8.2- Da multiplicidade dos saberes à ciência como construção do real- RUI BRANDÃO (3) (2).pptx
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MULTIPLICADADE SABERES
Size: 31.64 MB
Language: pt
Added: Sep 17, 2025
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Slide Content
DA MULTIPLICIDADE DOS SABERES À CIÊNCIA COMO CONSTRUÇÃO DO REAL
O ATO E PROCESSO DE CONHECER
CONHECER ❖ Ato ou processo de captar, entender e compreender algo por meio da experiência ou do raciocínio; ❖ Deriva do latim cognoscere; ❖ Significa captação conjunta; uma das principais características do ser humano; capacidade que nos distingue dentro do reino animal; processo complexo mas sempre presente na vida humana;
MESMO ANTES DE SABER O QUE É CONHECER O SER HUMANO JÁ CONHECE! ➔ Uma vez que não vive no mundo de forma desinteressada nem indiferente; ➔ Mantém antes com ele uma relação de proximidade; ➔ Nessa relação que surge a necessidade de compreender e explicar o que nos rodeia de forma a tornar as coisas do mundo inteligíveis.
CONHECER Implica ➔ atividade humana que tem como objetivo aprender algo sobre: ● as coisas; ● a realidade; ● como interpretar/ descodificar/ transformar;
É um processo complexo que abrange vários elementos e em distintas etapas, assim como envolve vários processos: 1. Sensoriais; 2. Cerebrais; 3. Socioculturais; 4. Psicológicos;
Precisamos de pôr em funcionamento um conjunto de processos cognitivos que nos ajudam a: ● receber; ● interpretar; ● organizar a informação;
PROCESSO SENSORIAL E COGNITIVO
SENSAÇÃO Reação dos órgãos recetores sensoriais aos estímulos do meio. É através da SENSAÇÃO que entramos em contacto com o mundo. ➔ fonte de informação de tudo o que se passa à nossa volta; ➔ consiste na apreensão de características isoladas dos objetos e que estão na base da perceção;
PERCEÇÃO ➔ organização e interpretação de dados apreendidas através da sensação, a partir da qual formamos uma imagem. No cérebro, os sinais são interpretados , originando a perceção consciente da realidade. A perceção não é passiva : o cérebro seleciona, organiza e interpreta os estímulos com base em experiências anteriores e atenção. Através dela conferimos sentido e significado aos estímulos do meio.
RAZÃO Tem como função dotar os dados de sentido, relacionando / comparando / diferenciando; A razão humana opera a partir da experiência particular, dotando de sentido os dados obtidos pela sensação e perceção, até chegar a noções gerais - conceitos- capazes de representar as classes de objetos. Faculdade especificamente humana que permite distinguir o verdadeiro do falso, o certo do errado e produzir raciocínios lógicos.
SENSAÇÃO/ PERCEÇÃO/ RAZÃO/ CONHECIMENTO Articulando estes processos cognitivos surge o CONHECIMENTO: ❖ sujeito que conhece; ❖ apreende as características do objeto - construindo dele uma imagem ou representação.
O QUE É CONHECER? Processo contínuo de organização e interpretação do real , que permite ao ser humano, não apenas satisfazer a sua curiosidade, mas também compreender melhor e agir sobre o mundo que o rodeia, dando sentido às coisas. Para haver CONHECIMENTO é necessário: Sujeito: o que conhece; Objeto: que é conhecido; SEM ESTES DOIS O CONHECIMENTO NÃO É POSSÍVEL!
Implica: relacionar-se com a realidade de forma intencional (usando a razão, os sentidos, a linguagem e a experiência). capacidade de formular perguntas e procurar respostas , observando, refletindo, experimentando e sistematizando o que se aprende.
CONHECIMENTO LATO O conhecimento lato refere-se a um saber generalista, que abrange diversas áreas do conhecimento de forma integrada e reflexiva. É o tipo de conhecimento que permite ao indivíduo desenvolver uma compreensão mais profunda sobre a: sociedade, a cultura, a ética e o ser humano em geral. Exemplos de c onhecimento lato incluem saberes filosóficos, históricos, sociológicos e literários, que contribuem para a construção de uma visão crítica e global do mundo.
CONHECIMENTO RESTRITO O conhecimento restrito é aquele focado numa área específica do saber. Trata-se de um conhecimento técnico e aprofundado, voltado para a solução de problemas práticos e a realização de tarefas com precisão. Este tipo de conhecimento é geralmente adquirido através de: formação técnica; científica ou profissional; O conhecimento restrito é essencial para o funcionamento da sociedade, pois permite que profissionais atuem com competência nas áreas de especialidade.
RESUMINDO… Enquanto o conhecimento lato proporciona uma visão ampla e crítica da realidade, o conhecimento restrito aprofunda-se num campo específico, visando à aplicação prática. Ambos são importantes e complementam-se: o conhecimento lato desenvolve o senso crítico e a cidadania, enquanto o restrito oferece as ferramentas técnicas necessárias para atuar no mundo profissional.
COMO SURGEM AS REPRESENTAÇÕES? O conhecimento é uma relação entre um sujeito e um objeto, mediada pela representação (sendo esta o resultado do ato de conhecer). O objeto depois de apreendido fica: na consciência do sujeito não sob a forma física mas sim na forma de representação; Neste processo o sujeito tem um papel ativo pois é ele que organiza e dá forma às impressões que recebe dos órgãos sensoriais.
Quando olhamos para um objeto surge em nós uma “cópia” dele, ou seja, reproduzimos as características do objeto e criamos uma espécie de fotografia mental sob a forma de imagem. O objeto real não se altera mas no sujeito nasce a consciência dele. As imagens que temos do real são construções do sujeito. Neste processo, o sujeito tem um papel ativo. É ele que organiza e dá forma às impressões que recebe dos órgãos sensoriais.
REPRESENTAÇÕES MENTAIS O sujeito não é neutro nem passivo no processo de conhecimento. é ativo e sofre diversas influências; que afetam a sua perceção no mundo; Cada sujeito está inserido: numa determinada sociedade; com hábitos e cultura próprios; perceção de cada sujeito é influenciada pelo meio em que ele vive e interage. No entanto, a individualidade do sujeito pode simultaneamente: distanciá-lo de percepções comuns aos outros sujeitos; originando uma visão/percepção singular da realidade.
O CONHECIMENTO
O CONHECIMENTO… A necessidade de compreender o mundo é o impulso que leva o ser humano a questionar a realidade em que se insere de forma a torná-la compreensível.
PENSAMENTO MÍTICO MITO: tipo de conhecimento baseado em crenças mediadas por representações simbólicas que procuram explicar de forma alegórica as origens do mundo e das coisas que compõem o mundo. Constituem a primeira tentativa de explicação humana do mundo que nos rodeia.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO FILOSOFIA: atividade intelectual sustentada por uma atitude interrogativa e crítica face ao mundo. CONHECIMENTO FILOSÓFICO surge: do espanto e perplexidade perante as coisas do mundo. O filósofo é aquele que busca incessantemente o conhecimento movido pela curiosidade, adotando uma atitude de humildade perante o saber. Ao contrário do MITO que recorreria ao sobrenatural para explicar os fenómenos, a FILOSOFIA surge como tentativa de explicar e justificar racionalmente os fenómenos naturais e humanos. SÓCRATES (c.470-399 a.c) autor da máxima: ‘‘SÓ SEI QUE NADA SEI’’ , sintetiza a atitude e respeito pela infinitude da sabedoria.
QUAL A ORIGEM DO CONHECIMENTO? QUE PAPEL DESEMPENHAM A EXPERIÊNCIA E A RAZÃO DO CONHECIMENTO? TODO O CONHECIMENTO É ADQUIRIDO OU HÁ CONHECIMENTO INATO?
RACIONALISMO Corrente filosófica tradicionalmente associada a René Descartes. Defende que a razão é a principal fonte de justificação do conhecimento. Esse conhecimento deve ser entendido como aquilo que é capaz de resistir a qualquer dúvida. Segundo o racionalismo existem 2 origens para as nossas crenças sobre o mundo: a experiência que nos é dada pelos sentidos; mas que se revela insuficiente para se poder atingir o conhecimento (crenças verdadeiras justificadas); o pensamento a única fonte capaz de: justificar e produzir verdades universais e logicamente necessárias;
Descartes chega à sua primeira verdade, o cogito , ou à certeza de que existe como substância pensante. Eu devo duvidar de tudo para atingir um conhecimento verdadeiro; Ao duvidar de tudo, duvido da minha existência; Ao duvidar, estou a pensar; Se penso, logo eu existo (cogito).
EMPIRISMO Corrente filosófica que se opõe ao racionalismo. Defende que a origem do conhecimento: é a experiência sensível; Todo o conhecimento deriva da experiência, isto é, nada está no pensamento que não tenha estado nos primeiros sentidos. Não reconhece: existência de ideias inatas - defende que o ser humano é uma tábua rasa à nascença.
Um dos filósofos empiristas mais importantes foi David Hume, este defende que: todas ideias que não têm origem na experiência devem ser rejeitadas. todo o conhecimento tem origem na experiência sensível a partir da qual se formam 2 percepções: impressões e ideias - se distinguem pela força ou vivacidade (intensidade); IMPRESSÕES : percepções originárias as primeiras, apresentam-se à nossa mente com maior força e intensidade; IDEIAS : impressões menos intensas, resultam da ação da memória (impressão passada) ou da imaginação (quando formamos no nosso espírito a imagem de um objeto possível ou existente).
A experiência é a origem de todo o conhecimento; Todas as ideias têm uma base empírica, até as mais complexas; O objeto não impõe-se ao sujeito IDEIAS-CHAVE DO EMPIRISMO:
SENSO COMUM VS CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A CIÊNCIA
CIÊNCIA Na antiguidade a ciência era parte da filosofia. Ao longo dos tempos a ciência foi-se autonomizando da filosofia, construindo-se e afirmando-se como um corpo próprio do saber, com objeto e métodos próprios. Na modernidade, o corte com a filosofia é efetivo, passando a ciência a recorrer a um método próprio - o experimental. A verdade é que existem vários tipos de ciências e de métodos científicos , por isso classificamos em: Ciências lógico-matemáticas; Ciências naturais-experimentais; Ciências humanas e sociais.
A ciência procura: descrever e explicar fenómenos; partindo de hipóteses explicativas; estabelecendo relações de causalidade entre os fenómenos; pretende prever a ocorrência de novos fenómenos. Ao contrário do senso comum, o conhecimento científico é: sistemático; metódico; objetivo; Tem uma linguagem: própria; técnica; exata. É por definição: experimental; crítico; revisível; pois nada é assumido como absoluto por mais seguro ou justificado que possa parecer.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: SISTEMÁTICA ( integrada num quadro explicativo ); METÓDICA ( com regras e procedimentos próprios ); OBJETIVA ( descreve e explica a realidade ); EXPERIMENTAL ( a experiência é o meio de prova ); UNIVERSAL ( aspira à formulação de leis universais ); REVISÍVEL ( crítica e antidogmática ).
MÉTODO INDUTIVO VS MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
MÉTODO INDUTIVO Método indutivo: é adquirido e confirmado por um processo de indução. INDUÇÃO: assenta no princípio de que os casos futuros (não observados) serão semelhantes aos casos passados (já observados). conduz a: extrapolação dos resultados observados: do particular para o geral; do observado ou não-observado;
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO Karl Popper lançou as bases para o método. Ao contrário do método-indutivo este: não generaliza em função de um certo número de casos observados; procura uma solução através de tentativas e de eliminação de erros. São três as principais etapas: Formulação da hipótese; formula-se uma hipótese que explique o fenómeno e que será a antecipação de factos. Dedução das consequências; na forma de proposições. Experimentação. hipóteses colocadas são testadas.
VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES
VERIFICACIONISMO O método hipotético-dedutivo tem como critério de demarcação a verificabilidade das hipóteses. Uma teoria é considerada científica se pela observação e experimentação (prova empírica) for confirmada. Segundo este critério: A ciência distingue-se da não ciência por se basear na observação e experimentação. No entanto, a verificabilidade das hipóteses como critério de demarcação levanta um problema fundamental: As leis científicas - universais - não são passíveis de serem verificadas empiricamente - por observação ou experimentação - porque é impossível observar todos os casos.
FALSIFICACIONISMO Ao procurar resposta o filósofo Karl Popper construiu um sistema em clara oposição à perspetiva verificacionista. Dizer que uma teoria científica tem de ser falsificável significa dizer que tem de ser refutável. Para Popper, não é a confirmação, mas a refutação - que está no centro do método científico. Assim, defende como critério de demarcação e falsificabilidade : uma teoria será tanto mais válida quanto mais resistir aos testes de falsificação.
A EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA
A partir do momento em que um novo paradigma se impõe, a ciência entra numa evolução cíclica em que se alternam três fases : normal; crítica; revolucionária;
Na fase da ciência normal, a investigação decorre dentro do paradigma vigente. No entanto, quando surgem anomalias que não se conseguem resolver à luz desse paradigma, entra-se numa fase crítica (de crise) que se resolvem de duas maneiras: a ciência normal acaba por ser capaz de resolver anomalias que originaram a crise; as anomalias não têm solução dentro do paradigma vigente e inicia-se uma fase de ciência extraordinária; que culminará com a emergência e adoção de um novo paradigma.
PRÁTICAS CIENTÍFICAS E PROBLEMAS ÉTICOS
Os avanços científicos e tecnológicos permitiram-nos alcançar uma vida mais confortável e ampliar a informação disponível. As questões associadas à intervenção biotecnológica e à engenharia genética, por exemplo - porque incidem sobre: a manipulação da natureza; possibilidade de transformação de comportamentos humanos desembocam em: importantes e intensos debates éticos sobre a necessidade de: impor limites à ciência e à tecnologia e/ou regular a sua atividade.
Temas como a: clonagem reprodutiva; interrupção voluntária da gravidez; eutanásia; reprodução medicamente assistida; manipulação genética;
A utilização do conhecimento não é neutra, tanto pode resultar em enormes benefícios para a humanidade: avanço da medicina; telemedicina; genética. Permitem responder mais eficazmente a mais problemas de saúde, como também podem ser usados: para fins militares; para a invenção e produção de armas cada mais letais; contribuir para perda de biodiversidade; soberania alimentar;
O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A DEMOCRACIA
No mundo atual, a tecnologia é um dos principais fatores de progresso e desenvolvimento. É considerada um bem social e juntamente com a ciência tem sido usada: como meio para agregar valor aos mais diversos produtos; tornou-se chave para a competitividade e desenvolvimento social e económico de uma região.
A tecnologia também tem sido uma aliada na busca de soluções para diversos problemas que afligem a humanidade. Viver mais tempo; com mais saúde e qualidade de vida; Trabalhar menos; Ter mais tempo disponível para lazer e cultura; Reduzir distâncias que nos separam; através de meios de comunicação e transportes;
O acesso ao conhecimento e à informação são direitos humanos universais e protegidos. O desenvolvimento tecnológico, sobretudo a partir da invenção da internet trouxe novos desafios. O surgimento de plataformas digitais implicou um novo conjunto de situações até então inexistentes. Nasceram assim os direitos digitais: direito à protecção de dados pessoais; neutralidade de rede; inclusão digital; educação e cidadania digitais.