrita
Na escola, não são “naturais” os propósitos que Na escola, não são “naturais” os propósitos que
nós, leitores e escritores, perseguimos nós, leitores e escritores, perseguimos
habitualmente fora dela: como estão em primeiro habitualmente fora dela: como estão em primeiro
plano os propósitos didáticos que são mediatos do plano os propósitos didáticos que são mediatos do
ponto de vista dos alunos, porque estão vinculados ponto de vista dos alunos, porque estão vinculados
aos conhecimentos que eles necessitam aprender aos conhecimentos que eles necessitam aprender
para utilizá-los em sua vida futura, os propósitos para utilizá-los em sua vida futura, os propósitos
comunicativos – tais como escrever para estabelecer comunicativos – tais como escrever para estabelecer
ou manter contato com alguém distante, ou ler para ou manter contato com alguém distante, ou ler para
conhecer outro mundo possível e pensar sobre o conhecer outro mundo possível e pensar sobre o
próprio desde uma nova perspectiva – costumam ser próprio desde uma nova perspectiva – costumam ser
relegados ou excluídos.relegados ou excluídos.

Relação saber-duração Relação saber-duração versus versus preservação do sentidopreservação do sentido
No caso da língua escrita, tradicionalmente a distribuição No caso da língua escrita, tradicionalmente a distribuição
de conteúdos no tempo tem acontecido de forma que, no de conteúdos no tempo tem acontecido de forma que, no
primeiro ano de escolaridade, exige-se dominar o primeiro ano de escolaridade, exige-se dominar o
“código” e, somente no segundo, “compreender e “código” e, somente no segundo, “compreender e
produzir textos breves e simples”; propor, no começo, produzir textos breves e simples”; propor, no começo,
certas sílabas ou palavras e introduzir outras nas semanas certas sílabas ou palavras e introduzir outras nas semanas
consecutivas, graduando as dificuldades. O ensino se consecutivas, graduando as dificuldades. O ensino se
estrutura assim, conforme um eixo temporal único, estrutura assim, conforme um eixo temporal único,
segundo uma lógica linear, acumulativa e irreversível.segundo uma lógica linear, acumulativa e irreversível.
Tal organização do tempo do ensino entra em Tal organização do tempo do ensino entra em
contradição com o tempo de aprendizagem e com a contradição com o tempo de aprendizagem e com a
natureza das práticas de leitura e escrita.natureza das práticas de leitura e escrita.

Tensão entre duas necessidades institucionais: ensinar e Tensão entre duas necessidades institucionais: ensinar e
controlar a aprendizagemcontrolar a aprendizagem
A responsabilidade social assumida pela escola gera uma A responsabilidade social assumida pela escola gera uma
forte necessidade de controle: a instituição necessita forte necessidade de controle: a instituição necessita
conhecer os resultados de seu funcionamento, necessita conhecer os resultados de seu funcionamento, necessita
avaliar as aprendizagens. Essa necessidade – avaliar as aprendizagens. Essa necessidade –
indubitavelmente legítima – costuma ter conseqüências indubitavelmente legítima – costuma ter conseqüências
indesejadas: como se tenta exercer um controle exaustivo indesejadas: como se tenta exercer um controle exaustivo
sobre a aprendizagem da leitura, se lê somente no marco de sobre a aprendizagem da leitura, se lê somente no marco de
situações que permitem ao professor avaliar a compreensão situações que permitem ao professor avaliar a compreensão
ou a fluência da leitura em voz alta.ou a fluência da leitura em voz alta.
O que fazer para preservar na escola o sentido que a leitura e O que fazer para preservar na escola o sentido que a leitura e
a escrita têm fora dela?a escrita têm fora dela?

Pode-se formular como Pode-se formular como conteúdos conteúdos do ensino não só os do ensino não só os
saberes lingüísticos como também as tarefas do leitor e do saberes lingüísticos como também as tarefas do leitor e do
escritor: fazer antecipações sobre o sentido do texto que se escritor: fazer antecipações sobre o sentido do texto que se
está lendo e tentar verificá-las recorrendo à informação está lendo e tentar verificá-las recorrendo à informação
visual, discutir diversas interpretações acerca de um mesmo visual, discutir diversas interpretações acerca de um mesmo
material, comentar o que se leu e compará-lo com outras material, comentar o que se leu e compará-lo com outras
obras do mesmo ou de outros autores, recomendar livros, obras do mesmo ou de outros autores, recomendar livros,
contrastar informações provenientes de diversas fontes sobre contrastar informações provenientes de diversas fontes sobre
um tema de interesse, acompanhar um autor preferido, um tema de interesse, acompanhar um autor preferido,
compartilhar a leitura com outros, atrever-se a ler textos compartilhar a leitura com outros, atrever-se a ler textos
difíceis, tomar notas para registrar informações...difíceis, tomar notas para registrar informações...
É preciso também articular os propósitos didáticos – cujo É preciso também articular os propósitos didáticos – cujo
cumprimento é mais mediato – com propósitos cumprimento é mais mediato – com propósitos
comunicativos que tenham um sentido “atual” para o aluno e comunicativos que tenham um sentido “atual” para o aluno e
tenham correspondência com os que habitualmente orientam tenham correspondência com os que habitualmente orientam
a leitura fora da escola.a leitura fora da escola.

Cap. 2 –Cap. 2 – Para transformar o Ensino da Leitura e da Escrita Para transformar o Ensino da Leitura e da Escrita
É importante distinguir as propostas de mudança que são É importante distinguir as propostas de mudança que são
produto da busca rigorosa de soluções para os graves produto da busca rigorosa de soluções para os graves
problemas educativos que enfrentamos daquelas que problemas educativos que enfrentamos daquelas que
pertencem ao domínio da moda.pertencem ao domínio da moda.
A capacitação: condição necessária, mas não suficiente para A capacitação: condição necessária, mas não suficiente para
a mudança na proposta didáticaa mudança na proposta didática..
A capacitação está longe de ser a panacéia universal que A capacitação está longe de ser a panacéia universal que
tanto gostaríamos de descobrir. Não bastará capacitar os tanto gostaríamos de descobrir. Não bastará capacitar os
docentes, será imprescindível também estudar quais as docentes, será imprescindível também estudar quais as
condições institucionais para a mudança, quais são os condições institucionais para a mudança, quais são os
aspectos de nossa proposta que têm mais possibilidade de aspectos de nossa proposta que têm mais possibilidade de
ser acolhidos pela escola e quais requerem a construção de ser acolhidos pela escola e quais requerem a construção de
esquemas prévios para serem assimilados.esquemas prévios para serem assimilados.

Acerca da transposição didática: a leitura e a escrita como objetos Acerca da transposição didática: a leitura e a escrita como objetos
de ensinode ensino
O primeiro aspecto que deve ser analisado é o abismo que separa O primeiro aspecto que deve ser analisado é o abismo que separa
a prática escolar da prática social da leitura e da escrita. (...) Na a prática escolar da prática social da leitura e da escrita. (...) Na
sala de aula, espera-se que as crianças produzam textos num só sala de aula, espera-se que as crianças produzam textos num só
tempo muito breve e escrevam diretamente a versão final, tempo muito breve e escrevam diretamente a versão final,
enquanto que fora dela produzir um texto é um longo processo enquanto que fora dela produzir um texto é um longo processo
que requer muitos rascunhos e reiteradas revisões. Ler é uma que requer muitos rascunhos e reiteradas revisões. Ler é uma
tarefa orientada por propósitos na nossa vida social. No âmbito tarefa orientada por propósitos na nossa vida social. No âmbito
escolar, se lê somente para aprender a ler e se escreve somente escolar, se lê somente para aprender a ler e se escreve somente
para aprender a escrever... para aprender a escrever...
O fenômeno da transposição didática afeta todos aqueles saberes O fenômeno da transposição didática afeta todos aqueles saberes
que ingressam na escola para serem ensinados e aprendidos.que ingressam na escola para serem ensinados e aprendidos.
Não é a mesma coisa aprender algo – a ler e escrever, por exemplo Não é a mesma coisa aprender algo – a ler e escrever, por exemplo
– na instituição escola ou a instituição família. Todo saber e toda – na instituição escola ou a instituição família. Todo saber e toda
competência estão modelados pelo aqui e agora da situação competência estão modelados pelo aqui e agora da situação
institucional em que se produzem. Ao se transformar em objeto de institucional em que se produzem. Ao se transformar em objeto de
ensino, o saber ou a prática a ensinar se modifica: é necessário ensino, o saber ou a prática a ensinar se modifica: é necessário
selecionar-se algumas questões em vez de outras,selecionar-se algumas questões em vez de outras,

Tanto a língua escrita como a prática da leitura e da Tanto a língua escrita como a prática da leitura e da
escrita se tornam fragmentárias, são detalhadas de escrita se tornam fragmentárias, são detalhadas de
tal modo que perde sua identidade.tal modo que perde sua identidade.
Fragmentar assim os objetos a ensinar permite Fragmentar assim os objetos a ensinar permite
alimentar duas ilusões muito arraigadas na tradição alimentar duas ilusões muito arraigadas na tradição
escolar: contornar a complexidade dos objetos de escolar: contornar a complexidade dos objetos de
conhecimento reduzindo-os a seus elementos mais conhecimento reduzindo-os a seus elementos mais
simples e exercer um controle estrito sobre a simples e exercer um controle estrito sobre a
aprendizagem lamentavelmente a simplificação faz aprendizagem lamentavelmente a simplificação faz
desaparecer o objeto que se pretende ensinar.desaparecer o objeto que se pretende ensinar.
A transposição didática é inevitável, mas deve ser A transposição didática é inevitável, mas deve ser
rigorosamente controlada rigorosamente controlada

Acerca do “contrato didático”Acerca do “contrato didático”
O “contrato didático” compromete não apenas o O “contrato didático” compromete não apenas o
professor e os alunos como também o saber, já que professor e os alunos como também o saber, já que
este último sofre modificações ao ser comunicado, este último sofre modificações ao ser comunicado,
ao ingressar na relação didática. A distribuição de ao ingressar na relação didática. A distribuição de
direitos e responsabilidades entre o professor e os direitos e responsabilidades entre o professor e os
alunos adquire características específicas em relação alunos adquire características específicas em relação
a cada conteúdoa cada conteúdo..
Se, por outro lado, o aluno tem a obrigação de escrever Se, por outro lado, o aluno tem a obrigação de escrever
diretamente a versão final dos poucos textos que elabora, diretamente a versão final dos poucos textos que elabora,
se não tem direito a apagar, nem a riscar, nem a fazer se não tem direito a apagar, nem a riscar, nem a fazer
rascunhos sucessivos; se também não tem direito a rascunhos sucessivos; se também não tem direito a
revisar e corrigir o que escreveu, porque a função de revisar e corrigir o que escreveu, porque a função de
correção é desempenhada exclusivamente pelo professor, correção é desempenhada exclusivamente pelo professor,
então como poderá ser um praticante autônomo e então como poderá ser um praticante autônomo e
competente da escrita?competente da escrita?

Ferramentas para transformar o ensinoFerramentas para transformar o ensino
Devem ser levadas em conta – as seguintes questões:Devem ser levadas em conta – as seguintes questões:
1 – 1 – A necessidade de estabelecer objetivos por cicloA necessidade de estabelecer objetivos por ciclo – ao atenuar a tirania do – ao atenuar a tirania do
tempo didático, torna-se possível evitar – ou pelo menos reduzir ao mínimo – a tempo didático, torna-se possível evitar – ou pelo menos reduzir ao mínimo – a
fragmentação do conhecimento e abordar então o objeto de conhecimento em fragmentação do conhecimento e abordar então o objeto de conhecimento em
toda a sua complexidade.toda a sua complexidade.
2 – 2 – A importância de atribuir aos objetivos geraisA importância de atribuir aos objetivos gerais, prioridade absoluta sobre os , prioridade absoluta sobre os
objetivos específicos – a ação educativa deve estar permanentemente orientada objetivos específicos – a ação educativa deve estar permanentemente orientada
pelos propósitos essenciais que lhe dão sentido, é necessário evitar que estes pelos propósitos essenciais que lhe dão sentido, é necessário evitar que estes
fiquem ocultos atrás de uma longa lista de objetivos específicos, que, em muitos fiquem ocultos atrás de uma longa lista de objetivos específicos, que, em muitos
casos, estão desconectados tanto entre si como dos objetivos gerais dos quais casos, estão desconectados tanto entre si como dos objetivos gerais dos quais
deveriam depender.deveriam depender.
3 – 3 – A necessidade de evitar o estabelecimento de uma correspondência termo a A necessidade de evitar o estabelecimento de uma correspondência termo a
termo entre objetivos e atividadestermo entre objetivos e atividades, correspondência que leva certamente ao , correspondência que leva certamente ao
parcelamento da língua escrita e à fragmentação indevida de atos tão parcelamento da língua escrita e à fragmentação indevida de atos tão
complexos como a leitura e a escrita. complexos como a leitura e a escrita.

4 – A necessidade de superar a tradicional separação entre 4 – A necessidade de superar a tradicional separação entre
“alfabetização em sentido estrito” e “alfabetização em “alfabetização em sentido estrito” e “alfabetização em
sentido amplo” ou entre “apropriação do sistema de escrita” sentido amplo” ou entre “apropriação do sistema de escrita”
e “desenvolvimento da leitura e da escrita”. Essa separação e “desenvolvimento da leitura e da escrita”. Essa separação
é um dos fatores responsáveis pelo fato da educação no é um dos fatores responsáveis pelo fato da educação no
ensino fundamental centrar-se na sonorização desvinculada ensino fundamental centrar-se na sonorização desvinculada
do significado, e da compreensão do texto ser exigida nos do significado, e da compreensão do texto ser exigida nos
níveis posteriores de ensino. Sabemos que o significado não é níveis posteriores de ensino. Sabemos que o significado não é
um subproduto da oralização, mas o guia que orienta a um subproduto da oralização, mas o guia que orienta a
seleção da informação visual; sabemos que as crianças seleção da informação visual; sabemos que as crianças
reelaboram simultaneamente o sistema de escrita e a reelaboram simultaneamente o sistema de escrita e a
“linguagem que se escreve”.“linguagem que se escreve”.
- reformular a concepção do objeto de ensino em função das - reformular a concepção do objeto de ensino em função das
contribuições lingüísticas e a concepção do sujeito que contribuições lingüísticas e a concepção do sujeito que
aprende a ler e a escrever, de acordo com as contribuições aprende a ler e a escrever, de acordo com as contribuições
psicolingüísticas desde uma perspectiva construtivista;psicolingüísticas desde uma perspectiva construtivista;

Cap. 3 – Apontamentos a partir da Perspectiva CurricularCap. 3 – Apontamentos a partir da Perspectiva Curricular
Construir o objeto de ensinoConstruir o objeto de ensino
Decidir Decidir quais serão os conteúdosquais serão os conteúdos que devem ser ensinados implica em se fazer que devem ser ensinados implica em se fazer
uma verdadeira uma verdadeira reconstrução do objetoreconstrução do objeto. Trata-se de um primeiro nível de . Trata-se de um primeiro nível de
transposição didática: a passagem dos saberes cientificamente produzidos ou transposição didática: a passagem dos saberes cientificamente produzidos ou
das práticas socialmente realizadas para os objetos ou práticas a ensinar.das práticas socialmente realizadas para os objetos ou práticas a ensinar.
1 – 1 – selecionar é imprescindívelselecionar é imprescindível, porque é impossível ensinar tudo; mas, ao , porque é impossível ensinar tudo; mas, ao
selecionar determinados conteúdos, nós os separamos do contexto da ciência ou selecionar determinados conteúdos, nós os separamos do contexto da ciência ou
da realidade em que estão imersos e, nessa medida, eles são transformados e da realidade em que estão imersos e, nessa medida, eles são transformados e
reelaborados.reelaborados.
2 – por outro lado, toda seleção supõe ao mesmo tempo uma 2 – por outro lado, toda seleção supõe ao mesmo tempo uma hierarquizaçãohierarquização..
Em que se basear para fazer as escolhas dos conteúdosEm que se basear para fazer as escolhas dos conteúdos? Pode-se afirmar que o ? Pode-se afirmar que o
grande propósito educativo do ensino da leitura e da escrita no curso da grande propósito educativo do ensino da leitura e da escrita no curso da
educação obrigatória é o de incorporar as crianças à comunidade de leitores e educação obrigatória é o de incorporar as crianças à comunidade de leitores e
escritores. O objeto de ensino deve-se então se definir tomando como referência escritores. O objeto de ensino deve-se então se definir tomando como referência
fundamental as práticas sociais de leitura e de escrita. Sustentar isso é muito fundamental as práticas sociais de leitura e de escrita. Sustentar isso é muito
diferente de sustentar que o objeto de ensino é a língua escrita: ao pôr em diferente de sustentar que o objeto de ensino é a língua escrita: ao pôr em
primeiro plano as práticas, o objeto de ensino inclui a língua, mas não se reduz primeiro plano as práticas, o objeto de ensino inclui a língua, mas não se reduz
a ela.a ela.

Definir como objeto de ensino as práticas sociais de Definir como objeto de ensino as práticas sociais de
leitura e de escrita supõe dar ênfase aos propósitos da leitura e de escrita supõe dar ênfase aos propósitos da
leitura e da escrita em distintas situações – razões que leitura e da escrita em distintas situações – razões que
levam as pessoas a ler e escrever.levam as pessoas a ler e escrever.
Sustentar que o objeto de ensino se constrói tomando Sustentar que o objeto de ensino se constrói tomando
como referência fundamental a prática social da como referência fundamental a prática social da
leitura e da escrita supõe, então, incluir os textos, leitura e da escrita supõe, então, incluir os textos,
mas não reduzir o objeto de ensino a eles.mas não reduzir o objeto de ensino a eles.
Como o mostrou a teoria crítica de currículo – decidir Como o mostrou a teoria crítica de currículo – decidir
quais aspectos do objeto são mostrados supõe quais aspectos do objeto são mostrados supõe
também decidir quais são ocultados; decidir o que é também decidir quais são ocultados; decidir o que é
que se ensina significa, ao mesmo tempo e que se ensina significa, ao mesmo tempo e
necessariamente, decidir o que é que não se ensina.necessariamente, decidir o que é que não se ensina.

Caracterizar o objeto de referência: as práticas de Caracterizar o objeto de referência: as práticas de
leitura e escritaleitura e escrita
As análises históricas revelaram que as práticas de leitura As análises históricas revelaram que as práticas de leitura
parecem ter sido em primeiro lugar, parecem ter sido em primeiro lugar, intensivas,intensivas, para depois se para depois se
transformarem, pouco a pouco, em transformarem, pouco a pouco, em extensivas.extensivas.
Isto quer dizer que originalmente se liam uns poucos textos de Isto quer dizer que originalmente se liam uns poucos textos de
maneira muito intensa, profunda e reiterada, e depois houve uma maneira muito intensa, profunda e reiterada, e depois houve uma
mudança para outra maneira de ler, que abarca uma enorme mudança para outra maneira de ler, que abarca uma enorme
quantidade de textos e opera de maneira mais rápida e superficial. quantidade de textos e opera de maneira mais rápida e superficial.
As duas modalidades costumam existir em uma mesma sociedade. As duas modalidades costumam existir em uma mesma sociedade.
Uma pode predominar sobre a outra e podem distribuir-se de Uma pode predominar sobre a outra e podem distribuir-se de
maneira diferente em função dos grupos sociais. Nos setores mais maneira diferente em função dos grupos sociais. Nos setores mais
abastados, as práticas tendem a ser mais extensivas, enquanto que abastados, as práticas tendem a ser mais extensivas, enquanto que
as práticas intensivas perduraram por muito tempo nos grupos as práticas intensivas perduraram por muito tempo nos grupos
populares.populares.
Com relação à dimensão público-privado, embora na atualidade a Com relação à dimensão público-privado, embora na atualidade a
leitura tenda a ser mais privada, persistem, no entanto, muitas leitura tenda a ser mais privada, persistem, no entanto, muitas
situações de leitura pública: políticos lêem seus discursos, nos situações de leitura pública: políticos lêem seus discursos, nos
grupos de estudo há a leitura compartilhada, etc.grupos de estudo há a leitura compartilhada, etc.

Explicitar conteúdos envolvidos nas práticasExplicitar conteúdos envolvidos nas práticas
A que se deve essa distância entre o que se tenta fazer e o A que se deve essa distância entre o que se tenta fazer e o
que efetivamente se faz? Entre as razões que a explicam, que efetivamente se faz? Entre as razões que a explicam,
há uma que é fundamental considerar ao planejar um há uma que é fundamental considerar ao planejar um
currículo: não é suficiente – da perspectiva do papel currículo: não é suficiente – da perspectiva do papel
docente – reconhecer que se aprende a ler, lendo e que se docente – reconhecer que se aprende a ler, lendo e que se
aprende a escrever, escrevendo. É imprescindível, além aprende a escrever, escrevendo. É imprescindível, além
disso, esclarecer o que é que se aprende quando se lê ou disso, esclarecer o que é que se aprende quando se lê ou
se escreve em aula, quais são os conteúdos que se estão se escreve em aula, quais são os conteúdos que se estão
ensinando e aprendendo ao ler ou ao escrever.ensinando e aprendendo ao ler ou ao escrever.
Determinar um lugar importante para o que os leitores Determinar um lugar importante para o que os leitores
fazem, fazem, supõe conceber como conteúdos fundamentais do supõe conceber como conteúdos fundamentais do
ensino os comportamentos do leitor, os comportamentos ensino os comportamentos do leitor, os comportamentos
do escritor.do escritor.
Consideram-se assim duas dimensões: por um lado, a Consideram-se assim duas dimensões: por um lado, a
dimensão socialdimensão social – interpessoal, pública, e, por outro lado, – interpessoal, pública, e, por outro lado,
uma uma dimensão psicológicadimensão psicológica – pessoal, privada. – pessoal, privada.

Podemos estabelecer que:Podemos estabelecer que:
1 – Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos – e 1 – Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos – e
não tarefas, como se poderia acreditar;não tarefas, como se poderia acreditar;
2 – O conceito de “comportamentos do leitor e do escritor” não 2 – O conceito de “comportamentos do leitor e do escritor” não
coincide com o de “conteúdos procedimentais”. Enquanto estes coincide com o de “conteúdos procedimentais”. Enquanto estes
últimos se definem por contraposição com os conteúdos últimos se definem por contraposição com os conteúdos
“conceituais” e “atitudinais”, pensar em “comportamentos” como “conceituais” e “atitudinais”, pensar em “comportamentos” como
instâncias constituintes de práticas de leitura e escrita.instâncias constituintes de práticas de leitura e escrita.
Preservar o sentido dos conteúdosPreservar o sentido dos conteúdos
Um primeiro risco é o de cair na tentação de transmitir Um primeiro risco é o de cair na tentação de transmitir
verbalmente às crianças os conteúdos de comportamento leitor e verbalmente às crianças os conteúdos de comportamento leitor e
escritor. É útil distinguir conteúdos em ação e conteúdos objeto de escritor. É útil distinguir conteúdos em ação e conteúdos objeto de
reflexão. Um conteúdo está em ação cada vez que é posto em jogo reflexão. Um conteúdo está em ação cada vez que é posto em jogo
pelo professor ou pelos alunos ao lerem ou ao escreverem, e é pelo professor ou pelos alunos ao lerem ou ao escreverem, e é
objeto de ensino e de aprendizagem mesmo quando não seja objeto de ensino e de aprendizagem mesmo quando não seja
objeto de nenhuma explicação verbal.;,objeto de nenhuma explicação verbal.;,
 Exemplo: ler notícias com freqüência permitirá às crianças tanto Exemplo: ler notícias com freqüência permitirá às crianças tanto
se familiarizarem com esse tipo de texto como adequar cada vez se familiarizarem com esse tipo de texto como adequar cada vez
mais a modalidade de leitura a suas características e, nessas mais a modalidade de leitura a suas características e, nessas
situações, situações,

A necessidade de refletir sobre ele pode apresentar-se A necessidade de refletir sobre ele pode apresentar-se
quando algum membro do grupo necessite ajuda para quando algum membro do grupo necessite ajuda para
progredir em sua maneira de ler notícias.progredir em sua maneira de ler notícias.
O segundo risco que se corre ao explicitar os O segundo risco que se corre ao explicitar os
comportamentos do leitor e do escritor é o de comportamentos do leitor e do escritor é o de
produzir um novo parcelamento do objeto de ensino. produzir um novo parcelamento do objeto de ensino.
A leitura e a escrita são atos globais e indivisíveis e A leitura e a escrita são atos globais e indivisíveis e
que somente é possível se apropriar dos que somente é possível se apropriar dos
comportamentos que as constituem no quadro de comportamentos que as constituem no quadro de
situações semelhantes às que têm lugar fora da escola, situações semelhantes às que têm lugar fora da escola,
orientadas em direção a propósitos para cuja orientadas em direção a propósitos para cuja
realização é relevante ler e escrever.realização é relevante ler e escrever.
O terceiro risco: acreditar que é suficiente abrir as O terceiro risco: acreditar que é suficiente abrir as
portas da escola para que a leitura e a escrita entrem portas da escola para que a leitura e a escrita entrem
nela e funcionem tal como fazem em outros ambientes nela e funcionem tal como fazem em outros ambientes
sociais. Na escola a leitura e a escrita existem sociais. Na escola a leitura e a escrita existem
enquanto objetos de ensino.enquanto objetos de ensino.

Cap. 4 – É possível ler na escola?Cap. 4 – É possível ler na escola?
Há discrepâncias entre a versão social e a versão escolar da Há discrepâncias entre a versão social e a versão escolar da
leitura: por que a leitura – tão útil na vida real para cumprir leitura: por que a leitura – tão útil na vida real para cumprir
diversos propósitos – aparece na escola como uma atividade diversos propósitos – aparece na escola como uma atividade
gratuita, cujo único objetivo é aprender a ler? Por que se ensina gratuita, cujo único objetivo é aprender a ler? Por que se ensina
uma única maneira de ler – linearmente, palavra por palavra, uma única maneira de ler – linearmente, palavra por palavra,
desde a primeira até a última que se encontra no texto; por que se desde a primeira até a última que se encontra no texto; por que se
enfatiza tanto a leitura oral – que não é muito freqüente em outros enfatiza tanto a leitura oral – que não é muito freqüente em outros
contextos – e tão pouca a leitura para si mesmo? contextos – e tão pouca a leitura para si mesmo?
Por que se usam textos específicos para ensinar, diferentes dos que Por que se usam textos específicos para ensinar, diferentes dos que
se lêem fora da escola? Por que se espera que a leitura reproduza se lêem fora da escola? Por que se espera que a leitura reproduza
com exatidão o que literalmente está escrito, se os leitores que se com exatidão o que literalmente está escrito, se os leitores que se
concentram na construção de um significado para o texto evitam concentram na construção de um significado para o texto evitam
perder tempo em identificar cada uma das palavras que nele perder tempo em identificar cada uma das palavras que nele
figuram e costumam substituí-las por expressões sinônimas? figuram e costumam substituí-las por expressões sinônimas?
Por que se supõe na escola que existe uma só interpretação correta Por que se supõe na escola que existe uma só interpretação correta
de cada texto (e consequentemente se avalia), quando a de cada texto (e consequentemente se avalia), quando a
experiência de todo leitor mostra tantas discussões originadas nas experiência de todo leitor mostra tantas discussões originadas nas
diversas interpretações possíveis de um artigo ou de um romance?diversas interpretações possíveis de um artigo ou de um romance?

A leitura aparece desgarrada dos propósitos que lhe dão A leitura aparece desgarrada dos propósitos que lhe dão
sentido no uso social, porque a construção do sentido não é sentido no uso social, porque a construção do sentido não é
considerada como uma condição necessária para a considerada como uma condição necessária para a
aprendizagem.aprendizagem.
Por que se ensina uma única maneira de ler? Esta é, em Por que se ensina uma única maneira de ler? Esta é, em
primeiro lugar, uma conseqüência imediata da ausência de primeiro lugar, uma conseqüência imediata da ausência de
propósitos que orientem a leitura.propósitos que orientem a leitura.
O predomínio da leitura em voz alta deriva indubitavelmente O predomínio da leitura em voz alta deriva indubitavelmente
de uma concepção da aprendizagem que põe em primeiro de uma concepção da aprendizagem que põe em primeiro
plano as manifestações externas da atividade intelectual, plano as manifestações externas da atividade intelectual,
deixando de lado os processos subjacentes que as tornam deixando de lado os processos subjacentes que as tornam
possíveis.possíveis.
O uso de textos especialmente projetados para o ensino da O uso de textos especialmente projetados para o ensino da
leitura é apenas uma das manifestações de um postulado leitura é apenas uma das manifestações de um postulado
básico da concepção vigente na escola: o processo de básico da concepção vigente na escola: o processo de
aprendizagem evolui do “simples” para o “complexo”.aprendizagem evolui do “simples” para o “complexo”.
Finalmente, o reconhecimento de uma única interpretação Finalmente, o reconhecimento de uma única interpretação
válida para cada texto é consistente com uma postura segundo válida para cada texto é consistente com uma postura segundo
a qual o significado está no texto.a qual o significado está no texto.

Gestão do tempo, apresentação dos conteúdos e Gestão do tempo, apresentação dos conteúdos e
organização das atividades.organização das atividades.
O tempo é – todos nós, professores, sabemos muito O tempo é – todos nós, professores, sabemos muito
bem – um fator de peso na instituição escola: sempre bem – um fator de peso na instituição escola: sempre
é escasso em relação à quantidade de conteúdos é escasso em relação à quantidade de conteúdos
fixados no programa, nunca é suficiente para fixados no programa, nunca é suficiente para
comunicar às crianças tudo o que desejaríamos comunicar às crianças tudo o que desejaríamos
ensinar em cada ano escolar. Não se trata somente de ensinar em cada ano escolar. Não se trata somente de
produzir uma mudança qualitativa na utilização do produzir uma mudança qualitativa na utilização do
tempo didático.tempo didático.
Duas condições são necessárias: manejar com Duas condições são necessárias: manejar com
flexibilidadeflexibilidade a duração das situações didáticas e a duração das situações didáticas e
tornar possível a tornar possível a retomadaretomada dos próprios conteúdos dos próprios conteúdos
em diferentes oportunidades e a partir de em diferentes oportunidades e a partir de
perspectivas diversas. Criar essas condições requer perspectivas diversas. Criar essas condições requer
pôr em ação diferentes modalidades organizativas:pôr em ação diferentes modalidades organizativas:

1 - Os projetos – permitem uma organização muito flexível do tempo: 1 - Os projetos – permitem uma organização muito flexível do tempo:
segundo o objetivo que se persiga, pode ocupar somente uns dias, ou se segundo o objetivo que se persiga, pode ocupar somente uns dias, ou se
desenvolver ao longo de vários meses. Os projetos de longa duração desenvolver ao longo de vários meses. Os projetos de longa duração
proporcionam a oportunidade de compartilhar com os alunos o proporcionam a oportunidade de compartilhar com os alunos o
planejamento da tarefa e sua distribuição no tempo: uma vez fixada a planejamento da tarefa e sua distribuição no tempo: uma vez fixada a
data em que o produto final de vê estar elaborado. data em que o produto final de vê estar elaborado.
2- As atividades habituais – se reiteram de forma sistemática e 2- As atividades habituais – se reiteram de forma sistemática e
previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante vários meses previsível uma vez por semana ou por quinzena, durante vários meses
ou ao longo de todo ano escolar, oferecem a oportunidade de interagir ou ao longo de todo ano escolar, oferecem a oportunidade de interagir
intensamente com um intensamente com um gênero determinado em cada ano da gênero determinado em cada ano da
escolaridadeescolaridade e são particularmente e são particularmente apropriadas para comunicar certos apropriadas para comunicar certos
aspectos do comportamento leitor.aspectos do comportamento leitor.
3 – As seqüências de atividades – ao contrário dos projetos, que se orientam para a 3 – As seqüências de atividades – ao contrário dos projetos, que se orientam para a
elaboração de um produto tangível, as seqüências didáticas incluem situações de elaboração de um produto tangível, as seqüências didáticas incluem situações de
leitura cujo único propósito explícito – compartilhado com as crianças é ler. Ao leitura cujo único propósito explícito – compartilhado com as crianças é ler. Ao
contrário das atividades habituais, essas seqüências têm uma duração limitada a contrário das atividades habituais, essas seqüências têm uma duração limitada a
algumas semanas de aula, o que permite realizar várias delas no curso de um ano algumas semanas de aula, o que permite realizar várias delas no curso de um ano
letivo e se tem, assim, acesso a diferentes gêneros.letivo e se tem, assim, acesso a diferentes gêneros.

4 – A4 – As situações independentes podem classificar-se em dois subgrupos:s situações independentes podem classificar-se em dois subgrupos:
a) Situações ocasionais – Por exemplo - em algumas oportunidades, a professora encontra a) Situações ocasionais – Por exemplo - em algumas oportunidades, a professora encontra
uma texto que considera valioso compartilhar com as crianças, embora pertença a um uma texto que considera valioso compartilhar com as crianças, embora pertença a um
gênero, ou trate de um tema que não tem correspondência com as atividades que estão gênero, ou trate de um tema que não tem correspondência com as atividades que estão
realizando nesse momento;realizando nesse momento;
b) Situações de sistematização – Guardam sempre uma relação direta com os b) Situações de sistematização – Guardam sempre uma relação direta com os
propósitos didáticos que estão sendo trabalhados, porque permitem justamente propósitos didáticos que estão sendo trabalhados, porque permitem justamente
sistematizar os conhecimentos lingüísticos construídos através das outras sistematizar os conhecimentos lingüísticos construídos através das outras
modalidades organizativas.modalidades organizativas.
Acerca do controle: avaliar a leitura e ensinar a lerAcerca do controle: avaliar a leitura e ensinar a ler
A prioridade da avaliação deve determinar onde começa a prioridade do ensino. A prioridade da avaliação deve determinar onde começa a prioridade do ensino.
Quando a necessidade de avaliar predomina sobre os objetivos didáticos, quando – como Quando a necessidade de avaliar predomina sobre os objetivos didáticos, quando – como
acontece no ensino usual da leitura – a exigência de controlar a aprendizagem se erige acontece no ensino usual da leitura – a exigência de controlar a aprendizagem se erige
em critério de seleção e hierarquização dos conteúdos, produz-se uma redução no objeto em critério de seleção e hierarquização dos conteúdos, produz-se uma redução no objeto
de ensino. de ensino.
Saber que o conhecimento é provisório, que os erros não se “fixam” e que tudo o que se Saber que o conhecimento é provisório, que os erros não se “fixam” e que tudo o que se
aprende é objeto de sucessivas reorganizações permite aceitar, com maior serenidade, a aprende é objeto de sucessivas reorganizações permite aceitar, com maior serenidade, a
impossibilidade de controlar tudo.impossibilidade de controlar tudo.
É necessário que a avaliação deixe de ser uma função privativa do professor, porque É necessário que a avaliação deixe de ser uma função privativa do professor, porque
formar leitores autônomos significa, entre outras coisas, capacitar os alunos para decidir formar leitores autônomos significa, entre outras coisas, capacitar os alunos para decidir
quando sua interpretação é correta e quando não o é, para estar atentos à coerência do quando sua interpretação é correta e quando não o é, para estar atentos à coerência do
sentido que vão construindo. sentido que vão construindo.

Para comunicar às crianças os comportamentos que são típicos do leitor, é Para comunicar às crianças os comportamentos que são típicos do leitor, é
necessário que o professor os encarne na sala de aula, que proporcione a necessário que o professor os encarne na sala de aula, que proporcione a
oportunidade a seus alunos de participar em atos de leitura que ele está realizando, oportunidade a seus alunos de participar em atos de leitura que ele está realizando,
que trave com eles uma relação de “leitor para leitor”.que trave com eles uma relação de “leitor para leitor”.
Cap. 5 – O papel do conhecimento didático na formação do professorCap. 5 – O papel do conhecimento didático na formação do professor
O conhecimento didático como eixo do processo de capacitaçãoO conhecimento didático como eixo do processo de capacitação
Coordenar as perspectivas dos participantes de uma situação decapacitação está Coordenar as perspectivas dos participantes de uma situação decapacitação está
longe de ser simples. Os professores insistentemente nos faziam perguntas ou longe de ser simples. Os professores insistentemente nos faziam perguntas ou
pedidos como estes: “Explique-nos melhor como é a atividade que tem que ser feita pedidos como estes: “Explique-nos melhor como é a atividade que tem que ser feita
para que as crianças aprendam este conteúdo específico”, “qual destas atividades para que as crianças aprendam este conteúdo específico”, “qual destas atividades
tem que ser feita primeiro e qual depois?”, “qual é a intervenção mais adequada, tem que ser feita primeiro e qual depois?”, “qual é a intervenção mais adequada,
se as crianças cometem determinado erro?... Quando muitos professores se as crianças cometem determinado erro?... Quando muitos professores
apresentam os mesmos problemas, o mínimo que tem que fazer o capacitador é se apresentam os mesmos problemas, o mínimo que tem que fazer o capacitador é se
perguntar por que os apresentam e tentar entender quais são e em que consistem perguntar por que os apresentam e tentar entender quais são e em que consistem
os problemas que estão enfrentando. os problemas que estão enfrentando.

As situações de “dupla conceitualização”As situações de “dupla conceitualização”
Possuem particular interesse as atividades que Possuem particular interesse as atividades que
perseguem um duplo objetivo: conseguir, por um perseguem um duplo objetivo: conseguir, por um
lado, que os professores construam conhecimentos lado, que os professores construam conhecimentos
sobre um objeto de ensino e, por outro lado, que sobre um objeto de ensino e, por outro lado, que
elaborem conhecimentos referentes às condições elaborem conhecimentos referentes às condições
didáticas necessárias para que seus alunos possam didáticas necessárias para que seus alunos possam
apropriar-se desse objeto.apropriar-se desse objeto.
A atividade na aula como objeto de análiseA atividade na aula como objeto de análise
Centrar-se no conhecimento didático supõe Centrar-se no conhecimento didático supõe
necessariamente incluir a aula no processo de necessariamente incluir a aula no processo de
capacitação, pôr em primeiro plano o que ocorre capacitação, pôr em primeiro plano o que ocorre
realmente na classe, estudar o funcionamento do realmente na classe, estudar o funcionamento do
ensino e da aprendizagem escolar da leitura e da ensino e da aprendizagem escolar da leitura e da
escrita. Para cumprir esse requisito, um instrumento escrita. Para cumprir esse requisito, um instrumento
é essencial: o registro de classe.é essencial: o registro de classe.
Sobre o registro de classe podemos apontar:Sobre o registro de classe podemos apontar:

3 – Levar em conta as possibilidades e limitações dos 3 – Levar em conta as possibilidades e limitações dos
registros de classe permite ampliar seu papel no processo registros de classe permite ampliar seu papel no processo
de capacitação. Os registros não são transparentes, nem de capacitação. Os registros não são transparentes, nem
são auto-suficientes para pôr em evidência os conteúdos são auto-suficientes para pôr em evidência os conteúdos
que se quer comunicar através da sua análise. É que se quer comunicar através da sua análise. É
necessário pôr em relevo aquilo que será reproduzível, necessário pôr em relevo aquilo que será reproduzível,
que pode ser válido para outras aplicações. É preciso que pode ser válido para outras aplicações. É preciso
levar em conta que alguns aspectos fundamentais da levar em conta que alguns aspectos fundamentais da
situação são invisíveis – por exemplo, as situação são invisíveis – por exemplo, as
conceitualizações do professor acerca do conteúdo que conceitualizações do professor acerca do conteúdo que
está ensinando, nem as idéias que sustentam as decisões está ensinando, nem as idéias que sustentam as decisões
que toma no transcurso da aula, nem as hipóteses que que toma no transcurso da aula, nem as hipóteses que
estão por trás do que as crianças dizem.estão por trás do que as crianças dizem.
Por último, é importante levar em conta que o registro Por último, é importante levar em conta que o registro
de classe é realizado em geral por uma pessoa alheia ao de classe é realizado em geral por uma pessoa alheia ao
grupo e que é comum aparecerem indícios da influência grupo e que é comum aparecerem indícios da influência
que essa presença tem no desenvolvimento da situação.que essa presença tem no desenvolvimento da situação.