520463346-Apostila-3-RCC-Grupo-de-Oracao.pdf

193 views 46 slides Jan 15, 2025
Slide 1
Slide 1 of 46
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35
Slide 36
36
Slide 37
37
Slide 38
38
Slide 39
39
Slide 40
40
Slide 41
41
Slide 42
42
Slide 43
43
Slide 44
44
Slide 45
45
Slide 46
46

About This Presentation

igreja


Slide Content

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA DO BRASIL
MINISTÉRIO DE FORMAÇÃO
APOSTILA 3
MÓDULO BÁSICO
GRUPO DE ORAÇÃO
COMISSÃO NACIONAL DE FORMAÇÃO DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
ATUALIZADA
"3
RCCBRASIL
Renovação Carismática Católica

Copyright © Escritório Administrativo da RCCBRASIL - 2013
Arte, diagramação e capa >
Priscila L. G. F. Carvalho
Revisão desta edição:
Comissão Nacional de Formação da Renovação Carismática Católica
RCCBRASIL
CIP. Brasil. Catalogação na Fonte
BIBLIOTECA NACIONAL - FUNDAÇÃO MIGUEL DE CERVANTES
ISBN: 978-85-52740-66-4 CDU:2
ISBN:CDU:2
Caro leitor, pessoas cristãs, ou simplesmente honestas, não necessitam do jugo da lei para
fazerem o que é certo. Pensando nisso, a RCCBRASIL está lhe dando cinco bons motivos para
não copiar o material contido nesta publicação (fotocopiar, reimprimir, etc), sem permissão
dos possuidores dos direitos autorais. Ei-los: - ' * = - •
1. A RCC precisa do dinheiro obtido com a sua venda para manter as obras de evangelização
que o Senhor a tem chamado a assumir em nosso País;
2. É desonesto com a RCC que investiu grandes recursos para viabilizar esta publicação;
3. É desonesto com relação aos autores que investiram tempo e dinheiro para colocar o
fruto do seu trabalho à sua disposição;
4. É um furto denominado juridicamente de plágio com punição prevista no artigo 184 do
Código Penal Brasileiro, por constituir violação de direitos autorais (Lei 9610/98);
5. Não copiar material literário publicado é prova de maturidade cristã e oportunidade de
exercera santidade.
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil

SUMARIO
Capítulo 1. O GRUPO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO 09
2. O COORDENADOR DO GRUPO DE ORAÇÃO 11
3. O NÚCLEO DE SERVIÇO 12
3. L Critérios para composição do núcleo de serviço: ! 3
3.2. As finalidades do núcleo são : 13
3.3. A reunião do núcleo de serviço 14
4. O SERVO DE JESUS NO GRUPO DE ORAÇÃO DA RCC 15
5. MINISTÉRIOS NO GRUPO DE ORAÇÃO 16
5.1. Cada ministério é sustentado por um carisma específico 17
5.2. A autoridade do ministro é exercida na autoridade de .lesus 17
5.3. O Espírito Santo é a fonte dos ministérios 17
6. FUNDAMENTAÇÃO DOUTRINÁRIA 17
7. CONCLUSÃO 18
Capítulo!. A REUNIÃO DE ORAÇÃO:
CONCEITO. FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS
1. INTRODUÇÃO 19
2. CONCEITO 19 "••
2.1 A reunião de oração não é: 20
3. FINALIDADES 21
3.1. Para louvar o Senhor 21
3.2. Para proporcionar a experiência do batismo no Espírito 21
3.3. Para evangelizar querigmaticamente 21
3.4. Para construir a comunidade cristã ———— 21
4. CARACTERÍSTICAS 22
4.1. Centralizada na pessoa de Jesus 22
4.2. Carismática 22
4.3. Fraterna e alegre —-— 22
4.4. Espontânea e expressiva 22
4.5. Ordenada— — 22
5. CONCLUSÃO 23
Capítulo 3. PREPARAÇÃO E CONDUÇÃO DA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO 25
2. PREPARAÇÃO 25

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
2.1 Intercessão 25
2.2 Rhema 26
2.3 Oração antecedente da equipe 26
3. CONDUÇÃO 26
3.1 Preliminares 26
3.2 Animação 26
3.3 A oração; o papel do dirigente 27
3.4. Sucedentes 28
4. CONCLUSÃO 29
Capítulo 4. ELEMENTOS DA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO 31
2. ELEMENTOS DA REUNIÃO DE ORAÇÃO 32
2.1.0 louvor 32
2.2. A oração em línguas 33
2.3. O canto 33
2.4. O silêncio 34
2.5. Ato Penitencial 34
2.6. A pregação 34
3. CONCLUSÃO 37
Capítulo 5. OS SERVIÇOS NA REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO 39
2. ALGUMAS EQUIPES DE SERVIÇO DA REUNIÃO DE ORAÇÃO 39
2.1. Equipe de arrumação 39
2.2. Equipe de acolhimento e recepção 39
2.3. Ministério de música 40
2.4. Ministério para crianças ——— 40
2.5. Ministério de intercessão 40
2.6. Ministério de Pregação —— 41
2.7. Ministério de oração por cura e libeilação 41
3. CONCLUSÃO 42
Capítulo 6. O GRUPO DE PERSEVERANÇA
1. INTRODUÇÃO _ • — 43
2. CONSIDERAÇÕES GERAIS 43
3. ALGUMAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ACERCA DO GRUPO DE PERSEVERANÇA 44
4. GRUPO DE PERSEVERANÇA: COMO ORGANIZAR 44
5. LÍDERES EM POTENCIAL 45
6. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA 46
7. COMO LIDAR COM PROBLEMAS NO GRUPO DE PERSEVERANÇA 47
8. FUNDAMENTAÇÃO DOUTRINÁRIA 48
9. CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 50
6

--^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
APRESENTAÇÃO
Esta formação quer aprofundar a reflexão sobre o Grupo de Oração, uma das
mais importantes expressões da RCC, sua célula principal.
Grupo de Oração é a caminhada de uma pequena comunidade da RCC, inserida
numa Paróquia, Capela, etc.
Baseados em At 2,1-47, se estudará o GO em seus três momentos distintos:
Equipe Núcleo de Serviço (grupo fechado). Reunião de Oração (aberto) e Grupo de
Perseverança (fechado).
Neste momento a manifestação da vivência da "Cultura de Pentecostes" não
se pode recuar! É hora de buscar a vivência da identidade da RCC em todas as suas
dimensões!
<s O Batismo no Espírito Santo que se expressa numa experiência do derrama­
mento do Espírito Santo,gerando verdadeira transformação de vida, como diz o Santo
Padre: "O movimento carismático católico é um dos numerosos frutos do Concílio
Vaticano II que, como um novo Pentecostes, suscitou na vida da Igreja um extraordi­
nário florescimento de agregações e movimentos, particularmente sensíveis à ação do
Espírito. Como não dar graças pelos preciosos frutos espirituais que a Renovação ge­
rou na vida da Igreja e de tantas pessoas? Quantos fiéis leigos - homens, mulheres, jo­
vens, adultos e anciãos - puderam experimentar na própria vida o maravilhoso poder
do Espírito e dos seus dons! Quantas pessoas redescobriram a fé, o gosto da oração,
a força e a beleza da Palavra de Deus, traduzindo tudo isto num generoso serviço à
missão da Igreja! Quantas vidas mudaram de maneira radical!" (Discurso do Papa João
Paulo II à Comissão Nacional Italiana da Renovação no Espírito Santo, em 11/04/98).
ESPIRITUALIDADE
A espiritualidade desta formação é dada pelos textos: At 1,14; 2,39.42. Nestes
textos encontramos toda a dinâmica carismática da Igreja Primitiva após o primeiro
Pentecostes. Queremos seguir os apóstolos porque vimos que deu certo!
7

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPITULO 1
GRUPO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
o Grupo de Oração é a célula fundamental da
Renovação Carismática Católica; é o lugar da expec­
tativa e, ao mesmo tempo, da realização da promessa
perene de Deus; é cenáculo de Pentecostes dos dias
atuais, onde juntamente com Maria nos reunimos
em humilde e unânime oração, para que se cumpra
a promessa feita tanto para os homens de ontem,
quanto para os de hoje:"...acontecerá que derrama­
rei o meu Espírito sobre todo ser vivo" (Joel 3, la).
A Palavra de Deus mostra que Jesus dera uma
ordem a seus discípulos: "E comendo com eles, or-
denou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas
que esperassem aí o cumprimento da promessa de
seu Pai, que ouvistes, disse ele, da minha boca; por­
que João batizou na água, mas vós sereis batizados
no Espírito Santo daqui há poucos dias" (At 1,4-5).
Os discípulos, obedientes a seu Mestre, fizeram exa-
tamente o que Jesus lhes ordenara: "Tendo entrado
no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde cos­
tumavam permanecer.Todos eles perseveravam una­
nimemente na oração, juntamente com as mulheres,
entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele" (At
I,l3a. 14). O Grupo de Oração é o mesmo cenácu­
lo hoje, o lugar por excelência de cumprimento da
promessa do Pai, que sempre quer derramar o Espí­
rito Santo sobre seus filhos, promovendo assim uma
conversão sincera, uma busca decidida de santidade,
uma vida sob o senhorio de Jesus Cristo, um ardor
missionário renovado, relacionamentos renovados,
um coração voltado para Deus e para os irmãos.
O Grupo de Oração da RCC é uma comunida­
de carismática presente numa diocese, paróquia, ca­
pela, colégio, universidade, presídio, empresa, fazen­
da, condomínio, residência, etc, que cultiva a oração,
a partilha e todos os outros aspectos da vivência
do Evangelho, a partir da experiência do batismo no
Espírito Santo.Tem na reunião de oração sua expres­
são principal de evangelização querigmatica e que,
conforme sua especificidade e mantendo sua identi­
dade, se insere no conjunto da pastoral diocesana e/
ou paroquial, em espírito de comunhão, participação,
obediência e serviço. Pessoas engajadas na RCC, lí­
deres e servos - através de encontros, orações e
formação - buscam "fazer acontecer um processo
poderoso de renovação espiritual, que transforma a
vida pessoal do cristão e todos os seus relaciona­
mentos com Deus, com a família, com a Igreja e a
comunidade"'.
"O objetivo do grupo de oração é levar os par­
ticipantes a experimentar o pentecostes pessoal, a
crescer e chegar à maturidade da vida cristã plena
do Espírito, segundo os desejos deJesus:'Eu vim para
que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundân­
cia' (jo I O, I Ob)"^. Nesse sentido, caracteriza-se por
três momentos distintos, porém interdependentes:
núcleo de serviço, reunião de oração e grupo de
perseverança. Estudaremos aqui estes três momen­
tos entrelaçados, com base em Atos 2,1 -47. Observe
na tabela.
' Alírio J. PEDRINI, Grupos de Oração, p. 13
' lbid,p. 14
9

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
O GRUPO DE ORAÇÃO
Atos 2 - Igreja Primitiva Grupo de Oração
Primeiro
momento
At 2,1-4
Os apóstolos e discípulos,
reunidos com Maria, a Mãe de
Jesus, experimentam o derra­
mamento do Espírito Santo e
são transformados por Ele. Esta
comunidade apostólica sai do ce­
náculo para realizar a missão e
formar a Igreja com a multidão.
Núcleo de serviço — os servos que
lideram o grupo devem experimentar e
testemunhar o batismo no Espírito San­
to. Eles são responsáveis pelo Grupo de
Oração como um todo. Daí a necessidade
da formação dos diversos serviços: acolhi­
mento, pregação, pastoreio, cura, interces­
são, aconselhamento, formação, música,
ação social, juventude, casais, etc.
Segundo
momento
At 2,5-41
A multidão se ajunta na
porta do cenáculo, vê a transfor­
mação dos apóstolos, tem seus
corações compungidos, deseja e
é batizada...
Reunião de oração - momento em que
a multidão é evangelizada, experimenta a
ação de Deus, testemunha os carismas e
tem seu coração tocado. O centro des­
te momento é o louvor, a pregação com
poder e o clamor pela efusão do Espírito
Santo.
Terceiro
momento
At 2,42-47

A Igreja Primitiva persevera:
1. Na doutrina dos apóstolos
2. Na comunhão fraterna
3. Na fração do pão
4. Nas orações.
Forma-se, assim, a comunidade
cristã, onde não havia necessita­
dos.
1
Grupo de perseverança - Os que fo­
ram evangelizados devem ser conduzidos
aos grupos de perseverança para cresce­
rem na doutrina, na fraternidade, na parti­
cipação da Eucaristia e na vida de oração.
O início da caminhada deve ser feito atra­
vés de um Seminário de Vida no Espírito
seguida de uma Experiência de Oração e
Aprofundamento de Dons, onde as pes­
soas ouvem e acolhem o 1° anúncio (que-
rigma), que será alicerce para o início da
construção espiritual. Segue-se o Módulo
Básico e às Formações específicas dos di­
versos ministérios, processo esse deno­
minado Escola Permanente de Formação,
de onde sairão aqueles que serão forma­
dos para assumirem serviços necessários
ao Grupo de Oração. Essas etapas bem
definidas (iniciação querigmatica. Módulo
Básico de Formação e Formações espe­
cíficas para o exercício dos diversos Mi­
nistérios) formam o Processo Formativo
proposto pela RCCBRASIL Além disso,
mas não sem critério de início e ingresso,
tem-se os Grupos de Perseverança para
todos os participantes, que será uma ca­
tequese permanente.
10

„ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
Importante é salientar que tanto o primeiro
momento (Reunião de Núcleo) quanto o terceiro
(Grupo de Perseverança) são serviços do Grupo
de Oração, são momentos que convergem para
o segundo momento que é a Reunião de Oração.
Note-se que nem todos os Grupos de Oração da
Renovação Carismática Católica existentes em
nosso País possuem o terceiro momento (Gru­
po de Perseverança), mas nem por isso deixam de
ser um Grupo de Oração da RCC. Entretanto, vi­
sando à formação contínua da parcela do Povo de
Deus que lhe foi confiada, as coordenações devem
se esmerar para implantá-lo em seus Grupos de
Oração. Discorreremos, de forma prática, sobre
cada um dos três momentos interdependentes que
compõem o Grupo de Oração e sobre como levar
os seus participantes à vivência do batismo no Es­
pírito Santo, para uma vida de santidade e serviço.
Mas, antes, é preciso descrever a missão do
"servo coordenador do Grupo de Oração". "Tudo
o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para
o Senhor e não para os homens, certos de que re­
cebereis, como recompensa, a herança das mãos
do Senhor. Servi a Cristo, Senhor" (Col 3,23-24).
2. O COORDENADOR DO GRUPO DE ORAÇÃO
Cada grupo de oração deve ter um coor­
denador que, junto com o núcleo de serviço,
num trabalho conjunto, é responsável por ele.
"O papel do chefe consiste, principalmente,
em dar exemplo de oração na própria vida. Com
esperança fundada e solicitude cuidadosa, toca
ao chefe assegurar que o multiforme patrimônio
da vida de oração na Igreja seja conhecido e apli­
cado por aqueles que procuram renovação es­
piritual, meditação sobre a Palavra de Deus, uma
vez que a ignorância da Escritura é ignorância
de Cristo (...) Deveis estar interessados em pro­
porcionar comida sólida para a alimentação es­
piritual, partindo o pão da verdadeira doutrina"^
Desta afirmação pode-se extrair alguns tópicos
importantes: É importantíssimo que o coordenador
seja uma pessoa de intimidade com Deus, de intensa
vida de oração e de escuta - seja um Amigo de Deus,
para que Jesus seja o Senhor do Grupo de Oração
e o Espírito Santo o conduza. O líder a serviço é
aquele que orienta e conduz. Liderança não é do­
minação; a liderança espiritual é diferente da lide­
rança humana. Coordenar não é fazer tudo, não é
autoritarismo, mas sim distribuir os trabalhos para
que a equipe funcione harmonicamente (ministeria-
lidade orgânica), ouvindo a vontade do Senhor na
oração, para colocar cada pessoa na atividade certa.
Acerca disso, convém lembrar de uma sábia expres­
são utilizada pelos bispos brasileiros no Documento
62 da CNBB, referindo-se ao ministério ordenado,
mas que cabe ser aplicada aqui analogamente:"numa
Igreja toda ministerial, não detém o monopólio da
ministerialidade da Igreja. Não é, pode-se dizer, a 'sín­
tese dos ministérios' mas o 'ministério da síntese""*.
O modelo do servo líder é Jesus. Por isso, o
coordenador deve estar sempre a serviço (cf Mt
20,25-28). A prioridade do serviço é o amor. O co­
ordenador, conhecendo as necessidades das pes­
soas que participam do Grupo de Oração, agindo
com toda sabedoria e discernimento do Espíri­
to, deve buscar a unidade do grupo, "Para que to­
dos sejam um, assim como tu. Pai, estás em mim
e eu em ti, para que também eles estejam em nós
e o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21).
O coordenador não deve fazer nada mecâni­
ca ou superficialmente. Nada de negligência (cf Jr
48,1 Oa).A obra é do Senhor e, por isso, é necessário
fazer tudo com amor e por amon Para isso, deve pe­
dir os dons do Espírito Santo, principalmente os da
Sabedoria, Entendimento e Discernimento:"A sabe­
doria do coordenador alimenta-se permanentemen­
te de sua experiência de Deus e do relacionamento
pessoal e profundo com Ele... Aliás, a experiência de
Deus Pai, de Jesus vivo e do Espírito Santo é o funda­
mento da vida cristã e a graça maior do batismo no
Espírito Santo"^. Deve-se lembrar,ainda que a missão
precisa ser o extravasamento da graça recebida na
oração; do contrário, se dará somente de si mesmo.
É importante que o coordenador observe
outros coordenadores e troque experiências, bem
como visite outros grupos para absorver os frutos
da oração comunitária de maneira mais livre, sem
que esteja com a responsabilidade da coordenação
geral do grupo do qual faz parte. Note-se que o que
se propõe aqui não é que o coordenador deva servir
também em outro Grupo de Oração, mas visitá-lo.
Experiências bem sucedidas devem ser partilhadas
e podem enriquecer outros grupos de oração. Em
resumo, são características do bom coordenador:
í JOÃO PAULO II apud RENOVAÇÀO CARISMÁTICA CATÓLICA, L/de-
rança na RCC, p. 54.^ Ibid, p. 14
CNBB, Documento 62, n.° 87.
' Alírio J. PEDRINI, Grupos de oração, p. 25-26.
11

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^
• Aberto, acolhedor, não se abate facilmente,
é artífice da unidade e da paz; possui uma chama viva
dentro de si que contagia a todos (cf. 2Tim 1,6-9);
• Organizado, obediente, de boa intenção (cf.
Bar 6,59-62);
• Tem consideração com os outros (cf. I Tes 5,12-13);
• É um "bom" pastor, acompanhando as "ove­
lhas" de perto, com todo o zelo e dedicação;
• Caminha no Espírito (cf. Gl 5,24-26);
• Trabalhaemequipe,nãocentralizaasatividades;
• Tem domínio, encorajando os tímidos, con­
trolando os faladores;
• Temzelo,ordem,compromissoepontualidade;
• É perseverante em todos os momentos do
Grupo de Oração;
• Tem uma mentalidade aberta à ação do Es­
pírito Santo, que quer transformar sem cessar e se
manifesta com criatividade;
• É conhecedor da doutrina da Igreja;
• Mantém vínculos estreitos de comunhão
com as demais instâncias de coordenação da RCC,
estando sempre a par dos acontecimentos e inseri­
do nas moções proféticas dadas ao Movimento;
• É amplamente comunicativo, fazendo chegar
todas as informações relativas à vida do Movimento
ao povo a ele confiado, motivando todas as pessoas
a sempre se inserirem no contexto.
Ainda, é necessário que o coordenador:
• Dê oportunidade a todos, sem preconceitos
ou "rotulações". O que erra hoje, amanhã poderá se
tornar um grande líder nas mãos do Senhor;
• Apoie e reconheça o crescimento do irmão;
• Forme servos-líderes melhores que ele e
não tenha medo de "perdê-los" para outros serviços
dentro da RCC, até porque independentemente de
outros chamados, devem permanecer fieis ao Grupo
de Oração, que é a célula principal da RCC;
• Não resista às mudanças (cf. Rm 12,2);
• Não seja apegado ao "cargo" de coordena­
dor, mas enxergue tal função como algo sublime e de
grande responsabilidade; um chamado para deter­
minado tempo em sua vida. Nessa perspectiva, sua
coordenação "precisa ser a melhor coordenação da
história em prol do Reino de Deus", não se tratan­
do aqui de uma competição com ex-coordenadores
e entre líderes, mas cada um precisa ter essa meta
bem definida, para o bem das almas.
Cabe também ao coordenador discernir
com o núcleo de serviço as necessidades do
Grupo de Oração e,a partir daí:
• Usar criatividade nas reuniões de oração;
• Proporcionar seminários, retiros de experi­
ência de oração,aprofundamentos de finais de semana;
• Encaminhar para eventos da RCC e outros;
• Aproveitar todas as oportunidades para o
crescimento,a perseverança e a santidade de cada um.
O coordenador é um servo líder. O Grupo de
Oração precisa de sua liderança fiel ao Senhor, sábia
e santa."Não fostes vós que me escolhestes, mas eu
vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e
produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim
vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao
Pai em meu nome, ele vos conceda" (jo 15,16).
3. O NÚCLEO DE SERVIÇO:
Primeiro momento do grupo de oração
O Grupo de Oração não se resume à reunião
de oração, embora esse seja o seu momento pecu­
liar. Há necessidade de se ter uma caminhada progra­
mada que considere as necessidades dos participan­
tes e como fazer para supri-las de forma contínua e
com qualidade.
Um bom planejamento para o Grupo de Ora­
ção abrange todos os serviços e ministérios, e as­
sim pode-se trabalhar de forma coordenada porque
cada um sabe o que fazer, e todos sabem para onde
estão indo. Inclui também mecanismos para desen­
volver o crescimento e a perseverança dos mem­
bros, introduzindo-os numa experiência comunitária
e catequética.
Todo grupo de oração carismático tem sua co­
esão, boa ordem, planejamento e continuidade asse­
gurados pelo núcleo de serviço, que é um pequeno
grupo de servos que assume o grupo todo em sua
espiritualidade e estrutura.
12

. Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
3.1. Critérios para composição do nú­
cleo de serviço:
O Núcleo de Serviço deve ser composto pelo
Coordenador do Grupo de Oração, pelo ex-co-
ordenador imediatamente anterior ao atual, pelos
respectivos coordenadores/ representantes dos di­
versos ministérios exercidos no Grupo de Oração
(Intercessão, Música, Crianças, Pregação, Oração por
Cura e libertação, Formação,Arrumação,Acolhimen-
to e recepção, etc), podendo-se, ainda, de acordo
com a necessidade, convidar outras pessoas que em­
bora não coordenem qualquer ministério no Grupo
de Oração, preencham os quesitos mínimos neces­
sários para tal função, dentre eles, uma adequada for­
mação e razoável capacidade de discernimento, além
da confirmação da comunidade.
Nos Grupos em que não haja ainda o exercí­
cio dos ministérios elencados acima, o núcleo será
composto pelo Coordenador do Grupo de Ora­
ção, pelo ex-coordenador imediatamente anterior
ao atual e por um grupo de pessoas que possuam
discernimento, sejam emocionalmente equilibradas,
possuam reputação moral e espiritual ilibada, sejam
afeitas à formação permanente e sejam espiritual­
mente amadurecidas.
Os Grupos de Oração da RCC surgem, geral­
mente, a partir de um Seminário de Vida no Espírito,
seja por iniciativa missionária de membros de outro
Grupo ou da coordenação diocesana/regional da
RCC, seja a pedido da comunidade paroquial. Nesta
hipótese de criação de um novo Grupo de Oração, o
seu núcleo será formado por alguns dos servos que
trabalharão no Seminário, apoiados de perto pela
Equipe Diocesana e/ou pela equipe do Grupo que
o originou, sendo-lhes assegurada ampla formação
para sua missão.
OBS.: É muito importante que todas as lideran­
ças da RCC perpassem todo o Processo Formativo
do Movimento, que se inicia com o seu Processo
de Iniciação que é querigmático (SVE, Experiência
de Oração e Aprofundamento de Dons), prossegue
com o Módulo Básico de Formação (I I encontros
incluindo-se o Módulo de Formação Humana in­
tercalado às apostilas do Módulo Básico, conforme
orientação do Ministério de Formação da RCC),
seguido das formações específicas para o exercício
dos diversos ministérios, conforme o discernimento
vocacional de cada um para servir a Deus no Movi­
mento.
3.2.As finalidades do núcleo são':
a) Avaliar o que Deus fez em cada reunião de
oração, não dizendo "foi bom" ou "deveria ter sido
melhor", mas discernindo em oração o que Deus
disse. Pode-se avaliar como foi a reunião de oração
anterior respondendo, com todo o núcleo, a alguns
questionamentos, tais como: "A Palavra pregada foi
acolhida?","Os louvores foram cheios de amor e ale­
gria?", "Os cantos foram ungidos e levaram o povo
a louvar?", "Como foi a acolhida?","Houve profecias
e outras práticas carismáticas?", "Houve testemu-
nhos?","Como foi a evangelização?","Foi enriquece­
dora a manifestação da caridade, da fraternidade, da
comunhão?", etc.
b) Acompanhar e assistir os fieis que estão no
grupo em suas necessidades pessoais (doenças, difi­
culdades de oração, perda de paciência, ausência das
reuniões, etc) encaminhando-os aos serviços (inter­
cessão, oração por cura e libertação, cura interior,
grupo de perseverança, etc).
c) Revezor-se na condução da reunião de oração,
sempre em um clima de fraternidade e cooperação.
d) Interceder constantemente pelo Grupo de
Oração do qual faz parte.
e) Preparar as reuniões do Grupo de Oração,
distribuindo os serviços e responsabilidades, esco­
lhendo, preparando a pregação e rezando por aque­
les que desempenharão alguma função.
Os membros do núcleo de serviço do
Grupo de Oração devem ser bem forma­
dos e profundamente dados à oração, treina­
dos no discernimento comunitário, obedientes
e dispostos a dar a vida no serviço do Senhor.
Como o próprio nome diz, núcleo de serviço é
um serviço do Grupo de Oração (cf At 6,1 -7); é um
grupo de pessoas a serviço dos irmãos. As pessoas
que o integram devem assumi-lo como um chamado
do Espírito.
Fazer parte do núcleo não é condição de des­
taque, mas posto de serviço aos irmãos, para que
Jesus seja o destaque em suas vidas. O objetivo do
núcleo de serviço é louvar, orar, interceder pelo gru­
po, discernir e aplicar a orientação para o grupo. Sua
missão é evangelizar e formar os membros do grupo
e levá-los a uma profunda experiência com Deus, de
vida no Espírito Santo, inserindo-os no conjunto da
Igreja. "Que os homens nos considerem, pois, como
simples operários de Cristo e administradores dos
mistérios de Deus. Ora, o que se exige dos adminis­
tradores é que sejam fiéis" (I Cor 4,1 -2).
' Cf. Emmir NOGUEIRA et al, Grupo de oração, p. 7.
13

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^
'//////////////////////////^^^^
O perfil Ideal do participante do núcleo inclui:
• Constância nas reuniões de oração;
• Frutos de conversão;
• Responsabilidade;
Maturidade humana e espiritual;
• Equilíbrio emocional;
• Reputação moral e espiritual ilibada;
• Carisma de liderança;
• Senso eclesial;
• Relativa aceitação comunitária, entre outras
características.
Nem sempre a pessoa que "reza mais" ou aque­
la mais "espiritual" é a mais indicada para fazer parte
do núcleo. No geral, o coordenador deve escolher
seus auxiliares em oração e com bastante cautela e
discernimento.
Geralmente as pessoas precisam de algum tem­
po de caminhada no Grupo de Oração antes de fa­
zerem parte do núcleo de serviço. Uma pessoa que
está chegando no Grupo de Oração precisa, antes,
ser "conquistada", "seduzida" por Jesus através de
uma evangelização querigmatica bem sedimentada,
seguida de uma inserção sempre mais profunda na
X etapa da evangelização, isto é, a formação. Supri­
mir esse processo de iniciação pode gerar grandes
prejuízos à pessoa convidada a servir no núcleo, bem
como ao próprio Grupo de Oração.
As pessoas menos indicadas para pertencerem
ao núcleo de serviço são: as que têm algum desequi­
líbrio emocional/psíquico ou carências afetivas mui­
to fortes; as que se relacionam mal e perturbam a
paz; pessoas autoritárias, imaturas no uso dos caris­
mas ou que tenham restrições à doutrina da Igreja.
Também é preciso tomar cuidado com aquelas que
utilizam o núcleo para tentarem solucionar proble­
mas pessoais ou para se auto-afirmarem.
3.3. A reunião do núcleo de serviço
A reunião do núcleo é o momento da experi­
ência de Pentecostes, como que a repetição do cená­
culo vivido pelos primeiros cristãos (cf.At 2,1 -4). Na
reunião do núcleo, cada participante vai ficar motiva­
do e vai motivar o Grupo de Oração a partir de sua
experiência. A reunião de oração deve transbordar
a experiência que o núcleo de serviço teve, pois S.
Pedro, em seu discurso, afirmou que o Espírito Santo
estava sendo derramado e era possível ver e ouvir
isto (cf.At 2,33). Daí brota a pregação, que supera
as expectativas de todo o povo. Então, a experiência
do núcleo é base para toda a motivação do povo.
Nesse sentido, a reunião de núcleo envolve
uma ampla prática carismática, privilegiando-se a es­
cuta profética do Senhor visando o direcionamento
geral para o Grupo de Oração, bem como à prepa­
ração da próxima reunião de oração mediante a Pa­
lavra Rhema (chave, direção certa) que será pregada
e a moção que conduzirá aquela Reunião de Oração.
A motivação é o amor de Deus. O núcleo tem
que rezar, rezar e rezar para que o Pentecostes se
repita para ele e para todos aqueles que são chama­
dos de acordo com a vontade de Deus (cf.At 2,39) e
que renove as manifestações dos carismas.
O núcleo de serviço do Grupo de Oração
deve reunir-se semanalmente, com dia e horário de­
finido, para melhor exercer seu apostolado; e deve
haver sigilo absoluto do que ali for tratado. Frise-
se que esta reunião semanal da qual estamos
tratando é restrita ao núcleo, que é uma das
diversas equipes do Grupo de Oração e é par­
te da grande equipe. Portanto, esta reunião não é
destinada a todos os servos do Grupo de Oração,
mas somente aos membros do núcleo de serviço.
Nada impede - e é até recomendável - que periodi­
camente todos os servos do Grupo de Oração - in­
cluindo-se, obviamente, o Núcleo - se reúnam para
rezar, escutar o Senhor e serem batizados no Espíri­
to Santo. Inclusive, seria saudável que cada uma das
várias equipes dos ministérios exercidos no Grupo
de Oração - além do Ministério de Intercessão -
pudessem se reunir semanalmente, para crescerem
em seu ministério. No entanto, a reunião de Núcleo,
definitivamente, não é o momento para que todos
os servos se reúnam.
Ainda acerca da reunião de núcleo, esta deve
contemplar uma avaliação criteriosa da reunião de
oração anterior, que ressalte os pontos positivos -
que devem ser sempre valorizados, bem como os
pontos de melhoria, sejam do grupo como um todo
ou relativo a determinadas pessoas do núcleo e de­
mais equipes. Observe-se que toda avaliação deve
ser construtiva, isto é, movida pelo empenho de ob­
ter sempre mais aperfeiçoamento espiritual e huma­
no, tudo isso regado a muita caridade cristã. Aquele
que recebe a avaliação deve, por sua vez, processá-la
em seu coração com o amor e paz dos filhos de
Deus, aproveitando a exortação para se aperfeiçoar
sempre mais na obra do Senhor.Assim, as peculiari­
dades no exercício dos diversos ministérios devem
ser avaliadas para o bem comum.
Nesse sentido, não deve haver em nosso meio
um excesso de respeito humano, isto é, não querer
desagradar o outro com sua avaliação, o que impe-
14

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
de O verdadeiro crescimento do irmão de núcleo.
Cuidado para não cair na tentação de dizer "tudo
vai bem, quando na verdade, tudo vai mal (Jr 8,1 I),
quando for o caso. Por outro lado, de modo al­
gum pode-se fazer de nossas reuniões de núcleo
momentos de desgastes de relacionamento ou de
discussões entre irmãos. Daí decorre também a ne­
cessidade de maturidade da parte dos membros do
núcleo.
Alguns aspectos da avaliação devem ser obser­
vados:
1) O que aconteceu na verdade? (É impor­
tante a boa comunicação na avaliação)
2) Possíveis causas para tal acontecimento.
(Ir à raizdo problemaé umgrande passo paradirimi-lo)
3) Como sanar as causas do que não foi
tão bom?
Cabe ao Núcleo, ainda, interceder confiante­
mente por todas as necessidades do Grupo de Ora­
ção e pelo bom andamento do mesmo, implorando
ao Senhor o derramamento perene de sua graça e
bênçãos sobre todos os seus membros e consagran­
do ao Senhor o seu povo. Os membros do Núcleo
são os primeiros intercessores do Grupo de Oração,
sem prejuízo da equipe do Ministério de Intercessão.
Os assuntos administrativos referentes ao Gru­
po de Oração também serão discutidos e resolvidos
na reunião de núcleo.
Uma observação importante:"Os membros do
núcleo de serviço devem fazer uma pequena reunião
pelo menos meia hora antes do início da Reunião de
Oração para não entrarem na mesma 'a frio'. Devem
'aquecer-se' na presença do Senhor. Isto é de valor
inestimável e jamais deve ser omitido, sendo incal­
culáveis as bênçãos e inspirações que se recebem
nesse momento"^.
4. O SERVO DE JESUS NO GRUPO DE ORAÇÃO DA RCC
Jo 13,1-15;F12,1-11
O que é ser servo hoje? A sociedade tem uma
visão totalmente contrária à palavra de Deus, o ego­
ísmo tomou conta da sociedade. Mas a Palavra de
Deus ensina que é dando que se recebe, é servindo
que se é servido,assim comoJesus.Sobre isso,seguem
alguns tópicos de acordo com a Palavra de Deus.
4.1 Ser servo de Jesus hoje é ter dis­
posição de: ; o^l)
a) Renunciar a própria vontade - Mt 16,24-
25 O servo não tem querer, ele sempre faz a vonta­
de do seu Senhor, ele cuida dos negócios do Senhor,
passa a ser propriedade do Senhor
b) Aprender e permanecer nas mãos do
Mestre-Pv 12,1; 15,14; 18,15
O servo é aquele que gosta de aprender com o
Mestre, pois a Bíblia fala que Ele tem palavras de Vida
Eterna. Mais do que aprender deve ter disponibili­
dade de colocar em prática aquilo que o Mestre lhe
ensina e fazer a vontade do seu Senhor Na realidade
é obrigação ter o caráter do Mestre (cf. Cl 2,6-7).
Esta união que o texto fala significa estar tão ligado
que não dá para separar um do outro.
c) Depender totalmente do Mestre - Mt
6,24-34A dependência tem que ser somente do Se­
nhor. Voltando para o contexto da época de Jesus,
era do senhor que vinha toda provisão, sustento; o
senhor que supria todas as necessidades do servo,
em troca o servo tinha fidelidade, lealdade, compro­
misso e obediência ao seu senhor. Quando se toma
a decisão de ser servo do Senhor Jesus, tem que ter
a certeza de que Ele vai cuidar de tudo.
d) Fazer a vontade do Mestre - Jo 5,30
O próprio Jesus não veio a este mundo para
fazer a sua vontade, mas a do Pai Celestial que o
enviou. O servo deve fazer o mesmo (ver Gl 2,20).
Quando se fala "Cristo vive em mim", tem que ter
a convicção de que a própria vontade foi crucificada
em favor de cumprir a vontade de Deus, e de que a
Palavra de Deus diz que esta vontade é boa, perfeita
e agradável (cf. Rm 12.2; CL 3,1 -3).
e) Servir o amigo e ©"inimigo"- Mt 20,25-28
O homem de hoje valoriza muito a posição, e
status, mas o Mestre Jesus ensina a servir, pois aquele
que quer ser importante e destacado, deve ser aquele
que serve. Quando se vê no texto de Cl 2,5 que tem
que ter o mesmo modo de pensar de Jesus, ve-se que
Ele, mesmo sendo mestre, serviu aos seus discípulos
(cf. Jo 13,1-5). É bom lembrar que mesmo sabendo
que Judas ia traí-lo Jesus o serviu lavando seus pés.
CHAGAS, Dom Cipriano. Grupos de Oração Carismáticos, p. 13.
15

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração .
f) Servir com alegria - SI 99/100,2
Qualquer servo que reconhece Aquele a quem
ele serve será cheio de alegria. Como verdadeiro
servo, deve sempre servir com alegria, não com tris­
teza e murmuração. O servir não pode ser um peso,
mas prazer (cf. Is 65,14).
g) Servir onde for chamado - Lc 17,7-10
O servo nunca procura se destacar ou servir
por interesse. Não escolhe o que fazer, faz o que
pedem, e o faz com amor e alegria.
Jesus deu o exemplo e ordenou que se fizesse
o mesmo que Ele fez. O Papa se intitula "servo dos
servos de Jesus Cristo", isto é, aquele que deve ser­
vir a todos. O mundo deixou uma mentalidade - a
de empregado - de fazer coisas para ser recompen­
sado. Porém o Senhor Jesus deixou algo muito me­
lhor - o espírito de Servo, fazer coisas para agradar
ao Senhor, e abençoar aos irmãos, mesmo que não
receba nada em troca.
O coordenador do Grupo de Oração é um dos
servos do seu grupo, responsável por todos, para
servir a todos. E os membros de Núcleo, verdadei­
ros pastores do rebanho do Senhor são convidados
a dar esse testemunho eloquente de serviço.
5. MINISTÉRIOS NO GRUPO DE ORAÇÃO
O termo "ministério" é amplamente usado na
Renovação Carismática para designar de uma manei­
ra geral os diversos serviços do Grupo de Oração.
São estes os mais comuns: ministério de oração por
cura, ministério de música, ministério de intercessão,
ministério de pregação, entre outros.
Um ministério é um serviço específico den­
tro do Grupo de Oração. É um trabalho para ser­
vir à comunidade cristã, uma maneira de exercitar
o apostolado. Cada batizado é chamado a crescer,
amadurecer continuamente, dar cada vez mais fruto
na descoberta cada vez maior de sua vocação, para
vivê-la no cumprimento da própria missão.
"Os ministérios são diversos, mas um só é o
Senhor" (I Cor 12,5). Fazendo esta afirmação, São
Paulo coloca todos os ministérios -serviços - em
submissão a Jesus Cristo e dentro de um contexto
de comunhão eclesial (cf também Ef 4,1 1-16).Assim,
devem funcionar harmonicamente como em uma
orquestra onde cada um faz o seu "som", mas o todo
é que faz a beleza.
As equipes ou ministérios devem ser forma­
dos na medida da necessidade e da realidade de
cada Grupo de Oração. Seus membros devem ser
escolhidos em oração e de acordo com os vários
dons que surgem. Para cada necessidade há pessoas
ungidas pelo Espírito para seu atendimento: "Temos
dons diferentes, conforme a graça que nos foi con­
ferida. Aquele que tem o dom de profecia, exerça-o
conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério,
dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar.
que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele
que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade;
aquele que preside, presida com zelo; aquele que
exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade"
(Rm 12,6-8).
"A cada um é dada a manifestação do Espíri­
to para proveito comum.A um é dada pelo Espírito
uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de
ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo
mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças,
no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a
outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espí­
ritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim,
a interpretação das línguas" (ICor 12,7-10).
As pessoas que formarão as diversas equipes
para os diversos serviços do Grupo de Oração de­
vem ser recrutadas dentre aquelas que já se identi­
ficam com a espiritualidade da RCC e que possuam
alguma experiência dos carismas e sejam disponíveis.
É importante observar que estas pessoas devem es­
tar inseridas no Processo Formativo da RCC.
Deus chama cada um dos seus fiéis a exercer
um serviço específico dentro da sua Igreja, com a
finalidade de cada vez mais edificar o Corpo de
Cristo. Cada batizado deve desempenhar a missão
que Deus lhe deu e para a qual o capacitou com o
objetivo de que todos cheguem à unidade da fé e à
plenitude do conhecimento de Cristo e assim sejam
novas criaturas. Quando a missão é desempenhada,
vivida com grande amor, a caridade é evidenciada (cf
ICor l3,4-8a).
16

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
5.1. Cada ministério é sustentado por
um carisma específico
Os ministros exercem seu serviço participan­
do do ministério de Jesus. Portanto, ministério é um
serviço prestado à comunidade com a capacitação
dos carismas. "Ministério é, antes de tudo, um caris­
ma, ou seja, um dom do Alto, do Pai, pelo Filho, no
Espírito, que torna seu portador apto a desempe­
nhar determinadas atividades, serviços e ministérios
em ordem à salvação"^.
Todos os cristãos têm os carismas do Espíri­
to Santo na medida da necessidade da comunidade,
mas exercem um ministério específico que depende
mais de um carisma do que de outro. Por exem­
plo, o ministro de oração por cura necessita muito
mais do carisma de cura; o coordenador de gru­
po de oração necessita da palavra de sabedoria e
do discernimento e assim por diante. No entanto,
apesar de serem estes os carismas mais específicos
destes ministérios, nenhum carisma existe ou pode
ser exercido isoladamente. Seja qual for o ministério
ao qual o Senhor nos chama, necessitaremos sem­
pre do auxílio de todos os carismas para exercê-lo
com o poder de Deus. Ao instituir seus ministros.
Deus os capacita para exercerem sua missão, que
sempre terá como objetivo a glorificação de Deus e
a conversão dos seus filhos. Por isso. Ele dota seus
ministros dos dons, dos talentos e das aptidões que
eles vão precisar para exercer os ministérios, de tal
forma que possam contar sempre com a sua graça,
a fim de não cair na tentação da auto-suficiência e
de um exercício simplesmente humano de serviço
à Igreja. "Mas, só pode ser considerado ministério o
carisma que, na comunidade e em vista da missão na
Igreja e no mundo, assume a forma de serviço bem
determinado"'.
5.2. A autoridade do ministro é exer­
cida na autoridade de Jesus
A autoridade do ministro vem da autoridade
de Jesus Cristo. É um dom do Espírito Santo; e isto
é que faz a diferença entre a sua e as outras autori­
dades. Não é uma simples delegação de poder, mas
o ministro participa da missão de Jesus. Ele exerce
o seu ministério como o próprio Jesus exerceria (cf.
Jo 15,16).
Portanto, o ministro ao exercer seu serviço
hoje, conta com o mesmo poder de Jesus Cristo (cf.
Jo 14,12). O poder é de Jesus; então, nada de orgulho,
nada de se achar o melhor, o mais santo. O ministro
deve saber separar as coisas e reconhecer que toda
a obra boa que realiza vem de Jesus e por mais que
realize grandes e muitas coisas, é sempre servo inú­
til (cf. Lc 17,10). Um servo olha não para as obras
de suas mãos, mas para o Autor que é Deus. Nunca
deve atribuir a si os méritos das obras que realiza,
mas unicamente a Ele.
5.3.0 Espírito Santo é a fonte dos mi­
nistérios
É importante a consciência de que todos os
serviços prestados ao Reino de Deus, em nome de
Jesus Cristo, são, em última análise, de origem divi­
na, acontecem sob a ação do Espírito Santo. É Ele
quem dá a força para testemunhar Jesus Cristo "até
os confins da terra" (cf.At 1,8). Os ministros devem
realizar suas tarefas sob o influxo do Espírito Santo.
É Ele que os cumula de carismas; sem Ele a missão
será de baixa eficiência, fraco desempenho, ausência
de criatividade, de zelo e de perseverança.
O Espírito Santo comunica ao ministro sua for­
ça e o capacita para a ação de servir à comunidade.
Foi o que aconteceu com os apóstolos e os discípu­
los de Jesus em Pentecostes (cf.At 2,1-13); com os
diáconos, após a oração feita sobre eles (cf.At 6,1 -7);
e com Paulo, após a imposição das mãos de Ananias
(cf.At 9,10-30). Com a ação do Espírito Santo, todos
se tornaram intrépidos ministros do Senhor O desin­
teressado e oblativo exercício dos ministérios, tor-
na-se fonte de santificação para quem os exerce.
6. FUNDAMENTAÇÃO DOUTRINARIA
A título de "fundamentação doutrinária" se­
guem em destaque alguns trechos do Magistério da
Igreja, para consulta e aprofundamento:
a) "Além disso, o mesmo Espírito Santo não se
limita a santificar e a dirigir o povo de Deus por meio
dos sacramentos e ministérios, mas também, nos fi­
éis de todas as classes distribui individualmente e a
cada um, conforme entende, os seus dons e as gra­
ças especiais, que os tornam aptos e disponíveis para
^ CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, n. 84.
' Ibid., n. 85.
17

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração >^
assumir os diversos cargos e ofícios úteis à renova­
ção e maior incremento da Igreja... Devem aceitar-
se estes carismas com ação de graças e consolação,
pois todos, desde os mais extraordinários aos mais
simples e comuns, são perfeitamente acomodados e
úteis às necessidades da Igreja" (Lúmen Gentium 12).
b) "Impõe-se, pois, a todos os cristãos o dever
luminoso de colaborar para que a mensagem divina
da salvação seja conhecida e acolhida por todos os
homens em toda a parte. Para exercerem tal apos­
tolado, o Espírito Santo - que opera a santificação do
povo de Deus através do ministério e dos sacramen­
tos - confere ainda dons peculiares aos fiéis (cf. I Cor
12,7),'distribuindo-os a todos, um por um, conforme
quer (I Cor 12,1 I), de maneira que 'cada qual, segun­
do a graça que recebeu, também a ponha a serviço
de outrem' e sejam eles próprios'como bons dispen­
sadores da graça multiforme de Deus' (IPed 4,10),
para a edificação de todo o corpo na caridade (cf. Ef
4,16). Da aceitação destes carismas, mesmo dos mais
simples, nasce em favor de cada um dos fiéis o direi­
to e o dever de exercê-los para o bem dos homens
e a edificação da Igreja, dentro da Igreja e do mundo,
na liberdade do Espírito Santo, que'sopra onde quer'
(jo 3,8), e ao mesmo tempo na comunhão com os
irmãos em Cristo" (Apostolicam Actuositatem, 3).
c) Pareceu-nos de capital importância uma
Exortação deste género, porque a apresentação da
mensagem evangélica não é para a Igreja uma contri­
buição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por
mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens
possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é
necessária, ela é única e não poderia ser substituída.
Assim, ela não admite acomodação. É a salvação dos
homens que está em causa. (...) Por isso, bem mere­
ce que o apóstolo lhe consagre todo o seu tempo,
todas as suas energias e lhe sacrifique, se for neces­
sário, a sua própria vida (Evangelli Nuntiandi, 5).
d) "A formação dos fiéis leigos tem como obje­
tivo fundamental a descoberta cada vez mais clara da
própria vocação e a disponibilidade cada vez maior
para vivê-la no cumprimento da própria missão.
Deus chama-me e envia-me como trabalhador para
a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para
o advento do seu Reino na história: esta vocação e
missão pessoal define a dignidade e a responsabili­
dade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de
toda ação formativa, em ordem ao reconhecimento
alegre e agradecido de tal dignidade e ao cumpri­
mento fiel e generoso de tal responsabilidade. Com
efeito. Deus, na eternidade pensou em nós e amou-
nos como pessoas únicas e irrepetíveis, chamando
cada um de nós pelo próprio nome, como o bom
Pastor que 'chama pelo nome as suas ovelhas' (jo
10,3). Mas, o plano eterno de Deus só se revela a
cada um de nós na evolução histórica da nossa vida
e das suas situações, e, portanto, só gradualmente:
num certo sentido, dia a dia" (Christifidelis Laici, 58).
e) "A graça é antes de tudo e principalmente o
dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas
a graça compreende igualmente os dons que o Espí­
rito nos concede para nos associar à sua obra, para
nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos
outros e com o crescimento do corpo de Cristo,
a Igreja. São as graças sacramentais dons próprios
dos diferentes sacramentos. São além disso as graças
especiais, designadas também "carismas", segundo a
palavra grega empregada por S. Paulo, e que signifi­
ca favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for o seu
caráter, às vezes extraordinários, como o dom dos
milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à
graça santificante e têm como meta o bem comum
da Igreja.Acham-se a serviço da caridade, que edifica
a Igreja" (Catecismo n.2003).
7. CONCLUSÃO
Até aqui se discorreu sobre o primeiro momento do Grupo de Oração: o nú­
cleo de serviço.A graça recebida nesse momento do Grupo de Oração desaguará nos
outros dois momentos, tal é a importância da reunião de núcleo semanal. Os ensinos
seguintes (2, 3, 4 e 5) farão referências aos diversos aspectos da reunião de oração,
que é o segundo momento. Já o 6° ensino abordará especificamente o terceiro mo­
mento, que é o grupo de perseverança.
18

, Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPITULO 2
A REUNIÃO DE ORAÇÃO:
CONCEITO, FINALIDADES E CARACTERÍSTICAS
1. INTRODUÇÃO
O segundo momento do Grupo de Oração
é a reunião de oração. A reunião de oração é um
meio privilegiado para comunicação do batismo
no Espírito Santo e a consequente experiência de
Deus. É, portanto, um dos principais momentos
da dinâmica da Renovação Carismática Católica.
Atende plenamente ao clamor dos bispos da
América Latina e do Caribe, reunidos em Apareci­
da/SP durante a suaV Conferência Geral, em 2007:
"Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do
cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambien­
te; esperamos uma vinda do Espírito que renove
nossa alegria e nossa esperança. Por isso, é impe­
rioso assegurar calorosos espaços de oração co­
munitária que alimentem o fogo de um ardor in-
contido e tornem possível um atrativo testemunho
de unidade 'para que o mundo creia'(Jo 17,21)"'°.
A reunião de oração - esse "caloroso espaço de
oração comunitária que alimenta o fogo de um ardor
incontído" - é informal, marcada antes de tudo pela
espontaneidade dos participantes e pela abertura ao
Espírito. Por isso mesmo, não existem esquemas ou
propostas rígidos para o seu desenrolar, como fór­
mulas de oração, listas pré definidas e quantidade de
músicas a serem cantadas, etc. Acontece de acordo
com o mover do Espírito naquela assembleia reunida.
No entanto,a reunião de oração não se desenvol­
ve de maneira indefinida e sem direção. Há um conjun­
to de orientações que imprimem a ordem e o respei­
to, proporcionando melhor ambiente para a atuação
livre do Espírito Santo, evitando excessos e eventuais
desvios. Portanto, o que segue não tem a finalidade
de enquadrar ou padronizar as reuniões, mas de au­
xiliar em sua condução e melhorar seus resultados.
2. CONCEITO
Reunião de oração é o momento em que os
participantes do Grupo de Oração se encontram,
semanalmente, para a oração, especialmente o lou­
vor. Esse momento é aberto para outras pessoas
que poderão, a partir dele, começarem a fazer parte
do Grupo de Oração, iniciando uma caminhada de
conversão e crescimento perseverante na fé. Assim,
pode-se concluir que a porta de entrada na célula
principal da RCC é a reunião de oração, segundo
momento da dinâmica do Grupo de Oração, que
envolve três momentos distintos, conforme já visto.
Por isso mesmo, é comum que os participan­
tes da reunião de oração sejam bastante diversos, a
exemplo da multidão no dia de Pentecostes (cf At
2,1 -13). Além dos perseverantes membros do grupo
(aqueles que estão na reunião todas as semanas), é
comum se introduzirem nela: curiosos, ociosos, de­
sesperados, depressivos, revoltados, entre outros.
Alguns vão à reunião por livre vontade, sem motivo
aparente, ou simplesmente porque foram convida­
dos; outros, notadamente os jovens, vão por causa da
animação; outros, ainda, estão buscando algo para si
ou para outrem (cura física, libertação das drogas ou
da bebida, conversão de um parente ou amigo, etc).
A reunião de oração é, por assim dizer, um mo­
mento pentecostal: com os corações compungidos
(cfAt 2,37), os fiéis são levados à vivência da fé, na fra­
ternidade e no comprometimento missionário. Nela,
os carismas devem ser manifestados sem restrições,
pois fazem parte do"ver e ouvir" que convence àque-
CNBB. Documento final daV Conferência Geral do Episcopado Latino
Americano e do Caribe, n.° 362.
19

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
les que estão chegando.Trata-se, ainda, do "ruído de
Pentecostes" que precisa ser ouvido mesmo do lado
de fora do cenáculo,causando admiração (cf At 2,6-7).
2.1 A reunião de oração não é; —
2.1.1 Uma aula
Não se trata de um momento de ensino bíblico,
teológico ou moral. Não se pode dizer nem mesmo
que a reunião é um aprofundamento catequético,
a não ser como realidade vivencial. O essencial é a
experiência do batismo no Espírito, do louvor e da
conversão. Portanto, apesar do seu caráter instruti­
vo e de se reservar um momento específico para a
pregação, o mais importante da reunião de oração é
a sua dinâmica de falar e ouvir Deus.
2.1.2 Um grupo de discussão
A reunião de oração não é para discussão po­
lítica, social ou mesmo religiosa, por mais importan­
tes que sejam tais assuntos. Existem ou devem ser
criados espaços propícios para esse tipo de debate.
Sobretudo em pequenos grupos, é comum que
no momento da pregação ou fora dele, pessoas an­
siosas por dizer algo ou com nível maior de politiza­
ção, introduzam questões que podem gerar tumulto
ou provocar o desinteresse da maioria dos presen­
tes. A liderança da reunião deve acautelar-se contra
tais coisas e conter habilidosamente essas pessoas.
2.1.3 Uma sessão de terapia
A reunião de oração não é um momento cria­
do para descarregar tensões emocionais adquiridas
durante a semana.Algumas pessoas fazem do tempo
de oração semanal uma espécie de sessão terapêu­
tica, para repor energias. Há pessoas que pensando
estar louvando o Senhor, contam suas mazelas ou
dão testemunho de algo ocorrido durante a semana.
Veremos a seguir o que realmente significa o louvor.
Embora possa fazer parte da reunião a retoma­
da do vigor e do ânimo ou até a cura das emoções,
isso acontece no próprio desenrolar da oração,
quando a pessoa louva e experimenta a presença de
Deus e não por rezar o tempo todo na expectativa
de receber um favor "O mais importante não deve
ser nem mesmo a cura do Senhor, mas o Senhor que
cura. O que se há de buscar em primeiro lugar não
é a saúde, mas a santidade. (...) Se temos confiança
na Palavra do Senhor, certos de que é mais fácil pas­
sarem o céu e a terra do que ela deixar de cumprir-
se, confiaremos a Ele todas as nossas preocupações,
porque Ele se preocupa conosco (cf I Pd 5,7). Ele é
tão bom que nos responderá antes mesmo que o
chamemos, e solucionará até os problemas que nós
mesmos ignoramos que existam em nossas vidas"'^.
2.1.4 Uma reunião social
A reunião de oração não pode se transformar
numa simples ocasião para encontro de amigos, para
tratar de assuntos de interesse comum ou para to­
mar lanche e chá. A reunião tem finalidades muito
bem definidas, centradas na pessoa de Jesus.
2.1.5 Uma reunião eclesial diversa da
proposta
Não raro veem-se algumas pessoas entenden­
do ser cabível e até saudável substituir, vez por outra,
a dinâmica espontânea da reunião de oração da RCC
(louvor, profecia, pregação querigmatica, batismo no
Espírito Santo, testemunhos) por outras atividades
tais como: partilha de textos bíblicos ou extra-bíbli-
cos (evidentemente pode-se conduzir uma oração
durante a reunião baseada em algum texto bíblico
que tenha confirmado alguma moção profética), re­
citação do Terço, novenas do Padroeiro da paróquia,
adoração ao Santíssimo Sacramento, excesso de di­
nâmicas de integração comunitária, ou mesmo fazer
do Grupo um Círculo Bíblico. "Não se confunde o
grupo de oração carismático com outras reuniões
de fieis. Ele não é um Círculo Bíblico. Querer con­
verter o grupo de oração em círculo bíblico é que­
rer desfigurá-lo e esvaziá-lo. (...) O grupo de oração
também não é um grupo de reflexão, de intercâmbio
de ideias"'\e que todas essas atividades são
importantíssimas e salutares na vida de todo cristão
católico, mas cada qual a seu tempo (cf Ecle 3,1)
" Cf.José H.Prado FLORES.As reuniões deoraçõo.p. 12-13.
Ibid.p. 13
" CHAGAS, Dom Cipriano, OSB. Grupos de Oração Carismáticos, I. Rio de
Janeiro: Ed. Louva-a-Deus, I978,pp. 10
20

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
3. FINALIDADES
Podem ser indicadas pelo menos quatro finali­
dades principais de uma reunião de oração:
3.1. Para louvar o Senhor'"
Apesar de não se prescindir de outros tipos de
oração (petição, intercessão, cura, etc), o louvor exer­
ce certo primado na reunião. A experiência da Re­
novação Carismática Católica é uma experiência de
resgate da oração de louvor, centralizada na pessoa
de Jesus muito mais que nas necessidades do orante.
Por isso, o louvor ocupa lugar privilegiado.
Nele, o Senhor atua derramando graças. O louvor é
como que o preparo para que o Senhor comunique
a sua palavra de forma atual, por meio da profecia.
"O centro da reunião de oração é Cristo, a alma é
o Espírito Santo, e sua finalidade é adorar, louvar e
glorificar o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que
é também nosso Pai"'^Acerca do louvor se tratará
mais detalhadamente em seguida.
3.2. Para proporcionar a experiência
do batismo no Espírito
Essa finalidade não deve ser colocada em plano
secundário. Tampouco, o batismo no Espírito Santo
deve ser considerado ponto ulterior a uma etapa de
formação. Portanto, a reunião deve favorecer sem­
pre o derramamento do Espírito, proporcionando
aos participantes uma experiência de Deus.
Essa experiência é quase sempre manifestada
no interior das pessoas e constitui-se em ponto de
partida para sua vida de conversão. Apesar disso, o
batismo no Espírito não deve ser confundido com
uma experiência meramente subjetiva, embora pos­
sa trazer consigo uma boa carga de emotividade.
Convém lembrar do que foi visto na Apostila OI
desse módulo, acerca do batismo no Espírito Santo
como uma das principais características do DNA da
Renovação Carismática Católica.A partir dessa expe­
riência impactante de Deus, se é impelido a uma bus­
ca contínua pela santidade, passa-se a ter mais amor
pelas Escrituras, Jesus Cristo passa a ser o Senhor e
Salvador Absoluto, cultiva-se um amor renovado por
Maria Santíssima e pela Mãe Igreja, há uma renova­
ção nos relacionamentos e na forma de enxergar o
mundo.Toma-se consciência de que se é templo vivo
de Deus. Enfim, vive-se a Cultura de Pentecostes,
a única capaz de implantar a Civilização do Amor!
3.3. Para evangelizar querigmatica­
mente
A reunião de oração tem, por sua própria natu­
reza, a facilidade em comunicar querigmaticamente
o Evangelho, sobretudo o amor de Deus e a salvação.
Uma reunião conduzida na unção do Espírito pode fa­
zer com que as pessoas descubram e sintam que Deus
as ama incondicionalmente e que foi capaz de dar o
próprio Filho para resgatá-las do pecado."Assim,toda
reunião de oração é uma ação salvífica de Deus"".
3.4. Para construir a comunidade
cristã'^
A reunião de oração também tem a finalidade
de inserir as pessoas numa realidade comunitária. Ela
constrói laços, gerando a necessidade da partilha e
da comunhão. Assim, a reunião de oração induz a
uma experiência religiosa mais frequente e compro­
metida seja no próprio Grupo de Oração ou numa
outra realidade comunitária eclesial.
Cf.José H.Prado FLORES.As reuniões deoraçõo.p. 7-8. ^ -
•ÍÍ;: Ibid., p. 8
Cf. a propósito, O ^pWíto %anlo na vida da Igreja, In. Ronaldo José de
SOUSA, O impacto da Renovação Carismática, pp. 13-24
" José Prado FLORES, As reuniões de oração, p, 8
21

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
4. CARACTERÍSTICAS
É possível destacar como principais caracterís­
ticas de uma autêntica reunião de oração:
4.1. Centralizada na pessoa de Jesus
Conforme foi referido, "o centro de cada reu­
nião de oração é o Senhor Jesus. Ele é o pólo de
atração da comunidade e a fonte donde emana toda
a sua força"'^ Uma autêntica reunião de oração é
cristocêntrica, eliminando toda perspectiva mera­
mente individualista.
4.2. Carismática"
A reunião de oração deve ser essencialmen­
te carismática, tendo como princípio dinâmico o
Espírito Santo. A Renovação Carismática Católica
caracteriza-se pelo uso abundante dos carismas -
trata-se de outra principal característica do DNA da
Renovação, aliás, a que mais nos distingue das demais
expressões eclesiais devido à leitura especial que fa­
zemos dos carismas, conforme visto na Apostila 01
deste Módulo. Portanto, será comum nas reuniões a
oração em línguas, as profecias, as curas e também
os outros carismas (cf. ICor 12,4-1 I),todos ordena­
dos à caridade, até porque "O Espírito, que é dado a
toda a Igreja, torna-se visível nos ministérios à Igreja
e ao mundo. Neste sentido o Espírito e seus caris­
mas são inseparáveis (...). Uma vez que o Espírito e
seus dons são parte essencial da natureza da Igreja
como dons gratuitos, não é possível existir a Igreja
sem um ou sem os outros. Sem o Espírito e seus
carismas não há lgreja"^°.
Os dirigentes da reunião de oração não devem
resistir aos carismas, por medo ou indefinição. Isso
seria recusar o poder de Deus. Os carismas são ele­
mentos normais da oração; "ao contrário, a sua au­
sência é que seria de estranhar Quando não apare­
cem esses sinais do Espírito, devemos analisar qual é
o obstáculo que impede essa demonstração.A fé nos
deve levar a deixar manifestar todos os seus dons e
frutos"^'.
Reuniões de oração sem carismas transfor-
mam-se em círculos oracionais comuns, talvez bas­
tante frutuosos, porém fora do contexto pentecos­
tal próprio da RCC."E não podemos ter um grupo
de oração carismático se não queremos ter os dons
do Espírito Santo, o poder do alto em ação"^^.
4.3. Fraterna e alegre
A reunião de oração deve ter uma atmosfera
de fraternidade e alegria, pela qual as pessoas se sen­
tem acolhidas, amadas e felizes durante o tempo em
que ali estiverem. Esse clima é que faz com que, mui­
tas vezes, aqueles que vêm à reunião pela primeira
vez, sintam o desejo de voltar "A alegria, às vezes
explosiva, às vezes serena e profunda, é uma outra
nota distintiva das reuniões de oração"".
4.4. Espontânea e expressiva
Como dito, o encontro de oração é informal.
A reunião não é uma solenidade, embora possa ter
momentos com esse caráter Sua marca é a espon­
taneidade dos participantes que, na liberdade do Es­
pírito, sentem-se à vontade para louvar em voz alta,
cantar, bendizer e gesticular
Os gestos livres tornam a reunião expressiva,
de maneira que os bons sentimentos interiores dos
participantes sejam "comunicados" e suscitem ou­
tras atitudes interiores."A expressividade é também
traço característico da reunião de oração na Reno­
vação Carismática"^^ "Sempre que o homem ora,
põe em jogo seu espírito, sua alma e seu corpo. É o
homem inteiro que se dirige a Deus, que o escuta e
se compromete com Ele. Por isso, levantar as mãos,
aplaudir, mover-se e até dançar, são diversas manifes­
tações da oração do homem..."^^
4.5. Ordenada
Apesar de expressiva e espontânea, a reunião
de oração deve ser marcada pela ordem (cf. ICor
14,26-40). Por isso, toda reunião de oração, por me­
nor que seja, deve ter um dirigente principal. Mes­
mo a equipe que lhe auxilia não deve "passar por
cima" dos seus direcionamentos. A função da equi­
pe auxiliar é "descobrir a vontade do Senhor para
" lbid.,p.7
^ Coord. CARDEAL SUENENS, Orientações Teotógícas e Pastorais da Reno­
vação Carismática Católica. São Paulo: Ed. Loyola. 1975. pp. 19
José Prado FLORES, As reuniões de oração, pp. 15-18
" Ibid., p. 17
Cipriano CHAGAS, Grupos de oração carismáticos, p. 10.
" J. H. Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 19.
" Cf. Ronaldo José de SOUSA, O Evangelho no subjetividade humana. In.: O
Impacto da Renovação Carismática, p. 25.
22

_ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
a assembleia e, ao mesmo tempo, ser um apoio de
oração para o dirigente principal. Esta equipe serve
também como filtro para as profecias, testemunhos,
visualizações e todo o tipo de manifestações caris­
máticas que surgem durante a reunião"^'. Portanto,
a equipe auxiliar ajuda o dirigente no discernimento
dos passos a serem dados, mas deve sempre sugerir
e não encobrir, para não comprometer a autoridade
do dirigente e confundir a assembleia. O dirigente,
por sua vez, deve ouvir sempre os seus auxiliares.
sabedor de que não domina o Espírito, mas precisa
da ajuda dos irmãos no serviço.
O ritmo imprimido pelo dirigente e sua equipe
não deve impedir a ação do Espírito, mas, pelo con­
trário, facilitá-la. Os dirigentes devem tomar cuidado
para não monopolizar a oração, inibindo a participa­
ção de todos. É também importante que se respeite
o horário para o início e para o fim, evitando-se as­
sim problemas com outros compromissos, sobretu­
do os familiares.
5. CONCLUSÃO
A reunião de oração é o momento em que os participantes do Grupo de Ora­
ção, juntamente com outras pessoas, se reúnem para a oração.Tem como finalidades
principais: louvar o Senhor, proporcionar a experiência do batismo no Espírito Santo,
evangelizar querigmaticamente e construir a comunidade.
Para estar no contexto pentecostal da Renovação Carismática Católica, a reu­
nião precisa ser: centralizada na pessoa de Jesus, carismática, fraterna e alegre, espon­
tânea e expressiva, mas, sobretudo, ordenada.
J.H. Prado FLORES, As reuniões de oraçõo, p. 23.
23

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPITULO 3
PREPARAÇÃO E CONDUÇÃO DA
REUNIÃO DE ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Os responsáveis pela preparação e condução
da reunião de oração são os membros do núcleo
de serviço do Grupo de Oração. Esse processo en­
volve diversos aspectos pertinentes ao núcleo, ex­
postos e discutidos aqui mesmo nesse conjunto^^.
Aqui cabe referir-se à reunião de oração como
tal, o seu momento principal e decisivo, a sua am­
bientação e o desenrolar dos cantos, gestos, pala­
vras e mensagens. Evidentemente as referências
são genéricas, evitando qualquer tipo de legalismo
ou padronização e, ao mesmo tempo, procurando
respeitar a liberdade do Espírito em suas moções.
2. PREPARAÇÃO
A preparação da reunião de oração é um dos
itens de grande importância.Alguns líderes, sob pre­
texto de que confiam na ação do Espírito Santo,
vão para a reunião sem nenhum tipo de elaboração,
achando que "no fim vai dar tudo certo". A Palavra
de Deus tem um apelo muito forte a esse respeito:
"Não negligencies o carisma que está em ti (...) Põe
nisto toda a diligência e empenho, de tal modo que
se torne manifesto a todos o teu aproveitamento"
(ITm 4,14-15). É necessário dedicar esforço e cari­
nho na preparação da reunião, dando liberdade para
que o Espírito Santo possa mudar tudo, caso queira,
adequando à vontade do Pai.
Assim, a preparação do local, a arrumação das
cadeiras, colocação de mensagens evangelizadoras
(na forma de cartazes ou pequenos folhetos deixa­
dos nos bancos ou cadeiras), a disposição da mesa e
dos equipamentos de som (quando houver), a limpe­
za e a higiene do local, tudo deve estar perfeito antes
que cheguem os primeiros participantes. É comum
se observar que as pessoas já estão sentadas e a
equipe de música ainda está afinando instrumentos,
escolhendo cantos ou mesmo instalando os equipa­
mentos. Seria bom evitar essa situação, pois ela pode
quebrar o clima de espiritualidade que deve reinar
desde o começo até o fim da reunião.
Aquilo que estiver ao alcance para tornar tudo
agradável e perfeito, para que as finalidades sejam
obtidas, deve ser feito. Chegar até os corações e
movê-los, isto é obra do Espírito Santo e Ele o fará
tanto mais quanto se fizer bem a parte de ambien­
tação e preparo.
Entre os aspectos preliminares à reunião de
oração, três coisas são particularmente importantes:
2.1 Intercessão
Normalmente, os grupos dispõem de uma
equipe ou ministério que intercedem pela reunião
de oração noutro dia da semana. Essa equipe é fun­
damental! Ela antecipa os pedidos pelo bom êxito da
reunião de oração, rogando para que todos os seus
elementos (oração, pregação, música, testemunhos,
etc) sejam conduzidos pelo Espírito Santo. Além
disso, pede pelos participantes da reunião, para que
estejam abertos às graças que Deus quer derramar
sobre eles (cf Mt 6,32b).
A intercessão ajuda no discernimento do nú­
cleo, através de palavras e moções dadas por Deus,
sempre que solicitada acerca de alguma intenção es­
pecífica. Porém, não deve interferir diretamente na
preparação da reunião, tomando iniciativas ou dando
ordens que supõe virem de Deus. Qualquer palavra.
" Cf. Ensino 01 desta apostila.
25

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
moção, profecia ou ciência deve ser encaminhada ao
coordenador do grupo. O coordenador discerne a
aplicação ou não do que veio da intercessão.
2.2 Rhema^8
A reunião de oração é bastante livre e inédi­
ta. O Espírito pode conduzi-la de modo a fazer Sua
vontade de forma imprevista pelos dirigentes. Po­
rém, frequentemente o núcleo de serviço, em sua
reunião, recebe de Deus uma moção em forma de
rhema, como um princípio norteador da oração.As-
sim, colocando-se dóceis às inspirações do Espírito
Santo, o dirigente e sua equipe vão para a condução
sabendo de antemão qual o caminho a seguir, em­
bora usualmente sem saber em detalhes que passos
devem ser dados.
O rhema auxilia na preparação e ambientação
da reunião. Por exemplo, se na reunião do núcleo o
Senhor recorda a palavra bíblica: "Respondeu Jesus:
'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete'" (Mt 18,22), de antemão, podem ser escolhidos
cantos relacionados ao perdão e à fraternidade; a
equipe de acolhimento poderá receber as pessoas
com um "perdoai-vos" em vez de "boa noite"; car­
tazes e mensagens relacionados ao tema poderão
ser afixados no local; os dirigentes poderão preparar
dinâmicas que facilitem a oração de perdão; o prega­
dor daquela reunião será orientado sobre o rhema
e preparará sua pregação de acordo com ele. Enfim,
todo o conjunto da reunião estará em torno de um
núcleo central. Isso facilitará em muito a compreen­
são e posterior vivência da mensagem da parte dos
que vierem à reunião.
2.3 Oração antecedente da equipe
É conveniente que se encontrem uma ou meia
hora antes do início da reunião de oração: o núcleo
de serviço, isto é, o dirigente principal (aquele mem­
bro do núcleo escolhido para conduzir a reunião), a
equipe auxiliar, o ministério de música, o responsável
pela pregação daquele dia e, eventualmente, a equipe
de acolhimento. Durante esse tempo, eles se prepa­
ram para conduzir em unidade aquela reunião. ,
"Essa é a ocasião para pedir ao Senhor que faça
deles um só Corpo - para pedir a liberação do Espí­
rito Santo sobre eles e o encontro. Eles (...) rezam
uns pelos outros para que todos sejam canais visíveis
de Seu amor curador"^'.
3. CONDUÇÃO
3.1 Preliminares
A reunião de oração, de certo modo, já se ini­
cia quando os primeiros participantes chegam. Esse
tempo é usado para ambientar e formar fraternida­
de através da acolhida e de outros elementos, como
distribuição de mensagens ou diálogos informais.
Alguns colocam o ministério de música em
ação já desde esse momento, cantando músicas ani­
madas e introduzindo as pessoas no clima de alegria
e louvor Uma alternativa é colocar CD's musicais
animados como fundo para a chegada das pessoas.
3.2 Animação
Normalmente, a reunião propriamente dita co­
meça com cantos animados, para fazer com que as
pessoas abandonem as preocupações e tensões que
trouxeram de casa. Em geral, as pessoas vêm aos en­
contros deprimidas, sem nem mesmo dar-se conta
da extensão do peso que sentem.
É preciso evitar muita agitação e buscar um am­
biente propício à oração. Em alguns casos se observa
que a animação acaba por causar constrangimentos
àqueles que são mais tímidos ou que estão vindo
pela primeira vez.
A animação inicial pode ser feita por um minis­
tro de música ou pelo próprio dirigente da reunião.
Em qualquer dos casos, deve-se evitar interrupções
bruscas das músicas animadas para entrar nas mú­
sicas lentas. Às vezes, a animação cansa um pouco
as pessoas, deixando-as agitadas e com dificuldades
de silenciar interiormente. O ideal é que se passe
das músicas ritmadas para algumas moderadas, para
depois virem as lentas.
o termo é comumente usado no ambiente da RCC e significa uma pa­
lavra inspirada ou recordada de forma atual, para o momento ou situação presente.
" Robert DE GRANDIS, Vem e segue-me, p. 63.
26

^ y^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
o movimento seria:
Primeiro - músicas animadas;
Segundo - músicas moderadas;
Terceiro - músicas lentas.
O ministro ou dirigente vai passando de umas
para outras sem quebrar a sequência, de maneira
que a assembleia nem perceba o encadeamento da
reunião, mas desfrute do clima agradável que ele cria.
Observe-se, por outro lado, para que não haja
um excesso de músicas no início da reunião de ora-
ção.Aliás, esta é uma observação muito importante:
não é próprio da Reunião de Oração uma sequência
numerosa, definida ou indefinida, de apresentações
musicais como ocorre na ministração de um show,
por exemplo; as músicas devem favorecer e ceder à
ministração da oração, favorecem a abertura e pre­
paração dos corações. Atente-se, pois, aos momen­
tos em que é necessário o silêncio fecundo. Não se
pode pensar numa Reunião de Oração toda cantada,
ou toda agitada por gestos animados, que não pro­
porcione a espontaneidade da oração de louvor in­
dividual e coletivo, a entrega e abertura espontânea
do coração mediante a partilha da oração, o silên­
cio expectante para a escuta profética e/ou para a
adoração a Deus no interior, a resposta individual e
coletiva àquilo que Deus falou a seu povo reunido.
3.3 A oração: o papel do dirigente
O dirigente da reunião de oração é, por as­
sim dizer, o responsável por introduzir as pessoas
na presença de Deus. Por isso, deve estar aberto às
moções do Espírito para aquele instante, discernin­
do quais os passos a serem dados e emitindo ordens
curtas e concretas nesse sentido. "Sua liderança as-
semelha-se à de um regente de orquestra - quais as
partes que ele deve deixar que se destaquem e quais
as que deve manter em silêncio até outro momento
do encontro. O líder não pode ser apenas passivo
pois alguém mais, de alguma outra forma não defini­
da, poderá acabar na realidade liderando o grupo"^°.
É importante salientar que todo o restante do nú­
cleo e os demais servos do Grupo de Oração devem
ser dóceis ao sentido que o dirigente está dando
à reunião de oração, evitando-se atropelos, desen­
contros e quebra de unidade. De modo especial, o
ministério de música precisa ficar atento e "submis­
so" a tal direção para que, no momento oportuno,
ministre a canção mais apropriada.
O dirigente, por sua vez, deve se convencer
de que ali, na reunião de oração, não é o momento
de uma oração pessoal. Alguns começam a rezar de
acordo com suas próprias necessidades ou, quando
muito, rezam o tempo todo em nome da assembleia,
como se fosse um interlocutor entre ela e Deus,
deixando as pessoas presentes como meros expec-
tadores.
O dirigente deve estar atento às ações e rea-
ções da assembleia, o modo como cantam, rezam,
aderem ou não às ordens emitidas. Quando a oração
não estiver decorrendo satisfatoriamente, é preciso
discernir o que está acontecendo e o que fazer para
alterar a situação. As vezes, as pessoas estão opri­
midas por alguma coisa e, por isso, por mais que se
diga, elas não louvam com fluência nem se sentem
inseridas no contexto da reunião. Nesse caso, o di­
rigente proporá, de acordo com a moção de Deus,
uma oração de libertação, um ato penitencial, uma
canção ou outra coisa inspirada. Isso poderá devol­
ver às pessoas o interesse e a espontaneidade na
oração. "A profundidade do círculo de oração de­
penderá, em grande parte, da fé corajosa do diri­
gente. Ele deve, é claro, ter prudência, mas nunca ter
medo (...). Deve ter coragem para tomar decisões,
controlar situações e, sobretudo, para manifestar o
plano de Deus"^'.
Em algumas reuniões podem ocorrer proble­
mas, como as atitudes exaltadas ou emotivas demais
da parte de uma ou mais pessoas. Às vezes, alguém
pode emitir palavras ou moções supostamente vin­
das de Deus, mas que são meros devaneios de sua
subjetividade, acabando por atrapalhar a reunião,
desviando a atenção dos outros do eixo central e
proveitoso da oração. Esses casos devem ser con­
tornados pelo dirigente com discernimento, bom
senso e, sobretudo, com caridade. Não se deve fazer
exortações ásperas nem tomar atitudes extremas,
como, por exemplo, mandar calar a boca. Mas tam­
bém não se pode permitir que uma ou duas pessoas
confundam o sentido e o objetivo da reunião. O di­
rigente deve agir destramente, para não conturbar
a oração.
A mesma destreza é necessária quando alguém
critica ou contesta algo diretamente no momento da
oração ou pregação. Nesses casos, "o melhor será
o líder dar respostas simples e diretas e, então, vol­
tar prontamente à atividade de louvar e partilhar"^^
Certamente, é bom lembrar aqui da promessa do
Senhor: "Naquele momento ser-vos-á inspirado o
que haveis de dizer" (Mt 10,19b). No contexto da
reunião de oração, também é preciso evitar:
" Vicent M.WALSH, Conduzi o meu povo, p. 20.
J.H. Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 50.
" Robert DE GRANDIS, Vem e segue-me, p. 62.

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
3.3.1 Introduções longas
Supondo que a moção seja para que a assem­
bleia louve o Senhor coletivamente e em vernáculo
(idioma pátrio). O dirigente poderá dizer: "Vamos
agora louvar o Senhor com nossas palavras. Dizer
que Ele é bom, é maravilhoso, que não há Deus
como Ele. Louvá-lo porque Ele nos salvou. Ele nos
deu a paz, libertou-nos dos vícios, devolveu a har­
monia às nossas famílias.Vamos louvá-lo porque Ele
é poderoso, porque realiza prodígios e milagres em
nosso meio, porque sua sabedoria é infinita, etc, etc".
Quando ele terminar, as pessoas já estarão sem von­
tade de louvar; ou então, não se lembrarão mais de
nenhum motivo que já não tenha sido dito pelo di­
rigente; ou, ainda, estarão sentadas e com os olhos
abertos. •
Do contrário, se o dirigente fizer uma introdu­
ção breve como: "Vamos levantar os nossos braços
e louvar ao Senhor com alegria por tudo o que Ele
é e faz nas nossas vidas", assim, todos haverão de
louvar e a reunião prosseguirá normalmente. As in­
troduções mais longas só cabem em circunstâncias
peculiares, por força da moção do Espírito.
3.3.2 Ordens incompreensíveis
É preciso que as ordens dadas sejam claras, de
maneira que todos entendam o que devem fazer; do
contrário, a assembleia ficará confusa e tumultuada.
Por exemplo, se o dirigente disser:"Fique fren­
te a frente com seu irmão da direita e orem um pelo
outro". Ora, todos virarão para a direita e ninguém
saberá se deve voltar-se ou esperar que a pessoa da
frente se volte.
Como obedecer a uma ordem como essa?:"Va-
mos, irmãos, louvar o Senhor por sua bondade, pe­
dir que Ele nos abençoe nessa noite, interceder por
aqueles que não estão aqui, para que se convertam.
Rezemos ao Senhor".
Há três indicações contidas numa só: louvar o
Senhor por sua bondade, pedir bênção e interceder
pelos que não estão na reunião. Qual das três se­
guir? A menos que a pessoa tenha facilidade em sis­
tematizar, para fazer uma coisa após outra e dar-lhes
sentido, ficará confusa. Alguns louvarão, outros pe­
dirão, outros intercederão. Porém, muitos não farão
nenhuma coisa nem outra, porque não entenderão
a ordem.
3.3.3 Fragmentação das moções
O ideal é que a reunião seja relativamente
conexa em suas partes. O dirigente que não obede­
ce a um núcleo central de moção é como um franco
atirador que dispara em várias direções, sem deter­
minar o alvo.
Nesse aspecto, é muito comum que, durante a
manifestação dos carismas, sejam pronunciadas vá­
rias palavras bíblicas, mensagens proféticas, palavras
de ciência e sabedoria.Algumas estarão fora do con­
texto da oração e refletem mais os sentimentos e
necessidades das pessoas que as pronunciaram. O
mesmo pode acontecer com simples orações indivi­
duais. O dirigente deve, no Espírito e com habilidade,
examinar tudo e ficar com o que é bom e propício
para aquele momento, dando os próximos direcio­
namentos a partir daquelas palavras e moções mais
oportunas e autênticas.
No caso de palavras bíblicas durante a oração,
"a atitude dos ouvintes, em vez de procurar os tex­
tos na sua Bíblia, há de ser a de concentrar toda a
sua atenção em escutar a Palavra, deixando-a pene­
trar como a chuva que entranha na terra, fecunda-a
e a faz germinar"".
Em função do caráter livre e espontâneo da
reunião de oração, pode haver momentos em que a
assembleia, introduzida na presença do Senhor, sinta-
se como que autónoma para rezar Esse é o momen­
to do dirigente "recuar" e permitir que as pessoas
sigam os impulsos do Espírito nelas mesmas. Isso
acontece, por exemplo, num longo momento de ora­
ção em línguas, em que a assembleia insiste no lou­
vor ininterrupto. Sempre que a oração atingir esse
nível, o dirigente interferirá menos, apenas quando
houver necessidade de uma nova motivação. Ele co­
locará a oração de volta no caminho certo, quando
perceber que ela está se desviando para outra cono­
tação. O dirigente deve propor a oração conforme o
momento que o povo está vivendo. Daí a reunião de
oração não ter um esquema rígido e fixo.
3.3.4 A ansiedade do dirigente
Os momentos de silêncio na reunião de ora­
ção, especialmente após um momento de louvor, são
propícios para a escuta do Senhor Ocorre que após
uma ou duas mensagens proféticas, alguns dirigentes,
por medo do silêncio, interrompem a escuta quando
possivelmente o Senhor ainda quisesse continuar fa­
lando ao seu povo. Devemos dar amplo espaço para
que a prática carismática flua pela assembleia.
Outras vezes, por exemplo, o dirigente inter­
rompe momentos frutuosos de oração por cura
quando o Senhor ainda quer tocar e curar os seus.
Em outras ocasiões, em pleno louvor, o dirigente
J.H. Prado FLORES.As reuniões de oração, p. 33.
28

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
o interrompe e pede ao povo para se sentar, com
medo de estar cansando os participantes.Tais atitu­
des atrapalham o desenrolar da reunião de oração e
prejudicam a unção.
3.4. Sucedentes
Após um bom tempo de oração carismática,
segue-se a pregação querigmatica e, logo após esta,
novo momento de oração para sedimentar o conte­
údo da pregação, seguindo-se á ação de graças. Logo
em seguida, apêndices como: avisos, testemunhos,
outros. É bastante salutar que a reunião, no seu final,
seja sintetizada em sua mensagem ou ação princi­
pal^''. Isso ajuda aos participantes compreenderem
e aplicarem na vida o que Deus realizou e propôs
naquele momento. A síntese também serve como
recurso de memorização, o que facilita a retenção
da mensagem.
Outras sugestões podem ser dadas, de ele­
mentos que se sucedem à oração e pregação com
o intuito de possibilitar ou enriquecer a vivência da
reunião de oração:
• Propostas de uma direção para a semana:
palavra de meditação baseada em algum versículo
das citações utilizadas na pregação, leitura orientada
da Bíblia, de um livro, de um tema, etc;
• Panfletos com os eventos da RCC, com o
funcionamento do Grupo de Oração, da Paróquia,
Capela, etc;
• Convidar para a próxima reunião de oração;
• Panfletos indicando os serviços do Grupo
de Oração (formação, acompanhamento, juventude,
casais, música...) como oportunidade de engajamen­
to dos participantes.
4. CONCLUSÃO
A reunião de oração será mais proveitosa tanto quanto for bem preparada e
dirigida, criando assim melhores condições para a ação do Espírito. Para dirigir bem
uma oração é necessário, antes de tudo, ter o carisma confirmado para esse ministé-
rio.Além disso, a facilidade em dirigir reuniões dependerá do nível de intimidade do
servo-líder com Deus a partir da própria oração. Pessoas de intensa vida de oração
terão mais afinidade e abertura ao Espírito e conduzirão melhor as reuniões.Vicent
Walsh fala de três qualidades necessárias a um dirigente: estabilidade emocional, vida
profunda no Espírito e sensibilidade à ação de Deus no encontro".
"O Espírito Santo é soberano e o que Ele pode querer fazer numa reunião de
oração talvez seja algo nunca antes realizado, algo diferente do que já conhecemos
e, no entanto, se é obra sua, é tão importante que não lhe devemos opor nenhum
obstáculo"^'.
" Cf. Ibid, p. 61-62.
Cf. Conduzi o meu povo, p. 17-18
" Cipriano CHAGAS, Grupos de oração carismáticos, p. 2.
29

^ ^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPÍTULO 4
ELEMENTOS DA REUNIÃO DE
ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
É importante que o Espírito Santo conduza
tudo na vida do cristão, principalmente na Reunião
de Oração. É assim que Jesus quer:
"Sereis batizados no Espírito Santo daqui há
poucos dias. Descerá sobre vós o Espírito Santo e
vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Je­
rusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins
do mundo" (At 1,5.8).
Jesus prometeu e derramou seu Espírito, capa­
citando sua Igreja a ser sua testemunha. O Espírito
Santo é a alma da Igreja. Foi Ele que a conduziu até
aqui, nestes mais de vinte séculos. É o Espírito Santo
que suscita novos movimentos, que renovam con­
tinuamente a Igreja de Jesus Cristo. Foi o Espírito
Santo que suscitou na Igreja a Renovação Carismá­
tica Católica. Ele é a alma da renovação. Chama-se
Renovação Carismática porque se identifica com os
carismas, porque utiliza os cirismas do Espírito San­
to, não sem fundamentação, mas à luz do Sagrado
Magistério da Igreja.
Sabemos que é importante buscar os carismas;
porém, mais do que buscar e desejar os carismas, é
importante ter anseio e procurar continuamente es­
tar plenos de seu Doador: o próprio Espírito Santo.
Portanto, para o carismático, todo momento, toda
circunstância, em qualquer situação é hora de clamar
o Espírito Santo, de deixar-se conduzir por Ele, mas,
particularmente, ao preparar e conduzir a Reunião
de Oração.
Toda Reunião de Oração deve levar os parti­
cipantes à Efusão do Espírito Santo, a uma nova ex­
periência com o Paráclito. Aliás, nossos Grupos de
Oração como um todo precisam se considerar os
cenáculos dos dias de hoje. Assim como os discípu­
los permaneceram reunidos em oração em torno de
Maria, aguardando o cumprimento da promessa feita
por Jesus, nossos Grupos também precisam ser esse
lugar da constante expectativa e, ao mesmo tempo,
de cumprimento da promessa, isto é, de derrama­
mento do Espírito Santo, como em Pentecostes. A
Beata Elena Guerra nos ensina:
"O Pentecostes não terminou; de fato é sem­
pre Pentecostes em todos os tempos e em todos
os lugares, porque o Espírito Santo deseja arden­
temente dar-se a todos os homens e, aqueles que
o desejam, podem recebê-lo sempre; portanto não
temos nada a invejar aos Apóstolos e aos primeiros
cristãos; nós só temos que nos dispor, como eles, a
recebê-lo bem e Ele virá a nós como veio a eles";"o
mistério de Pentecostes é um mistério permanente;
o Espírito continua a vir sobre todas as almas que
verdadeiramente o desejam"; "não foi somente so­
bre os Apóstolos que desceu o Espírito Santo, como
mostrou também por meio de sucessivas aparições
nos dias que se seguiram a Pentecostes, mas vem
para todos os fiéis, em todos os lugares, em qualquer
idade, basta que o queiram, que O invoquem, e lhe
dêem lugar no próprio coração."
Importante é esclarecer que a Efusão do Espí­
rito Santo não é um momento estanque, automáti­
co. Requer interiorização, preparação dos corações
pela Palavra, abertura interior, ministração ungida.
Tampouco se baseia em gritos desordenados ou cla­
mores demasiadamente exaltados, mas num coração
sedento do Espírito Santo, para que essa efusão pos­
sa gerar frutos de conversão, de santidade, de rea­
vivamento espiritual, de manifestação poderosa dos
carismas. É preciso, pois, preparar o ambiente inte­
rior, verdadeiramente ansiar beber e mergulhar na
Água Viva, abrir-se e dar liberdade ao Poder de Deus.
31

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^.
2. ELEMENTOS DA REUNIÃO DE
ORAÇÃO
Alguns elementos da reunião de oração me­
recem destaque, pela importância que têm em seu
conjunto. Não é imperativo que todos estejam pre­
sentes em todas as reuniões, mas normalmente es­
tão em maior ou menor grau e devem ser aprovei­
tados adequadamente. O enfoque maior será sobre
o louvor e a pregação, por se tratarem de dois dos
poios principais da reunião de oração.
2.1.0 louvor "
"O louvor é a forma de oração que reconhe­
ce o mais imediatamente possível que Deus é Deus.
Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do
que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é. Participa
da bem-aventurança dos corações puros dos que o
amam na fé antes de o verem na glória. Por ela, o Es­
pírito se associa ao nosso espírito para atestar que
somos filhos de Deus, dando testemunho do Filho
único em quem somos adotados e por quem glori­
ficamos o Pai. O louvor integra as outras formas de
oração..." (Catecismo n. 2639).
A reunião de oração é um momento propí­
cio para aprender a louvar a Deus. Nunca é demais
louvar o Senhor Reconhece-se e proclama-se tudo
aquilo que o Senhor representa para cada um. É uma
oração libertadora. Ao louvar a Deus, as pessoas
libertam-se para confiar plenamente no Pai que as
ama incondicionalmente, desviando a atenção delas
mesmas e concentrando-se em Jesus. Quando se
louva o Senhor, naturalmente se afugenta para longe
as vãs preocupações, o desânimo, a tristeza, a amar­
gura, porque se reconhece que há um Deus que é
grande e Todo-Poderoso. Deus habita nos louvores
de seu povo. O louvor que brota do coração humil­
de agrada o Senhor
O louvor deve ser dado a Deus mesmo quando
as situações são dolorosas, humilhantes e até desas­
trosas. Não é difícil louvar quando as circunstâncias
são favoráveis. É normal alegrar-se no momento do
sucesso, da prosperidade, da boa saúde e da fama.
Mas São Paulo diz:"Rendei graças, sem cessar e por
todas as coisas, a Deus Pai, em nome de nosso Se­
nhor Jesus Cristo" (Ef 5,20).
A inspiração para o louvor é reação espontâ­
nea e/ou cultivada a partir da percepção da grandeza
e bondade de Deus. "Por ele (então) ofereçamos a
Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto
dos lábios que celebram o seu nome" (Hb 13,15).
Que se pretendeu dizer com 'sacrifício de louvor'?
No Antigo Testamento, sacrifício requeria morte.
Um animal era morto. Mas, no 'sacrifício de louvor',
é o ego da pessoa que precisa morrer É necessário
sacrificar o próprio julgamento, a própria opinião,
a própria avaliação quanto àquilo que é correto e
bom; vence-se a preguiça, a frieza e o abatimento
espiritual, a dureza de coração. É necessário louvar a
Deus por todas as coisas.
A experiência de Deus e a oração de louvor ca­
minham de mãos dadas. Quem convive com o Deus
Vivo, conhecido por experiência, sente-se natural­
mente impelido a louvá-lo, por descobrir sempre
mais como Ele é maravilhoso e quão grandes são
suas obras. Quem proclama os louvores do Deus
Vivo, manifesta sua experiência de Deus e,ao mesmo
tempo, cresce nela. Forma-se, assim, o círculo virtuo­
so: quanto mais experiências do Deus Vivo, maior o
louvor E, quanto mais se louva, maior a consciência
da experiência de Deus.
Em que consiste louvar? Louvar é elogiar al­
guém por alguma qualidade, virtude, obra ou reali­
zação que desperta admiração. Louvar é, portanto,
fazer elogios ao Deus Vivo por algo que nele causa
admiração ou encantamento.
Como se percebe, o louvor é uma atitude
muito simples. Na reunião de oração, os tipos mais
comuns de louvor são os individuais e os coletivos.
No louvor individual, convém que a pessoa que o
faz por primeiro não diga palavras muito difíceis
ou frases enfeitadas, para não inibir aqueles que só
sabem fazer louvores bem simples. "O importante
não é dizer frases literalmente bem elaboradas, nem
cheias de profundo conteúdo teológico, pois não se
trata de impressionar, nem doutrinar a comunidade;
o importante é abrir simplesmente o coração para
Deus"^^ Essas intervenções também não devem ser
demasiadamente longas e cansativas.
A confiança para participar em voz alta nasce
da familiaridade que o ambiente proporciona, mas
também "graças à experiência que o Espírito Santo
" Alírio J. PEDRINI, Exper/êncío de Deus, p. I 19-121. Robert DE GRANDIS,
Lourai a Deus diariomeme, p. 46-47.
" J. H. Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 20.
32

^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
nos concede de nos sentirmos filhos de Deus, e da
capacidade que nos dá de gritar: Abba, Papai"^'. Em
qualquer caso, a oração individual ajuda a desinibir o
participante. Aqui cabe uma observação importante:
é possível que os louvores dos irmãos neoconverti-
dos apresentem "erros" teológi-cos e/ou doutrinais,
os quais NÃO devem ser corrigidos diante de toda a
assembleia, bem como deve-se evitar olhares e ges­
tos de recriminação, julgamento ou mesmo sarcas­
mo, atitudes não cristãs. Tais atitudes podem desen­
cadear um profundo bloqueio no coração daqueles
que estão desabrochando para o Senhor.
2.2.A oração em línguas
Quanto mais espontânea a oração em línguas,
melhor será o clima do louvor Por isso, o dirigen­
te deve conduzir e não induzir ou "forçar a barra"
com orações estridentes ao microfone. É o Espírito
que, antes de qualquer pessoa, move cada um para
que use o dom. No entanto, não há problemas em
incentivar ou pedir para que as pessoas orem em
línguas. Deve-se evitar a expressão "linguagem dos
anjos", pois que não possui qualquer respaldo bíblico
ou teológico. Pode-se dizer:Vamos orar no Espírito,
ou, vamos deixar o Espírito orar em nós.
O essencial é deixar que o próprio Espírito ore
nas pessoas e imprima a ressonância e a tonalida­
de que quiser A tonalidade ajuda a fazer com que a
oração em línguas não se torne gritante e sem har­
monia. "Os muitos cantos diferentes se harmonizam
num só, cheio de paz ou de poder, em que cada um
é instrumento incomparável dirigido pelo próprio
Espírito"''".
Durante o louvor ou a oração em línguas, o Se­
nhor pode revelar - através de palavra de ciência - as
curas e libertações que está realizando. O dirigente
deve proclamar para a assembleia e assim, suscitar
os testemunhos.
2.3.0 canto
A música é um elemento fundamental para a
reunião de oração. Porém, se não for adequada, pode
comprometer o desenrolar das expressões de lou­
vor da assembleia e até mesmo a reunião de oração
como um todo.
Há um evidente perigo da reunião se transfor­
mar numa espécie de festival de músicas, sobretudo
quando se tem um ministério que supervaloriza o
preparo técnico. O melhor ministério de música é
aquele orante e ungido que, num só coração com
as demais equipes de serviço da reunião, tem a pre­
ocupação de ajudar as pessoas a se colocarem na
presença de Deus. De modo algum se quer colocar
em segundo plano a necessidade de se ter músicos
de excelência técnica em nosso meio, mas tal exce­
lência precisa estar submetida ao poder e unção do
Espírito Santo.
O ministério de música deve estar em obediên­
cia e comunhão com o dirigente principal da reunião.
O dirigente é a autoridade naquela hora. Por isso,
durante a oração não é bom inserir cantos sem que
ele saiba quando e quais, a menos que um ministro
de música julgado experiente e em unidade suficien­
te seja encarregado disso previamente. De qualquer
modo, o ministério de música deverá ter sempre al­
guém à frente durante a reunião, que responde por
ele junto ao dirigente principal.
Não é preciso dizer que as letras dos cantos
devem estar em consonância com as moções da reu­
nião. "A música mesma (...) deve ir-se adaptando ao
ambiente, ao tom que está tomando a oração"'". Um
canto ou mesmo um ritmo mal colocado pode des­
viar completamente o rumo da reunião de oração.
Padre Joãozinho''^ observa que a reunião de
oração emana do culto eucarístico e ali encontra
seu sentido. Por isso, conclui que na reunião o can­
to "será tanto mais santo quanto mais intimamente
estiver ligado ao momento da ação litúrgica que se
estiver revivenciando"''^ É oportuno observar aqui,
então, algumas formas e expressões do canto na reu­
nião de oração:''^
2.3.1 Canção com palmas: as palmas devem
ser um complemento da oração, por isso, espontâ­
neas e alegres. As Escrituras estão cheias deste tipo
de oração (cf SI 46/47,2; SI 97/98,8). No entanto, há
que se ter cuidado para não substituir o canto do
povo pelas simples palmas. Da mesma forma, as pal­
mas devem expressar um extravasamento corporal
da alegria interior e não simplesmente um gesto co­
letivo sem maior sentido.
2.3.2 Canção com as mãos levantadas:
é expressão que manifesta nossa dependência de
Deus e nosso clamor sincero a Ele (cf SI 62/63,5;
133/134,2; 140/141,2).
" lbid.,p.40.
Cipriano CHAGAS, Grupos de oração carismáticos, p. 19,
" lbid.,p. 16.
" Cf João Carlos ALMEIDA, Cantar em espirito e verdade, p. 88.
« Ibid., p.89
« Cf. Ibid., p. 89-94.
33

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração >^,
2.3.3 Canção de júbilo: a experiência pro­
funda de Deus às vezes é tão intensa que é preci­
so gritar É fruto do Espírito (cf. SI 46/47,1; 80/81,2;
99/100,1).
2.3.4 Canção de adoração: manifesta o re­
conhecimento da grandeza de Deus e de nossa pe­
quenez. É uma maneira de proclamar que Jesus é o
Senhor (cf. SI 94/95,6).
2.3.5 Canção com danças: É bom, santo e
bíblico orar com danças como fazia o Rei Davi (cf.
2Sm 6,14).Todo o ser deve se voltar para Deus: es­
pírito, alma e corpo. Nada mais natural e salutar do
que soltar-se, de modo equilibrado e não eufórico,
nos louvores do Senhor
2.3.6 Canção de luta: denuncia o homem
velho. O exemplo maior é o canto de Maria:"Derru-
bou do trono os poderosos e exaltou os humildes"
(Lc 1,52). Esse canto anuncia a grandeza de um Deus
que faz maravilhas pelos seus.
2.3.7 Canção de regozijo: era o grito atra­
vés do qual Israel louvava a Deus por seus porten­
tos. "Toda multidão dos discípulos tomada de alegria,
começou a louvar a Deus em altas vozes, por todas
as maravilhas que tinha visto" (Lc 19,37).
2.3.8 Louvor instrumental: tocar diante do
Senhor por si só já é uma oração. A música instru­
mental só será santa se brotar de um coração re­
novado. O amor e o júbilo são expressos nos sons
dos instrumentos. Deve-se atentar, contudo, para
a necessidade do silêncio exterior para que haja o
interior Assim, o louvor instrumental não deve ser
normativo para todos os momentos em que o di­
rigente e/ou a assembleia se calarem. Deve brotar
naturalmente de acordo com a unção do momento.
2.4.0 silêncio
O dirigente deve estar atento para proporcio­
nar momentos de silêncio durante a reunião de ora­
ção. Alguns momentos propícios para isso são: após
a oração em línguas (para favorecer a profecia), após
a profecia (para assimilação das palavras mais fortes)
e ao final da pregação.
O silêncio ajuda a "balancear" a reunião, tor-
nando-a ainda mais dinâmica. De modo algum reflete
monotonia e cansaço. "Em toda reunião deve haver
momentos de silêncio fecundo e cheio da presença
do Senhor Não um silêncio vazio, tímido e tenso,
mas o silêncio que favorece a comunicação de Deus
conosco. Muitas vezes nos queixamos de que Deus
não nos fala, mas talvez não tenhamos nos dado con­
ta de que somos nós que não lhe damos a oportuni­
dade de fazê-lo"''^ i .
2.5. Ato Penitencial"''
O perdão dos pecados é dado por Deus a quem
reconhece seus erros, "Se reconhecemos os nossos
pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar
os pecados e para nos purificar de toda iniquidade"
(IJo 1,9). Jesus deixou o sacramento da Penitência,
a confissão. Os pecados graves precisam passar pela
absolvição sacramental, dada pelo sacerdote; os pe­
cados veniais, leves, podem também, ser perdoados
de outros modos, como numa celebração peniten­
cial apropriada, sempre que o pecador pedir sincera­
mente perdão a Deus; também por jejuns, esmolas,
penitências e boas obras realizadas nesta intenção,
acompanhada do desejo de verdadeira conversão.
Servindo-se do próprio fluxo da reunião de
oração, o dirigente terá a oportunidade de fazer a
cura espiritual acontecer pelo perdão. Pode, tam­
bém, promover orações de cura espiritual através
de atos penitenciais devidamente inspirados.
Para que o perdão aconteça é necessário que
aquele que pecou:
• Reconheça o seu pecado;
• Arrependa-se;
• Peça perdão a Deus, sinceramente;
• Proponha-se a vencer e evitar o pecado;
• Proponha-se à reparação (ex: devolver o
que roubou, perdoar a quem o ofendeu, pedir per­
dão a quem ofendeu, etc).
Deus está sempre esperando e pronto para
perdoar "Se vossos pecados forem escarlates, tor-
nar-se-ão brancos como a neve! Se forem verme­
lhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!"
(Is I,l8b).
2.6. A pregação
A pregação é um momento dos mais importan­
tes da reunião de oração. Ela motiva o povo a rezar e
faz aumentar a fé. A pregação visa atingir o coração,
leva a experimentar a misericórdia de Deus que se
manifesta em seu Filho Jesus.
« J. H_ Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 31.
« Cf Alírio J. PEDRINI, Grupos de oroçâo,p. 41 ss.
34

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
Nos Atos dos Apóstolos é esta a sequência: Pe­
dro, cheio do Espírito Santo, se destaca dos demais e
com voz forte anuncia o Evangelho aos que se ajun­
tavam ali que, com os corações atingidos, perguntam
o que devem fazer para receber, também eles, o dom
do Espírito. Pedro faz a pregação. O povo reage e
pergunta. Ele faz uma proposta de conversão e tudo
vai acontecendo (cf.At 2,14-41).
Assim deve acontecer nas reuniões de oração.
A pregação motiva e o povo reage, pedindo, louvan­
do, cantando. A Palavra de Deus anunciada deve to­
car e levar o povo a reagir através da oração, do lou­
vor, do canto, da disposição do coração para receber
o Espírito Santo.
Ensina o Concílio Vaticano II:
"Impõe-se, pois, a todos os cristãos o dever
luminoso de colaborar para que a mensagem divi­
na da salvação seja conhecida e acolhida por todos
os homens em toda a parte. (...) Para exercerem tal
apostolado, o Espírito Santo - que opera a santifica­
ção do povo de Deus através do ministério e dos
sacramentos - confere ainda dons peculiares aos fi­
éis (cf ICor 12,7) 'distribuindo-os a todos, um por
um, conforme quer' (ICor 12,1 I). (...) Da aceitação
destes carismas, mesmo dos mais simples, nasce em
favor de cada um dos fiéis o direito e o dever de
exercê-los para o bem dos homens e a edificação da
Igreja, dentro da Igreja e do mundo, na liberdade do
Espírito Santo...'"*'.
A pregação leva as pes; oas a conhecerem Jesus.
"Porém, como invocarão aquele em quem não têm
fé? E como crerão naquele de quem não ouviram
falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pre­
gue?" (Rm 10,14). Na reunião de oração ela deve
ser querigmatica. A diferença básica das mensagens,
em especial a querigmatica e a catequética, consiste
no fato de que a primeira (o querigma = do grego
KERISSEIN = proclamar,gritar,anunciar) é o anúncio
fundamental da fé cristã, que apresenta o Deus vivo.
Deus de Amor, tendo como centro Jesus morto e
ressuscitado. Já a mensagem catequética visa ensinar
aqueles que abraçaram a fé, doutrinando-os. O que­
rigma é o tocar dos sinos, enquanto que a catequese
é o ressoar Ou ainda, podemos dizer que o tempo
do querigma é hoje, é o momento da salvação; já o
tempo da catequese é a partir de hoje, ou seja, será
um ensino progressivo e gradual da fé e suas razões.
2.6.LO querigma
O conteúdo do querigma não deve ser muda­
do - Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Porém,
na pregação ele pode ser adaptado à realidade. O
querigma tem uma divisão sistemática e didática, em­
bora a mensagem central seja sempre o enfoque de
Jesus morto e ressuscitado - Jesus Salvador:
a) Amor de Deus - mostra a face paterna/ma­
terna de Deus; que Ele ama incondicionalmente a to­
dos os homens, com amor eterno. Um bom exemplo
é a parábola do filho pródigo. Para ler e meditar: Lc
15,1 1-30; Is 49,14-16; IJo 3,l;4,7-8;Os I 1,1-4.
b) Pecado - o homem ao afastar-se de Deus
caiu no pecado. "O homem tentado pelo Diabo,
deixou morrer em seu coração a confiança em seu
Criador e, abusando da sua liberdade, desobedeceu
ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o
primeiro pecado do homem. Todo pecado daí em
diante, será uma desobediência a Deus e uma falta
de confiança em sua bondade" (Catecismo n.397).
Para ler e meditar: Os 5,3-4; SI 52/53,2-4; SI 50/51;
Rm 3,23; Rm 5,l2;Gal 5,19.
c) Salvação - Jesus morto e ressuscitado remiu
o mundo, dando de novo ao homem o livre acesso
ao Pai. Para ler e meditar: Jo 3,16; I Jo 4,9-10; Rm
5,6-1 1.18-20; Hb 9,1 1-14.26-28.
d) Fé e conversão - ao ouvir a proposta de salva­
ção, cabe ao homem respondê-la, aceitando-a numa
adesão de fé, dispondo-se a uma mudança de valores
e de vida, passando a caminhar conforme os ensina­
mentos cristãos. Para ler e meditar: Hb 11,1 -2; Cal
5,1 I ; Ef 3,8; 2Tm 3,14; Eclo 17,21-24; Dt 4,29-31 .
e) Espírito Santo - É o Espírito Santo que toca
e muda o coração do homem, que o fortalece, que
revela as verdades e o leva a adorar ao Pai em ver­
dade. É o Espírito Santo que opera interiormente a
salvação conquistada por Jesus. Daí a necessidade de
pedir o batismo no Espírito Santo, para receber a ca­
pacidade de viver a vida nova proposta. Para ler e me­
ditar: Mt 28,19; Jo 15,26; I Cor 3,16-17; Rm 8,26-27.
f) Comunidade - Para ser igual ao Pai, como Jesus
pediu, o homem tem que viver em comunidade. Para
ler e meditar: Jo 17,20-23;At 2,42; Ef 4,1 -6; I Pd 1,22.
2.6.2.0 pregador
O pregador é aquele que tem a consciência que
Deus se deixa encontrar, porque já O encontrou.
Não há como falar de Deus, sem conhecê-Lo.
A Igreja recomenda aos que se consagram ao
ministério da palavra (podem ser incluídos aqui os
pregadores do grupo de oração), que "se apeguem
às Escrituras, mediante assídua leitura sacra e dili­
gente estudo, para que não venha a ser 'vão prega-
CVW. Apostolicam Actuositatem, n.. 3.
35

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^,
dor da palavra de Deus externamente, quem não
escuta interiormente""'^.
Também na Sagrada Tradição e no Magistério
da Igreja o pregador deve buscar o conhecimento de
Deus,apoiando-se na sabedoria dos santos doutores
e na sã doutrina. Como ensina São Paulo: "Ficai fir­
mes e conservai os ensinamentos que de nós apren­
destes, seja por palavras, seja por carta nossa. Nosso
Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou
e nos deu consolação eterna e boa esperança pela
sua graça, console os vossos corações e os confirme
para toda boa obra e palavra" (2Tes 2,15b-16).
Deus, ainda, se revela através de locuções inte­
riores, palavras de sabedoria ou de ciência, visuali­
zações, profecias e sinais, aos quais o pregador deve
estar atento, discernindo o que é bom. Para preparar
a mensagem de pregação para a reunião de oração
deve-se, sobretudo, orar e escutar o Senhor Após
discernir a vontade de Deus, preparar-se, buscando
nas fontes de conhecimento o apoio e o fundamento
seguro para a pregação atingir o coração do povo.
O pregador é uma pessoa guiada pelo Espírito
Santo, com o objetivo único de conquistar as pes­
soas para Jesus. Ele é a voz que clama, é a seta que
indica o caminho. Mas não é, jamais, "a Palavra", "o
Caminho", que é Deus."João Batista foi a voz.Jesus é
a Palavra, a Palavra de Deus. Acontece que a Palavra
de Deus não cessa, não passa, não se extingue. Pelo
contrário, tem de estar sempre presente entre os
homens, entre os cristãos. Mas, como a voz de João
Batista passou, a voz de todo pregador também pas­
sa. Por isto, em cada geração Jesus conta com a tua
voz, com minha voz, com nossa voz"'".
O pregador é um servidor da verdade, um ar­
tífice da unidade da Igreja. Por isso é muito impor­
tante que o pregador da reunião de oração seja uma
pessoa madura na fé, animada pelo amor, tenha o
fervor dos santos e que conheça bem Jesus, que é o
Verbo do Pai, a Palavra verdadeira, o único caminho.
Além disso, deve ser testemunha, ter zelo pelo
Evangelho, deve viver o que prega, pois "O homem
contemporâneo escuta com melhor boa vontade as
testemunhas do que os mestres, ou então se escuta
os mestres, é porque eles são testemunhas. (...) Será,
pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que
a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este
mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fi­
delidade ao Senhor Jesus"^°.
São Paulo orienta que para ser capaz de ensinar.
a pessoa "não pode ser um recém-convertido, para
não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a
cair na mesma condenação que o demónio. Importa,
outrossim, que goze de boa consideração por parte
dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e
caia assim nas ciladas diabólicas (...) Antes de pode­
rem exercer o seu ministério, sejam provados para
que se tenha certeza de que são irrepreensíveis"
(ITim 3,6-7.10)
2.7. Os testemunhos
Os testemunhos têm a função de manifestar
a glória de Deus e edificar a comunidade. Por isso
mesmo,"devem ser centralizados na pessoa de Jesus
e não em quem fala. Se possível, as pessoas devem
ser orientadas quanto ao conteúdo e ao modo de
dar seu testemunho"^'.
Os dirigentes devem acautelar-se de pessoas
que insistem em falar em todas as reuniões, quase
sempre como forma de exibir-se. Nem sempre é sau­
dável facultar a palavra para testemunhos, pois pode
servir como espaço para desabafos e apresentações.
"Por outro lado, é preciso estimular todos os que
foram tocados pelo Senhor a que dêem testemunho,
pois se o testemunho é para a glória de Deus, não
proclamá-lo, seja por timidez ou por vergonha, será
roubar de Deus a glória que só a Ele pertence"".
Além disso, os tes emunhos devem ser breves
e compreensíveis a todos. Robert Degrandis fala do
"princípio abe"": audível, breve e centralizado em
Cristo. "Considere antes, durante e depois: qual era
a situação que precisava ser resolvida? Como Cristo
interveio? Quais são os resultados de seu envolvi­
mento? Se relatados corretamente, os testemunhos
ensinam, motivam e levam as pessoas ao louvor
Quando as pessoas dão testemunho, sua própria fé
é fortalecida, bem como a dos ouvintes"^"*.
CV ll,De/Verbum,n.25.
João MOHANA, Como ser um bom pregador, p. 24. Cf., a propósito, Ro­
naldo José de SOUSA, Uma voz clama no deserto. In. Pregador ungido, pp. 60-68.
" PAULO VI, Papa. Exortação Apostólica Evar\gelli Nuntiandi. n. 41.
Cf., por exemplo, Patti MANSFIELD, Publicai os seus feitos moroW/hosos, 94 p.
"J.H. Prado FLORES, As reuniões de oração, p. 60.
" Cf. Vem e segue-me, p. 68-69.
" Ibid., p. 69.
36

^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
2.8. Os avisos
A boa comunicação é fundamental na obra do
Senhor Os avisos devem ser claros de tal forma que
todos os presentes captem perfeitamente a informa­
ção e sejam motivados a se interessar pela proposta.
Devem ser, na medida do possível, rápidos, sempre
ao final da reunião. Normalmente, eles dizem respei­
to a algum aspecto da caminhada da Igreja local, do
próprio Grupo de Oração ou eventos e projetos da
RCC em suas diversas instâncias.
Não há motivos para prolongar a reunião por
causa de comunicados exaustivos. O grupo e a pa­
róquia devem utilizar outros mecanismos para isso.
4. CONCLUSÃO
As referências feitas não esgotam os temas, nem abrangem todos os aspectos
da reunião de oração. Muitos grupos desenvolvem bons mecanismos não necessaria­
mente comuns para suas reuniões, mas que são profundamente válidos e eficientes.
O essencial é compreender que, na dinâmica do Espírito, os dirigentes devem
submeter suas capacidades ao Senhor e zelar, com reta intenção, por aquilo que Deus
lhes confiou.
37

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPITULO 5
OS SERVIÇOS NA REUNIÃO DE
ORAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Todo Grupo de Oração deve possuir servos
que se responsabilizem pela realização da reunião,
que é a porta de entrada, onde a evangelização que­
rigmatica e o batismo no Espírito Santo se realizam.
Essas pessoas devem ser organizadas em equipes de
serviços específicos, receber formação adequada e
ter momentos de oração em equipe.As pessoas que
se sentem chamadas a estes serviços, devem fazer
uma boa experiência no uso dos carismas. Lembran­
do mais uma vez, que é fundamental que todos os
servos na RCC passem por um profícuo e sistemáti­
co Processo de Iniciação (SVE, Experiência de Ora­
ção, Aprofundamento de Dons), seguido do Módulo
Básico de Formação e das Formações Específicas
para cada ministério.
Existem várias equipes que atuam na reunião
de oração. Aqui será feita uma breve abordagem so­
bre aquelas mais comuns.
2. ALGUMAS EQUIPES DE SERVIÇO
DA REUNIÃO DE ORAÇÃO
2.1. Equipe de arri.mação
É a equipe encarregada de preparar o ambiente
para um grande momento de louvor, que é a reu­
nião de oração. Cuida da arrumação e disposição
das cadeiras, da caixinha de pedidos de oração, da
mesa ou ambão para o pregador (se for o caso), da
preparação do altar e decoração do ambiente (quan­
do necessário) a fim de propiciar um lugar limpo e
acolhedor aos que chegam e criar um clima favorável
à fraternidade. Não se trata de um serviço acessó­
rio, sem grande relevância; ao contrário, os membros
dessa equipe devem se deixar encher pelo Espírito
Santo a fim de que arrumem tudo com o amor cris­
tão que faz toda a diferença.
Ao final do encontro, deixa a sala arrumada e
limpa.
2.2. Equipe de acolhimento e recepção
O acolhimento e a recepção parecem óbvios,
mas nem sempre sua importância é reconhecida.
Convém que os dirigentes do grupo designem pes­
soas para este ministério formando a equipe de re­
cepção. A cada reunião, os membros dessa equipe
estarão às portas para acolher desde o início as pes­
soas que vão chegando, dando-lhes as boas-vindas.
Deve-se atentar para não dar mais atenção a alguns
(amigos pessoais, pessoas mais chegadas), em detri­
mento de outros que vão chegando.
Esse contato pessoal é muito importante.
Como São Paulo diz:"Entre vós imitamos a mãe que
acalenta o filho ao colo. (...) Fomos falar a cada um
como de um pai para o filho..." (ITes 2,7-12). Essa
atmosfera de fraternidade e de amor será mais fa­
cilmente criada por meio do contato pessoal e da
amabilidade com que se recebem os que vão che­
gando, seja num grupo pequeno, seja numa grande
assembleia.
Os componentes dessa equipe devem ser pes­
soas com carisma de relacionamento com os outros,
chamadas por Deus, para colocar seus dons naturais
a serviço dos irmãos.
39

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração >^ .
2.3. Ministério de música
Como já dito, a música é muito importante na
reunião de oração. Ajuda muito começar a reunião
com cantos alegres e rápidos, gestos, palmas e movi­
mentação. Muitos chegam deprimidos e cansados e tais
cantos ajudam a relaxar e afezer desaparecerem obstáculos.
A música é um poderoso instrumento usado
por Deus para trazer pessoas para mais perto dele.
Ela pode expressar adoração e louvor diferentemen­
te de todos os outros meios. É muito importante
que o Grupo de Oração tenha um ministério de mú­
sica organizado ou que pelo menos tenha um gru­
po de pessoas que assuma a responsabilidade pelos
cantos da reunião. Em todos os casos, esse grupo de
servos deve se reunir periodicamente para orar, e
dentre outras coisas, ensaiar as músicas, privilegian­
do-se aquelas do livrinho de cânticos "Louvemos o
Senhor", largamente utilizado na RCC, e que tem
sido esquecido por muitos carismáticos.
O principal objetivo de uma equipe de música
é, obviamente, ministrar o amor e a Palavra de Deus,
criando ambiente propício para o batismo no Espí­
rito. Com muita frequência, a música é vista como
mera tarefa a ser executada. Mas essa atitude impe­
de que Deus a use como efetivamente deseja fazê-lo.
A música é um ministério, no verdadeiro sentido da
palavra. Ela pode evangelizar, ensinar, inspirar, enco­
rajar. É uma parte vital da reunião e deve receber
atenção cuidadosa.
Existem duas características necessárias aos
membros do ministério de música: obediência e hu­
mildade. A obediência se dá no entrosamento entre
o ministério de música e a coordenação.A humilda­
de consiste em reconhecer que sem o Senhor nada
se pode fazer (cf.Jo 15,5). É Ele quem faz a obra. Não
importa saber muito ou pouco, todos precisam ter
humildade. Mais do que saber as músicas, o ponto
importante é saber comunicar o amor de Deus às
pessoas.
As vozes dos ministros que lideram o louvor
devem se sobressair aos instrumentos. Por mais belo
que seja o som do instrumento musical, seu fim não
é substituir a voz humana, e sim acompanhá-la. Por
isso, deve-se evitar que um som muito forte domi­
ne a voz e gere irritabilidade nos participantes. Se o
grupo não possuir instrumentos, pode-se encorajar
o povo a cantar juntos em harmonia.
É importante ensinar as músicas às pessoas
para que o canto saia bonito e bem feito para o
Senhor, porém, sem perfeccionismo. Um momento
propício para esse ensaio é imediatamente anterior
ao início da reunião de oração, em que as pessoas
vão chegando e se sentando.
Um músico ungido servirá mais do que lidera­
rá, e concentrar-se-á em auxiliar o povo a louvar e
adorar o Senhor A música deve facilitar o louvor e
a adoração. Um bom ministro de música cuidará de
dosar convenientemente o canto e o silêncio.
2.4. Ministério para crianças
O Grupo de Oração deve se preparar para ter
uma equipe que ficará com as crianças no horário da
reunião de oração. A equipe não somente "cuidará"
das crianças para que não "atrapalhem" a condução
do louvor Há que se fazer um cuidadoso planeja­
mento de evangelização também para as crianças
com o objetivo de ensiná-las a louvar e orar, forman­
do um verdadeiro "grupinho de oração" levando em
conta suas necessidades e de acordo com as faixas
etárias. É importante ressaltar que não se trata de
uma mera recreação. Esse "grupinho" deve praticar
os carismas, deve contemplar uma pequena prega­
ção querigmatica adaptada para as crianças, deve le­
vá-las à experiência do batismo no Espírito Santo.
Os servos encarregados de desempenhar este
serviço devem possuir o carisma da alegria, da paci­
ência, do amor aos pequeninos, da animação e muita
criatividade e domínio, pois assim conseguirão man­
ter a boa ordem e despertarão nas crianças o gosto
pela oração e pelo louvor, de forma espontânea.
2.5. Ministério de intercessão
"Acima de tudo, recomendo que se façam pre­
ces, orações, súplicas, ações de graças por todos os
homens, pelos reis e por todos os que estão consti­
tuídos em autoridade, para que possamos viver uma
vida calma e tranquila, com toda a piedade e honesti­
dade. Quero, pois, que os homens orem em todo lu­
gar, levantando as mãos puras, superando todo ódio
e ressentimento" (ITm 2,1-2.8).
Frise-se que o serviço da intercessão se dá fora
da reunião de oração, dando-se prioridade aos pedi­
dos escritos pelos participantes do Grupo de Ora­
ção, ao sustento espiritual do mesmo, às eventuais
intenções específicas apresentadas pelo Núcleo e à
Rede de Intercessão oriunda do ministério em nível
nacional.
Como já dito, os primeiros intercessores de
um Grupo de Oração da RCC são os membros do
seu núcleo de serviço, que devem interceder pelo
Grupo em cada uma de suas reuniões, independen-
40

. ^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
temente da atuação do ministério de intercessão.
No decorrer da reunião de oração, também são
os membros do núcleo que devem interceder pelo
bom êxito da mesma.
Assim, na inexistência de equipe de intercessão,
o próprio núcleo de serviço é o grande responsável
pela função exercida por ela.
Intercessão é a oração daquele que fala a Deus
dos problemas dos homens. E a oração de quem ofe­
rece a generosidade do seu coração em favor dos
outros. O intercessor coloca-se como canal aberto
à vontade de Deus, para que nele e através dele, o
Espírito Santo possa agir. A exemplo de Moisés, que
chamado e enviado para levar o povo cativo e opri­
mido, dedicou-se a ele como intercessor, o ministé­
rio de intercessão ora pelo povo sofrido e cativo do
pecado.
A equipe de intercessão é composta de pesso­
as que se sentem chamadas a exercerem tal ministé­
rio. E preciso evitar cair na tentação de colocar para
a intercessão aquelas pessoas que, à primeira vista,
"não sabem fazer outra coisa", como: tocar instru­
mentos, cantar, pregar, aconselhar, etc. O ministério
de intercessão é tão sério quanto todos os outros;
as pessoas que o desempenham devem ser prepara­
das para tal, prontas para exercerem o discernimen­
to, com eficaz vida de oração pessoal e comunitária,
além de adequada formação.
Os intercessores fortalecem-se através do es­
tudo da Palavra, da escuta de Deus, da Eucaristia, da
penitência, da adoração ao Santíssimo e, principal­
mente, possuem um amor que se entrega e confia,
ajudando a sustentar a fragilidade do outro. Fortale­
cem-se, ademais, participando da reunião de oração,
já que, como visto, seu serviço acontece fora desta.
O momento de oração do ministério de in­
tercessão é voltado para as necessidades de todas
as pessoas do Grupo de Oração. Os ministros ofe-
recem-se a si mesmos como vasos de bênçãos em
favor dos outros. Esquecem-se as necessidades pes­
soais e ora-se pelo grupo.
Os servos intecessores reunem-se pelo menos
uma vez por semana, podendo ser diante do sacrário
desde que aconteça em local onde ninguém possa
ter acesso devido ao absoluto sigilo necessário. Nes­
sa reunião, ora-se pelas necessidades do Grupo de
Oração e também pelos pedidos feitos durante a
reunião de oração e pelos pedidos diocesanos, esta­
duais e nacionais. Deve haver uma pessoa responsá­
vel pelo ministério de intercessão, que o representa­
rá no núcleo de serviço.
2.6. Ministério de Pregação
Todo grupo de oração deve possuir uma equipe
de pregadores que ministra o ensino, a instrução e a
proclamação querigmatica da Palavra de Deus. Nesse
ministério devem estar os servos que possuem o dom
de ensinar, de falar sob a unção do Espírito. "Prega a
Palavra, insiste oportuna e importunamente, repreen­
de, ameaça, exorta com toda a paciência e empenho
de instruir.. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente
nos sofrimentos, cumpre a missão dem pregador do
Evangelho, consagra-se ao teu ministério" (2Tm 4,2.5).
Nesse sentido, não necessariamente a pregação
ficará toda semana a cargo dos membros do núcleo
de serviço, podendo este discernir um dos servos da
equipe de pregadores que fará a pregação de acordo
com a palavra rhema e toda a moção discernida na
reunião de núcleo, ser-lhe-á de antemão comunicada
pelo coordenador da equipe de pregadores.
E coerente que um Grupo de Oração cresça
espiritual e quantitativamente, pois as pessoas estão
sedentas de Deus. Isso significa dizer que os minis­
térios naquele Grupo de Oração também devem
crescer e amadurecer para que sirvam cada vez
melhor à comunidade. Diante disso precisamos nos
perguntar: como iremos desenvolver nossos minis-
teriados e, aqui, de modo especial, nossos pregado­
res? A resposta é imediata: motivando-os à formação
continuada e colocando-os para servir ao seu pró­
prio Grupo de Oração. Isso significa dizer que não é
proibido convidarmos pregadores de outros grupos
ou localidades para ministrarem em nosso Grupo
de Oração, mas também precisamos desenvolver as
nossas próprias ovelhas. Por vezes investimos no mi­
nistério dos outros - e isso não é depreciativo - mas
relegamos a segundo plano aqueles que o Senhor
deu prodigamente ao nosso próprio Grupo de Ora­
ção. No tocante a convidar pregadores de outras
dioceses, é preciso informar e pedir autorização à
coordenação diocesana da RCC, pois isto é fruto de
Pentecostes: unidade, comunhão, consideração devi­
da a quem está investido em autoridade..
2.7. Ministério de oração por cura e libertação
"Agora o Senhor enviou-se para curar-te e li-
vrar-te... Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assis­
timos na presença do Senhor" (Tb 12,14-15).
Os servos da equipe de oração por cura e li­
bertação são, antes de tudo, profundos intercessores,
ou seja, devem ser pessoas de intimidade com Deus,
que tenham conhecimento e afinidade com Sua Pa­
lavra e tenham experiência e bom uso dos carismas,
41

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração <^.
principalmente do carisma de cura e libertação.
As pessoas que frequentam as reuniões de ora­
ção e o Grupo de Oração como um todo são geral­
mente feridas e doentes. Há necessidade, portanto,
de dar-lhes atendimento. É esse o trabalho da equipe
de oração por cura e libertação. Não é demais es­
clarecer que esse serviço é também voltado para os
servos do Grupo de Oração.
Essa equipe pode prestar atendimento às pes­
soas antes ou depois da reunião de oração (ou du­
rante, se houver algum caso que assim o necessite).
Também o atendimento pode ser feito noutros dias,
em horários previamente marcados.
3. CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus necessita de mulheres e homens novos, renovados no Espírito
Santo, que acreditam no Cristo Salvador, esperam nas suas promessas e dão frutos
abundantes por sua união a Cristo.
O Espírito Santo já começou esta obra maravilhosa de transformação e o co­
ração daqueles que se sentem tocados está inquieto. Por isso, é preciso ler e reler,
meditar e "ruminar" a Palavra: "Estou persuadido de que Aquele que iniciou em vós
esta obra excelente lhe dará o acabamento até o dia de Jesus Cristo" (Fl 1,6)."O Se­
nhor completará o que em meu auxílio começou" (SI 137/138,8a). "Se o Senhor não
edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (SI 126/127,1 a).
42

Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
CAPÍTULO 6 : -uontn y.:^ ^
O GRUPO DE PERSEVERANÇA
1. INTRODUÇÃO
Não basta despertar a fé e promover a experi­
ência de pentecostes. O fiel deve ser conduzido ao
crescimento e à formação. A evangelização querig­
matica deve levar à evangelização catequética.
O objetivo final de toda evangelização é a for­
mação da comunidade cristã e ela só é formada com
a perseverança daqueles que foram evangelizados.
Muitas vezes, os grupos de oração são lugares por
onde as pessoas passam, chegam, ficam algum tempo
e depois saem porque não encontram um alimento
adequado à sua espiritualidade. Portanto, o sentido
do termo "perseverança" aqui é manter-se num lo­
cal, aprofundar-se em algo, persistir num propósito,
criar raízes, tornar-se efetivo. O Grupo de Perse­
verança é, pois, o terceiro momento do Grupo de
Oração e está a serviço deste.
2. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Participar de um grupo de perseverança é, an­
tes de tudo, um convite a começar um caminho. De
um modo geral, podemos dizer que uma pessoa que
inicia o caminho num grupo de perseverança possui:
• Uma experiência pessoal do amor de Deus e
do batismo no Espírito Santo;
• Uma atitude de procura, manifestada no dese­
jo de dar um sentido à sua vida;
• Um desejo de dinamizar a fé pessoal através
de uma relação mais constante e intensa com Deus;
• Um desejo de transformar o contexto em
que vive;
• Uma necessidade de viver com os outros, de
se relacionar na amizade e de crescer "na graça e
no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo" (2Pd 3,18).
Estas motivações aparecem mais claramente
Existem dois riscos: o primeiro é formar gru­
pos de oração que atendam eficazmente à neces­
sidade de aprofundamento e catequese e não aco­
lhem bem aqueles que precisam de uma experiência
inicial; o segundo é formar grupos que atendam à
necessidade de uma experiência de conversão e não
criam mecanismos para aprofundar a fé. Daí a neces­
sidade de momentos distintos para o mesmo Grupo
de Oração: querigma e catequese. Dois momentos
que se complementam e acontecem em tempos dis­
tintos. ^
Em alguns lugares este momento de perseve­
rança é chamado de grupo fechado, grupo de abas­
tecimento, grupo de partilha ou grupo de perseve­
rança. Aqui foi adotado este último por ser mais
próximo daquilo a que ele se destina.
ou não, de acordo com as situações e circunstâncias
em que as pessoas vivem. Refletem também o pro­
cesso de evangelização de cada uma.
O grupo de perseverança não é apenas;
• Um grupo que trabalha unido;
•A realização de uma série de atividades;
• Um ambiente em que as pessoas se sentem bem;
• Um ambiente em que as pessoas são respei­
tadas, aceitas, queridas, ajudadas ou compreendidas;
• Um grupo de pessoas "santas", mas gente que
procura a santidade com sinceridade, com a ajuda de
Jesus e a força do Espírito Santo; portanto, em uma
atitude de constante conversão.
" Cf. Partilha, n. 00, passim. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA,
Grupo de oração, p. 51.
43

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração t>
3. ALGUMAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
ACERCA DO GRUPO DE PERSEVERANÇA:
o grupo de perseverança é o terceiro momen­
to do Grupo de Oração. Já foi visto que o primeiro
momento é o núcleo de serviço, tratado no ensino
OI desta apostila, e o segundo é a reunião de oração,
analisado nos demais ensinos até aqui. Acerca deste
terceiro momento, deve-se atentar para alguns as­
pectos:
• Tal atividade não substitui, tampouco se
confunde com a reunião de oração.Assim, deve pos­
suir dia e/ou horário diferente, a fim de que todos os
participantes do grupo de perseverança participem
igualmente da reunião de oração. Isso é fundamental
e é o que dá a razão de ser dos grupos de perseve­
rança.
• O conteúdo a ser ensinado e refletido no
Grupo de perseverança não deve ser o Módulo Bá­
sico de Formação da RCC e tampouco as formações
específicas dos diversos ministérios exercidos na
RCC, mas os subsídios oferecidos pela RCCBRASIL
e pelas iniciativas das instâncias de serviço locais.
Todo o conteúdo ensinado e refletido no Gru­
po de perseverança deve encontrar fundamentação
na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e no Magis­
tério da Igreja, revisado, preferencialmente, por um
teólogo clérigo ou leigo de notório saber teológico.
• As reuniões do Grupo de Perseverança te­
rão duração média de 2 (duas) horas e consistirá em
oração com prática dos carismas, ministração ungida
do ensino proposto para aquele dia de encontro, re­
flexão pessoal ou comunitária (dinâmica) e partilha
do grupo, sem prejuízo de outras iniciativas relevan­
tes para o crescimento do grupo.
O certo é que "ninguém pode progredir na vida
espiritual permanecendo sozinho, indo uma vez por
semana apenas rezar junto com outros já abertos
para o louvor do Senhor Os pequenos grupos fa­
cilitam a comunicação frequente e fraterna, a ajuda
mútua, o apostolado comum. Há um crescimento no
amor e na doação de si mesmo, bem como formação
de lideranças e de discipulado. Entretanto, tais gru­
pos e tais resultados ficarão ameaçados se cederem
à tentação do fechamento sobre si mesmos. O gru­
po de crescimento existe em função do grupo maior
e não o substitui"^*.
4. GRUPO DE PERSEVERANÇA:
COMO ORGANIZAR
Tendo sido evangelizadas querigmaticamen­
te através do Seminário de Vida no Espírito e da
Experiência de Oração as pessoas são convidadas
a perseverar no crescimento espiritual através do
Grupo de Perseverança, em paralelo ao Aprofun­
damento de Dons e ao Módulo Básico intercalado
com a Formação Humana, as pessoas terão inicia­
do uma caminhada de aprofundamento da fé e Ca­
tequese. Serão, portanto, convidados pelo Núcleo
do Grupo de Oração a participarem do Grupo de
Perseverança, cuja periodicidade pode ser semanal
ou quinzenal, conforme a realidade local, com dia e
hora definidos, onde serão formados. Conforme já
acentuado, o Grupo de Perseverança deve possuir
dia e/ou horário diferente, a fim de que todos os
participantes do grupo de perseverança participem
igualmente da reunião de oração. E possível, se as­
sim discernir o Núcleo, que o Grupo de Perseve­
rança se reúna 2 horas antes da reunião de oração
ou nas 2 horas seguintes à mesma, isto é, no mesmo
dia da reunião de oração, mas em horário distinto.
Todos os servos e participantes do Grupo de
Oração precisam estar em constante aprofunda­
mento, inclusive o Coordenador do grupo; assim,
todos devem participar do grupo de perseverança.
O coordenador do grupo de perseveran­
ça pode ser o próprio coordenador do Grupo de
Oração, ou um servo-formador por ele indicado. O
formador indicado para a coordenação do grupo de
perseverança fará parte do Núcleo de Serviço e se
responsabilizará pelo desenvolvimento do grupo de
perseverança juntamente com outros formadores.
" CHAGAS. Dom Cipriano. Grupos de Oroçõo Cammàúcas. Rio de Janeiro:
Ed. Louva-a-Deus, 1978. R 31.
44

. ^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
Num Grupo de Oração mais numeroso, é pos­
sível que os participantes do grupo de perseverança
também o sejam. Nesta hipótese, formam-se peque­
nos grupos (no máximo 12 participantes), onde um
deles será o líder (pastor) do pequeno grupo. Esse
líder (pastor) será um membro da equipe de forma­
ção do Grupo de Oração ou da equipe de serviço
em geral. Nesse caso, a formação deve ser ministra­
da para todos juntos por um formador designado
ou pelo próprio coordenador do ministério de for­
mação do Grupo de Oração, separando-se os gru-
pinhos de 12 pessoas para a reflexão (dinâ-mica) e
partilha, etc.
Os pastores dos grupinhos devem reunir-se
periodicamente com o coordenador do Grupo de
Perseverança para partilharem as experiências e as
dificuldades mútuas.
Os pastores dos grupinhos devem ter anota­
dos todos os dados essenciais de cada participante:
nome, endereço, telefone, estado civil, profissão, local
de trabalho, data de nascimento, entre outros. Além
disso, deve registrar bem a frequência de cada pes­
soa, para melhor acompanhá-las. Cabe a este servo:
• Receber cada pessoa de modo acolhedor;
• Estimular os participantes do grupo quanto à
frequência, à vivência dos temas abordados, à oração
pessoal e comunitária e o compromisso com a co­
munidade da qual participa;
• Levar as pessoas a perceberem a vida de re­
lacionamento com Deus na comunidade, com os ir­
mãos, no poder do Espírito Santo;
• Ser pessoa de vida de oração bem ordenada:
orante;
•Ter visão clara do que é o grupo de perseverança;
5. LÍDERES EM POTENCIAL
Os grupos de perseverança devem fazer emer­
gir pessoas que possam assumir lideranças; por isso
é importante observar alguns sinais para reconhe­
cer líderes em potencial. Estas características devem
ser trabalhadas e lapidadas. As características que
seguem são as mais frequentes naqueles que mais
tarde, e com formação apropriada, poderão desem­
penhar funções e serviços de liderança:
• Cumso: está sempre partindo para âmbitos
novos, investigando novos caminhos, sem se conten-
• Ter carisma de pastoreio.
Exercer o ministério de formação, sendo mem­
bro da equipe de serviço do Grupo de Oração.
Além disso, os servos (pastores) devem ser ins­
truídos sobre:
• Como conduzir oração;
• Como ordenar uma partilha, para não deixar
que pessoas dominem, nem que alguém fique dema­
siadamente calado;
• Como levar o grupinho a descobrir ou reno­
var a ação do Espírito Santo nas suas vidas;
• O pastoreio dos participantes do grupinho;
• Orientar os momentos de oração, explicar as
atividades, apresentar os eventuais palestristas e fa­
zer ligação entre os temas e as dinâmicas.
O núcleo de serviço, em comunhão com os
servos pastores dos grupos de perseverança, deve
fazer um planejamento progressivo e sistemático
dos ensinos a serem ministrados neles e discerni­
rem, se for o caso, que tipo de estudo bíblico pessoal
será aplicado para os membros.
A participação nestes grupos de perseverança,
como já dito, não exclui a participação nas reuniões
de oração, onde poderão testemunhar aos demais e
desta forma movê-los a caminhar na vida do Espírito.
Após a evangelização querigmatica através do
SVE e da Experiência de Oração, as pessoas come­
çam a dar os primeiros passos rumo à formação
para o engajamento no trabalho de evangelização e
no serviço da Igreja na RCC através dos GP's, sem
prescindirem, contudo, das demais etapas do Pro­
cesso Formativo do Movimento: Aprofundamento
de Dons, Módulo Básico com Formação Humana,
seguindo-se à formação específica para o exercício
dos diversos ministérios.
tar com o óbvio e o tradicional.
• Mediador: ajuda a trazer harmonia entre os
membros, em especial os que estão discordando;
procura encontrar soluções mediadoras, aceitáveis
por todos.
• Sir)tetízador: é capaz de juntar os pedaços; re­
úne as partes diferentes da solução ou do plano e
as sintetiza.
• Prático: sempre pronto para pôr em prática a
proposta dada e aceita comunitariamente; versado

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração
em organizações; procura estar sempre em ativida­
de, sendo fiel no pouco que lhe for confiado.
• Proponente: dá ideias e propõe ações; mantém
as coisas em andamento.
Essas características não devem ser procuradas
de maneira absoluta. Muitas vezes, pessoas que não
6. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
atendem a um ou outro requisito destes, podem ter
perspectiva de se tornarem líderes, desde que rece­
bam formação adequada e que amem sinceramente
a Deus e aos irmãos. Mas é fundamental que seja
identificado nas pessoas o carisma para esse tipo de
serviço, pois nem todos são chamados a liderar.
^/^v lííí ;:.MJ 'zJ^íi-ÍÍJ--^ t'i^ í- . --^
r /' '' • ' ' .
"Pertseveravam eles na doutrina dos apóstolos,
nas reuniões em comum, na fração do pão e nas ora­
ções" (At 2,42).
Os grupos de perseverança são fundamentados
em quatro princípios:
• Doutrina dos Apóstolos
• Comunhão fraterna = r ^
• Fração do Pão •
• Oração
a) £)outra áos kpóstoSoz
O ensinamento dos apóstolos consistia, antes
de tudo, nos gestos, palavras e ações de Jesus Cristo.
Os servos precisam desenvolver nos grupos de per­
severança um relacionamento conforme o que Jesus
ensinou: viver, orar e trabalhar juntos, e tudo dentro
do amor que se recebe de Deus, por seu Espírito,
para dá-lo aos irmãos.
Nos grupos de perseverança da atualidade não
se trata de copiar tudo o que se fazia antes, mas sim
de ter a mesma atitude, a mesma disposição interior
e o mesmo espírito que movia as comunidades pri­
mitivas. Na realidade, trata-se de um alinhamento ao
espírito das comunidades primitivas, nas quais o Se­
nhor ressuscitado vivia, estava presente, era o centro
da comunidade sempre movida pelo Espírito Santo.
A doutrina dos apóstolos é a doutrina da Igre­
ja. Portanto os grupos de perseverança devem ser
instruídos nos ensinos da Igreja, principalmente os
contidos no Catecismo da Igreja Católica. Devem
existir momentos de catequese, onde a doutrina é
exposta e os participantes são instruídos, a modelo
do que ocorria nas comunidades primitivas. Este en­
sino deve ser programado de tal forma que a doutri­
na seja ministrada de maneira contínua, progressiva
e sequencial, não aleatoriamente. Existe a necessida­
de de preparar catequistas e mestres capacitados e
competentes para este serviço.
b) Comunhão fraterna
Podemos traduzir a expressão "comunhão fra­
terna" por fraternidade. Os participantes dos grupos
de perseverança têm a oportunidade de se conhece­
rem melhor e, desta maneira, exercerem a caridade
e a solidariedade uns com os outros.
A meta é atingir o que se dizia dos cristãos:
"entre eles não havia necessitados" (At 4,34a). O lí­
der de cada grupo de perseverança deve promover
ações que facilitem o relacionamento e o conheci­
mento dos seus participantes.
A partilha é fundamental para estreitar os laços
na comunidade. O tempo é algo muito precioso, que
os participantes precisam saber partilhar. É muito di­
fícil amar sem conhecer. É necessário compartilhar
da vida do outro para que cresça a responsabilidade
e o amor por ele:
"Avaliando nossas atitudes, nossos comporta­
mentos diante das pessoas, diante daqueles que nos
solicitam, daqueles que querem conversar conos­
co, daqueles que nos param quando estamos com
pressa, atarefados, ou cheios de problemas; avaliando
nossas reações diante destas situações, poderemos
sentir como estamos vivendo em comunhão, verda­
deiramente. Comunhão envolve perder, digo, ganhar
tempo com o meu irmão, eu ganho, ele ganha. Parti­
lho das minhas riquezas e misérias.A partilha sempre
enriquece quando é vivida no amor"".
c) Fração do Pão
A participação na Santa Eucaristia desencadeia
uma espiritualidade eucarística.A Eucaristia é o cen­
tro e o cume da espiritualidade cristã. O grupo de
perseverança deve incentivar a vivência da Eucaristia
e dos demais sacramentos da Igreja.
" Luis Virgílio NÉSPOLI et al, Subsídios para ser Igreja no novo milénio,
p- 38. .. , _ .
46

. ^ Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
Nos grupos de perseverança, o pão da Palavra
deve ser alimento constante, portanto a "fração do
pão", a partilha do pão, se reveste também da parti­
lha da Palavra, sendo incentivada a leitura e a refle­
xão partilhada das Sagradas Escrituras.
á) Oração
O grupo de perseverança é parte do Grupo
de Oração. Portanto, nele a oração deve ser como
é na própria RCC, com a manifestação dos carismas
efusos. No grupo de perseverança, por ser menor, há
possibilidade do exercício dos dons de maneira mais
aberta e possível para todos.
Além das orações em comum, deve ser incenti­
vada a vida de oração pessoal. Os dirigentes do gru­
po de perseverança podem acompanhar e verificar a
espiritualidade de seus participantes. Na RCC, cha­
ma-se de pastoreio este acompanhamento.
7. COMO LIDAR COM PROBLEMAS NO
GRUPO DE PERSEVERANÇA
Todo grupo de perseverança enfrenta proble­
mas. Sabendo lidar com eles, podem se transformar
em oportunidades de crescimento. Segue-se algumas
"dicas" para os líderes de grupos de perseverança,
quanto aos problemas mais frequentes.
a) Como retornar ao assunto
Muitas vezes aparecem questões que precisam
ser postas à parte para dar continuidade à reunião.
Em geral, o reconhecimento da situação ajuda. O lí­
der diria: "Essa questão é interessante, entretanto,
saímos de nosso tópico. Talvez possamos discutir
mais sobre ela, depois que o grupo terminar de dis­
cutir o assunto em pauta". Ou sugere-se que a ques­
tão seja adiada até que se complete a ideia que está
sendo discutida.
Contudo, o líder deve ser sincero e realmente
voltar à questão e abordá-la se os membros quiserem.
A regra geral é: "Nunca sacrifique o progresso do
grupo em favor da curiosidade de uma única pessoa".
b) Como motivar todo o grupo
O papel do líder é o de condutor, não de pro­
fessor Por isso, deve estar alerta para não dominar
situações nem parecer ser a maior autoridade nas
questões que surjam. É bom lembrar-se dos que
nada têm contribuído nas discussões e dirigir-lhes
algumas perguntas.
O líder precisa assegurar-se de que as pergun­
tas sejam fáceis, para que os que vão respondê-las
não fiquem embaraçados. Se necessário, o líder deve
chamar os membros do grupo pelo nome para aju­
dá-los a participar Deve ser-lhes concedido tempo
suficiente para responderem.
c) Como controlar os que falam muito
É tarefa difícil. O líder pode pedir a contri­
buição dos outros, perguntando: "Que acham os
outros?", ou dirigir as perguntas a outras pessoas
de maneira específica. Se isso não der certo, talvez
tenha de conversar em particular com o "tagarela",
explicando a necessidade de participação do grupo,
conseguindo com que o falador ajude a "puxar pela
língua" de todos.
Um bom método é esperar que a pessoa pare
para respirar e fazer uma pergunta ou um comentá­
rio rápido que movimente a discussão.
d) Como lidar com o silêncio
O líder não deve temer as pausas. As pessoas
precisam de tempo para pensar.Talvez o silêncio faça
mais bem do que a discussão. Quiçá os momentos
de silêncio sejam desconfortáveis, mas não impro­
dutivos.
e) Responder sem responder
O líder nunca deve ter medo de dizer "não sei".
Quando não sabe respostas não deve inventar uma.
Em todo caso, não deve ter medo de deixar per­
guntas sem resposta imediata, comprometendo-se,
contudo, a pesquisar e respondê-las noutra ocasião.
f) Como tratar com assuntos controversos
Quando o grupo leva a sério a busca da verda­
de, há receio de que a amizade e camaradagem pos­
sam ser prejudicadas. Sempre existe a tentação de
contornar as questões vitais e confiar em respostas
superficiais.A melhor maneira de lidar com assuntos
controversos que venham à tona é apoiando-os na

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^,.
doutrina da Igreja. Se o dirigente desconhece a po­
sição da Igreja, é bonn sugerir adiamento da questão
para quando for possível opinar ou responder cor­
retamente.
g) Como tratar um grupo apático
Em geral, o grupo reage conforme a atitude do
líder, que deve rezar pedindo entusiasmo. Se quiser
que o grupo seja entusiasmado, o líder tem de de­
monstrá-lo verdadeiramente, não apenas com uma
exaltação superficial e externa.
8. FUNDAMENTAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alguns textos do Magistério da Igreja podem
ser indicados, a título de fundamentação:
a) "É urgente a formação doutrinal de todos os
fiéis, seja para o natural dinamismo da fé, seja para
iluminar com critérios evangelizadores os graves e
complexos problemas do mundo contemporâneo"
(Christifidelis Laici,60). r_.
b) "Dê-se especial importância à formação bí­
blica que ofereça sólidos princípios de interpreta­
ção. Estimule-se a prática da leitura orante da Bíblia
(=Lectio Divina), fazendo dela fonte de inspiração
de nosso encontro com Deus e com os irmãos"
(CNBB, Doe. 53, n. 36 e 37).
c) "A formação doutrinal dos fiéis leigos mos-
tra-se hoje cada vez mais urgente, não só pelo natu­
ral dinamismo de aprofundar a sua fé, mas também
pela exigência de 'racionalizar a esperança' que está
dentro deles, perante o mundo e os seus problemas
graves e complexos. Torna-se, desse modo, absolu­
tamente necessária, uma sistemática ação de cate­
quese, a dar-se gradualmente, conforme a idade e
as várias situações da vida, e uma mais decidida pro­
moção cristã da cultura, como resposta ás eternas
interrogações que atormentam o homem e a socie­
dade hoje" (Christifideles Laici, 60).
d) "A plena eficácia do apostolado só se pode
alcançar com uma formação multiforme e integral.
Exigem-na tanto o contínuo progresso espiritual e
doutrinal do próprio leigo, como as diversas circuns­
tâncias de coisas, pessoas e encargos a que a sua
atividade se deve acomodar" (Apostolicam Actuo­
sitatem, 28)
e) "Os movimentos eclesiais, trazendo a con­
tribuição do seu próprio carisma (...), cuidem da for­
mação de seus membros, pondo sua organização a
serviço da evangelização..." (CNBB, Doe. 61,289).
f) "Uma tarefa das mais urgente da Igreja de
hoje é a formação de fiéis leigos.A formação dos fiéis
leigos tem como objetivo fundamental a descoberta
cada vez mais clara da própria vocação e a disponibi­
lidade cada vez maior para vivê-la no cumprimento
da própria missão. Por conseguinte, ela deve ser uma
das vossas prioridades. No mundo secularizado de
hoje, que propõe modelos de vida sem valores espi­
rituais, esta é uma tarefa urgente como nunca. A fé
esmorece quando se limita ao costume, ao hábito, à
experiência meramente emotiva. Ela deve ser culti­
vada, ajudada a crescer, tanto a nível pessoal como
comunitário. Sei que a Renovação se prodigaliza para
responder a esta necessidade, procurando formas e
modalidades sempre novas e mais adequadas às exi­
gências do homem de hoje. Agradeço-vos o quanto
fazeis, peco-vos que persevereis no vosso empenho".
(João Paulo II, Discurso à Comissão Nacional Italiana
da RCC, 4 abril de 1998).
48

. Renovação Carismática do Brasil - RCCBRASIL
9. CONCLUSÃO
É importante trabalhar na conscientização dos católicos para trilhar o caminho
da busca de formação, entrosamento e perseverança. Engajando-se bem nos trabalhos
da RCC, que é um movimento eclesial, a pessoa estará engajada na Igreja a serviço
do Senhor O trabalho no Grupo de Oração identifica-se com a missão de todo ba­
tizado e também é chamado do Senhor "Permanecei em mim e eu permanecerei em
vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim,
também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim... Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo
o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito
fruto e vos torneis meus discípulos" (jo 15,4.7-8). A aceitação, entrega e participação
de todos irá tornando mais claro e transparente o amor do Senhor Jesus para cada
um; a salvação experimentada no interior do grupo de perseverança será a força que
impulsionará os participantes a levá-la aos outros. Um grupo de perseverança poderá
ser testemunha, um indicador de uma experiência onde cada um encontrou o amor
misericordioso de Jesus Cristo feito realidade acessível para seguir, sendo salvação
para todos.
49

Apostila 3 do Módulo Básico - Grupo de Oração ^.
BIBLIOGRAFIA
1. ALMEIDA, João Carlos, Cantor em Espírito e
verdade, p.88.
2. Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, Edição
Claretiana - 2010 - Revisada.
3. Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica
Vaticana, Edições Loyola.
4. CHAGAS, Dom Cipriano, OSB. Grupos de
Oração Carismáticos, I. Rio de Janeiro: Ed. Louva-a-
Deus, 1978, pp. 10.
5. CNBB, Documento 62, n. 87
6. CNBB. Documento final da V Conferência /
geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe,
n. 362.
7. CNBB, Documento, Missão e Ministério dos
cristãos leigos e leigas, ns. 84-85.
8. CONCILIO ECUMÉNICO VATICANO II,
Apostolican Actuositatem.
9. CONFERÊNCIA CATÓLICA DOS EUA,
Declaração pastoral sobre a RCC.
10. CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA Lúmen
Gentium, do Concílio Vaticano II.
I I. DEGRANDIS, Robert, Vem e segue-mês.
R63
12. Flores, J. H. Prado, As Reuniões de oração, p.
12-13.
13. João Paulo II apud RCC, Liderança na RCC, p.
54
14. MANSFIELD, Patti, Publicai os seus feitos ma­
ravilhosos, p.94.
15. MOHANA, João, Como ser um bom pregador,
p.24. Cf, a propósito, Ronaldo José de SOUSA, Uma
voz clama no deserto. In. Pregador ungido, pp.60-68.
16. NÉSPOLI, Luis Virgílio, Subsídios para ser Igre­
ja no novo milénio, p.38.
17. NOGUEIRA, Maria Emmir, Grupo de Oração,
p.7.
18. PAULO VI, Papa. Exortação Apostólica Evan­
gelli Nuntiandi, n. 41.
19. PEDRINI, Alírio José, Grupos de oração: como
fazer a graça acontecer, pp.25-26.
20. RENOVAÇÀO CARISMÁTICA CATÓLI­
CA, Grupo de Oração, p. 51.
20. SOUSA, Ronaldo José, O impacto da Renova­
ção Carismática. O Espírito Santo na vida da Igreja,
pp. 13-24.
21. SUENNES, Cardeal, Orientações Teológicas e
Pastorais da Renovação Carismática Católolica. S. Paulo:
Ed. Loyola, 1975, pp. 19.
22. VALSH,Vicent M., Conduzi o meu povo, p.lO.
50
Tags