máximo. Bastante inteligente! E aqueles desenhos eram realmente uma obra
de mestre. Uma pena não ter a oportunidade de sempre poder apreciar aquilo
tudo, a não ser em determinadas horas do dia, como naquelas. . .
E, então, seus olhos pousaram numa terceira janela, a do lado direito.
Tanto o Cavalheiro Sorridente quanto a Donzela Desejosa estavam
desenhados de perfil. O outro homem estava desenhado de frente. Sua boca
contorcia-se em aflição, e grandes pingos de lágrimas estilizadas rolavam de
seus olhos. Obviamente, aquele tipo não tivera sorte no amor — o Cavalheiro
Sorridente estava-lhe roubando a mulher. Mas, em lugar de tomar uma
atitude para detê-la, ele permanecia ali, parado, choramingando. Bobo, idiota!
Mas havia algo estranhamente familiar naquele rosto. Keith chegou mais
perto. O rosto do Bobo enquadrava-se em um dos hexágonos, como se uma
máscara sextavada tivesse sido colocada sobre sua cabeça. As lágrimas eram
estilizadas, mas o rosto atrás delas era quase fotograficamente real...
Lá fora, o sol ia desaparecendo no horizonte. Ainda assim, a figura
desenhada, diante dos olhos de Keith, era mais clara do que nunca. De
repente, Keith percebeu por que aqueles traços lhe eram tão familiares. Eles
formavam os mesmos olhos, a mesma boca e o mesmo nariz que ele via todas
as manhãs, no espelho do banheiro. Era o próprio rosto de Keith que o fitava
daquele hexágono de vidro.
Aterrorizado e confuso, Keith afastou-se daquela incrível janela. Do lado
de fora, o sol já tinha desaparecido no horizonte. O crepúsculo caía. Mesmo
assim, as vidraças ainda refletiam aquele brilho vermelho, pulsando
levemente, como se possuíssem vida própria.
Temeroso de tirar os olhos daquela fantástica janela, Keith se afastava de
costas, procurando a saída para o corredor. Mas, ao invés disso, suas mãos
encontravam apenas madeiras sólidas.
Será que as portas haviam se fechado, aprisionando-o ali? Ele se
contorcia, quase em pânico. Mas não, apenas tinha ido de encontro a um dos
lambris. As duas portas ainda continuavam abertas, como as deixara. Dando
graças a Deus por poder sair dali, mergulhou pela saída do cômodo e correu
para a porta da frente. Mas, quando chegou ao fim da escada, Keith deu uma
olhada pela janela do vestíbulo, ao lado da porta da frente, e quase caiu de
susto. Uma figura transparente e decapitada estava parada na varanda,
bloqueando sua saída.
Retrocedeu, totalmente aterrorizado, e a aparição também desapareceu,
instantaneamente. Aí Keith deu outra olhada e entendeu. Era seu próprio
reflexo na janela do vestíbulo.
Deu um passo à frente outra vez, e a figura decapitada prontamente
reapareceu. Um passo para trás, e a figura sumiu. Keith olhou à sua direita,
onde a última luz do dia brilhava pela janela, no pé da escada, iluminando
seus ombros e tronco, menos sua cabeça.