O negro descendente do Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas
Voduns, cujo Deus Supremo é Mawu , a quem são subordinados, assim como Olodumaré o Deus
Supremo dos Orixás Yorubás. Diz a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lisa, e
são filhos de Nana Buruku (ou Nana Buluku), a grande mãe criadora do mundo. Mawu era a Lua, que
teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lisa era o Sol, que fez sua morada no Leste. Quando existia
um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E
existem catorze destes deuses, que eram sete pares de gémeos. Este relato é um mito do primeiro povo do
Dahomé, os Fons.
O culto aos Voduns teve ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Jêje, e no Maranhão Tambor de
Mina.
Nos terreiros mais influenciados pela mina jêje, o predomínio, em certos grupos, é de mulheres como
filhas de santo. Os devotos têm que se submeter a longo processo de iniciação. Os detalhes dos rituais são
pouco comentados, não há rituais públicos de iniciação; a cada comunidade, apenas duas ou três pessoas
se dedicam ao ritual completo de iniciação. Em geral as Vodunsis dão poucas informações sobre os
rituais relacionados com o culto, os segredos são mantidos a sete chaves.
Assim como os Orixás do Batuque, os Voduns incorporados, conversam com a assistência, dando
bênçãos, conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. È comum no culto jêje fazer provas com
os iniciados incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a mão no azeite de dendê
fervendo.
Algumas casas de jêje tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama de cultura
Jêje-Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros contam com um barracão central para as
danças, pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades, onde são mantidos os
assentamentos. O forte sincretismo prevê, também a instalação de uma pequena capela com altar católico,
há uma cozinha, quartos para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam recolhidos durante as
obrigações. há também a casa de Legba, onde são feitas grandes obrigações.
A iniciação jêje requer um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um ano de
reclusão, onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas jêje como: danças, cantigas, preparo das
comidas sagradas, cuidar de árvores e espaços sagrados, votos de segredo e obediência. As entidades são
assentadas, recebem sacrifícios de animais, comidas, bebidas e outros presentes. Os assentamentos são
preparados em pedras, que representam um “imã” que tem a força do Vodun, e ficam guardadas no quarto
de segredo recobertos com jarras, louças e ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes
da casa e do quintal marcados por árvores como a cajazeira, ginja e pinhão branco. È comum ter
assentamentos no centro do barracão de danças; assim como em outras nações, no culto jêje também são
feitos rituais de limpezas, banhos com ervas e muitas preces. Nos rituais antigos o contacto com os
voduns dependia muito da vidência das Vodunsis, e a adivinhação era feita através da interpretação dos
sonhos, consulta com os Voduns e exame da luz de velas, actualmente é comum o uso dos Búzios para
consultar as divindades.
As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. O
panteão jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá, Davice, Savaluno e
Queviossô.
As actividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados, e em
festas públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos comem as comidas
preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades.
Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das divindades. Mawu
(feminino) e Lissá (masculino) forman a divindade dupla Mawu-Lissá cujos Voduns são filhos e
descendentes de ambos. Os principais Voduns são: Loko; Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé;
Ayizan; Agassu; Legba e Fa.