Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^,
dor da palavra de Deus externamente, quem não
escuta interiormente""'^.
Também na Sagrada Tradição e no Magistério
da Igreja o pregador deve buscar o conhecimento de
Deus,apoiando-se na sabedoria dos santos doutores
e na sã doutrina. Como ensina São Paulo: "Ficai fir
mes e conservai os ensinamentos que de nós apren
destes, seja por palavras, seja por carta nossa. Nosso
Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou
e nos deu consolação eterna e boa esperança pela
sua graça, console os vossos corações e os confirme
para toda boa obra e palavra" (2Tes 2,15b-16).
Deus, ainda, se revela através de locuções inte
riores, palavras de sabedoria ou de ciência, visuali
zações, profecias e sinais, aos quais o pregador deve
estar atento, discernindo o que é bom. Para preparar
a mensagem de pregação para a reunião de oração
deve-se, sobretudo, orar e escutar o Senhor Após
discernir a vontade de Deus, preparar-se, buscando
nas fontes de conhecimento o apoio e o fundamento
seguro para a pregação atingir o coração do povo.
O pregador é uma pessoa guiada pelo Espírito
Santo, com o objetivo único de conquistar as pes
soas para Jesus. Ele é a voz que clama, é a seta que
indica o caminho. Mas não é, jamais, "a Palavra", "o
Caminho", que é Deus."João Batista foi a voz.Jesus é
a Palavra, a Palavra de Deus. Acontece que a Palavra
de Deus não cessa, não passa, não se extingue. Pelo
contrário, tem de estar sempre presente entre os
homens, entre os cristãos. Mas, como a voz de João
Batista passou, a voz de todo pregador também pas
sa. Por isto, em cada geração Jesus conta com a tua
voz, com minha voz, com nossa voz"'".
O pregador é um servidor da verdade, um ar
tífice da unidade da Igreja. Por isso é muito impor
tante que o pregador da reunião de oração seja uma
pessoa madura na fé, animada pelo amor, tenha o
fervor dos santos e que conheça bem Jesus, que é o
Verbo do Pai, a Palavra verdadeira, o único caminho.
Além disso, deve ser testemunha, ter zelo pelo
Evangelho, deve viver o que prega, pois "O homem
contemporâneo escuta com melhor boa vontade as
testemunhas do que os mestres, ou então se escuta
os mestres, é porque eles são testemunhas. (...) Será,
pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que
a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este
mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fi
delidade ao Senhor Jesus"^°.
São Paulo orienta que para ser capaz de ensinar.
a pessoa "não pode ser um recém-convertido, para
não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a
cair na mesma condenação que o demónio. Importa,
outrossim, que goze de boa consideração por parte
dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e
caia assim nas ciladas diabólicas (...) Antes de pode
rem exercer o seu ministério, sejam provados para
que se tenha certeza de que são irrepreensíveis"
(ITim 3,6-7.10)
2.7. Os testemunhos
Os testemunhos têm a função de manifestar
a glória de Deus e edificar a comunidade. Por isso
mesmo,"devem ser centralizados na pessoa de Jesus
e não em quem fala. Se possível, as pessoas devem
ser orientadas quanto ao conteúdo e ao modo de
dar seu testemunho"^'.
Os dirigentes devem acautelar-se de pessoas
que insistem em falar em todas as reuniões, quase
sempre como forma de exibir-se. Nem sempre é sau
dável facultar a palavra para testemunhos, pois pode
servir como espaço para desabafos e apresentações.
"Por outro lado, é preciso estimular todos os que
foram tocados pelo Senhor a que dêem testemunho,
pois se o testemunho é para a glória de Deus, não
proclamá-lo, seja por timidez ou por vergonha, será
roubar de Deus a glória que só a Ele pertence"".
Além disso, os tes emunhos devem ser breves
e compreensíveis a todos. Robert Degrandis fala do
"princípio abe"": audível, breve e centralizado em
Cristo. "Considere antes, durante e depois: qual era
a situação que precisava ser resolvida? Como Cristo
interveio? Quais são os resultados de seu envolvi
mento? Se relatados corretamente, os testemunhos
ensinam, motivam e levam as pessoas ao louvor
Quando as pessoas dão testemunho, sua própria fé
é fortalecida, bem como a dos ouvintes"^"*.
CV ll,De/Verbum,n.25.
João MOHANA, Como ser um bom pregador, p. 24. Cf., a propósito, Ro
naldo José de SOUSA, Uma voz clama no deserto. In. Pregador ungido, pp. 60-68.
" PAULO VI, Papa. Exortação Apostólica Evar\gelli Nuntiandi. n. 41.
Cf., por exemplo, Patti MANSFIELD, Publicai os seus feitos moroW/hosos, 94 p.
"J.H. Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 60.
" Cf. Vem e segue-me, p. 68-69.
" Ibid., p. 69.
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