8 quero descobrir

DanielaLeal19 97 views 136 slides Feb 03, 2022
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About This Presentation

Livro de EMRC 8º ano


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Queridos Alunas e Alunos
Estimadas Famílias
Caros Docentes
É com grande alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados
para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 2014. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos
alunos e das alunas que frequentam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalincntc, frente ao fenómeno religioso e agir com
responsabilidade e coerência», tal corno a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*.
Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pretende, de fonna pedagogicamente adequada e cientificamente significativa,
contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e dos jovens do nosso País.
Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissão
Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da
Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã,
envolveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Queremos, pois, agradecer aos autores dos textos e aos artistas que
elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pela qualidade do resultado final. Também referimos,
com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução,
e o contributo
insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos
os docentes de Educação
Moral e Religiosa Católica, não
só entregamos estes indispensáveis instrutnentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz
ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas escolas e na formação das suas alunas e dos seus alunos, e
testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu extenso compro1nisso pastoral na sociedade portuguesa.
Do mesmo modo, estamos agradecidos
às Famílias, porque desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto,
escolhem a
discipllna de Educação Moral e Religiosa Católica como um importante contributo para a formação e o
desenvolvimento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua
educação
é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondosa, mais bela e mais justa.
Finalmente, queridas crianças e queridos jovens, a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem
e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melhor a que sois chamados, enraizados e firmes
(cf. Col 2, 7)
na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada u1n de vós. É esse o horizonte de vida, de missão e de futuro,
a construir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e
Religiosa Católica.
Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saudamos todas as alunas e todos os alunos de Educação
Moral e Religiosa Católica de Portugal co1n alegria e esperança,
Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da

Lisboa, 19 de março de 2015,
Solenidade de
S. José, Esposo da Virgem Maria e Padroeiro da Igreja Universal
*t·onli:n:ncia Episn1pJl Portuguesa. (2006), r:J11nirii" _orn/ (' Re/;gúmi ('a1,i/ica L'm l'll/ioso ,-0111rih11to P(ff(I "fOl'llWí'iiO da penonaf1dadc. TI. 6.

-

-

-
-
e
e
e
e
-
I
Olá.
Fonios convido.dos po.Ya te apYesentaY esta unidade
letiva
sobYe
o anioY e é coni 3Yande pYazeY que o
Pazenios.
0onios uni casal apaixonado A nossa vida é niaYcada pelo anioY: anioY à vida, aos
Pilhas, aos pobYes ... a Deus.
A MoYio nasceu eni FloYença, no ano de l<n4. Foi pYofessoYa, escYitoYa
e apaixonada pelas 3Yandes causas. PYeocupou-se senipYe coni os niais
necessitados e na se3unda 3ueYYa mundial tYabalhou conio enPeYnieiYa
voluntó.Yia
da CYuz VeYnielha
.
O Lu:s nasceu eni Catânia, no ano de l<?ZO. Foi uni advo3ado
bYilhante e tYabalhou paYa o 3oveYno italiano. ApesaY das suas
muitas ocupações, encontYava sernpYe tempo paYa se dedicaY a
vó.Yias
associações
de ajuda hurnanitáYia.
Conhecemo-nos em Roma em IC(OI e quatYo anos depois, na bas(lica
de 0anta MaYia MaioY, cornpYorneterno-nos a fazeY do arnoY o nosso
ideal de vida . livernos quatYo filhos que educámos com todo o aPeto e a
quem tYansrnitirnos a beleza da 3eneYosidade e da caYidade paYa com todos:
0tephania, Fi/ippo, CesaYe e f.nyichetta. A jestação desta nossa última Pilha Poi
rnu1}0 dl(cil poY causa de um 3Yave pYoblerna de saúde. Os médicos aconselhavam
o aboYto poYque o Yisco de rnoYYeYern mãe e Pilha eYa elevado, mas tornámos a
decisão
de levaY a 3Yavidez até
ao Pirn e ela nasceu PoYte e bela. DuYante a
se3unda 3ueYYa mundial acolhemos YePu3iados na nossa casa; os nossos Pilhas
paYticipavarn nesta dinâmica de atenção aos mais necessitados e, o.pós o. 'JueYYo.,
ajudaYo.rn também na YeconstYução de casas nos bo.iYYos pobYes de Roma. Âpeso.Y
do.s contYo.Yiedo.des Pomos sernpYe urna Po.rn(lio. rnu1}0 Peliz onde nenhum pYoblerna
eYo. Yesolvido sem diálo30 e que se pedisse o. qjudo. de Deus.
Luís faleceu em 1951, com 71 anos e Maria em 1965, com 81 an?s.
J
-
p ulo
li beatificou o casal Quattrocch1 exaltando a
Em 2001 o papa oao a ,
radicalid~de com que Luís e Maria viveram o amor a Deus, o amor reciproco, o
amor aos filhos e amor aos outros. b
N
. , ·a da beati·ficação estiveram presentes os filhos deste casal que sou e
a cenmoni · · ·d
viver com rande intensidade humana o amor conjugal e o serviço a v1 ª·. .
Luís e Mar~a Quattrocchi -modelo de vida cristã para todos -foram o primeiro
casal a ser beatificado pela Igreja.

O ~MOR t ~ FORÇ;~ MMS ?ObEROS~ bo SER HUM~NO.
É aquilo que caracteriza a pessoa e a distingue de todos os outros seres vivos.
Mesmo a atividade racional está sujei ta à energia do amor: é o querer saber,
é o gostar de
ir mais
além, é o prazer da descoberta.
É a arte do amor que transporta o coração e a mente humana para a aventura
da vida,
do bem e do
belo. Se por um lado continuamos prisioneiros de vontades
egoístas,
por outro
lado somos a presença do dom do amor nos gestos heroicos
e libertadores a favor de pessoas e de causas.
A dedicação, entrega de
si próprio ao outro, é o ato mais nobre que motiva
cada homem e cada
mulher a sentir-se parte integrante da humanidade. Sem
~
amor, a humanidade morreria!
O amor é a mais universal, mais formidável e mais misteriosa das
energias cósmicas. É uma reserva sagrada de energia, o próprio sangue da
evolução espiritual. O amor é uma conquista aventureira. Só se mantém e
desenvolve mediante uma descoberta contínua.
Teilhard de Chardin (1881-1955)
Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar:
amar é entrar em sintonia; é estimar muito. Amar é, sobretudo, querer o bem
do outro e agir de acordo com esta vontade; no limite, amar é ser capaz de se
sacrificar pela felicidade da pessoa amada.
Muito mais do que simples sentimento, o amor é uma decisão: é uma deliberação
pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a vontade.
Sabey-t .•
O grego antigo
tem três palavras
distintas para dizer
amor:
eros (amor erótico),
philia (amor
fraternal) e
ágape (amor
incondicional,
ablativo).
Love, Robert Clark
(Artista plástico contemporâneo)

-
1. Comenta a
afirmação: "Muito
mais do que simples
sentimento, o amor é
uma decisão".
Ooc..I
A afetividade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos
com um espetáculo grandioso ou com o sofrimento de alguém, que nos faz
vibrar de prazer perante uma obra de arte ou com a alegria de um amigo. Mas
entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por si, pode reduzir o ser
humano a um estado selvagem.
Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, achamos que uma pessoa
tem razão só porque gostamos dela e que uma outra não tem razão porque
não a suportamos!? Quantas
vezes, movidos unicamente
pela afetividade,
estudamos bem com o professor X apenas porque ele é simpático!? Quantas
vezes, movidos unicamente pela afetividade, ficamos furiosos só porque uma
censura justa nos feriu ou porque achamos que ninguém repara nos nos
sos
esforços!? Quantas vezes, movidos unicamente
pela afetividade, criamos
situações injusta
s,
mal-entendidos absurdos e desfazemos laços de amizade!?
A
afetividade é uma dimen são
fundamental, mas a pes soa é também
inteligência e vontade (autodeterminação); e para que a ação humana seja
eticamente boa estas três dimensões devem caminhar juntas. Isoladas,
conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afetividade, bem orienta da pela
inteligência, torna o ser humano capaz de amar e de a judar os outros.
Adaptado de Sentido Único
O amor na arte e na cultura
O amor é um elemento tão determinante da vida humana que foi e continua
a ser
tema de inúmeras obras de arte e produções
culturais. A humanidade
sente nece
ssidade de ex primir esta dimensão através da
beleza e da sabedoria
que
essas produções transmitem. Tanto na poesia e na
literatura em geral, como
na pintura, escultura, arquitetura ou música, o amor é tema recorrente.
Doc..2
A minha história é simples
A tua, meu Amor,
É bem mais simpl es ainda:
«Era uma vez uma flor.
Nasceu à beira de um Poeta ... »
Vês como é simples e linda?
(O resto conto depois;
Mas tão a
sós, tão de manso,
Que
só escutemos os dois.)
Sebastião da Gama (1924-195 2),
Cabo da Boa Esperança

O Beijo, Gustav Klimt (1 862-1918)
Doc..3
Então Almitra disse: Fala-nos do Amor. E ele levantou a cabeça, olhou o povo e
disse com voz
forte: Quando o amor vos fizer
sinal, segui-o; ainda que os seus
caminhos sejam duros e escarpados.
E quando
as suas asas vos
envolverem, entregai-vos; ainda que a espada
escondida
na sua
plumagem vos possa ferir.
E quando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos
sonhos como o vento
norte ao sacudir os jardins.
Pois o amor, coroando-vos, também vos crucificará.
O amor só dá de si mesmo
e
só recebe de si mesmo.
O amor não possui nem quer ser possuído. Porque
o amor basta ao amor. Quando amardes, não digais: Deus está
no meu
coração, mas antes:
Eu estou no coração de Deus.
Excertos de
«Sobre o Amor»,
Khalil Gibran (1883-1931), O Profeta
-

-
Taj Mahal é um monumento construído no
século XVII em Agra, na Índia. Neste mausoléu, a
alvura de cada pedra, grande ou minúscula, faz
parte de um
todo arquitetonicamente perfeito,
donde lhe vem uma
imponente força artística
que a todos encanta e interroga. A beleza
exterior deste
monumento, considerado um
"poema de amor em pedra", é reflexo de uma
beleza
interior e misteriosa, mas real: a relação
amorosa entre Shah Jahan e
Mumtaz Mahal.
Vénus (na mitologia romana) ou
Afrodite (no panteão grego) é a deusa
do amor, do erotismo e da beleza.
Diz-se que surgiu de
dentro de uma
concha de madrepérola,
tendo
sido gerada pela espuma da água.
Foi das divindades mais veneradas
na antiguidade e ainda hoje é
representada como ideal da beleza
feminina.
O Nascimento de Vénus, Sandro Botticelli (1445- 1510)
Também a sabedoria popular expressa, através de provérbios, as lições sobre
o
amor que a experiência lhe foi ditando:
ONDE MANDA
O AMOR Nl!6
HA outRo
SENHOR.
~
Amor platónico é uma expressão que designa um amor ideal, às vezes imaginário.
Em sentido popular pode significar um amor impossível de se realizar por ser
tão perfeito, puro e ideal. Refere-se ao pensador grego Platão (século V a.e.)
mas nada tem a ver com a sua filosofia. Para Platão o amor não se resume ao
plano
das ideias; faz parte da realidade material.

A inteligência sem amor torna-te perverso
A justiça sem amor faz-te implacável
A diplomacia sem amor torna-te hipócrita
O êxito sem amor faz-te arrogante
A riqueza sem amor torna-te avarento
A docilidade sem amor faz-te servil
A beleza sem
amor faz-te ridículo
A autoridade sem amor torna-te tirano
O trabalho sem amor faz-te escravo
A simplicidade sem amor deprecia-
te
A lei sem amor torna-te escravo
A política sem
amor faz-te prepotente
A fé
sem amor torna-te fanático
A vida
sem amor ... não tem sentido
Autor desconheci do
Amizade, namoro e
solidariedade
A adolescência é a época das grandes amizades, da construção de relações
duradouras que
muitas vezes persistem por toda a vida. É um tempo de
descoberta
de si e do outro. É neste ambiente que surgem as primeiras paixões.
Quando sentimos
que alguém pode ser a resposta aos nossos sonhos e anseios,
essa pessoa torna-se única. Julgamos até que não conseguimos viver sem ela.
Essa pessoa singular ajuda-nos a derrubar as barreiras, a sair da solidão e a
relacionarmo-nos
melhor com os demais. Começamos então a ver e a interpretar
o mundo de maneira diferente, a estabelecer laços com diferentes pessoas.
Parece
ter começado uma vida nova, em que nada nos é estranho e tudo é
passível
de se concretizar. Assim se desperta também para a solidariedade e
para a adesão a grandes causas.
Amizade,
namoro e solidariedade são três manifestações do amor em ação.
-
2. Faz uma pesquisa
e recolhe diferentes
testemunhos, textos
ou frases sobre o
amor. Regista o que
mais
te tocou.

-
Um jovem disse: Fala-nos da Amizade.
E ele respondeu, dizendo:
O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades.
Doe.
Ele é vosso campo, que cultivais com amor e colheis com gratidão.
E é a
vossa mesa e a vossa
lareira
::;:;;:;;;;;;.~~----- pois ides até ele com fome e nele procurais a paz.
Quando o vosso amigo expõe a
sua opinião,
não temais o
"não" que está na vossa mente, nem segureis o "sim".
E quando ele está calado, o vosso coração não deixa de ouvir o coração dele,
pois
na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças
nascem e são partilhadas sem
palavras, com alegria.
Quando vos separais de um amigo não fiqueis aflitos,
pois aquilo que mais amais nele ficará mais claro com a sua ausência,
tal como a montanha, para quem a escala, é mais nítida vista da planície.
Excertos de «Sobre a Amizade», Khalil Gibran ( 1883-1931), O Profeta
Doe.. e;
,
Amar é um pouco como observar uma plantinha que cresce na primavera;
com efeito, o amor
tem os seus ritmos, precisa de atenções, de cuidados,
de
inteligência para descobrir o que se esconde no coração do outro. E,
precisamente como
as
plantinhas, também o amor, no princípio, é muitíssimo
delicado. O primeiro passo é compreender: perceber se o caminho pode ser
percorrido juntos e, sobretudo,
se a pessoa que vos enche de curiosidade
mostra que sente
por vós os mesmos sentimentos. E não pensem que seja
fácil investigar e descobrir se o amor é realmente Amor! Gestos, palavras e
pensamentos que o
outro vos dirige
habitualmente tornam-se o centro das
vossas preocupações: «Não me telefona, portanto não me ama»; «Já não me
dá presentes,
por conseguinte ama-me
pouco». Temem que o seu sentimento
seja superficial e não sabem como ficar realmente seguros? Não tenham
pressa, deixem que o
tempo passe e as coisas amadureçam.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
Doe,.
Qual será a idade certa? 13? 15? 20? Talvez fiquem desiludidos, mas não há
resposta para esta pergunta! Não existe a idade do primeiro beijo ou, melhor,
não pode estar contida num determinado ano, num mês ou numa data.
Está
tudo escrito na idade do coração,
aquela que está dentro de vocês. A idade do
primeiro beijo sente-se
por dentro: com efeito, chega um dia em que o único ::;;;::.._;;;;~~~~ ~-modo de demonstrar o afeto à pessoa de que se gosta é o beijo.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes

Ooc..1
Amar não é apoderar-se do outro para se completar, mas sim dar-se ao
outro para o completar. Estarás pronto a amar autenticamente quando a tua
necessidade
e, sobretudo, a tua vontade de dar forem mais fortes que a tua
vontade e a tua necessidade de receber. São necessários muitos anos de estudo para entrar na faculdade; porquê não
admitir que é necessário muito tempo para se preparar para amar?
As paixões do adolescente não são amor: são a agitação do rapaz que encontra
a feminilidade (e não determinada rapariga}, a emoção da jovem que encontra
a virilidade (e não determinado rapaz). Misterioso choque de todo o ser, que
descobre o que lhe falta para se expandir. Aquele que, enganado por essa forte
emoção, constrói um lar, constrói-o sobre areia.
Aprender a
amar, não é fazer muitas experiências; é respeitares-te e respeitares
todos
os outros, para seres capaz de respeitar profundamente o corpo e a pessoa de
um outro; é conquistares-te para te poderes dar a um outro; é esqueceres-te para
não
te apoderares de um outro, mas sim ofereceres-te; é abrires-te aos outros,
aceitares
os outros, compreenderes os outros, permutares com os outros, para
poderes acolher
um outro.
Michel Quoist {1921-1997), Construir
Doe.
A solidariedade não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento
superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou d istantes. Pelo
contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem
comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis
por todos.
Papa João
Paulo li (1920-2005), Soflicitudo Rei Socialis, 38
Não se cansem de trabalhar por um mundo mais
justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer
insensível às desigualdades que ainda existem
no mundo! Cada um, na medida das próprias
possibilidades e responsabilidades, saiba dar
a
sua contribuição para acabar com tantas
injustiças sociais! Não
é a cultura do egoísmo, do
individualismo, que frequentemente regula a nossa
sociedade, aquela que constrói e conduz a um
mundo mais habitável; não é ela, mas sim a cultura
da solidariedade. A cultura da solidariedade é ver
no
outro não um concorrente ou um número, mas
um irmão. E todos nós somos irmãos!
Papa Francisco,
XXV/11 Jornada Mundial da Juventude (2013)
-

-
3. Caracteriza o
amor explicitando
as diferenças entre
amizade, namoro e
solidariedade.
Doação e fecundidade
A fecundidade - fruto do amor -além de ser um bem social por garantir a
sobrevivência
da humanidade, promove também a
realização pessoal.
A sexualidade -dinamismo biológico, psicológico e espiritual -é uma
componente fundamental da personalidade; é um modo de ser, de sentir
e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos homens
ou mulheres. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos e
manifesta-
se em todas as
relações: na camaradagem, na amizade, no
namoro, no matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não
são necessariamente sexuais, mas são, inevitavelmente, sexuadas.
Sexualidade e genitalidade não são, pois, sinónimos; a genitalidade
é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua dimensão
física.
A sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu
sentido; pressupõe a vivência
da
beleza e da exigência de uma relação
onde cada um é dom para o outro e ambos são dom para a realização
de um projeto aberto à vida. Enquanto força dinâmica, a sexualidade
humana orienta- se para a maturidade e para a construção do eu; abre-
-
se à pessoa e ao mundo do tu numa
relação interpessoal que culmina
num projeto de vida e alarga- se ao nós dentro de um clima de relações
interpessoais de aceitação e de doação.

Doe..
A sexualidade afeta todos os
aspetos da pessoa humana,
na unidade do seu corpo e
da sua alma. Diz respeito
particularmente
à afetividade,
à capacidade de amar e de
procriar e
à aptidão de criar
laços de comunh ão com outrem.
Catecismo da Igreja Católica, 2332
A sexualidade dz respeito à pessoa integral.
Pensamos, agimos, sentimos e amamos
como homens ou como mulheres. O amor
vivido na relação sexual entre um homem
e uma mulher é muito mais do que mero
encontro fisiológico; faz parte de uma
história pessoal com
um passado, um
presente e
um futuro, em que as opções
tomadas influenciam a
sua
realização
e felicidade. Sendo algo de enorme
responsabilidade,
é igualmente fonte de
bem estar e de complementaridade
na
beleza da entrega total.
Doc..I
A sexualidade é uma energia
que
nos motiva a procurar amor,
contacto, ternura, intimidade.
Manifesta-
se no modo como nos
sentimos, movemos, tocamos e
somos tocados;
é ser-se
sensual
e ao mesmo tempo sexual. Ela
influencia os nossos sentimentos,
ações e interações e contribui
para a nossa saúde física e mental.
Organização Mundial de Saúde
-

-
Instrumentalizar o corpo humano e usá-lo como se fosse um
objeto
é reduzir a pessoa a coisa e desrespeitar profundamente
a dignidade humana.
A ausência de amor
é
geralmente a causa de muitos
problemas que se refletem diretamente nas pessoas envolvidas
na relação e, indiretamente, na sociedade. Ao contrário da
fecundidade e da felicidade -consequências de um amor
verdadeiro entre duas pessoas -, a solidão e infelicidade
poderão surgir como consequência da irresponsabilidade e
do egoísmo. A gravidez indesejada,
os
filhos abandonados,
os conflitos tantas vezes violentos são fenómenos complexos,
mas que manifestam a ausência da autenticidade de um amor
amadurecido pelo diálogo e por uma relação afetiva construtiva.
Para garantir a realização pe ssoal e a felicidade que todos procuramos é
fundamental integrar a sexualidade no contexto do próprio proje to de vida e
vivê-la com amor.
• Simples prazer físico egocêntrico
sem
atender ao bem-estar do outro.
• Força incontrolável que se exerce
contra a vontade
do outro
(violação,
agressão ... )
• Comercialização da sexualidade
(prostituição, pornografia).
• Possessão do outro como um bem
próprio (ciúme extremo).
• Obsessão que transforma a vida
numa procura de prazer sexual.
• O bem-estar da pessoa que se
ama está em primeiro lugar, sem
negar o
próprio bem-estar.
• Capacidade de autocontrolo
para corresponder aos interesses
daquele que se ama.
• A sexualidade é vista como uma
dádiva
ao outro, um encontro que
não se vende nem se compra.
• O outro é visto como uma
liberdade, uma pessoa com
dignidade e valor que não é
pertença exclusiva de ninguém.
• A relação sexual como forma de
realização pessoal e interpessoal
acontece no diálogo, no afeto, na
atenção ao
outro, no prazer, na
entrega e no êxtase.

O amor tem a capacidade inovadora de dar
e renovar a vida:
no sentido
biológico, como
gerador de filhos; no sentido afetivo, como
promotor de bem-estar; no sentido social,
como impulsionador de solidariedade. O amor
autêntico é sempre fecundo e criativo.
A fecundidade humana não
se esgota na
capacidade de gerar fisicamente uma nova vida,
mas
envolve a entrega de cada pessoa como
dom que enriquece e
faz crescer os outros.
Para além da geração de um filho, a
fecundidade do casal continua no cultivo da vida: cuidar, educar, apoiar, servir,
escutar, compreender
... Sonhos e projetos em comum
alimentam a vida fecunda
e plena do casal.
Na família -célula primordial da
sociedade -onde germina a vida,
aprendemos os primeiros
passos em
direção à
felicidade e à realização
pessoal e social. Nesta comunidade,
primeira escola de sociabilidade,
aprendemos os valores que hão de
nortear a no
ssa vida.
Uma família alicerçada no amor
abre-se naturalmente à relação com os outros e, atenta às dificuldades, dedica­
-se a grandes causas (ideais) e descobre maneiras de promover o bem comum.
A adoção é
um testemunho
que demonstra
claramente a
imensidão
do amor, que não está limitado às paredes do lar, mas
que abre a família ao mundo
encontrando, naqueles que foram
privados
da sua
família biológica,
a motivação para a vivência de
um amor fecundo e imenso.
/ tlQ e. .. ,,
que todo o amor é fecundo e contribui para a realização
pessoal dignificando o ser humano.
4. O que é a
sexualidade?
-
5. Por que é que amor
autêntico é sempre
fec
undo e criativo?

,
responsave1
Transmitir a vida humana é uma obra sublime que exige reflexão e tomadas
de decisão ponderadas e responsáveis.
Todo o
ser humano tem o direito a não ser
"programado" como um objeto da
técnica, mas a ser amado e desejado
dentro de uma
relação amorosa autêntica.
Os pais devem ter a oportunidade e o direito de escolher o número de filhos
que desejam ter, cabendo ao Estado a obrigação de garantir essa possibilidade.
Têm também obrigação de discernir, em consciência e de forma responsável, as
circunstâncias mais favoráveis ao nascimento dos filhos.
Os casais, em família, farão a escolha do momento
e do número de filhos com que querem
enriquecer a própria família e a sociedade.
O planeamento familiar tem sempre como
critério a dignidade da pessoa (do casal, dos
filhos já nascidos e dos filhos por nascer) e
o respeito pela vida humana em todos os
seus momentos. Esta é a proposta da Igreja
católica sobre o controlo da natalidade.
Ooc.. I
A fecundidade é um bem, um dom, um fim do matrimónio. Dando a vida a novos
seres, os esposos participam da paternidade de Deus. A regulação dos nascimentos
representa um
dos aspetos da paternidade e da maternidade responsáveis.
Catecismo do Igreja
Católica, 2398-2399

1. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.
2. A mãe e o
pai têm direi to à proteção da sociedade e do Estado na
realização
da sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à
sua educação.
Artigo 68.9 do Constituição Portuguesa e Art.9 33.9 da Lei n.9 7/2009
..,. e:-')
Um destes dias, o João e a Mafalda
falaram de filhos. Não dos filhos dos
outros
casais, mas dos
filhos que
eles próprios gostariam de vir a ter.
Ao longo da conversa nem sempre
estiveram de acordo. O João
desejava que o primeiro filho
fosse rapaz. Já a Mafalda ficaria
mais
satisfeita se
lhe calhasse
uma rapariga. Coisa de somenos
importância, como acabaram por
concluir.
Outro aspeto abordado foi o de terem ou não filhos logo após o casamento.
Também aqui
as coisas não bateram certo: enquanto
ele desejava um filho o
mais depre
ssa
possível, ela gostaria de passar os primeiros dois ou três anos
sem filhos, para poderem viver, a sós, o amor a dois.
Numa
coisa estiveram de acordo:
gostavam
de ter um
casal. Mais
não, que a vida não está para
brincadeiras e
os juros da habitação
estão
altíssimos. Mas como resolver
o problema de adiar o nascimento
ou, uma
vez já
contemplados com
o casal que gostariam de vir a ter,
evitar a vinda de outros?
É que,
quem anda
à chuva ...
molha-se -
dizia o
João, numa evidente
alusão
ao risco de poderem vir a aumentar
a conta,
se não tomassem "certas
precauções".
É curioso que nem um nem o outro se
lembraram de que poderiam vir a não
ter filhos, ainda que muito os desejassem ...
Adaptado de Guias de Diólogo -CPM (Curso de preparação para o casamento)
-
6. Para além do
controlo da natalidade,
em que outros
aspetos se manifesta a
responsabilidade dos
pais?

Os Mf rotos N~1UP.MS baseiam-se na observa­
ção, feita pela mulher, de sinais que o seu corpo
emite e que lhe permitem identificar os dias em
que está fértil. O homem está sempre fértil.
Durante o seu ciclo, a mulher passa por uma
fase em que está fértil (pode engravidar se tiver
relações sexuais) e outra em que está infértil
(não pode engravidar). Durante a fase fértil, a
mulher produz uma substância chamada «muco
fértil», produzida no colo do útero, que desce
pela vagina até ao exterior. O muco mantém os
espermatozoides vivos no seu corpo. Na ausência
deste muco, a mulher não consegue engravidar.
O rné.todo 13-illiY\~S consiste na observação da
existência do muco fértil, com vista a determinar
o período fértil da mulher.
O
rné.todo SiY o-téxrnic..o
junta à observação
do muco a observação da temperatura basal do
corpo, que fica mais alta após a ovulação, e a
observação de outros indicadores menores.
Se os procedimentos previstos nestes métodos
forem corretamente seguidos,
são muito eficazes.
Requerem acompanhamento, por parte de uma
monitora, durante a aprendizagem.
Se o casal
quiser evitar uma gravidez, então não poderá ter
relações sexuais durante o período fértil da mulher.
Para os casais que têm dificuldade em
engravidar, estes métodos podem ser
de grande
ajuda, pois o
casal aprende a identificar os
dias
do
ciclo menstrual em que existem mais
probabilidades de conseguir uma gravidez.
Os métodos naturais não têm quaisquer efeitos
secundários e respeitam o biorritmo
da
mulher.
o coito iY mornpido, que consiste em retirar o
pénis
da vagina antes da
ejaculação, não pode ser
considerado um método de planeamento familiar.
De facto, alguns espermatozoides estão presentes
no líquido que lubrifica a glande (ponta) do pénis,
produzido pelo homem antes da ejaculação, pelo
que a gravidez pode acontecer mesmo que se
interrompa a relação sexual antes da ejaculação.
O contacto direto entre o pénis e o exterior da
vagina também pode conduzir a uma gravidez. Se
a mulher estiver na fase fértil do seu ciclo, o muco
pode manter vivos
esses espermatozoides.
Os Mf TOOOS HORMONA\$ OU G.UÍM(..0$ impedem
a ovulação tornando a mulher infértil. A píl1,1lo.
tem de ser tomada todos os dias à mesma
hora para ser eficaz. Alguns medicamentos
interferem com a ação
da
pílula. A i~eçáo
tem mais efeitos secundários do que os outros
métodos hormonais e não deve ser tomada
por
adolescentes.
O irnp\O.Y\Th consiste numa vareta de
silicone, embebida em hormonas, que é colocada,
pelo médico, debaixo da pele do braço. O o.de&i't\J
é colocado na pele numa zona do corpo onde a
roupa não
faça fricção.
O o.r.e,I vo.~iral é inserido
dentro
da vagina; está embebido em hormonas e
previne a
ovulação.
Estes métodos, embora muito eficazes, têm
efeitos secundários que podem ser graves:
problemas de circulação sanguínea, tromboses,
tensão arterial elevada, infeções vaginais,
alterações de peso e náuseas. Nunca devem ser
usados sem conselho médico.

Os Mf TDOO$ bf ~RE IR~ impedem a
passagem dos espermatozoides para o útero e
daí para
as trompas onde está o
óvulo durante as
24 horas que se seguem à ovulação.
o present i\O oos~ \iro , com a aparência de
uma dedeira, tem um reservatório
na ponta onde
se
recolhe o sémen. Tem de ser colocado no pénis
após a ereção e antes da penetração na vagina. É
importante que o pénis seja retirado da vagina
antes de se perder a ereção para que o preservativo
não
saia e fique retido na vagina. Apesar de, nestes
casos, poder ser
facilmente retirado com os dedos,
o sémen
passa para a vagina, permitindo uma
gravidez.
o
present i\O ferniriiro tem a aparência
de uma «manga» que forra a vagina, evitando a
passagem dos espermatozoides.
O diíÃfríÃ~rt\íà é colocado dentro da vagina por
um ginecologista. Os métodos de barreira devem
ser utilizados em conjunto com um espexniic,ictA
que é colocado no interior da vagina ou usados
para untar o preservativo ou o diafragma.
Estes
métodos têm poucos efeitos secundários. Por vezes, o látex ou os espermicidas podem
provocar alergias.
O preservativo masculino é o único método
que ajuda a evitar a passagem de infeções
sexualmente transmissíveis.
o di~s iti\O iri1rnl.4texi\'\O LD\U) é um pequeno
aparelho de metal ou plástico que é colocado
no interior do útero por um médico. Dificulta a
passagem dos espermatozoides mas nem sempre
evita a fecundação
e, nesse caso,
dificulta a
nidação
do embrião no útero provocando um
aborto precoce.
Alguns DIU's libertam hormonas,
fazendo com que a mulher não tenha ovulações.
Nunca deve ser colocado numa mulher que ainda
não teve filhos porque, como irrita as paredes
do útero, provoca mais facilmente infeções do
aparelho reprodutor que podem conduzir à
infertilidade.
Os MfTDOO$ 0\RÚRh\C-0$ têm como efeito a
esterilização e
são, com muito raras exceções,
irreversíveis. A
\íÃ~WW.çáo de, irorn~s consiste
na obstrução das trompas, impossibilitando o
encontro dos espermatozoides com o óvulo. A
vtÃSe0torniíà bloqueia os canais deferentes que
levam os espermatozoides dos testículos para
o pénis. O homem continua a ejacular líquido
seminal, produzido acima do bloqueio, mas este
não contém espermatozoi des.
A píl1.4h do d iíà S~l.4 Íhte, não é um método de
planeamento familiar. Consiste na toma de uma
dose muito forte de hormona
s.
Infelizmente,
tem-se abusado da sua utilização, como se fosse
um método normal de planeamento familiar. Se
tomada após a fecundação, não permite a nidação
do embrião no útero e
é, portanto, abortiva.
-
f \.4rt(à ~rnnd e, re,sponsíÃbilidíÃde,. Nenhum rapaz
nem nenhuma
rapariga devem iniciar uma vida sexualmente ativa sem pensar mui to seriamente
na possibilidade de haver uma gravidez e de surgi r,
portanto, uma nova vida.
~NHUM MfTOtx> ti ~AME NTO FAMIL.IAR
~ 1007. EFIUtZ..
Se a decisão tomada é a de iniciar relações
sexuais, então um primeiro passo para
se assumir
a responsabilidade
por esta decisão é a de procurar
aconselhamento em relação ao planeamento
familiar. A escolha de um contracetivo é também
uma decisão com fortes implicações morais. O
casal deve ter sempre presente os valores éticos
implicados que são a inviolabilidade da vida humana
e o respeito pela dignidade do homem, da mulher e
da criança que pode nascer. Determinar o número
de
filhos e o momento do seu nascimento é uma
decisão que pertence ao casal. Não deve ser tomada
com base apenas em critérios de comodismo e
facilidade mas, fundamentalmente,
por critérios de
generosidade e de abertura à vida, garantindo uma
paternidade responsável.
Mary Anne
d'Avillez (Enfermeira)

-
Ginecologia significa
literalmente "ciência
da mulher", mas
na medici na é
a especialidade
que trata do
sistema reprodutor
feminino.
Os hospitais
e centros de
saúde dispõem
de consultas de
ginecologia a
que as mulheres,
adolescentes
incluída
s,
podem
recorrer.
7. Em que é
que consiste o
planeamento familiar?
8.
O que entendes por
"educação sexual"?
Planeamento familiar
A paternidade responsável engloba o planeamento da família -
o diálogo do casal sobre como viver o amor recíproco que os une
e sobre as dec
isões a tomar a respeito do número de
filhos que
pode
ter e como vai espaçar o seu nascimento - o que
implica
escolher um méto do de regulação da natalidade.
O
casal
deve gerir a sua fertilidade com generosidade, mas
também deve ter em conta o equilíbrio e a sustentabilidade da
vida familiar.
Antes de tomar uma decisão sobre o método de planeamento
familiar a adotar, o casal deve procurar informação cientificamente
correta s
obre o funcionamento, as vantagens e desvantagens, o
efei
to sobre a saúd e, a eficácia dos métodos existentes e as s uas
implicações éticas.
Ooc.r
A imagem que se pretende comunicar através da maioria das campanhas
de «educação sexual» é absolutame nte falsa. Os jovens que aí aparecem
respiram saúde e alegria. No entanto, esta não é de todo a verdade daqueles
que envered am por semelhante opção. Vida não é andar por aí com um
preservativo em cada mão, para aproveitar
as oportunidades que surjam na
próxima esquina.
Uma análise e investigação real e autêntica nestes domínios
mostrariam muita frustração, dor, recalcamento, complexos, vazio e ilusão. O
sexo não é apenas uma relação física, não exis te preservativo que torne alguém
imune às consequênci as emocionais e afetivas de u ma vida sexual com vários
parceiros e precocemente iniciada. O sexo não pode ser encarado apenas pela
vertente do prazer, sem ter em conta o que representa de responsabilidade
e compromisso, que só se pode realizar plenamente no casamento. É preciso
coragem para assumir o que não está na moda, mas que melhor defende as
expetativas de um futuro maravilhoso. O verdadeiro sexo seguro é aquele que
é vivido no cont exto da família, na harmonia de um relacionamento de amor
autêntico e
genuíno que se conjuga com
fidelidade e responsabilidade.
Adapta do de Samuel Pinheiro, http://www.portalevange lico.pt/
li t'IO e:.~ 11
que para viver uma paternidade/maternidade responsável o
planeamento familiar é necessário e deverá s er sempre aberto à vida e à
realização do casal.

Os homens e as mulheres amam-se desde sempre. A Bíblia interpreta esse
amor à luz de um modelo divino: exalta o dom mútuo e completo de um ao outro.
O amor vivido na relação matrimonial é usado como comparação e metáfora do
amor de Deus para com a humanidade e da resposta desta ao Deus
que é amor.
A
Bíblia apresenta Deus como criador e pai da humanidade, mas apresenta-o,
também, como marido que ama incondicionalmente a comunidade humana
como uma esposa.
Logo
no primeiro
livro da Bíblia, o Génesis, afirma- se que o homem e a
mulher foram criados à imagem de Deus para se unirem um ao outro e serem os
dois uma só carne (cf. Gn 2, 24). A sexualidade está, pois, dentro do projeto do
Criador para a humanidade.
Deus deu ao ser humano uma força de vida que é
simultaneamente conforto, bem-estar afetivo e
dom para o outro na comunhão
amorosa aberta à vida, sempre nova.
Os jilfios são uma 6ênção
3
01hai: os filhos são uma bênção do Senhor;
o
fruto das entranhas, uma verdadeira dádiv a.
4
Como flechas nas mãos de um guerreiro,
assim os
filhos nascid os na juventude.
5
Feliz o hamem que deles encheu a sua aljava !
Não
será envergonha dq
pelos seus inimigos,
quando com eles discutir às portas da cidad e.
SI 127(126),3-5
Os salmos são
poemas: cânticos de
louvor, de súplica,
de agradecimento,
de bênção
...
Rezados e cantados
individualmente e
em comunidade,
ainda hoje,
fazem parte
das
celebrações
religiosas dos judeus
e dos cristãos. Os
salmos refletem
o amor infinito
de
Deus
pela
humanidade e
tornam atual o grito
de louvor ou de
súplica do crente.

-
Este salmo proclama a presença
amorosa de Deus no trabalho, na
vida social e, sobretudo, na família
que ele protege e abençoa com
o dom maravilhoso dos filhos.
Através dos filhos é garantida a
descendência e a história não

da
família, mas também do povo.
A fecundidade é uma bênção de
Deu
s.
O nascimen to dos filhos
confirma que Deus está presente
na vida familiar, abençoando
e gerando novas vidas. Neste
sentido, o salmo fala dos filhos
como «flechas», querendo
significar a enorme importância que
os
filhos têm para os pais (tal como as
flechas são importantes n as mãos dos guerreiros). O pai, cercado pelos filhos, é
comparado a um combatente artilhado, pronto para enfrent ar as adversidad es
da vida.
.Jls 6ênçãos famiúar es
3
A tua esposa será _ como videira fecunda
na intimidade do teu lar;
os teus filhos serão como rebentos de oliveira
ao redor cta tua mes a.
SI 128(12 7),3.
O salmo 128 tem como tema central a felicidade do
ser humano que acolhe as bênçãos de Deus. Neste
salmo canta-se a convicção de que quem respeita
os mandamentos de Deus colhe os seus frutos de
felicidade e paz. O bem-estar pessoal (harmonia do
casal, filhos, trabalho, vida longa) prolonga- se no
bem comum e
na paz
social.

}1. famíúa de Jesus
31
Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando do lado de
fora, o mandam chamar.
32
A multidão estava sentada em volta dele,
quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus irmãos que te •
procuram.»
33
Ele
respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?»
34
E, percorre ndo com o olhar os q~e estavam sentados à volta dele,
disse: «Aí estão minha niãe e meus irmão s.
35
Aquele que fiz er a vontade
de Deus,
esse é que é meu irmão,
minha irmã e minha mãe.»
Me 3,31- 35
A mensagem fundamental deste texto
é que J esus vem propor uma família
universal edificada na aceitação da
vontade de Deu s: o amor, que suplanta
os laços sanguíneos. A nova família que
Jesus apresenta não se limita a um espaço
geográfico nem a
um tempo histórico: é
composta por todas as pessoas do mundo
e de todos os tempos. A única condição
para pertencer a esta
família onde todos
são felizes, é amar a Deus e ao próximo.
O verdadeiro parentesco com Jesus está,
pois, em aceitá-lo como aquele que é
Família, Henry Moore (
1898
_
1986
) expressão plena da presença de Deu s.
Os familiares consanguíneos que aceitam J esus são duplamente da
s
ua
família. Assim, longe de desprestigiar Maria, Jesus honra-a ainda mais,
tributando-lhe du
as vezes o nome de mãe: porque o trouxe no seio e porque o
traz no coração.
O texto refere ainda o contras te entre "ficar de fora" e "estar dentro",
desafiando a uma tomada de consciência e de posição: estamos afastados ou
queremos unir-nos a Jesus desejando construir a família universal?
~hnf"'Jb que a família é algo querido por Deus e que a mensagem
cristã nos desafia
à vivência dos
valores familiares.
-
Na Bíblia, e ainda
hoje no oriente, a
palavra "irmãos"
refere-se não
apenas aos filhos
dos mesmos pais,
mas também aos
parentes próxi mos,
nomeadamente os
primo
s.
9. À
luz da
mensagem bíblica,
o que é que poderás
fa
zer para
melho rar
o teu ambiente
familiar?

A vivência do amor, para ser sublime e bela exige respeito, responsabilidade e
fidelidade.
Estas atitudes correlacionadas e características do amor tornam-nos
pessoas
felizes, alegres e apaixonadas com um sorriso nos lábios e um brilho no
olhar. Quando somos irresponsáveis, desrespeitadores ou infiéis é evidente que
não estamos a amar.
倭䔮卬❃汎十䉩汌ࡍf ., como a raiz da palavra indica, é dar resposta às situações;
é responder
por si e
pelos próprios atos, é assumir os deveres e as obrigações
correspondentes. A responsabilidade torna-nos
cuidados os para connosco
e para com os outros.
Exige crescimento e maturidade e não é confiada nem
pedida a
todos da mesma maneira.
SOU P-E.Sl'ClNS~'Jf.L ~UANtx) :
· P-E.fLITO ~1fS bE. AhlP-;
·
KlNbE.P-0 AS GONSE.~UtNVIAS bAS MINHAS t\Ç-OE.S;
· Atuo 0U\~tx)SAME.N1f;
· ASSUMO OS ME.US ATOS E. ?ALA\JP-AS> \NbE.?E.NbE.N1fME.N1f ~S
SUAS GONSE.~UÜ-.1(.1\AS; . A?P-E.Ntx) GOM os E.P-P-OS E. Atx)TO UMA ros\yÃO MAIS P-E.fLE.TibA
ocro1s bE. A TitubE.S INGONSv\E.N1fS.

RES~E\TO, do latim respectus que significa "olhar outra vez", é apreço,
consideração, deferência, obediência; é um "olhar" que nos impede de fazer
ou dizer coisas desagradáveis. Respeitar não significa concordar em tudo, mas
significa não ofender. Seremos tanto mais respeitados quanto mais soubermos
respeitar.
SOU RES~EITM:OR G-UANbO: \JAf..OP-12-0
bE\JIDF\ME.NTE
~s ~E.SSO~S) ~s C-0\S~S
E. OS ~Mi'IE.NTES\
晜䑅䰈昈䔬 atitude de quem é fiel e se compromete com aquilo que assume,
é lealdade, confiança, honestidade, verdade, constância, firmeza.
A fidelidade é um valor que nasce do respeito pela confiança que uma
pessoa deposita
na outra e que exige responsabilidade. É, porventura, o maior
desafio que se nos
coloca nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos, no
sentido de uma vivência autêntica
do amor. A
fidelidade não é coisa fácil de se
concretizar e parece até que já está fora de moda! Mas vale a pena assumi- la
porque dela depende a confiança que depositamos uns nos outros, o amor e a
felicidade.
Viver a fidelidade numa relação com outra pessoa é ter a coragem de ser um
para o outro e de ser um no outro. É dizer não à mentira e aos jogos de enganos.
A fidelidade exige verdade e um grande apreço pelo outro.
A tidelidade é o ADtJ do amor e a f.elicidade é a sua obra-prima.
-

-
10. Reflete sobre as
tuas formas de amar e
elabora ou escreve um
compromisso pessoal
para cresceres mais no
amor.
f t-'"",, ~ ,,
que a alegria do amor vive-se na responsabilidade, no respeito
e
na
fidelidade.
Ooc.I
Creio que Deus é amor. Creio que Deus é bondade infinita, porque é amor
infinito. Creio que a criação é fruto do amor, porque o amor quer-nos fazer
participar
na sua bondade.
Creio que todo o homem, mesmo antes de o ser, foi
amado, pessoalmente e infinitamente, por Deus, e sê-lo-á sempre, quaisquer
que
sejam o seu rosto e os caminhos da sua vida.
Creio mesmo que o homem
foi pensado pelo amor de Deus e que a «imagem» de Deus nele pode ser
desfigurada, mas não destruída. Creio que o homem, feito por amor, foi criado
para o amor,
e, portanto,
livre, e convidado à felicidade infinita do amor. Creio
que, com Jesus Cristo, viver é amar sob o sopro do Espírito. E creio que o amor
não pode morrer, porque vem de Deus e volta para Deu s.
Adaptado de Michel Quoist (1921-1997), Falai-me de amor

-
--
-
e
-
e
e
J
Olá!
Charno-rne Ro~ •J\ •'. Nasci na <.Su:ça ern
lq!S, rnas ern lqt..ID, duYante a 0e'1unda
GueYYa
Mundial tui viveY paYa FYança. Desde sernpYe senti o desejo de
rne juntaY a outYas pessoas paYa
concYetizaYnios urn 3Yande desatio:
viveY
todos
os dias a Yeconciliaçõ.o
entYe os cYistãos.
<Sabes que no CYistianisrno existern tYês 3Yupos: católicos, oYtodoxos e
pYotestantes. fu nasci nurna tarn:lia pYotestante, rna3 senha-nie fascinado
pelo catolicisrno e pela oYtodoxia e sernpYe sotYi ao veY pessoas, sinceYas e
honestas, a YecusaYern YelacionaY-se tYateYnalrnente só poYque peYtenciaf)!
a tani:lias cYistõ.s dfeYentes. O sotYirnento que vi, duYante o teYY;vel conílito
rnundia{
deu-rne ainda rnais
consciência de que, unido.,, poderno3 tazeY uni
bern rnaioY.
Juntei-nie a outYas pessoo.s e tundó.rnos, ern laizé, unia coniunidade onde,
na siniplicidade, cada urn expYessa a sua té cYistã. 0Yanios eni conjunto,
acolhernos quern nos pYocuYa e seYvirnos os destavoYecido3. QueYernos,
os iYniãos de laizé, seY uni sina/ concYeto de Yeconciliação entYe CYistãos
divididos e povos sepaYados.
Nesta unidade letiva pYocuYa entendeY as Yazõe3 hi3tóYica3, cu/tuYo.is
e Yeli3iosas que pYovocaYarn as vó.Yias divisões no CYistianisrno. AbYe-te a
beleza da cornunhão na dfeYença. DescobYe o que podes tazey paYa toYnaY
poss:ve/ a tYateYnidade entYe os povos, a cornunhão entYe os cYistão3 e a
haYrnonia nas Yelações entYe as pessoas da tua escola e da tua tani:lia.
O irmão Roger Schutz foi assassinado em 2005, d~rante a or~ção d~ t~r~e:
or uma mulher que sofria de perturbações mentais. A comunidad: e a1ze
~ontinua a ser um sinal de encontro entre os povos e ?e construçao d~ p~z .
Para além dos programas semanais em Taizé, a comunida~e promove, es e
1978, encontros anuais de oração pela
paz em diferentes cidades da Europa.

O Cristianismo, que assenta a sua fé e a sua esperança em Jesus Cristo, é uma
religião profundamente inserida na vida das pessoas e dos povos.
Jesus e os apóstolos viveram num período histórico em que o império romano
dominava grande parte do mundo conhecido.
Os cristãos, pessoas reais e concretas, sempre viveram no espaço público
em que estavam inseridos, adaptando-se às condições sociais. Herdeiro do
Judaísmo e enriquecido pela civilização greco-romana, o Cristianismo, apesar de
três séculos de perseguições, criou raízes na vida de muitos homens e mulheres
que, em Jesus Cristo, encontraram sentido para a sua vida.
O Cristianismo, enquanto religião organizada e enquanto fé vivida no
dia a dia pelos cristãos, contribuiu, e muito, para a construção da civilização
ocidental. Foi, e ainda é, um motor da construção europeia enquanto referência
de identidade perante
os vários povos,
línguas e culturas.
O papel do Cristianismo tem sido importante em todos os setores da vida
humana a nível pessoal e a nível coletivo. Grandes princípios e comportamentos
éticos
são o
resultado da presença dos valores evangélicos no pensamento e na
ação dos indivíduos e dos povos:
-
A AFl\<.MAç.,Aô bO \/ALO\<. E bf 扬桎ࡦ屏䌠 bf PéSSOA HUMANA)
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..
Catedral de Braga
(
A Assembleia
da República
(Parlamento) está
sediada num antigo
mosteiro de
S. Bento.
1. Procura na zona
onde moras uma
igreja, um mosteiro,
uma rua ou
outro
espaço dedicado a
São Bento.
2. Identifica o
contributo do
Cristianismo na
construção da
civilização europeia.
A visão bíblica do ser humano (criado à imagem e semelhança de Deus)
moldou a cultura humanista
da europa e do mundo. A Bíblia inspirou criações
intelectuais e artísticas, influenciou códigos e normas e promoveu a
paz.
O Cristianismo, através das universidades, das escolas, das catedrais e dos
mosteiros, ensinou os povos, a
ler e a escrever, a construir e a pintar. Nestes
centros de cultura, a Europa foi-se gerando e adquirindo novas formas de
pensar e de agir.
O Cristianismo, ao afirmar que há uma origem comum e um destino comum
do ser humano, propõe uma fraternidade universal na pluralidade de rostos e
de pensamentos.
Este contributo, que o
Cristianismo oferece, obriga todos a
descentrarem
-se de si, a não dominar os outros e a abrirem-se à construção do
futuro.
São Bento nasceu em Núrcia (Itália) por volta do ano
480. Viveu e estudou em Roma, quando esta cidade vivia
a turbulência
da queda do império romano no ocidente
(476). Desejoso de encontrar
um sentido para a sua
existência, procura no silêncio de uma gruta em Subíaco
tempo para a oração e uma vida de simplicidade.
O
seu estilo de vida atrai seguidores que veem nele um
pai e
um guia. Organiza es te grupo (Ordem Beneditina)
a quem pede uma profunda vida
interior (oração)
destinada a
servir os outros através do trabalho.
São Bento, Fra Angelico (1395_
1455
)
Com o passar do tempo, o monge Bento, numa procura sincera de Deus,
dá aos seus irmãos monges a regra de vida Ora et labora (ora e trabalha) para
que todos eles dediquem
tempo à oração quotidiana e ao serviço das pessoas
através
do trabalho.
Após a
morte de São Bento, em 547, os seus continuadores, os beneditinos,
vão
tornar-se um dos
pilares da construção da nova civilização. Os mosteiros
beneditinos, por
toda a Europa, são espaços de paz e de oração, e polos de
desenvolvimento cultural, económico e artístico. Formavam
nas suas
"escolas"
as gerações futuras. Impulsionavam a agricultura e o comércio, (re)criavam a
arte através dos copistas e dos artistas.
Pelo grande
contributo dado ao mundo europeu por
São Bento e seus filhos
(beneditinos, clunienses e cistercienses ), o papa Paulo VI, em 1964, declarou-o
patrono da Europa.
que o Cristianismo, como comunidade dos crentes em Jesus
Cristo, contribuiu para a construção da história ocidental.

O Cisma do Oriente
Ao longo do primeiro milénio, apesar de pequenas divergências e separações, o
Cristianismo manteve-se globalmente unido. Contribuiu para o desenvolvimento
de povos e culturas; sistematizou a sua fé no credo; organizou-se na forma
plural de celebrar a fé (oração e caridade) e foi um grande instrumento para a
humanização de costumes e leis. Logo no início
do segundo milénio acontece
uma grande rutura
na
Igreja cristã -o cisma do oriente.
O diálogo entre o oriente, cuja capital era Constantinopla (antiga Bizâncio e
atual Istambul, na Turquia), e o ocidente, com capital em Roma, já várias vezes
tinha sido posto em causa.
Com a queda do império romano
do ocidente, em 476 -após a divisão
do
império romano em duas partes
(império romano
do ocidente, com
capital em Roma, e império romano
do oriente, com capital em Constanti­
nopla) -, a cidade de Constantinopla
adquiriu progressivamente uma maior
importância. As diferenças entre o
mundo ocidental (que falava latim) e o
mundo oriental (que falava grego) vão-se
acentuando a nível cultural, político e
até religioso.
A palavra 'cisma'
-do grego
skhisma («fenda;
separação»)
-significa
dissidência religiosa;
separação de
uma determinada
religião.

-
3. Identifica as razões
que estiveram na
origem do cisma do
orie
nte.
As
relações entre Roma e Constantinopla foram-se degradando. Os bispos
de Roma (papas) e os bispos de Constantinopla (patriarcas do oriente), cada um
à sua maneira, procuraram afirmar a sua autoridade sobre o outro. O conflito
acentuou-se de tal forma que cada um deles acusou o outro de se estar a afastar
da mensagem de Jesus Cristo.
No ano de 1054, numa procura de diálogo e conciliação, o cardeal Humberto,
enviado
do papa, foi a
Constantinopla, mas a tentativa saiu frustrada e aconteceu
a separação (cisma). O cardeal, em nome do papa Leão IX, dirige-se à basílica
de Santa Sofia e excomunga o patriarca Miguel Cerulário. Este, como respost a,
excomunga o cardeal. Com estes gesto s, repletos de falta de compreensão e
de caridade,
cada um considerava-se portad or da verdade e
expulsa dessa fé e
d
essa comunhão o outro.
Surgem,
assim, dois ramos no
tronco do Cristianismo: a
Igreja
latina, a que vulgarmente chamamos
'católica', e a Igreja oriental, a que
chamamos 'ortodoxa'.
Esta fratura na unidade do
Cristianismo ainda hoje
tem as
suas consequências.
Católi cos e
ortodoxos, apesar
dos encontros
e a
braços fraternos entre os seus
líderes, continuam separados.
Doe.IS
As diferenças entre as Igrejas do ocidente e do oriente, já evidentes no século IV,
tornam-se m ais precisas durante os séculos seguintes. As suas causas eram múltiplas:
tradições culturais distintas (greco-oriental por um lado, romano-germânica por
outro); a ignorância mútua, não só das línguas, mas também das respetivas
literaturas teológicas e as divergências de ordem cultural.
Certos desenvolvimentos do culto e das instituições eclesiásti cas conferem
ao cristianismo orient al uma fisionomia peculiar. A importância da veneração
dos ícones no império bizantino e a adição do
filioque ao
Credo de Niceia e
Constantinopla - o trecho passava a ter a seguinte leitura: «O Espírito procede
do Pai e do Filho» -levou a que aumentasse a animosidade dos ocidentais
contra
os orientais.
Adaptado de Mircea
Eliade, História das Ideias e Crenças R eligiosas

Renascimento
O final do século XIV e o século XV é um período
de grandes transformações culturais. Após a peste
negra, que assolou a Europa na década de 40 do
século XIV, surgiram novas condições económicas
e visões
da vida que conduziram ao aparecimento
da burguesia, ao incremento
da vida urbana e
a um
maior apreço
pelo pensamento racional e
pela arte. A imitação dos modelos da Antiguidade
Clássica, grega e latina (Renascimento), vem
colocar o ser humano no centro da vida e do
pensamento (Humanismo).
Esta nova perspetiva
sonha com uma época de
esplendor e luz que se
irá concretizar com a exaltação do ser humano
através
da
literatura, das artes, da história, da
religião, das ciências naturai s.
Partindo das grandes cidades italianas
(Florença, Veneza, Roma, Siena), este movimento
difundiu-se por toda a Europa, assumindo
particularidad
es e
estilos específicos.
São desta época os grandes artistas e
pensadores que ainda hoje admiramos nas suas
criações: o poeta Dante
(A Divina
Comédia); os
pintores, escultores e arquitetos Giotto, Miguel
Ângelo, Leonardo da Vinci ... e tantos outros.
Homem Vitruviano, Leonardo Da Vin ci (1452-1519)
Pormenor da
Fuga para o Egito,
Giotto di Bondone ( 1266-1337)
Cúpula da Catedral de Florença,
Filippo Brunelleschi (1377-1446)
Jesus e José de Arimateía,
Baccio Bandinelli (1493-1560)
-

-
4. Em que consistiu o
cisma
do ocidente?
O Cisma do Ocidente
A partir do século XII foram surgindo, na Europa medieval, vários movimentos
religiosos que apelavam a uma vida cristã mais autêntica, menos opulenta, mais
centrada
na
Bíblia e menos ritualista.
O século
XIV
é um período conturbado para a Igreja católica.
Por razões políticas, entre 1309e1377, os papas passaram a residir em Avinhão.
Palácio dos papas, Avinhão
Outro acontecimento de divisão na Igreja foi a existência de dois papas
em simultâneo: um em Roma e outro em Avinhão. Este período, que durou
entre 1378 e 1417, a que se dá o nome de cisma do ocidente, provocou grande
confusão nos crentes e grande descrédito
na autoridade e função do papa como
pastor
universal dos católicos.
A Igreja estava demasiado envolvida em questões políticas e económi cas, em
prejuízo das preocupações espirituais. Havia,
por isso, um forte movimento de
crítica
às instituições da
Igreja, exigindo a sua reforma.
A Reforma Protestante
O movimento humanista e o espírito renascentista, aliados ao
descontentamento das pessoas devido aos abusos da Igreja, fazem emergir
a necessidade
de um retorno à mensagem
original de Jesus Cristo.
Causas da Reforma Protestante
CISMA DO
OCIDENTE
-Descrédito do
papado
-Indulgências
-Poder temporal
dos papas
-Ritualismo
PENSAMENTO
RENASCENTISTA
-Valorização da
razão humana
-Redução da
ingerência
dos papas
em assuntos
nacionais
-
Purificação da
vivência cristã

Lutero, o reformador
Martinho Lutero (1483-1546), padre católico,
monge agostiniano e professor, preocupado em corrigir
alguns comportamentos e ritos da Igreja, refletiu sobre
a salvação do ser humano e condenou a "venda" das
indulgências.
A prática das indulgências era habitual desde há
vários séculos e significava o perdão das penas (castigos)
relacionadas com os pecados. Para a Igreja, o perdão dos
pecados era oferecido ao crente através da celebração
do sacramento da reconciliação (confissão). Este perdão
era condição para a salvação da pessoa. No entanto,
segundo
se acreditava, se a pessoa morresse
reconciliada
com Deus, mas não tivesse expiado os seus pecados mediante a penitência
adequada (jejum, gestos de caridade, etc.),
teria de passar transitoriamente pelo purgatório antes de ingressar no céu. As indulgências eram uma maneira
de
obter a remissão dessas penas. Nunca a
Igreja afirmou que a indulgência
correspondia ao perdão dos pecados, mas apenas ao perdão da pena
correspondente
ao pecado.
Em termos populares, as
indulgências eram entendidas como «um bilhete
para o céu». Para recolher benefícios, alguns na Igreja não contrariavam
convenientemente esta explicação. No início do século XVI, esta prática envolvia
vastas somas de dinheiro que eram uma fonte de rendimentos, nomeadamente
para a construção
da nova
basílica de
S. Pedro, em Roma.
Lutero revolta-se contra esta prática
da Igreja, põe em causa a função e o
poder
do papa, apresenta a
Bíblia
como única autoridade em matéria de
fé e afirma que a salvação se alcança
pela fé e não pelas obras.
Em 1517, com o objetivo de
promover
um debate entre professores
e estudantes que contribuísse para a
renovação
da
Igreja, Lutero afixa 95
Teses na porta da igreja de Wittenberg,
na Alemanha.
-
5. Faz uma biografia
de
Martinho Lutero.

6. Caracteriza a
doutrina de Martinho
Lutero.
T
Doc..1
Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão
defendidas em Wittenberg sob a presidência do
Rev. Frei Martinho Lutero,
Mestre de Sagrada
Teologia. Ele pede que todos os que não puderem estar
presentes e disputar verbalmente o façam por escrito.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo,
sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa
é absolvida de toda a pena e salva pelas indulgências do papa.
24. Por isso, a maior parte do povo está a ser ludibriada por essa magnífica e
indistinta promessa de absolvição da pena.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os
benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta
de indulgência.
43. Deve ensinar- se aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao
necessitado, procedem melhor do que se comprarem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa torna-se
melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas
apenas mais livre da pena.
45. Deve ensinar-se aos cristãos que quem vê um necessitado e o negligencia
para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa,
mas a ira de
Deus.
50. Deve ensinar- se aos cristãos que se o papa soubesse das exigências dos
pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a basílica de S. Pedro
a edificá- la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de
indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas igrejas.
54. Ofende- se a palavra de Deus quando, num mesmo sermão, se dedica tanto
ou mais
tempo às
indulgências do que a ela.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da
graça de Deus.
A insatisfação sentida por gente do povo, comerciantes, príncipes e reis foi
te
rreno
fértil para a ad esão às idei as de Lute ro que, excomungado pelo papa em
1521, inicia outra
vivência cristã a que
vulga rmente se chama Protestantismo.
(

Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolh~
impor a religião no seu Esta do. Em 1529, no encontro de Spira (Alemanha),
Lutero e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de
os príncip es escolherem a religião a ada ptar nos seus domínios. Daí advém o
nome de
protestantes.

Do~.I
Lutero afirma: «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos
homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não
pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação de que é Deus-Pai quem
julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar
mais nenhuma outra interpretação.
Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos
homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não
fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas
boas ações».
Mircea Eliade, História das Ideias e Crenças Religiosas
João Calvino, outro reformador
João Calvino (1509-1564), francês, seguidor dos ideais de Lutero, afirma que
a salvação da pessoa se deve ao trabalho justo e honesto. Esta declaração foi
bem aceite
por banqueiros e burgueses a quem a
Igreja condenava pela sua
riqueza, muitas vezes conseguida através de juros elevados.
Calvino defende a ideia da predestinação: a pessoa, quando nasce, já tem o seu
destino definido. Esta crença, preocupada em sublinhar a omnipotência de Deus,
nega a liberdade da pessoa. Ao afirmar que o ser humano nada pode fazer para
alterar o seu destino, torna-o completamente impotente perante a vontade divina.
Calvino vai para Genebra (Suíça), onde as suas ideias religiosas são muito
bem acolhidas, e aí estabelece uma comunidade fortemente trabalhadora e
próspera, de comportamentos sóbrios e rigidamente controlados, negando
todos
os prazeres da vida (puritanismo).
O Protestantismo
O movimento religioso de Lutero e de Calvino fez um forte apelo de regresso
à simplicidade original do Cristianismo. Apresentou a Bíblia como único
fundamento da fé e da autoridade religiosa. Na liturgia, fazia uso das línguas do
país e não do latim. Preocupou-se muito com a santificação dos cristãos e com
a transformação
da sociedade.
Os únicos sacramentos aceites são o batismo e a ceia, como recordação da
morte e ressurreição de Cristo. Recusam imagens, vestes e músicas sagradas.
O facto de Lutero (e demais reformadores) ter apresentado a Bíblia-livremente
interpretada por qualquer pessoa -como única autoridade de fé deu origem à
criação de uma multiplicidade de Igrejas protestantes: luterana, presbiteriana,
metodista, pentecostal, evangélica, congregacionista, batista e muitas outras.
-
João Calvino,
Hans Holbein (1497-1498)
7. Enumera as razões
que originaram
o movimento
religioso a que
se
chamou "Reforma
Protestante".

- Doc.I
O Protestantismo, que constitui um dos três grandes ramos do Cristianismo,
nasceu no século XVI na Europa e estendeu-se, de maneiras diversas, a todos os
continentes. Forma religiosa muito diversificada, está organizado em múltiplas
Igrejas e muitos movimentos.
No momento do nascimen to do Protestantismo, podemos já verificar a sua
pluralidade: existem vári os reformadores, de frontam -se várias convicções.
Existem amplos pontos de vista comuns sobre os fundame ntos da Reform a,
mas basta uma só divergência para não se conseguir estabelecer uma Igreja
protestante única. O pluralismo é fruto da recusa de uma hierarquia e da
possibilidade de cada crente interpretar a Bíblia a seu modo. Ainda em vida de
Lutero, surgiram várias divergências. Este conflito mostra igualmente que, se
é certo que lutero é o primeiro a ousar o rompimento com a Igreja católica e
é, portanto, o «pai fundador », bem depressa passa a ser um reformador entre
outros e não o chefe incontestado de todos
os protestantes.
A Reforma
proclamou três grandes palavras de ordem: apenas a Fé, apenas
a
Escritura, apenas a Graça. A sua
radicalidade identifica- se pela vontade de
suprimir os acrescentos que, segundo os seus adeptos, terão, ao longo dos
séculos, desfigurado o Cristianismo primitiv o. O mesmo é dizer que o seu
movimento pretende p
recisamente purificar o
Cristianismo.
Sendo certo que a família protestante tem mui to em comum, a verdade é que
cada um dos seus ramos tem a sua especificidade própria; existem, de r esto,
por v
ezes,
querel as internas.
Adaptado de Jean Delumeau, As Grandes Religiões do Mundo
O Anglicanismo
Contemporaneamente à reforma luterana e calvinista,
aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. Em
1509, Henrique Tudor torna-se, aos 18 anos, rei de Inglaterra com
o
nome de Henrique
VIII. Grande devoto e defensor da fé católica,
mandou queimar, em 1521, os escritos de Lutero e escreveu
contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos ». Por esta
atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé».
Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, mas
apaixonou-
se por uma dama da corte, Ana
Bolena. A relação
amorosa levou-o a rejeitar a esposa e a solicitar, ao papa, a
declaração de nulidade do casamento. O pontífice não lhe
reconhece a nulidade afirmando, assim, a indissolubilidade do
matrimónio. Após vári as ameaças ao papa, Henrique VIII, em
1531, obriga o parlamento inglês a aprovar várias leis que o
tornam chefe da Igreja de Inglaterra, separada do papa.

A Igreja anglicana é a Igreja oficial de Inglaterra e tem, ainda hoje, como
primeiro responsável o rei ou a rainha da Grã-Bretanha, tendo, em questões
religiosas, o arcebispo de Cantuária um papel primordial. No culto, segue de perto
a Igreja católica. É hoje uma federação internacional de Igrejas independentes,
mas
em comunhão.
Ooc..I
No final do século XVI, o mapa religioso da Europa parecia um espelho
quebrado, deformando a imagem da Igreja. No norte, o protestantismo
dominava: o luteranismo conquistou dois terços da Alemanha; o Imperador
Carlos V reconheceu, pelo tratado de Augsburgo, em 1555, a existência oficial
de Igrejas e Estados protestantes no império onde os súbditos deveriam acatar
a religião dos
seus príncipes.
O Catolicismo manteve fortes posições no sul
e no oeste da Alemanha. Os países bálticos e a Escandinávia romperam com
Roma. A Holanda e a Escócia tornaram-se calvinistas. Na França, a par do
catolicismo, uma forte comunidade protestante adaptou o calvinismo. O reino
de Inglaterra identificou-se com a Igreja anglicana. A Irlanda -à excepção do
norte -permaneceu fiel a Roma, assim como a Polónia, a Itália, a Espanha e
Portugal.
Facto relevante para o catolicismo: a Espanha e Portugal -países de
navegadores -foram pioneiros dos descobrimentos e fundadores de
impérios,
nos quais
os soberanos católicos se comprometiam a converter ao
Catolicismo
os povos das terras descobertas.
Adaptado de Pierre Pierrard, História da Igreja
-

CATOLICISMO
'Católico' significa 'universal'.
Comunidade
de crentes que tem
a sua origem em Jesus Cristo e
nos
apóstolos.
Valoriza a Bíblia e a Tradição.
'Ortodoxo' significa 'reta doutrina'.
É o conjunto das
Igrejas cristãs do
oriente separadas de Roma desde
1054.
Valoriza a Bíblia e a Tradição.
PROTESTANTISMO
O nome deriva do protesto em
Spira.
Surge com
Martinho Lutero,
no século
XVI, e desenvolve­
-se com Calvino e outros
reformadores.
A Bíblia é a única
fonte de
acesso
à revelação.
A
salvação provém da fé e das obras. A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém apenas da fé.
O papa, sucessor de S. Pedro,
é o pastor universal e preside
à unidade e à comunhão das
comunidades.
Os padres ou presbíteros e
os bispos são servidores e
mediadores dos crentes.
São
celibatários.
Venera
os santos como
mediadores entre Deus e
as
pessoas, dando particular
importância
à Virgem Maria.
O centro da vida litúrgica é a
missa (eucaristia) e a celebração
dos demais sacramentos.
Reconhece sete sacramentos como
sinais visíveis da
graça divina:
Não reconhece o papa como
pastor universal.
O patriarca de
Constantinopla é
"primeiro entre
iguais".
O clero é mediador entre Deus e
as pessoas. Apenas os bispos e os
monges não podem
casar.
Venera os santos como
mediadores entre Deus e
as
pessoas, dando
particular
importância à Virgem Maria.
O centro do culto é a eucaristia.
Na liturgia há variedade de ritos e
é particularmente característico o
uso de ícones (imagens sagradas).
batismo, eucaristia, confirmação, Reconhece os sete sacramentos.
reconciliação, ordem, matrimónio
e unção dos enfermos.
Não há nenhuma autoridade
máxima;
cada
Igreja é
autónoma.
Não reconhece o papa como
pastor universal.
Os pastores não são
mediadores
entre Deus e as
pessoas. Todos os cristãos são
'sacerdotes'.
Jesus é o único mediador
entre
Deus e as pessoas. Não
veneram
os santos nem a
Virgem Maria.
No culto,
sublinha o valor do
anúncio e a escuta da palavra
de Deus.
Reconhece dois sacramentos:
o batismo e a ceia.

30-313
313
380
476
1054
1378-1417
1453
1517
1531
1541
1545-1563
/
t'-'"' ..... 1
MARCOS HISTÓRICOS DO CRISTIANISMO
Morte e Ressurreição de Jesus.
Pentecostes.
Expansão do Cristianismo através das viagens
missionárias
de
Paulo e outros apóstolos.
Perseguição aos cristãos durante o império romano.
Édito
de
Milão: Constantino decreta o fim das
perseguições.
Decreto
de Teodósio
1: o Cristianismo torna-se a única
religião oficial do império.
Queda
do império romano do ocidente.
O Cristianismo assume um papel relevante na
reorganização dos povos e das nações.
Cisma do oriente: separação das Igrejas católica e
ortodoxa.
Cisma do ocidente: um papa em Roma e outro em
Avinhão.
Queda
do império romano do oriente.
Lutero inicia a Reforma na
Alemanha.
Henrique VIII assume-se como chefe da Igreja
anglicana.
Calvino introduz a Reforma em Genebra
Concílio de Trento: reforma da Igreja católica romana.
que o Cristianismo, uma comunidade de crentes em Cristo, é
uma fé com vários caminhos: catolicismo, ortodoxia e protestantismo.
-
Crucificação
Donatello (1368-14
66
)
[Museu Nacional
de Bargello,
Florença,
Itália)
8. Identifica 3
características
identitárias dos
católicos, ortodoxos
e protestantes.

A Bíblia é a fonte e a norma da fé de todos os cristãos: católicos, ortodoxos
e protestantes. É o testemunho escrito da palavra de Deus a todos os discípulos
de Jesus Cristo.
Sendo livro sagrado, a Bíblia inspira as pessoas e os povos a orientarem-se pelos
seus ensinamentos; inspira a oração pessoal e a oração comunitária; inspira a
arte e a sabedoria popular.
É a Bíblia que nos apresenta a mensagem de Deus e a pessoa de Jesus Cristo.
Os cristãos deixam-se guiar pelos ensinamentos bíblicos em todos os momentos da
sua vida. Com a Bíblia cantam a alegria, pedem perdão pelos erros, entregam-se a
causas nobres a
favor das pessoas, sonham e constroem as suas vidas e a vida
das sociedades. A
Bíblia é um livro para conhecer, para amar, e para viver.
)lntigo
<Testamento
46 Crvros,
escritos antes áo
nascimento áe Jesus.
Contém a fristória
áo encontro e áa afuznça
áe©euscom
0 pow áe I srae[
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<Testa menta
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Organização Interna da Bíblia
A Bíblia é uma coleção de 73 livros, sendo, portanto, uma autêntica
biblioteca. Tanto judeus (só relativamente ao Antigo Testamento), como cristãos
consideram-na Escrituras Sagradas.
Os livros do Antigo Testamento, na tradição judaica, aparecem agrupados
por ordem de importância:
~ LEI OU TORAt l\>f.Nffi1f.UUl);
~ VROfEThS ANTERIORES lLIWOS t\ISTÕRIUlS);
~ PROFETAS rosTf.RIORES lLIWOS PROft.TIUlS);
~ ESVRITOS lLl\JROS SAVIENJIMS).
As edições cristãs da Bíblia nem todas mantêm esta ordem.
Os livros do Novo Testamento aparecem agrupados da mesma maneira em
todas as Bíblias, sejam elas da tradição católica, ortodoxa ou protestante:
~ QUATRO EW\Nhf.Lt\OS, O.UE NARRAM A 'JIDA E A MEtQihEM DE JESUS VRISTO;
~ Ll'JRO OOS ATOS 00$ AVóSTClOS, O.UE NAF-14 O NASvlMENTO E A 'JIDA DA lhRU\, AVóS A
RESSURRE\yAo DE JESUS;
~ TREZE E.P\STClAS ou vARThS QUE SAD PAULO ESVRE\Jf.U ~s W.\ME\RAS UlMUNIDADEs VR\SThS;
~ SE1f. VARTAS VATôL\VAS DE 'JÁR\OS AUTORES D\Rlh\DAS A TOOOS OS VR\STADS;
~ VARTA AOS HE1*EUS;
~ Ll'JRO 00 ArovAl.\VSE, O.UE AW.ESENffi A RE\Jf.LF\yÃO DE DEUS VOMO ES\>f.~ VF\14 A
HUMANIDADE.
-

-
Formação do Antigo Testamento
A Bíblia não foi redigida num curto espaço de tempo. Foi fruto de muitos
anos de vivência e relação entre o povo de Israel e Deus e da fixação dessa
experiência
por escrito. Antes de terem sido escritos, os textos da
Bíblia eram
relatos orais, transmitidos de geração em geração.
Tal como a história do povo de Israel se desenrolou em muitos séculos,
também os livros do Antigo Testamento foram escritos ao longo de mais de
mil anos. Nestes textos alude-se aos acontecimentos que marcaram a vida e a
história do povo
judeu na sua
relação com os outros povos e, especialmente, na
sua relação com Deus.
Foram surgindo da experiência comunitária da
fé e da vontade de transmitir
essa experiência
religiosa às gerações vindouras.
Formação do Novo Testamento
Os vinte e sete livros que constituem o Novo Testamento foram redigidos ao
longo da segunda metade do século 1.
Os primeiros escritos foram as Cartas de S. Paulo, redigidas na década de 50.
Tendo Jesus morrido por volta do ano 30, verificam- se pelo menos vinte anos de
distância entre
os acontecimentos e a sua narração. Foi o período da pregação oral. Antes de ser fixada por escrito, a Boa Nova foi proclamada, escutada e vivida.
Após a morte de Jesus, os apóstolos começaram a anunciar que Jesus havia
ressuscitado e estava vivo, devido ao poder de Deus. A este anúncio fundador
da fé cristã chama- se o kerigma. A consciência
da presença de Jesus no meio deles leva-os
a constituírem-se uma comunidade nova
afastando-
se aos poucos das práticas judaicas . ._"l"J'!'!!'"""'-~-~""""'~~ De Jerusalém rapidamente se difundem pela
9. Qual é a
centralidade do Novo
Testamento?
Samaria, Galileia, Ásia Menor, Grécia, Roma ...
Atraídas por esta mensagem de esperança,
pessoas oriundas de vários povos e culturas
integram as comunidades cristãs. Por ser
necessário dar formação aos novos discípulos
de Cristo, por se tornar urgente a organização
de textos para as celebrações e por estarem
a desaparecer aqueles que contactaram
com
Jesus, a tradição
oral é fixada por escrito:
nasce, assim, o Novo Testamento.

Revelação e Inspiração
Os cristãos acreditam que Deus se deu a conhecer na história do povo de
Israel e, de forma definitiva, na pessoa de Jesus de Nazaré. A este processo de
manifestação de Deus à humanidade chama-se 'revelação'. A Bíblia também
faz parte deste processo, pois é nela que encontramos escrita a história da
relação de Deus com a humanidade, através da história do povo de Israel e dos
acontecimentos
da vida de Jesus e da sua mensagem
salvífica.
Os redatores bíblicos tinham consciência de que
não estavam a escrever uma história qualquer, mas
a história da manifestação
de Deus, o
salvador e
libertador da humanidade.
Uma vez que a Bíblia contém a história da relação
de Deus com a humanidade, os crentes acreditam
que Deus "assistiu" os escritores sagrados no ato de
escreverem a mensagem que ele queria transmitir.
Esta ação de Deus junto dos escritores chama­
se 'inspiração'. Num texto do Novo Testamento
afirma-se
que
«toda a Escritura é inspirada por
Deus» (2 Tim 3,16).
Cânone
O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas comunidades dos crentes.
No
tempo de Jesus, havia dois cânones para a
Bíblia judaica (correspondente ao
Antigo Testamento): o
da
Palestina, que só aceitava como sagrados textos escritos em
hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego.
Os cristãos acei taram o cânone alexandrino. Por isso, hoje, o Antigo
Testamento usado pela Igreja católica não coincide exatamente com a Bíblia
hebraica. Os protestantes adotaram o cânone palestino. Um pequeno conjunto
de livros, os deuterocanónicos, está integrado nas edições católicas da Bíblia,
mas não nas edições das igrejas da reforma.
O cânone do Novo Testamento é aceite por todas as igrejas cristãs.
1 hn C.1\11
que a Bíblia é um conjunto de livros que refletem a experiência
de um povo crente. Os cristãos reconhecem na Bíblia a mensagem de
Deus para a humanidade, e usam-na na oração pessoal e da comunidade.
..
Os textos
deuterocanónicos
são os seguintes:
Tobite, Judite,
Ester,
Sabedoria, Ben
Sira,
Baruc, 1º Livro dos
Macabeus e
2º Livro
dos Macabeus.

..
10. Qual a mensagem
que Jesus transmite
com o lava-pés?
A unidade dos crentes em Cristo
Jesus Cristo apresentou uma proposta de unidade en tre todos os seres
humanos e particularmente entre os que o seguiam e amavam. Antes de morrer
deixou como que uma espécie de testamento. São as palavras de um amigo qu e,
à beira da morte, transmite a sua sabedoria de vida e as suas últimas vontad es.
Antes de celebrar a última ceia teve um gesto que mar ca a ousadia, a bel eza e
o desafio de ser pe
ssoa e ser cristão: o
lava-pés. A este sinal de serviço acrescenta
o seu apelo de amor: «Amai-vos uns aos outros».
Vm mandamento novo
3
Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai
tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,
4
levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a
à cintura.
5
Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura.
34
Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que

vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.
35
Por isto é que todos
conhecerão que sois meus discípulos ·: se vos amardes uns aos outros.»
Jo 13,3-5; 34-35
Lava-pés, Giovani Giuliani (1664 • 1744) [Abadia de Heiligenkenz, Áustria)

O ponto de referência do mandamento do amor é o próprio Jesus («assim como
eu vos amei»). Amar, à maneira de J esus, consiste em acolher, em pôr-se ao serviço
dos outros, em reconhecer-lhes dignidade,
sem
limites nem discriminação
alguma, respeitando absolutamente a liberdade de cada um. Este amor é a
mar
ca distintiva dos
discípulos de Cristo. Na comunidade cristã, na medida em
que é uma comunidade autêntica, não pode haver
espaço para ódio, inveja
ou ciúme.
Por isso os cristãos têm, hoje, a missão de procurar a unidade e o
r
espeito
pelas suas diferen ças.
<Para que sejam um
11
Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou
para ti. Pai s;mto, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um
só, como Nós somos!
2
ºNão rogo só por eles, mas também por aquetes
que hão de crer
em mim, por meio da sua palavra,
21
para que todos
sejam um
só, como Tu,
Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim
eles estejam
em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste.
22
Eu dei-lhes
a glória que
tu lhe deste, de modo que sejam um, como Nós somos
Um.
23
Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade
e assim o
mundo reconheça que Tu
me enviaste e que os amaste a eles
como a mim.
-
11. Qual o significado
e
as
implicações do
Mandamento
do
Amor?

-
12. O que é que Jesus
pede ao Pai?
(
Saber-1-:
Apolo era um
cristão
sábio e intelectual de
Corinto.
Cefas é o nome
de São Pedro em
aramaico.
Depois de t er dado aos
discípulos as suas últimas recomendações, J esus
dirigiu-se ao Pai, em quem depositava
toda a esperança. Nesta oração,
solicita
a presença protetora de Deu s, de modo que os seus discípulos vivam o
manda
mento do amor, mantendo a unidade.
A
relação entre o Pai e Jesus -relação de profundo am or e íntima unidade
-é o modelo da relação entre os elementos das comunidades cristãs. O apelo
de Jesus é que os seus discípulos vivam q uotidianamente a superação dos seus
próprios limites, até construírem relações duradouras de verdadeira amizade
pro
movendo a unidade.
Mas, ao
olharmos para
a nstória da Igreja cristã, verilicamos
que as /irritações da narureza L. ·mana f _ .
fu te 'li.A rvram mais
r s do que o apelo de Cristo íl ""'dade "~-·· , .
( L.. . w• SOn~ Vartas
rrawras. Para que a vontade de !'..;-to
. VI~ se cumpra só há
uma atirude possível procurar restabelecer a unidade
perdda até que o amor vença
todas as barreiras.
Jesus o único alicerce
1
ºPeço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais
I
todos de acordo e que não haja divrsões entre vós; permanecei unidos
num mesmo espírito e num mesmo pensamento.
11
Pois, meus irmãos, fui
informado que
há discórdias entre vós.
12
Refiro-me ao facto de cada um
dizer:
«Eu sou de Paulo», ou «Eu sou de Apolo», ou «Eu sou de Cefas»,
ou «Eu sou de Cristo».
13
~tará , Cristo dividido? Porventura Paulo foi
crucificado
por vós?
Ou fostes batizados em nome de Paulo?
5
Pois, quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio
abraçastes a fé, e cada
um atuou segundo a medi da que o Senhor
lhe
concedeu.
6
Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem qeu o crescimento.
7
Assim, nem -o que planta nem o qu~ rega é alguma coisa, mas só Deus,
que faz crescer- •
11
Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo.
21
Portanto, ninguém se glorie nos homens, pois tudo é vosso:
22
Paulo,
Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro. Tudo é
vosso.
23
Mas vós
soi\de Cristo e Cristo é de Deus.
'
1Cor 1,10-13;3,5-7. 11.21-23

Depois de, na cidade de Corinto, ter anunciado Cristo e de se ter dirigido para
outros locais, Paulo manteve-se em contacto com a comunidade acompanhando
a
sua vida.
Os cristãos coríntios eram fervorosos, mas debatiam-se com todos os
problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente
daquela em que tinha sido anunciada originalmente.
Â.
N
Mapa dos lugares-chave na ação missionária de S.Paulo
O Cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria.
Mas o Cristianismo não é apenas mais uma filosofia de vida ou uma doutrina
que se impõe pelos discursos. O Cristianismo é a adesão a uma pessoa: Jesus
Cristo, o único e verdadeiro mestre. Paulo reage com veemência: é Cristo e só
Cristo a única
fonte de
salvação. Ser batizado não é aderir à doutrina de um
mestre qualquer, mesmo que seja tão ilustre como Paulo; é estar em comunhão
com Cristo. Dizer que
se pertence a
Paulo ou a Pedro é, portanto, deturpar
gravemente a identidade
da fé cristã. Fica bem
claro que o importante não é
quem batizou ou quem anunciou o Evangelho; o ponto de referência absoluto é
Cristo,
do
qual os apóstolos são simples e humanos servidores.
Os coríntios de então e os cristãos de hoje são convidados a não fixar a sua
atenção em mestres humanos, mas a redescobrir Cristo, morto e ressuscitado
para dar a vida a
todos. A comunidade cristã terá de ser uma verdadeira
família
de irmãos, que recebe de Cristo a vida, a unidade e a comunhão.
-
13. O que é que
São Paulo pede à
comunidade de
Corinto?
14. Comenta "Jesus
é o único alicerce".

-
CJ'ocíos unidos em Cristo
1
Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que
procedais de um
modo digno do chamamento que
recebestes;
2
com toda a
humildade e mansidão, com
paciência: suportando-vos uns aos outros no amor,
3
esforçando-vos por manter a unidade do Espírito,
mediante o
vínculo da paz.
4
Há um só Corpo e um só
Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a
uma
só esperànça;
5
um só Senhor, uma só fé, um só
batismo;
6
um só Deus e
Pai .de todos, que reina sobre
todos,
age por todos e permanece em todos.
Ef 4,1-6
Este t
exto, da carta aos Efésios -que
Paulo terá escrito na pnsao, em
Roma, por volta do ano 62 -, é um apelo aos cren tes para que vivam o seu
c
ompromisso com Cristo, promovendo a unidade com os outros membros da
comunidad e.
A mensagem cristã exige que os crentes
vivam unidos.
Ora, há comportamentos e
a
titudes que são condição necessária para
que
essa unidade se torne efe tiva:
-a modéstia e a
humildade, como
caminhos de superação do egoísmo, do
orgulho e da autossufi ciência que afastam
os irmãos.
-a paciência e a tolerância, que permitem
compreender o o utro, com os seus
limites
e falhas, e aceitar as diferentes mane iras
de ser e agir.
-o
amor como suporte das
relações
humanas.
A UNM)f. f UM bOM bf. bf.US, MAS A SUA C,ONS1RUyAo bf.PE.Nbf. bO
C,ON1RIFiUTO f. bO f.SFOP-(jO bf. vAbA UM.

-
S. Paulo compara a comunidade dos cristãos ao corpo
humano: «Há um só corpo e um só espírito». Tal como o
corpo
é formado por muitos membros, todos
eles diversos,
também a comunidade cristã inclui uma diversidade de
membros. No entanto, o corpo
só funciona se todos os
membros colaborarem entre si.
O mesmo acontece na
Igreja: a unidade, a complementaridade de todos os
membros, o respeito e a cooperação entre todos são
atitudes essenciais
à saúde da vida das comunidades.
Os
cristãos formam uma unidade que se baseia na existência
Basílica de São Paulo fora de muros, Roma
de uma única fé, um único batismo -sinal de adesão a essa fé -, um único
Senhor -
Jesus Cristo - e um único Deus, que é Pai de todos e em todos atua.
A
Igreja, querida por Jesus, é uma comunidade de pessoas muito diferentes
em termos de etnias, de cultura, de língua, de condição social e económica,
de maneiras de
ser. Estas diferenças não podem ser interpretadas como algo negativo, promotor de conflito e divisão. São, pelo contrário, fonte de
enriquecimento para a vida comunitária. A diversidade é
um
valor que não
anula a unidade e o amor nas relações interpessoais e nas relações entre as
várias igrejas cristãs.
f URhE.N1E·
C-00\>EP-AR E.M PROJE. TOS E.M F~'JOR OOS OU1ROS
E.UMINAR JUÍlOS, PAL~'JR~S E. A<{ÕE.S HOSTIS
RE.GONHE.GfR OS ERROS HISTÓR\GOS
~lHE.R E. ~ITAR ~S blffRE.N y~S
RE.lAR
,,
--
~PRfN que é vontade de Jesus que todos os cristãos vivam unidos
e
se respeitem.
15.
O que é que
São Paulo pede
à comunidade
de Éfeso?

O termo 'ecumenismo' provém do vocábulo grego oikouménê, que significa
«terra habitada» ou «casa habitada». Para o Cristianis mo o ecumenis mo é o
desejo e o caminho que é preciso percorrer para encontrar a unidade perdida
entre os cristão s.
O ecumenismo é a cons trução de uma família que partilha uma fé comum,
em
Jesus Cristo, e onde todos se sintam harmoniosamente
valorizados e
respeitados.
É um movimento promotor da unidade dos cristãos e da vivência da paz.
É um dinamismo de reconciliação, prom ovido
pelo diálogo entre as diferentes
tradições cris tãs.
Enquanto movimento cristão, o ecumenis mo fundamenta-se na vontade de
Jesus: «que todos sejam um».
Ooc..2
Por «movime nto ecuménico» entendem- se as atividades e iniciativas que são
suscitadas e ordenad as no sentido de favor ecer a unidade dos cristãos. Tais
são: primeir o, todos os esforços para eliminar palavras, juízos e ações que
não
correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais
difíceis
as
relações com eles; depois, o «diálogo» estabelecido entre peritos
competent
es, em que cada
qual explica mais profu ndamente a doutrina da sua
Comunhão e apr esenta com clareza as suas características. Com este diálogo,
todos adquirem um conhecimento m ais verdadeiro e um apreço mais justo da
doutrina e da vida de cada Comunhão. E ntão, estas Comunhões conseguem
também uma mais ampla colaboração em certas obrigações que a consciência
cr
istã exige em vista do bem comum. E onde for
possível, reúnem -se em oração
unânime.
Excerto de Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 4

o ecumenismo é o esforço de entendimento, respeito, diálogo e
reconhe
cimento da dignidade do outro; não é fusão nem
anulação.
É:
b \lOhO G.Uf. f<.f.U)NHf.Ck
f. Rf.S?f. \Th ~ b\'Jf.RS ࡀ昮㬠
~ 'JAL.OR\Z~Ao bf. ruoo
O G.Uf. j~ UNf. ~S \hf<.Ll~S;
'5, W-M~AL.HO U)NJUNTO N~
U)NSTP-UyAo bf. UM MUNOO Mf.L.HOR i
~ VP-IAVAo bf. lA\{)S bf. ~ff. TO
FR~ Tf RNO f.NW-f. ~S lhf<.Ll~S;
~ OR~Ao f.M U)MUM
~ ?~ TIR b~ Mf.SM~ Ff;
~ l?US(;~ SINVf.P.~ bf. v~IN HOS ?~~ vUR~ ~S ff.R\brtS brt Sf.?~~Ao;
~ 'J~~ lf.N.-tf 1Ub0 o G.Uf. tf ~ A$ blff.!<.ENtES ~ \~ Ll<-\$~
Rf.N.-\Z.AM.
A Experiência dos Focolares
O movimento dos focolares foi fundado por Chiara Lubich, em Trento (Itália),
em 1943. Chiara, uma jovem católica com uma vida evangélica totalitária e radical,
encontra no amor de Deus o sentido e o ideal para a sua vida. Esta descoberta foi
uma luz de esperança. Chiara e as suas amigas começaram por dar apoio a quem
mais necessitava: pobre
s, doentes, feridos e crianças. Tratava -se, portanto, de
amar a Deus através
do amor aos irmãos. Este amor fez nascer
nela a convicção
da necessidade de construir a unidade entre as pessoas. Para
Chiara, viver a unidade era viver a presença amorosa de Jesus
Cristo. Este estilo de vida despertou a atenção de muitas pessoas
e, desta vontade de viver o amor e a unidade fraterna entre
todos, nasceu o movimento dos focolares. A necessidade da
comunhão da Palavra de vida entre irmãos de várias igrejas faz
surgir
as cidadelas: pessoas de diversas condições sociai s, faixas
etárias e opções
religiosas testemunham a vida do Evangelho
e
do amor.
Pela sua universalidade e missão, é um movimento
verdadeiramente ecuménico, que muito tem contribuído para
a fraternidade univers al vivendo o desejo de Jesus: "Que todos
sejam um". Promove o diálogo constante entre cristãos de
várias Igrejas e com membros de outras religiões.
-

-
A Comunidade de Santo Egídio
A comunidade católi ca de Santo Egídio cons titui um
testemunho em prol do ecumenismo. Foi fundada em Roma
pelo professor Andrea Riccardi, em 1968. Neste ano viveram­
-se tempos de grandes mudanças na Europa, muitas delas
protagonizadas por jovens empenhados na construção de um
mundo mais justo, pacífico e fraterno.
A comunidade de Santo
Egídio orienta-se por quatro princípi os
nos quais encontra o seu fundamento: ~ OP-A(jAo
O ANÚNVIO 00 f 'JANhELHO
~ Mt.NÇ;Ao ~s roi1<-Es
~ O fvUMfNISMO f O b\ÁLOhO IN1EP--P-fL\h\OSO
Taizé -Primavera da Comunhão
O papa João XXlll, em 1960, acolheu o irmão Roger com estas palavras: « Oh,
Taizé, essa Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católi cos
a um pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade
ecuménica.
A vivência do espírito de unidade ini
cia-se em
1940. No domingo de Páscoa
de 1949, sete jovens protestantes, tocados pelo testemunho de Roger e
depois de uma caminhada de encontro e reflexão, decidem comprometer-
se
para toda a vida numa entrega a Deus: oração, servi ço aos irmãos e
partilha
de um estilo de vida simples e humilde. Em 1960, entram para a comunidade
membros
da
Igreja anglicana; em 1969 entrou o primeiro católico, um jovem
médico. A comunidade não parou de
crescer, contando hoje com irmãos
provenientes de diversos continentes,
nacionalidades e confissões religiosas.
Através da oração, do servi ço, da
partilha, do silêncio e do convívio
fraterno, muitos jovens fazem a
expriência de unidade em
Taizé.
Voltam para suas famílias, escolas e
trabalhos acreditando que a unidade e
a reconciliação são possívei s.

Ooc.1
-Queres, por amor a Cristo, consagrar-te a ele com todo o teu ser?
-Quero.
-Queres realizar, de ora em diante, o serviço de Deus na nossa comunidade,
em comunhão com os teus irmãos?
-Quero.
-Queres renunciar a toda a propriedade e
viver com os teus irmãos, não só na partilha
dos bens materiais, mas também na
partilha dos bens espirituai s, esforçando­
-te por viver a abertura do coração?
-Quero.(
... )
-Quer
es, reconhecendo sempre
Cristo
nos teus irmãos, zelar por eles nos bons
e
nos maus di as, na abundância e na
pobreza, no sofrimento e na alegria?
-Quero. Irmão Roger, Regra de Taizé
O Concílio Vaticano li
Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católico s, o papa João XXlll
convocou o Concílio Vaticano li com o objetivo de r esponder às mudanças e exigên cias
dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O
concílio Vaticano li (1962-65), chamado 'ecuménico' p or causa da sua dimensão
universal, re
fletiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qu al o contributo
dado por cada
Igreja para a div isão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em
ordem à reconciliação e unidade? Esta foi uma das
tarefas do Concílio: identificar
os
obstáculos ao diálogo e à unidade e encontrar caminhos para a reco nstrução da
comunhão entre os cristão
s.
-
16. Qua is as três
principais tarefas do
Concílio Vaticano li
relativamente ao
ecumenismo.

Viver o ecumenismo é trabalhar pela unidade de todos os que reconhecem
Cristo como o fundamento da sua fé. Neste contexto, unidade não significa
uniformidade; não
se trata de
anular as tradições das diferentes confissões
cristãs e
impor aos cristãos de todas as denominações uma única maneira de
viver e
celebrar a fé. Isto não seria ecumenismo, mas uniformismo. A unidade
refere-
se apenas ao
essencial da fé, ao núcleo central do Evangelho de Cristo.
É muito saudável e de grande importância que não nos deixemos levar por
posições extremistas. A recusa tanto do relativismo como do fundamentalismo é
essencial para a construção de sociedades humanistas, que aceitam a existência
da verdade e a possibilidade de
se aceder a esta, mas também consideram que
toda e
qualquer posição é relativa porque se encontra marcada pelos limites do
conhecimento humano. Só assim se torna possível o diálogo, a escuta sincera de
opiniões diferentes da nossa, bem
como a abertura a novas formas de pensar,
desde que
se
revelem melhores aproximações à verdade.
Esta consciência está na base do ecumenismo, que significa a busca da
unidade entre as Igrejas cristãs, procurando a superação das divisões. O diálogo
tem diferentes níveis: começa, em primeiro lugar, dentro das fronteiras da própria
Igreja, alarga- se à relação com as outras Igrejas cristãs e, por fim, dirige-se à
relação com as outras religiões, com a finalidade de criar comunidades humanas
fraternas e cooperantes, para além das diferentes perspetivas e opiniões.
Premissa fundamental para a realização do diálogo é o reconhecimento dos
próprios erros. Sem a aceitação dos erros cometidos por cada Igreja, não é
possível estar aberto ao diálogo com as outras Igrejas. Perdoar e pedir perdão
- a que o papa João Paulo li chamou «purificação da memória» -são duas
atitudes complementares e construtivas.

Ooc..1
Todos, na verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham
por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz
abertamente a vontade de Cristo e é escândalo para o mundo.
Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase
todos,
se bem que de modo diverso, aspiram a uma
Igreja de Deus una e visível, que seja
verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se converta
ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus.
Concílio Vaticano li, Unitatis Redintegratio, 1
oc.
Devemos promover a formação ecuménica sobre aquilo que nos une e o que ainda nos
divide. A ignorância e a indiferença da própria fé e da fé
do próximo são impedimentos
para
um verdadeiro ecumenismo.
O ecumenismo progride graças ao intercâmbio de dons, que não consiste num
empobrecimento, mas que constitui um enriquecimento.
Cardeal Walter Kasper (teólogo católico)
Que se pode esperar do diálogo ecuménico? Permitam-me responder a esta questão
com
toda a confiança, dizendo que não se trata de um diálogo
unilateral, de um diálogo
em
que cada um se empenhe em
falar mais forte do que os seus interlocutores, sem
querer
ouvir os outros. Mas não creio que corramos este risco, pois, a partir do momento
em que duas pessoas começam a
dialogar, sabem já que entre elas há algo em comum.
Roger Mehl (teólogo protestante)
O movimento ecuménico depende menos de estruturas estabelecidas do que de pessoas
inspiradas, cristãos jovens e velhos, ricos e pobres, de todas as denominações e culturas,
que acreditam numa Igreja continuamente renovada na sua fé, unidade, missão e serviço.
Conselho Ecuménico das Igrejas
Doc.2
Reconhecer os desvios do passado serve para despertar as nossas consciências diante
dos compromissos
do presente, abrindo a cada um o caminho da conversão. Perdoemos
e peçamos perdão! Enquanto
louvamos a Deus, não podemos deixar de reconhecer
as infidelidades ao Evangelho. Pedimos perdão pelas divisões que surgiram entre os
cristãos, pelo uso da violência que alguns deles fizeram no serviço à verdade e pelas
atitudes de desconfiança e de hostilidade às vezes assumidas em relação aos seguidores
de outras religiões.
Ao mesmo tempo, enquanto confessamos as nossas culpas, perdoamos as culpas cometidas
pelos outros em relação a nós. No decurso da história, inúmeras vezes os cristãos sofreram
mau
s-tratos, prepotência s, perseguições por causa da sua fé. Assim como as vítimas dessas
injustiças perdoaram, de igual modo perdoamos também nós.
Homilia do «Dia do Perdão» do papa João Paulo li, 12 de março de 2000
-

-
17. Apresenta três
ações concretas
que possas realizar
no dia a dia e que
contribuam para uma
vivência ec
uménica
de
solidariedad e.
Doc..2
Crigãos rezam há mais
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem já um século de
caminho e gerou um movimento ecuménico notável. A colaboração
entre anglicanos, protestantes, ortodoxos e católicos na preparação e na
celebração desta Semana de Oração tornou-se familiar e apresenta-se
como
fruto de uma longa caminhada.
A primeira Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos foi promovida
em 1908, de 18 a 25 de janeiro, pelo americano Paul Wattson, então
sacerdote episcopaliano (anglicano).
É significativo que João
Paulo li tenha convidado, repetidas vezes, à purificação
da memória.
Só se contribui para a unidade da
Igreja, quando se transmite o
amor de
Deus aos outros.
Adaptado de Revista Fátima Missionária, janeiro de
2009
Para melhor se perceber esta questão temos de distinguir três dimensões
essenciais no ecumenismo: em primeiro lugar a do amor, a fraternidade
reencontrada entre os cristãos
das várias confissões; em seguida, a dimensão da
verdade, que diz mais respeito ao diálogo teológico; por último, o ecumenismo
da vida, que consiste em aproximar
as
Igrejas e comunidades eclesiais na sua
vida, percebendo que é mais forte o que nos une do que o que nos divide.
Quanto mais nos aproximarmos de
Jesus
Cristo e da vida no seu Espírito, mais
nos aproximamos entre nós.
É importante estar unidos em causas concretas como a paz ou o acolhimento
do imigrante, o estudo comum da Bíblia, a entreajuda
no campo da paz, da
conservação do ambiente, da justiça.
Não nos podemos fechar
às surpresas de Deus, que manda homens e mulheres
que destroem
os muros ...
Adaptado de http://www.ecclesia. pt/
1 hn C:t..i
que o movimento da unidade dos cristãos e de todos os seres
humanos também depende de
mim: conhecer a minha identidade religiosa
e respeitar a dos
outros.
A escuta, o diálogo, o perdão e a oração são atitudes fundamentais para
a vivência
do ecumenismo.
11
G,Uf TObOS SfJ~M UM"
C.b 11, in

-
O padre
Maximiliano ficou
duas semanas
naquela cela
húmida. No dia 14
de agosto de 1941,
quando abriram o
bunker para retirar
os cadáveres, Maximiliano
-
ainda estava vivo.
Para o matar,
administraram-lhe
uma injeção letal.
Em 1987, o papa
João Paulo li,
também ele polaco,
declarou ao mundo
que o padre
Maximiliano era um
santo.
Na cerimónia
de canonização
participou Franci
sco
Gajowniczek,
aquele
por quem o
padre
Kolbe havia
dado a vida.
-
1. Qual foi o maior
ges
to de liberdade de
Maximiliano Kolbe7
2.
Identifica os
sentimentos que este
gesto de suprema
doação desencadeia
em
ti.
I
Nesta unidade letiva vais YeílehY sobYe a libeYdade,
Ufl1 tefl1a essencial a todo o seY hufl1ano PoY afl1oY da
libeYdade, fl1Uitos fl1oYYeYafl1, f11U1tos soFYeYafl1. f tu sentes,
Cofl1 ceYteza, o seu apelo, sentes necessidade de al~ufl1a
autonofl1ia e não aceitas viveY cofl1pletafl1ente depenaente
dos adultos.
lafl1béfl1
paYa f11ifl1 a libeYdade Foi Ufl1
apelo conh'nuo.
Ah! áafl1o-fl1e Mo.ximilio.no Kolbe. Nasci efl1 Jiqt.1, na Polónia. Aos li anos,
Fascinado pela Fi~uYa de S FYancisco de Assis, toYnei-fl1e FYade FYanciscano.
Fui estudaY paYa 'Rofl1a e, efl1 Jqli, deteYfl1inado a seYViY os outYos, Fui oYdenado
padYe.
ffl1penhei-fl1e na
publicação de liwos e joYnais e paYh paYa o Japão,
cofl1o fl1issionáYio. O fl1eU o~etivo eYa ajudaY as pessoas a descobYiY a ale3Yia
de viveY efl1 pYol dos outYos.
Re3Yessei
à Polónia, fl1as a fl1inha afl1ada pó.tYia tinha sido invadida
pelas
tYopas nazis de HitleY. Denunciei as afl1eaças, os cYifl1es e as i~ustiças e,
poY isso, Fui pYeso e depois levado paYa o teYY(vel Cafl1po de concentYação
de Auschwitz. Neste cafl1po da fl1oYte não éYafl1os tYatados Cofl1o pessoas: a
Fofl1e, o FYio, os tYabalhos FoYçados, as doenças ... eYafl1 a nossa Cofl1panhia
quotidiana.
ffl1 julho de lqt.11, Ufl1 pYisioneiYo conse3uiu escapaY. .. Esta Fu'Ja s1jnlicava
a fl1oYte paYa dez pYisioneiYos. lodos sab(afl1os: poY cada evasão, dez
pessoas seYiafl1 condenadas a fl1oYYeY de Fofl1e e de sede -Ufl1a fl1oYte lenta
e insupoYtó.vel!
Q Cofl1andante do Cafl1po fl1andou YeuniY os pYisioneiYoS e escolheu dez. Üfl1
dos escolhidos ~fitou: Minha pobYe fl1ulheY e fl1e\JS Filhos, que os não tomo a veY!'
Naquele fl1ofl1ento, senti efl1 fl1ifl1 Ufl1a vontade, Ufl1 (fl1peto inteYioY de fl1e
dar; de fl1e entYe'JaY. .. e avancei. O Cofl1andante 3Y1tou:
-fàya! Que queYes, poYco polaco?
-QueYo fl1oYYeY efl1 lu'JaY de um destes -Yespondi.
-PoYquê? -beYYou o comandante.
-Já sou velho e não pYesto paYa nad~ . A minha vida não seYviYó. paYa
'JYande
coisa
... queYo fl1oYYeY poY aquele que tefl1 fl1ulheY e Filhos.
Visivelmel'lte confuso, o comandante 'JYitou Cofl1 voz Youca:
-Quefl1 és tu, poYco polaco? ---
-Um padYe católico -Yespondi.
Fez-se
s11êncio
... paY Fim, o Cofl1andante oYderiou:
-0eja. Vai cofl1 eles.
Co.fl1inhó.fl1os em diYeção ao "Bloco da MoYte. fu eYa o últifl1o. ·Avancei e no
fl1eu coYação levava a ceYteza de teY dado a vida e a ale3Yia a urna pessoa ..
Foi paYa isso que eu nasci!

A liberdade é condição e característica primeira do ser humano, seja a nível
individual, seja a nível social. Sem liberdade, perdida ou nunca alcançada, o ser
humano não
se
realiza inteiram ente como pe ssoa.
Liberdade e livre arbítrio
A liberdade (do latim libertas) é a possibilidade de agir sem submissão a
condicionalismos ou constrangimentos e a ausê ncia de coação externa que obrigue
a
pessoa a agir de determinada maneira. É também a autonomia do ser humano, a
sua independência em
relação às forças da natureza e aos demais seres humanos.
Mas ser
autónomo não significa viver
isolado, abandonado a si mesmo. Faz
parte da natureza humana estabelecer relação com os outros, porque o ser
humano é um
ser
social. Assim, as opções que cada pessoa toma têm de ter em
conta a relação com os outros, como seres igua lmente livres.
A liberdade, dimensão que é exclusiva do ser humano e o distingue dos outros
elementos do reino animal, não é absoluta. Nenhuma pessoa é totalmente
independente nas decisões que toma. Ao vivermos em sociedade, somos
influenciados pelos outros, pelas suas opiniões e maneiras de viver. Para ser
verdadeiramente livre devo ter consciência das decisões que tomo. Às vezes,
por inércia ou influência, não faço as escolh as que deveria fazer. Mas nem por
i
sso deixo de ser
livre.
Podemos não ser totalmente livres de escolher o que nos acontece,
ma
s, sem dúvida, po ssuímos a
liberdade de decidir a forma como vamos
reagir ao que nos acontece. Por consegui nte, a liberdade implica a
autonomia
da pessoa face aos condicionalismos e às circunstâncias.
t .

-
Aquilo a que nos referimos até agora é o livre-arbítrio, a simpl es capacidade
de agir de forma
autónoma, independentemente do facto de agirmos bem
ou
mal. Se fôssemos obrigados a agir de determinada maneira não seríamos
verdadeiramente livres. De facto, quanto menor for o grau de au tonomia de
alguém, menor é a sua liberdade e, portanto, a sua responsabilidade pelos atos
que pratica.
Livre-arbítrio é a faculdade que a p essoa tem de se determinar sem obede'c":r'
a outra regra que não seja a própria vontade. O livre-arbítrio permite escolh er
entre o bem e o mal.
O Determinismo é uma teoria acerca do modo como se processa a relação
entre as causas e os efeitos dos fenómenos que observamos na natureza: todo
o acontecimento (B) tem como causa um acontecimento ant erior (A), ou seja,
B é consequência inevitável de A. O ser humano, enquanto ser livre, escapa a
esta relação de causa-efeito. Ele é capaz de tomar opções sem que nenhuma
causa, independente da sua vontade, o obrigue a tomá-l as.
O bem mainr
Na vida social, o conflito entre liberdades é inevitável. Daí a necessidade de
tomar opções a partir de critérios éticos (a escolha do bem). Por isso, a liberdade
responsável é a tomada de decisão em or dem à realização do bem. Decidir- se pelo
bem implica assumir as deliberações tomadas, bem como as suas consequências.
Para os crentes em Deus, a liberdade é uma dádiva divina que deve ser usada
para a dignificação
do próprio e dos outros que com
ele interagem. Todas as
nossas escolhas devem ter o "carimbo" do Bem.
O "bem maior" é, contudo, a liberdade interior, que não pode ser aprisionada
por nada nem por ninguém, nem por bens materiais, nem por qualquer
~
tVf>. força exterior. O "bem maior" é um bem imaterial e invisível que r eside
A na profundidade do nosso coração e que devemos preservar.
IBEl<OAOE/ Sempre que somos capazes de reconhecer aquilo que não nos
deixa ser livres, encontramo-nos no caminho do "bem maior".
A liberdade orientarJa p;:ira o bem
«Quero ser livre». Esta frase é a expressão de um desejo con tinuamente
repetido e ouvido. Fala-se de liberdade como se esta palavra mágica resolvesse
todos os problemas da humanidade. A história universal é, de certa forma, a
aventura da liberdade: afirmação e procura ou negação e ausência de liberdade.
Povos, grupos e indivíduos lutaram e lutam por fazer da liberdade uma realidade
efetiva que responda aos anseios mais profundos da natureza humana.

A liberdade caracteriza-se pela procura do bem em cada situação da
existência humana. Desde as ações mais simples às mais complexas, em cada
decisão
do dia a dia, a bu sca que nos inquieta é a de reconhecermos
aquilo
que poderá ser melhor para nós e para os outros; quer sejam as pessoas mais
próximas de nós com quem estabelecemos relações de convivência, quer seja
o mundo natural, com o qual nos 'relacionamos' e no qual procuramos deixar
uma marca ecológica. Ainda que o erro e o engano estejam sempre presentes é
a busca e a opção livre pelo bem que dá sentido à existência individual de cada
ser humano, permitindo uma diversidade de projetos, em que cada pessoa
se
revê e
alcança a felicidade. Há diversas formas de bem, e será essa busca que
nos leva à realização.
O ser humano é livre. Não tem simplesmente liberdade: é liberdade. Isto
significa que é um projeto no ato de se realizar, mas sempre inacabado. Esta
grande aspiração é particularmente vivida na adolescência e na juventude. O
adolescente precisa dos adultos, mas também necessita de se construir e de
voar sem a tutela deles. É um projeto de vida em ação, é uma liberdade que se
exprimenta nos diferentes momentos do quotidiano.
Neste processo de construção
da própria vida, surgem condicionamentos,
influências (nem sempre negativas), mas também
dificuldades, impedimentos,
obstáculos.
O Q.Uf l=AZtR?
Ousa arriscar, vence a apatia, sai da rotina que te aprisiona. És liberdade, és
capaz de ser mais, de voar mais alto. És tu e os teus princípios ... não sejas "mais
um"!

.
• •
3. Identifica, a
partir da his tória,
dificuldades à
vivência da liberdade.
4. Relaciona
Liberdade e desejo
de
Ser.
J- iJ~!.J Í8 E:! ?J ~~ Ji fJ Í EI
Era uma vez um camponês que foi à floresta apanhar um pássaro para mantê­
-lo cativo em sua casa. Conseguiu capturar uma águia recém-nascida e, em-
bora fosse a rainha de todos os pássaros, pô-la no galinheiro a comer
milho e ração de galinhas.
Passados cinco anos, este homem recebeu a visita de um natu­
ralista que, ao passar junto do galinheiro, exclamou:
-Aquele pássaro não é uma galinha! É uma águia!
-
De facto -disse o camponês. É uma águia. Mas eu
criei-a como
galinha. Por isso, apesar das asas de quase
três metros,
já não é uma águia. Transformou-se em ga-linha como as outras.
-Não -retorquiu o naturalista. Ela é e será sempre uma
águia.
Tem um coração de águia que a fará voar às
alturas.
-Não, não -insistiu o camponês. Ela transformou-se em galinha e nunca
voará.
Então o naturalista pegou na águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
-
Tu és uma águia, já que pertences ao céu e não à terra, abre as asas e voa
1
Mas a águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. E, ao ver as gali­
nhas no chão a comer grãos, pulou para junto delas.
O camponês comentou:
-
Eu
disse-lhe, ela é uma simples galinha!
-Não -insistiu o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma
águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia ao teto da casa e sussurrou­
-lhe:
-Águia, tu és uma águia! Abre as asas e voa!
Mas a águia
tornou a
pular para o chão.
O camponês sorriu e voltou à carga:
-
Eu
tinha-lhe dito, ela agora é uma galinha!
-Não -respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia e há de voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês pegaram na águia, levaram-na
para fora da cidade, longe das casas, no alto de uma montanha.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
-Tu és uma águia, pertences ao céu e não à terra, abre as tuas asas e voa!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não
voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para
que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do hori­
zonte. Nesse momento, ela abriu as suas potentes asas, grasnou o típico kau­
-kau
das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E
começou a voar, a voar para o
alto, a voar cada vez para
mais alto. Voou ... voou ... até confundir-se com o azul
do firmamento .. .
Adaptado de Leonardo Boff (teólogo contemporâneo),
A águia e a galinha: uma metáfora do condição humana

~nguém é mais escravo do que aquele
que se jJlga livre sem o ser.
Jorann Goethe
Níveis de liberdade
A liberdade é vivida em níveis diferenciados.
a pessoa é livre se puder movimentar- se para
onde entender e
se for capaz disso.
é
livre quem tiver possibilidade e quiser
participar
na organização
política, cultural e
social da comunidade onde vive.
é livre todo aquele que for capaz de manter
a consciência
da sua própria dignidade e de a
usar para criar pensamentos, sentimentos e
emoções, mesmo que a
sua
liberdade material
e social esteja submetida a grandes restrições.
Os reclusos são muito pouco livres no primeiro nível, mas podem sê-lo no
segundo (embora de forma bastante limitada e controlada) e no terceiro níveis.
Alguém que viva sob uma ditadura verá a sua liberdade muito restringida do
ponto de vista da intervenção social, mas poderá ser livre no terceiro nível.
Na verdade, o terceiro nível é aquele que não nos pode ser retirado por
nenhuma entidade externa. É o último reduto da liberdade humana. É aí,
no
interior sagrado da consciência e do sermos pessoas, que reside a nossa
essência humana e a nossa força contra todos os contratempos e contra todas
as opressões e manipulações.
-

Estátua da liberdade,
Nova Iorque
O Desterrado,
Soares
dos Reis (1847-1889)
Expressões/ Impressões de liberdade
O ser humano caminha com a liberdade: liberdade sonhada e liberdade
conquistada. A liberdade permite-nos saborear em plenitude os outros bens; por
isso, desejamo-la e exigimos condições para a sua realização.
Sendo um valor tão fundamental na vida humana, a liberdade é tema de
muitos poemas, filmes, esculturas, pinturas e músicas.
A liberdade, enquanto possibilidade de criação de novos percursos, cativa,
encanta e atrai
... e, por isso, é, muitas vezes, personificada, como é o caso da «Estátua da Liberdade», que se encontra na ilha da Liberdade, em Nova Iorque.
Também «o desterrado» ao representar a angústia do exílio, remete para
a liberdade negada e para as consequências que essa negação tem sobre o
espírito humano.
O 25 de abril, dia da Liberdade, feriado nacional em Portugal, comemora
a «revolução dos cravos». Ficou assim conhecida por ter sido uma revolução
relativamente pacífica, na qual não se usou violência exagerada e pelo facto de
os soldados terem enfeitado com cravos os canos das espingardas.
Este acontecimento pôs termo a um regime totalitário (o chamado Estado
Novo), no qual as liberdades individuais (liberdade de expressão, de associação,
de intervenção política, etc.) não podiam ser plenamente exercidas.
f\.N"lC:t..i
que a pessoa é liberdade e que esta só faz sentido quando
orientada para o bem.

A consciência moral
Consciência (do latim conscíentia, de cum + scientía) signiPica "com conhecimento", "saber
com", "dar-se conta".
Este significado etimológico remete para o conhecimento que o sujeito
tem dos atos que realiza e da restante realidade (dimensão psicológica). Esse
conhecimento existe em função do exercício do pensamento crítico que leva a
pessoa a
distinguir o que está bem do que está
mal (dimensão moral).
A consciência moral permite julgar as situações e decidir, optando
pelo que está bem e rejeitando o que está mal. Julgar, decidir e
atuar implicam liberdade, entendida como possibilidade de
escolha. Consciência e liberdade estão intimamente relacionadas;
sem consciência não há liberdade.
A autonomia e a heteronomia são dois conceitos muito
importantes relacionados com a consciência moral.
De acordo com o significado etimológico (auto+nomia = «a
própria lei»}, a autonomia refere-se às «normas» que estão inscritas
na consciência da pessoa e que são assumidas pela mesma para
orientar a s
ua vida. Por sua vez, a heteronomia (hetero+nomia
=
«a outra lei») diz respei to às normas que são exteriores à
pessoa e que influenciam
as suas ações (o código da estrada,
por
exemplo).

-
1
le ...
Doc.28
«Devo salvaguardar os meus valores ou deixar correr e comportar-me como
todos
os
outros?» Esta é uma pergunta essencial, porque da resposta depende
depois a coragem de escolher certos valores, mesmo que uma pessoa acabe
por se sentir, em parte, isolada ou ridicularizada. Então, compreende-se que a
autonomia é sinónimo de verdadeira liberdade, mas também aparentada com
a atitude de todos aqueles que renunciam a fazer como todos fazem.
Luciano Cian, Nascidos para Voar
O João não toma decisões importantes na s ua vida sem consultar o horóscopo.
Ele acredita que a posição dos astros no céu determina o futuro das pessoas.
Para agir bem, precisa de saber quais as opções que os astros favorecem
naquele momento, para não correr o ri sco de agir contra-corrente, o que
poderia trazer consequências imprevisíveis.
Ultimamente, foi consultar o horóscopo para saber se deve ou não namorar
com a Catarina. Ele gosta mesmo dela e sente que ela também gosta dele.
Nota-se pela maneira como olham um para o outro. Um certo brilho nos
olhos manifesta a afeição mútua. Quando falam, entendem-se muito bem.
Não têm sempre
as mesmas opiniões, mas gostam de ouvir o parecer do
outro e isso
fá-los pensar. A sua simples presença transforma o ambiente
perfumando de felicidade cada gesto.
Mas poderia o João
tomar uma decisão tão importante sem recorrer ao
horóscopo? O seu amigo António disse-lhe que ele era tonto. Como é que era possível
dar mais importância a uma criatura que, a troco de dinheiro, lhe iria dar
informações provenientes dos astros, em
vez de ouvir a voz do coração?
-
Escuta o teu íntimo.
Ouve a voz da tua consciência. Não há melhor
conselheiro -disse-lhe o António.

A opção pelo bem
Distinguir entre o bem e o mal é ousar a aventura radical de ser livre. Há
atitudes que, podendo ser inicialmente livre s, comprometem a liberdade. O
individualismo, o anarquismo e opções fundadas na ausência de informação
não ajudam a estruturar a personalidade.
IlJDIVIDUAUSMO tomada de decisões
sem ter em consideração as suas
consequências sobre a vida dos outros.
Darmo-nos aos outros e defender grandes causas
é viv
er a
liberdade enquanto valor supremo do ser
humano, porque é a afirmação da dignidade e
da
beleza
de si próprio e dos demais. O bem realiza- se em valores
como a
justiça, a solidariedade, a fraternidade ... que são,
sobretudo, critérios a partir dos quais
orientamos a n ossa
existência. São os
valores que m otivam e justificam as
escolhas e as ações: sentimo-nos atraídos por aquilo que
é belo; repugna-nos o que é violento e cruel; seduz-nos o
carinho e a bondade ...
"Os Piro não justiPicam os meios"
Viver a liberdade é ser capaz de rejeitar o mal e procurar o bem. Muitas
vezes, alguns valores assumem-se como primeiros pelas condicionantes
temporais (o valor da paz a ssume-se como fundamental em tempos de guerra).
Para atingirmos um determinado fim ou darmos maior valor a um determinado
objetiv
o, só porque é
algo bom, não nos dá o direito de fazermos tudo para o
atingir. Algo que é bom, só assim permanecerá se trilharmos caminhos de bem
para o alcançar!
Nenhum valor justifica a maldade ou a ausência de bem para com as pessoas!
-

-
A opção pelo bem implica discernimento e juízo crítico.
Construir-se humanamente é
cumprir o dever de ser
pessoa. Não
simplesmente o dever prescrito por normas
e leis, mas o dever inscrito na consciência individual. De
acordo com a mensagem cristã, o ser humano pleno só
acontece no ato de amar, de optar por orientar a vida para
o serviço dos outros.
Os animais não são livres porque agem determinados
pelo instinto; por isso, não lhe é pedida qualquer
responsabilidade pelos seus atos. A criança pequena,
porque quase totalmente dependente, também não é responsável pelas suas
ações. O jovem, em processo de afirmação, começa a descobrir que a liberdade
não é fazer tudo o que se quer, mas orientar as escolhas de acordo com a
consciência, única maneira de construir a própria realização como pessoa.
Apenas
na medida em que se é
livre é que se pode ser responsabilizado pelas
próprias decisões e ações.
Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responwbaidade.
IJctor Hugo
l\hnl'.:t..I
que há diferença entre heteronomia e autonomia e percebo
que para escolher é preciso discernir e fazer uma análise crítica.

Liberdade e manioulação
A comunicação constitui uma das necessidades básicas da vida social. Como
ser sociável, o ser humano evita o isolamento e exprime a sua liberdade pessoal
pelo ato comunicativo. O acesso à palavra, falada e escrita, funcionou como
motor do processo de hominização e marcou o progresso da humanidade
porque possibilitou e estreitou as relações entre povos e culturas.
O ser humano, por outro lado, é manipulável, sujeito à tutela das realidades
em que vive. Isto explica a existência de várias áreas onde a manipulação
exerce o seu poder de atuação. Associada à capacidade de comunicação e
relacionamento do ser humano, a manipulação, com diferentes nomes e de
uma forma mais ou menos consciente, tem acompanhado a humanidade ao
longo do seu percurso histórico.
O que é a rnanpJação?
A manipulação consiste em privar alguém da sua liberdade, usando
estratégias que escondem a verdade, a fim de conduzir a pessoa a assumir uma
opinião ou a adotar um comportamento desejado pelo manipulador. Manipular
é construir no outro uma imagem não verdadei ra do real, com aparência de
autenticidade.
As ações manipulatóri as são
violentas porque privam de liberdade quem
lhes é submetido. Para que funcione, contudo, é necessário que as estratégias
de manipulação estejam mascaradas, de forma a iludir os destinatários. Assim,
a manipulação condiciona a liberdade e a dignidade pessoais porque constrói
uma mensagem baseada
na mentira ou,
pelo menos, na ocultação deliberada
da verdade.

-
A retórica é a mais
antiga disciplina que
se debruça sobre o
uso
da linguagem. É
a arte da eloquência
argumentativa,
tendo
em vista
persuadir o
público
de que uma opinião
é preferível a outra.
Ooc..2
A grande relutância em admitir que a manipulação está de facto presente à
nossa volta resulta de não ser nada fácil uma pessoa confessar que é, ou foi,
manipulada. A primeira
fase de
qualquer manipulação consiste, precisamente,
em convencer o interlocutor de que é livre. Numa escala muito maior, a nossa
sociedade difunde atualmente a ideia de que as pessoas de hoje são livres
(a publicidade serve-se amplamente desta mensagem) apesar de todas as
tentativas de influência que explicitamente as alvejam.
A manipulação é uma forma de
desumanização, pois afeta a dignidade da
pessoa, manobrada como um
objeto nas
mãos do manipulador. Este pode ser uma
pessoa, uma música, uma publicidade,
uma organização ou uma corrente
política.
Uma característica do ato manipulador é a
intenção de criar, nas pessoas manipuladas,
a falsa
convicção de que tomaram decisões
livres, racionais e conscientes.
~icidade e propaganda
Philippe Breton, A Palavra manipulada
A publicidade e a propaganda não usam necessariamente técnicas
manipulatórias. Tanto uma como
outra pretendem influenciar o comportamento
e as
escolhas alheias. Mas para haver manipulação é necessário que se falte à
verdad
e.
Se forem usadas como instrumentos de manipulação, podem provocar
efeitos extremamente negativos
nas consciências e no comportamento das
pessoas. Neste caso são, com certeza, dois obstáculos à liberdade.
No princípio
do
século XX, a retórica, como arte de convencer, adquiriu novos
contornos quando aplicada a técnicas publicitárias. A publicidade nasceu com
objetivos essencialmente comerciais.
As preocupações dos meios industriais voltaram-se não só para a produção, mas também e sobretudo para a venda.
A publicidade tinha como missão dar a conhecer às populações os produtos
e mobilizá-las para adquiri-los. A publicidade é
um dos meios mais requisitados para atingir fins
comerciais e mesmo políticos.
Mais recentemente, evoluiu para formas
extremamente elaboradas e complexas.

Atualmente, domina todos os espaços públicos,
fazendo chegar de forma eficaz a sua mensagem às
grandes massas através dos jornais, da rádio, do cinema,
da televisão, da internet, dos telemóveis. Influenciar
o
maior número
possível de pessoas no sentido de
des
pertar
nelas a necessidade de aquisição de bens e
produtos, estimular o voto num determinado partido
ou pessoa (no campo da política) ou provocar um
comportamento são objetivos da publicidade.
A propaganda, enquanto técnica
manipulatória, serve- se de diversificadas
formas de pressão para
impedir o juízo
crítico dos recetores e
convencê-los a
aderir a determinadas visões
do mundo. Um dos recursos mais utilizados e
conhecidos encontra-se s
obretudo na política, através da organização de grandes
concentrações de massas;
as marchas, as
músicas, as coreografias e as
luzes apelam ao sentimento coletivo de pertença
e obscurecem o uso da inteligência individual.
Doe..
Consoante a sua área de atuação e respetiva intenção, poderemos falar de
diferentes tipos de manipulação:
Em razão do sujeito manipulador: manipulação individu al ou
institu
cionalizada, conforme se trate de um indivíduo ou de uma institui ção
(sociedade, cultura, grupo
social, nação, partido, associação) que procura
manipular a liberdade dos demais;
-
Em razão do sujeito manipulado: manipulação
pessoal, social ou ambiental,
conforme
se procure
controlar a liberdade da pessoa, do grupo social, ou do
meio ambiente em que
se vive;
-
Em razão do modo como se realiza: manipulação mediata ou imediata,
consciente
ou inconsciente, vulgar ou científica
(manipulação genética, por
exemplo);
-
Em razão dos meios empregues para a manipulação: manipulação somática,
psicológica, social ou cultural, conforme os condicionamentos que podem ter
influência sobre a liberdade a partir do corpo (medicamentos, operações,
transplantes, drogas, etc.), a partir do espírito (métodos psicológi cos) ou do
meio sociocultural (educação, meios de comunicação social, grupo, família,
ideologia, utopias, etc.).
Adaptado de http://eumatil.vilabo/.uo/.e om.br/manipulacao.htm
-
5. Indica alguns dos
tipos de manipulação,
tendo em conta:
a) o sujeito
manipulador;
b) o sujei to
manipulado;
c) os meios
empregad
os.

-
6. Atividade de
grupo. Escolhe um
anúncio publicitário
e faz a s ua análise
crítica. Menciona
os mecanismos
u
sados para exercer
influência sobre a
vontade com vista
à
aquisição do produto.
Libertar-se da manipulação
A pessoa não pode ser usada como um objeto.
Pode manipular-se o
telemóvel, a bola ou a esferográfica, mas não
se pode usar as pessoas. Tratar
as pessoas como objetos para atingir determinados fins, através de técnicas
manipulatórias, significa
diminuí-las na sua dignidade.
Quando as fotos
Sem tomar consciência disso,
a liberdade individual pode ser
manipulada,
se a pessoa não se
precaver.
O antídoto para este
mal é o
olhar crítico às mensagens
veiculadas. Duvidar
da veracidade do
que é transmitido pela publicidade
só pode ser
um sinal de inteligência! Doc.3
Desde que existem imagens, elas são manipuladas.
Atualmente esse trabalho é facilitado com o surgimento de software especial.
As máquinas fotográficas também se desenvolveram e hoje oferecem recursos
nunca imaginados antes.
Uma favela dos subúrbios de S. Paulo (Brasil) pode ser facilmente ocultada.
A foto manipulada mostra apenas os bairros da cidade onde não se revelam
os sinais de pobreza extrema. O enquadramento da imagem pode modificar
radicalmente a mensagem. Só a imagem completa, não manipulada, se
aproxima da verdade, pondo em evidência os contrastes sociais.
Adaptado de Christian Raaflaub, in http.//www.swissinfo.ch/por

Ooc.
Todos estamos sujeitos a um duplo condicionamento: externo (proveniente
do ambiente e do grupo, que impõe determinadas condições e coações, regras
e possibilidades) e
interno (proveniente das opções
livres que cada um faz,
das relações com as pessoas de quem se depende de algum modo, do próprio
carácter, etc.).
Os condicionamentos externos são devidos a muitos fatores:
1. De tipo económico - para satisfazer certas necessidades são necessários
recursos: podem-se
ter poucos ou muitos;
2. De tipo
material -toda a pessoa tem necessidade de coisas concretas para
viver: uma
casa, um emprego, assistência
social...;
3. De tipo social -nasce-se e cresce-se num contexto que tem as suas regras,
hábitos, tradições, que podem ser limitativos
da
liberdade de escolha, de ação,
de educação;
4. De tipo
publicitário -muitas maneiras de viver são influenciadas pelos
mass media, pela informação, pela publicidade massificante.
Os condicionamentos internos estão ligados, pelo contrário, à hereditariedade,
ao
tipo de
evolução psicológica, afetiva, espiritual e física de cada um; e ao
grau de liberdade de decisão alcançado nas diversas fases da idade[ ... ].
Adaptado de Luciano Cian, Nascidos para Voar
li "'"' t' li. 11
que estamos expostos constantemente a vários tipos de
influências, pelo que devo redobrar a minha atenção para não ser
vítima
de
manipulações que não desejo e alertar os meus amigos para
se manterem livres.
-

A liberdade já não passa por aqui, Luiz Morgadinho (pintor contemporâneo)
Quando a liberdade se autodestrói
Quando pensamos na palavra liberdade, a primeira ideia que nos ocorre é
«fazer o que nos apetece». Se entendermos a liberdade desta manei ra, ficamos
enredados em problemas! A liberdade converte-se, assim, em libertinagem e
capricho. Pelo contrário, a liberdade está orientada para o bem, o qual nem
s
empre coincide com o que nos apetece fazer.
Quando caímos
nas
malhas do capricho, percorremos um caminho que, mais
cedo ou ma is tarde, levará ao insuce sso, ao fracasso e à desilusão. Várias vezes
usamos o argumento de que somos livres, de que ninguém nos pode d izer o que
devemos fazer, para
justificar a no ssa apatia e desintere sse
pelo trabalho e pelo
estudo. Mas apatia e desinteresse são exatamente o contrário de liberdade criadora!
São muitas as pes
soas que, diariamente,
violam a liberdade
dos
outros, escravizando-os ou instrumentalizando- os.
Algumas
identificam a liberdade com independência em relação a
qualquer responsabilidade e
obrigação (social, famili ar ou escolar) ou até mesmo em relação a critérios e valores éticos.
Seremos tanto mais livres quanto mais nos libertarmos de
tudo o que nos impede de ser mos autenticamente humanos.
Isto implica uma aprendizagem contínua e progressiva.

Dependências
.
que escravizam a pessoa
Doc..3
s drogas
1. O tabaco
Um em cada dois fumadores, que inicie o consumo na adolescência e fume ao
longo da vida, morre devido a uma doença provocada pelo tabaco.
A exposição ao fumo ambiental do tabaco está associada a um aumento do
risco de cancro
do
pulmão, de doenças cardiovasculares e respiratórias nos
não fumadores expostos.
O consumo de tabaco na infância e na adolescência tem consequências
imediatas.
É
lesivo para a maturação e função pulmonares e diminui o
rendimento físico.
2.
O álcool
O álcool aumenta, de forma diretamente proporcional, o risco de acidentes e
de problemas sociais.
O álcool perturba a aptidão do condutor
pelas alterações que causa a nível de
atitudes, comportamentos, reflexos,
aten
ção, raciocínio, capacidade de
recolha de informação e velocidade no
tratamento
da mesma. Estas
alterações
traduzem-se muitas vezes em atitudes
erradas e perigosas,
na euforia da velocidade, nas manobras perigosas
de que
são
exemplo as ultrapassagens
mal calculadas.
As repercussões familiares e sociais são
altamente importantes: conflituosidade
familiar; perturbações laborais
(baixas frequentes, faltas, conflitos, diminuição de rendimento,
sinistralidade
... };
complicações sociais e problemas com a
justiça.
A família do doente alcoólico é uma família doente,
emocional e afetivamente. A rut ura na comunicação surge
rapidamente.
São também muito freque ntes os divórcios e
a
violência doméstica.
Em geral, os efeitos do álcool são extremamente negativos:
mudanças bruscas de comportamento (irritabilidade,
explosividade, desinteresse, etc.}; menor aptidão para o
desempenho
da atividade
profissional; desmotivação para o
trabalho; fadiga mais frequente; negligên cia na higiene pessoal e
no vestuário; esperança de vida diminuída com uma morte prematura.
Adaptado de
Daniel Sampaio et ai, Consumo de Substâncias Psicoativas e Prevenção em Meio Escolar
Fumar
mata
-

Há sempre novas formas de dependência. Hoje, podemos referir a playstation
ou certos programas televisivos ou, mais grave ainda, as bebidas alcoólicas ou
os narcóticos. Sob
os efeitos
delirantes dos estupefacientes ou do álcool, faz-se
aquilo que normalmente não se faria. Na realidade, a sensação de libertação
que se sente é uma ilusão, pois a insatisfação permanece ou aumenta logo
que passa o seu efeito. Não só se volta ao estado anterior com o qual não se
aprendeu a conviver, como a pessoa se afunda cada vez mais num vício que a
sequestra e aprisiona.
Também não é raro que
as pessoas se deixem escravizar
pelas coisas, pelos
objetos que julgavam trazer-lhes liberdade. É o caso de muitos jovens que pensam
encontrar a sua libertação
na moda, na bus ca permanente da
última versão de
um jogo,
do
último computador, mas o que realmente encontram é a frustração.
Acabam
por descobrir,
afinal, que essa liberdade não passa de uma miragem e
rapidamente
se transforma em escravidão. Deixam de ser
eles a comandar as suas
atitudes e opções e passam a ser as coisas a orientar as suas decisões! Quando tal
acontece, as coisas deixam de existir em função das pessoas; são as pessoas que
passam a existir em função
das coisas!
f PP.t:01ÇO t:~ TAR ra.-E.P.1A E. NAv DEIXAR QUE. O uço DA NJÇÇA Ll1?E.P.D~Df.
SE 'JoLTE. VON1RA EL.A PRÓPP.IA A L.l~EP-DADE f UM hRANDE OOM, MAS rons
AUTODf.ÇTP-U\<.-Çf., çf_ NÁO f.ÇT\'Jf.RMOÇ A Tf.NTOÇ E 'Jlh\L.ANTE.S.
Doe..
Partindo de estudos e análises comportamentais, pode concluir-se que existem
várias tipologias de dependência ligadas a diversos fatores:
1. Os dependentes do SMS -têm necessidade contínua de enviar e receber
mensagens de texto;
2.
Os dependentes do novo modelo-são aquel es que compram continuamente
novos modelos de telemóvel;
3. Os «exibicionistas» do telemóvel -dão grande importância à cor e ao design,
para além do preço. Andam sempre com o telemóvel na mão, mostrando aos
outros as funções do seu aparelho;
4. Os «game players» -transformam o telemóvel numa consola. Jogam
muito, com muita frequência e têm dificuldade em abandonar o jogo antes de
alcançarem um novo recorde;
5. Os afetados pelo Síndrome do Telemóvel ligado {STL) têm um
verdadeiro horror
do
telemóvel descarregado ou desligado.
Uma pessoa que sofra de dependência do telemóvel e, por isso,
alimente uma necessidade forçada de comunicação contínua,
deveria
diminuir gradualmente o seu uso: inicialmente poderia
começar p
or
tê-lo desligado durante algumas horas por dia,
depois iria aumentando o número de horas, até poder controlar a
sua ansiedade da espera.
Adaptado de César Guerresc hi, As Novas Depe ndências

roRG.UE. MfR-IMOS AOS C-OMroRTA-ME.NTOS bE. R-ISC-OP
~E.LA ~R-E.ss'Ao Dos hR-uros r
~ ~E.LA DIF\vULbADE. E.M R-E.NUNvl~ AO ~R-AZf R-P
~E.LA AUStNVIA bE. UM ~R-OJE.TO bE. \JlbAP
Há jovens que, na ânsia de serem livres, se lançam numa de senfreada procura
de toda a espécie de prazeres, porque, dizem, «só assim se sentem felizes». A
verdade é
que confundem
felicidade com o simples prazer. Sem menosprezar o
valor do prazer na vida humana, é essencial distinguir felicidade e prazer. Este
corresponde a estados pa
ssageiros de bem-es tar que rapidame nte desaparecem
e, se
aliados a comportamentos de risco, podem conduzir a pessoa a um abismo
sem retorno. A felicidade, pelo contrário, é um estado mais permanente e não
se circunscreve ao imediato.
Experimentamos felicidade quando nos sacrificamos
por alguém que amamos e há um "prazer" nessa
experiência. No momento em que ficamos reféns do
simples prazer, somos menos livres e, por consequência,
menos felizes. A questão é saber se o que dirige o nosso
comportamento livre é a bu sca do prazer imediato ou
algo mais duradouro e con sistente.
-

-
O grave problema social do tráfico de droga
Todos os dias nos chegam notícias de pessoas apanhadas no tráfico de droga,
colocando em risco a sua própria saúde e as relações construídas com as pessoas
à sua volta -familiares e amigos.
Doc.~5
O tráfico de drogas começou a expandir-se a partir da década de 1970, tendo :"
-se desenvolvido devido à crise económica mundial. O narcotráfico acontece
à escala global, desde o cultivo, em vários países, de vários tipos de droga até
ao seu consumo, um pouco por todo o mundo. O valor da droga, no mercado
negro, atinge preços altíssimos.
O tráfico surge da ilegalidade das drogas e a mesma ilegalidade acarreta
importantes consequências sociais: crime, violência, corrupção, marginalidade,
~~::.:;:;:~~~~~ -além de taxas maiores de intoxicação por produtos químicos adulterantes.
o~R ôe<;;man.~\a ~eõ.t
de tt:át\CO ne n~o~a
Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Narcotr%C3%Alfico
A produção e o tráfico de drogas são atos profunda­
mente desumanos, escandalosos e imorais. O tráfico
de drogas atenta contra o bem dos
outros (vai
con­
tribuir para destruir a vida e a dignidade de muitas
pessoas) e contra o
próprio bem (constrói a sua
vida
à custa do
mal dos outros e isso não o pode
deixar ser feliz). A vontade (ou a necessidade)
de organizar a vida económica não pode
ser a qualquer preço. O tráfico e a venda
de drogas ofende a vida e a dignidade
daqueles que (por tantas razões) a vão
consumir. A "liberdade" de vender
não respeita a responsabilidade
que
todos devemos ter por to-
dos.
Há um
explorar e um
aproveitamento da fraqueza,
vício e instabilidade dos
outros
e, por isso, é uma
ação
imoral e, aos olhos
de um crente verda­
deiro, é pecado porque
não respeita o outro,
que
é imagem e
semelhança de
Deus.

Não podemos ignorar que, nas cidades, facilmente se desenvolve o tráfico
de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono
de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime. Ao mesmo
tempo, o que poderia ser um precioso espaço de encontro e solidariedade,
transforma-se muitas
vezes num
lugar de desconfiança mútua. As casas e os
bairros constroem-se mais para isolar e proteger do que para unir e integrar.
A proclamação do Evangelho será uma base para restabelecer a dignidade da
vida humana nestes contextos, porque Jesus quer derramar nas cidades vida
em abundância
(cf. Jo
10,10).
Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 75
Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado,
amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas
nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os "mercadores de
morte" que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga
do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte,
exige
da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando
livre o uso
das drogas que se consegui rá reduzir a difusão e a influência da dependência
química.
É necessário enfrentar os
problemas que estão na raiz do uso das
drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores
que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e
dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos
de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar
solidariedade, afeto e amor.
Papa Francisco
-Rio de Janeiro, 24 de julho de 2013
A minha liberdade manifesta-se no bem que provoco no outro. Se o meu
gesto,
as minhas
escolhas causam no outro injustiça, violência, dependênci a,
vida infeliz ... então não sou livre, não vivo em liberdade. A minha liberdade devo
confrontá-la, na minha consciência, com a responsabilidade e a verdade. Se o
que quero fazer, ou faço, não faz bem ao outro, não é liberdade.
O agir segundo valores fundamentados
A palavra «consciência» é empregue numa
relação direta com o sujeito implicado, reforçando
a ideia
de que este decide e atua segundo um
determinado grau de conhecimento.
-
7. Procura uma
notícia que relate
casos de dependência
e resume o seu
conteúdo.
8. Propõe atitudes,
comportamentos e
formas alternativas
de vida que afastem
os jovens das
dependências, com
vista ao exercício
pleno da sua
liberdade.

-
Duas amigas de longa data conhecer am um rapaz e com ele
desenvolveram uma grande amizade. Com o passar do tempo, uma
delas inicia namoro com ele. O amor pairava no ar e, cegos pela
força da paixão, faltaram a várias aulas para estarem juntos sem
se preocuparem com as consequências do seu comportamento:
as aprendizagens não realizadas, as avaliações negativas, o futuro
profission al comprometido, a tristeza dos pais ...
Também a amiga destes "românticos namorados" desejava faltar
às aulas para ir ter com o seu namorado, ma s, consciente das consequências
das faltas injustificadas, não o fez. Afinal, a sua vida futura estava em boa parte
dependente dos resultados obtidos na escola.
A situação do par de namorados agravou-se de tal maneira que a amiga, numa
conver
sa privada, tomou a iniciativa de os chamar à razão. Perguntou-lhes: Têm
consciência do que estão a fazer?
A pergunta Tens consciência do que estás a fazer? remete para a noção de
responsabi lidade.
Se a pessoa é, de facto, livre torna- se responsável pelos seus
atos.
Esta responsabilidade é assumida
pela consciência moral tanto do indivíduo
como do grupo social em que se está inserido e com o qual se partilham os
mesmos valores.
Somos pessoas morais, isto
é, seres
livres, capazes de distinguir o bem do mal
e de agir em função dessa capa cidade. Somos responsáveis pelas nossas decisões
e pelos nossos comportamentos e atitudes, bem como pelas suas consequências.
A opção religtoSQ aa oa~~na •rw ra a 1AC]a "'!gunOO pnncípos e valores.
O respeito por cada ser humano é fundamental. Permitir que a vida seja
aprisionada e destruída é
ir contra a vontade de Deus que quer a fe licidade de todos.
O caminho que trilhamos não nos diz respeito apenas a nós; tem repercussão
sobre a felicidade dos outros que connosco convivem. Somos responsáveis por nós
próprios, mas também pelos outros. Esta consciên cia deve ser motivo de reflexão
quando decidimos atuar de determinada maneira.
Há pessoas que encontram na
fé e na
religião um sentido para a vida e pautam a sua existência pela prática do
bem. A religião tem a virtude de levar as pessoas a pautar as suas opções de vida
por princípios e valores em favor dos outros. A vivência desses valores espelha-se
no olhar, atenção e ação que cada uma dessas pessoas exerce no relacionamento
diário com os outros. Olhando com atenção, verificamos a felicidade que sentem
e a
paz que transmitem aos outros. São testemunhos de vidas com sentido.
~"'D e.-'
[... que a liberdade, apesar do enorme poder que acarreta,
é algo frágil e que, por isso, deve ser sempre conjugada com valores
fundamentados.

Ressurreição de Jesus, Centro Aletti [Catedral de S. Sebastião, Bratislava, Eslováquia]
O Deus dos cristãos
é um Deus libertador
A palavra 'páscoa' (do hebraico, pessach) significa «passagem». Para os
judeus, a Páscoa é a festa que celebra a passagem da escravidão a que estavam
sujeitos no Egito
à
liberdade conquistada, através da presença de Deus e da
atuação de Moisés. Para os cristãos é a celebração do sofrimento, morte e
ressurreição
de Jesus
Cristo. Do ponto de vista pessoal, é a passagem efetuada
por cada crente rumo a uma vida em liberdade, a uma vida sempre nova.
Passagem do Mar Vermelho,
Nicholas
verdun
(1130· 1205)
Qualquer que seja o seu significado,
'Páscoa' implica sempre a noção de liberdade.
Liberdade negada, na escravidão sociopolítica
dos judeus sob o jugo dos egípcios e na morte
de Jesus; liberdade afirmada e reconquistada,
no êxodo dos israelitas em direção à Terra
Prometida, uma terra de sonho («onde corre
leite e mel», ou seja, onde há todos os bens
em abundância) e na ressurreição de Jesus
pela ação de Deus, que é mais forte do que
a
morte.
O Deus bíblico quer a liberdade e a
vida e recusa a escravidão e a
morte.
Ele
é o Deus da vida e da liberdade e foi para
a vida e para a liberdade que criou o ser
humano.
~
A Páscoa cristã
celebra-se sempre
no primeiro
domingo depois
do plenilúnio {lua
cheia) que ocorrer
imediatamente a
seguir ao equinócio
da primavera (21
de março). Nun
ca
é antes de 22 de
março nem depois
de 25 de
abril.

Moisés e a libertação do Egito,
a Páscoa judaica
.Sabernos que, poY volta do ano lZ.50 a. C, os
hebYeus consejuiYa fl1 saiY do fjito. Que\'
contaY-nos concYetarnente o que se passou?
fessa altul'a já os descendentes de ls't'ael viviarn no E3ito havia quatYo séculos.
Mas, nos ú/tirnos ternpo s, eYarn opYirnidos pelos eipc1os. Foi então que Deus
inteYveio a f avoY do seu povo confiando-rne a rn1ssão de o /ibeYtal' do fjrto.
E corno é que pel'cebeu
que Deus /k confiou
essa rnissão?
Não foi
nada fácil
... Eu nunca tinha
ouvido a
voz de Deus
e confesso
que andei uns ternpos cornpletarnente
bal'alhado sern cornpYeendeY o que
se estava a passa\". Mas pouco a
pouco fui intel'pl'etando
as coisas que
aconteciarn e, a cel'ta altul'a, tol'nou­
-se absolutarnente clal'o que Deus
contava cornijo pal'a /ibel'taY lsYael.

Conte-nos então corno aconteceu
esse pYocesso de libeYto.ção.
Em que é que este
evento foi especial?
-
Fui teY com o f aYo.ó e pedi-lhe que deixasse iY em libeYdo.de
os meus iYrnãos hebYeus. Mas ele, não só não o.tendeu o.o
meu pedido, corno o.indo. obYi3ou o povo o. tYo.bo.lho.Y mo.is.
Depois, suY3iYo.rn urna séYie de co.tá3tYofes no.tuYo.is no E51to,
nas quais to~os YeconheceYo.rn o. f oYço. de Deus o. o.tuo.Y po.Yo.
obYi30Y o f aYaó a deixaY o povo de lsYo.el iY em libeYdo.de.
Em consequência disso, o faYaó deu-nos autoYização po.Yo.
saiYrnos; mas, lº'Jº o. se3uiY, o.YYependeu-se. E nós tivemos
de fu3iY. O exéYc1'f o e5:pcio peYse3uiu-nos po.Yo. nos irnpediY
de sa1Yfl10S daquela teYYa onde éYarnos opYirnidos Deus fez
com que conse3u:ssernos atYavessaY o Mo.Y VeYrnelho o. pé
enxuto e os e5:pcios já não pudevo.rn o.lco.nçav-nos. Este
acontecimento ( o. po.sso.3ern da escvo.vidão à libeYdo.de)
foi de tal f oYrno. rno.Ycan~e no. vida coletivo. que passou o.
sei' celebvo.do anualmente, corno rnernoYio.I da pvesenço.
libevto.doYo. de Deus.
Foi neste contexto que 3UYjiu o. Aliança: Deus escolheu­
-nos paYa sevrnos sino{ no meio de todos os povos, da suo.
f oYça libeYtadova. Esl-abeleceu connosco um pacl-o: ele
o.cornpanhav-nos-io. consl-anl-ernente, com a suo. pYesença
pl'otel-oYa, e nós l-eY:arnos de curnpYiY a suo. vonl-o.de,
expvessa
nos
Dez Mandarnenl-os. Desde enl-ão, l-odos os
anos, no dia )5 do mês de nisson, cornernol'arnos a Páscoa,
Yecovdando
as rnavavilhas que Deus fez em nosso favo\".
.Sim. Onde queY que esl-ejo.rnos, f o.zernos sernpYe
o
sêdeY. O sêdeY é um jo.nl-o.v cheio de vil-uo.is onde são
no.Yvo.dos l-odos os acontecimentos do êxodo e da
instituição da Pás coo.; Yec1to.rnos o. bênção, canto.mos
so./rno3, comerno3 pão ázimo (3ern feYrnento) e eYvo.s
o.rno.Y.1ª"· entY~ outYo.s i5uo.vias, e 1-_e~rninarnos . com o.
fYo.se: tVo pYóx1rno o.no em JeYUsaleni corno o.f1Yrno.ção
da nossa confiança na Yedenção final do povo judeu.
9. Quando é que os
judeus celebram a
festa da
Páscoa?
10. Que aconteceu no
Egito imediatamente
antes
do faraó dar
autorização para o
povo de
Israel sair do
país?
11.Em que consiste o
sêder?

Última Ceia,
Jaume Huguet (1412-1492)
Jesus Cristo
e a Páscoa cristã
Reportagem do enviado especial de
«Quero Descobrir !»
Que pretende Jesus,
ex-ca
rpinteiro de Nazaré?
H
á algum tempo que Israel se agitava
por causa deste homem de cerca de
30
anos que havia deixado a sua carpintaria para
se tomar pregador itinerante. Dizia anunciar
uma boa-nova que vinha de Deus. A sua fama
cresceu ainda mais quando começou a realizar
fenómenos extraordinários.
O grupo dos que o seguiam aumentava
de dia para dia.
De entre eles escolheu doze,
a quem chamou apóstolos. Verifiquei que
seguiam
Jesus para onde quer que fosse,
ouviam a sua pregação, tinham reuniões
especiais com ele e rezav
am em conjunto.
,
Ultimos dias de um
condenado - Je sus
C
omo todos os anos, também neste Jesus
celebrou a Páscoa da libertação com os
seus discípulos. Durante a ceia pascal, pegou
no pão, abençoou-o, partiu-o e deu-o a comer
aos presentes, dizendo que aquele pão era o
seu corpo que ia ser entregue
à morte; depois,
pegou no cálice e abençoou-o, dizendo que
aquele vinho era o seu sangue que havia de ser
derramado para
libertação da humanidade.
Depois da refeição,
dirigiu-e para o Jardim
das Oliveiras onde
foi preso por indicação de
Judas, um dos doze.
Perante o tribunal judaico,
procuraram incriminá-lo, acusando-o de coisas
inimaginávei
s. Acabaram por condená-lo sob
a acusação de ele se ter feito passar por filho
de Deus.
Na manhã seguinte levaram-no à
presença de
Pôncio Pilatos, o governador
romano, pois
só ele podia legalmente ditar
uma sentença de morte.
No tribunal romano,
acusaram-no
de instigar o povo à rebelião
contra o imperador:
dizia ser o rei dos judeus!
O
governador não acreditou que a acusação fosse
verdadeira, mas, perante a
insistência dos chefes
dos judeus, acabou
por ceder. Afinal, Jesus não
tinha qualquer importância para o poderoso
representante do imperador romano.
Calvário, Josefa de
Obidos (1630-1684)
[Santa
Casa
da Misericórdia, Peniche]
Depois de ter sido flagelado, Jesus foi
crucificado -a pior das condenações à
morte -numa colina em frente
da cidade de
Jerusalém.
O seu corpo foi depositado num
túmulo escavado numa rocha. Era sexta-feira.
Passado o sábado -dia de descanso
rigoro
so para os judeus -, no domingo lo go
de manhãzinha, alguns discípulos foram ao
sepulcro e encontraram-no vazio. Ficaram
surpreendidos.
Mas, segundo os seus relatos,
Jesus apareceu-lhes inesperadamente. Afinal,
Jesus tinha vencido a morte e estava vivo.

A comunidade cristã
D
epois de uma certa acalmia, quando parecia que o movi mento
re
ligioso iniciado por J esus tinha m orrido, eis que, du rante
a festa do Pentecost es, assistimos à pregação de alguns apóstolos
do grupo dos doze, sobretudo de
Pedro. Estes homens, que h aviam
abandonado Jesus, e, cheios de medo, se tinham refugiado em lugar
desconhecido, estavam agora a anunciar desassombradamente a
sua ressurreição, desa
fiando a morte! Muitos homens e mulheres
aderiram
à sua fé e aceitaram s er batizados. Da sua mensagem,
salientamos dois aspetos:
-J
esus continua a manter uma amizade mist eriosa, direta e pessoal
com cada um dos que acreditam nele;
- Jesus está presente na com
unidade dos crentes, que fonna um povo sem
fronteiras,
ao qual chamam Igreja.

A Ressurreição de Cristo, Peter Paul Rubens (1577-1640)
[Catedral de Antuérpia, Bélgica]
Acontecime nto que
Libertação do povo judeu Morte e Ressurrei ção de
da escravidão do Egito,
no Jesus, em
Jerus além, por
lhe deu origem
século XIII a.e. volta do ano 30.
Com o tríduo pascal -
conjunto de celebrações
Com o sêder - uma refeição que decorrem ent re quinta-
Como se
ritual em que se narram os - feira santa e o domingo de
acontecimentos do Êxodo e Páscoa e que recordam os
c
omemora hoje
se come pão ázimo e ervas aconteci mentos da vida de
amargas.
Cristo desde a Última Ceia
com os apóstolos até à sua
ressurreição.
No dia 15
do mês de nissan No primeiro domingo a
Quando se
do
calendário judaico (no s eguir à lua cheia, depois do
comem
ora
início da primavera). equinócio da primavera.
Significado
religioso
Passagem da escravidão à Passagem da morte à vida
liberdade. em plenitude.
f\ht>r"t..11
que a Páscoa é a festa da liberdade/libertação e projeta o
cristão para a felicidade e para a esperan ça.
12. Elabora um
postal de Páscoa
para oferecer es aos
teus
pais,
familiares
ou amigos, onde
const
em
elementos
important es da
mensagem da Páscoa
cristã.

O Regresso do Filho Pródigo, John Byam Liston Shaw (1872-1919)
Parábola do pai misericordioso
11
Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos.
12
0 mais novo disse ao pai: 'Pai,
dá-me a parte dos bens que me corresponde.' E o pai repartiu os bens entre os
dois.
13
Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra
longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vic:ja desregrada.
14
Depois
'de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações'.
ªEntão, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o
manlbu para os seus campos guardar porcos.
16
Bem desejava ele encher o estômago
com
as
alfarrobas que os ptrcos comiam, mas ninguém lhas dava.
17
E, caindo em si,
disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em ~undância, e eu aqui a morrer
de fome!
11
Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o
Céu e contra ti;
19
já não sou digno de ser chamado teu filho; trata- me como um dos
teus jornaleiros
.'
20
E, levantando-se, foi ter com o pai.Quando ainda estava longe, o
pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o
de beijos.
21
0 filho disse-lhe: 'Pai, per:iuei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser
chamado
teu
filho.'
22
Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha;
dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
"Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos,
24
porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' E
a
festa principiou.

Nesta parábola há alguns aspetos que exigem conhecimento da cultura
judaica da época para se poderem interpretar corretamente:
-A TERRA DISTANTE para. onde foi o filho mais novo: para. vrn jvdev
aqorrado às tradições reigosa.s. a.s regões fvra. da. Poiestino.. ~ndo -espaço
onde ~ pra.tica.va.m religões pagãs. -era. territ(x"io identifica.do com o pecado
to mal.
-GUARDAR PORCOS não -era. profissão qve vrn jvdev qvisesse +er: para. a.
cvltvra. judaica. o porco t um animal impvro. k)(}'.) não pode fazer porte
da. svo.. -emento; por -essa. razão. guardar porcos w pode ~r vma. (farde
hvniha.ção.
-A POSTURA DO PAI: ao a.vistar o filho qve regressa.va., o pai corre ao
~v tneontr0; -este cornporta.mentv não -era. a.c:titó..vel para. vrn pai
jvdeV; correr t i1d i~ de vrn homem rna.dvro.
A parábola do pai misericordioso, vulgarmente conhecida por parábola do
filho pródigo, tem como tema central a bondade e o amor de Deus que se
estende a todos e que respeita a liberdade humana.
No
tempo de Jesus, os
líderes religiosos afirmavam que Deus amava as
pessoas, mas não de igual modo. Ensinavam que ele preferia os que colocavam
em prática a sua vontade, expressa na Lei de Moisés. Contra esta mentalidade,
Jesus identifica Deus com o Pai da parábola: um Deus escandaloso para os que
se consideram justos e irrepreensíveis, mas fascinante e amoroso para os que
têm consciência das suas fragilidades.
A parábola apresenta-nos três personagens: o pai, o
filho mais novo e o filho mais velho. O pai é a figura central
que conjuga o respeito pelas decisões e pela liberdade
dos filhos com um amor gratuito e sem limites. Este pai
representa
Deus, que ama incondicionalmente as pessoas, qualquer que seja a sua situação e o seu comportamento.
Espera ansiosamente o regresso dos filhos perdidos
mesmo
que usem
mal a sua liberdade, procurando a
felicidade por caminhos errados. Este amor manifesta­
-se
na emoção com que corre ao encontro do
filho que
avista ao longe, com que o abraça e o beija, mesmo
antes de saber
se
ele mudou a sua atitude de orgulho
e de autossuficiência. Manifesta-se, também, na festa
oferecida em
sua honra (reintegração na
família), bem
como
na oferta do fato, do
anel (símbolo da autoridade)
-
Parábola -recurso
literário muito
utilizado por Jesus.
É uma narrativa
fictícia que recorre
a elementos da
vida quotidiana
para representar
a
relação de Deus
com as pessoas ou
das pessoas entre si.
O seu objetivo é a
transmissão de uma
mensagem religiosa
ou ética, com vista
a uma alteração dos
comportamentos.
e
das
sandálias (calçado do homem livre).
O Regresso do F ilho Pródigo
Rembrandt (1606-1660) (HermitageÍ

-
13. Que razão leva o
filho
mais novo a sair
da casa do seu pai?
14.
Identifica as
atitudes do pai em
relação ao filho
mais novo, nos
vários momentos da
narrativa.
15. Especifica
as conceções de
liberdade que o filho
mais novo assumiu ao
longo da narrativa.
16.
Com qual dos
filhos
te identificas?
17. Atualiza a parábola no contexto
social atual.
Cada uma das personagens entende a
liberdade a seu modo. O filho mais velho
considera que a liberdade consiste na
decisão,
quotidianamente renovada, de
estar ao serviço
do Pai. Mas, ao exercer
o seu juízo implacável sobre os
outros,
não respeita a
liberdade alheia e não
aceita
que o Pai o faça.
O filho mais novo
começa por entender a liberdade como
libertinagem: «faço apenas o que me
apetece, o que me dá imediatamente
prazer, sigo o capricho da minha vontade
superficial». Todavia, quando toca o
fundo da miséria humana, percebe que
só se é livre junto do Pai (Deus) e com
os outros (o irmão mais velho), apesar
de não se
sentir digno de assumir a
posição de
filho e irmão.
O Pai representa o respeito pela
liberdade alheia: não exerce sobre
nenhum dos filhos uma autoridade implacável. Mesmo quando observa o
caminho que o filho mais novo percorre, respeita a sua decisão, por mais que
essa atitude o deixe amargurado. Concebe a liberdade como o exercício do
amor, do acolhimento e do perdão sem reservas.
Levo-te pela mão, meu filho triste,
e assim havemos de abrir um sulco perfeito,
no coração desta terra.
No teu coração,
há uma ferida sem fim,
eu sei,
e sei que encontrarás nos desertos do
mundo,
nas cidades do mundo,
os sinais da tua mágoa.
Agora, onde estou,
é sempre tarde.
Vejo-te a
entrar na grande noite dos teus mares,
e acendo,
com a minha
saudade,
uma luz intensa sobre
os recifes.
Doe.~
Não penses que neste alto alpendre não velo o teu sono,
enquanto espero
por ti.
José Agostinho Baptista (poeta contemporâneo),
O Filho Pródi go

Deus: apelo à liberdade e à vida
2
ºQuando éreis escravos do pecado, éreis livres no que toca à
justiça.
21
Afinal, que frutos produzíeis então? Coisas de que agora vos
envergonhais,
porque o
resultado disso era a morte.
22
Mas agora, que
estais libertos do pecado e vos tornastes servos de Deus, produzis frutos
que levam à santificação, e o resultado é a vida eterna.
23
É que o salário do pecado é a morte; ao passo que o dom gratuito
que vem de Deus é a vida eterna, en:i Cristo Jesus, Senhor nosso.
Rom 6,20-23
O cristianismo propõe um caminho de liberdade plena quando afirma que Deus
é garante
de esperança e vida
feliz. O cristão é capaz de fazer escolhas de bem em
vez de
optar
pelo mal porque reconhece que em Jesus Cristo, dom gratuito de si
mesmo, encontra o caminho da liberdade libertadora.
O homem atual está a caminho de um desenvolvimento mais pleno da
personalidade e uma maior descoberta e afirmação dos próprios direitos.
A Igreja sabe muito bem que só Deus pode responder às aspirações mais
profundas do coração humano, que nunca plenamente
se satisfaz com os alimentos terrestres. Com efeito, o homem sempre desejará saber, ao menos
confusamente, qual é o significado
da sua vida, da sua atividade e da sua morte.
Só Deus, que criou o homem à sua imagem e o remiu, dá
plena resposta a estas
perguntas. Aquele que segue Cristo, o homem perfeito, torna- se mais homem.
O Evangelho anuncia e proclama a liberdade dos filhos de Deus; rejeita toda
a espécie de servidão, a qual tem a sua última origem no pecado; respeita
escrupulosamente a dignidade
da consciência e a sua
livre decisão; sem
descanso recorda que todos
os
talentos humanos devem redundar em serviço
de Deus e bem dos homens; e a todos recomenda, finalmente, a caridade.
Por isso, a Igreja, em virtude do Evangelho que lhe foi confiado, proclama os
direitos do homem e reconhece e tem em grande apreço o dinamismo do
nosso tempo, que por toda a parte promove tais direitos.
Cf. Vaticano li, Gaudium et Spes, 41
1 "'"",.. ~ 1
'l que a mensagem cristã tem uma proposta de liberdade e
que
Deus respeita profundamente o ser humano, não interferindo na
sua
liberdade.
-

A dependência e liberdade
na relação com os bens materiais
25
«Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida,
com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vos
so corpo,
com o que haveis de vestir.
Porventura não é a vida mais do que o
alimento, e o corpo mais
do que o vestido?
26
0lhai as aves do céu:
não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai
ce'll!ste alimenta-as. Não valeis vós mais do que el as?
28
Porque vos
..
preocupais com o v estuário? Olhai como crescem os lírios do campo:
não trabalham nem
fiam!
29
Pois Eu vos dig6: Nem Salomão, em toda
a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles.
30
0ra, se Deus
veste assim a erva
do
ca·mpo, que hoje existe e amanhã será lançada
ao fogo, como não fará
muito mais por vós, homens de pouca f é?
31
Não vos preocupe is, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos,
ou que v
estiremos?'
32
0 ·vos so Pai celeste bem sabe que tendes
nece
ssidade de tudo isso.
33
Procurai primeiro o Reino de Deus e
a
sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.
34
Não vos
preocup
eis, portanto, com o dia de amanhã, po is o dia de amanhã já
(
terá as s uas preocupações. Basta a cada dia o seu problema .»
Mt 6,25-26.28-34
"Todo" o ser humano procura ter uma boa vida, um bom
e
mprego, um bom carro ... parece
normal! Jesus neste seu
"discurso" apela a que sejam os livres em relação aos bens
materiais, ou seja, não devem
os amarrar o n osso coração
e a nossa vi
da às coisas materiais. A procura obsessiva de
ter muito e cada vez mais, provoca angústia e ofu sca-nos
perante a alegria da vida.
Se as aves e as flores do campo são
"cuidadas" por Deu s,
então também a nós não nos faltará o necessário (com
esforço
próprio, com a ajuda d os outros, com a presença
amorosa de Deus).
O consumismo e o culto do dinheiro não traz felicidade
porque
tornam o ser humano como máquin as, como
vendedores e consumidor
es e escravos das coisas.

Jesus a presenta a confiança (que não é alienante)
de sermos amados por Deus; e no trabalho, na
partilha e na fraternidade saborearmos a vida
(como
os pássaros) e embelezarmos os outros
(como
os
lírios).
Este texto bíblico é, também, um apelo à
vivência da liberdade. Tenho ben s, uso-os, mas não
me deixo abusar por eles. Os bens que tenho, que
a minha família tem, estão ao serviço de todos,
não somos nós que estamos ao serviço deles.
~ \J\JO E.M FUN(jÃO to FAU.ioof'.. P t O C-OM?UTACOP-G.UE. C-ONTP-OLA OS
ME.US HORÁRIOS E. AS MINMS E.SC-OLMS P
~ G.Uf.P-0 TE.P-o ÚL nMo MODE.Lo DA TE.vNOLOh\AP SE. NÃO o n\JE.P-\J\JO
ANhusnAto E. AZfto C-OM A \JIDAP
O apelo de Jesus vai no senti do de nos libertarmos das preocupações que
conquistam o nosso coração. Quem vive para ser aplaudido só pensa no que
tem de fazer para
agradar aos outros, indepen dentemente da bondade das
decisões que
toma. Quem vive para a
beleza compr omete muitas vezes a saúde
fazendo dietas desequilibradas
e vive uma vida superficial. Ser
escravo da beleza, do dinheiro,
do poder é não ser capaz de
saborear o encontro com
as
outras pessoas, a solida riedade,
o amor, a
fraternidade. Libertos
da prisão que as preocupações
materiais podem constituir,
estaremos
livres para viver o
essencial da vida e procurar a
Felicidade.
23
«Tudo é permitido» mas nem tudo é conveniente. «Tudo
é permitido», mas nem tudo edifica.
24
Ninguém procure o seu
próprio interesse ma~ o dos outros.
1 Cor 10,23-24
-

18. Comenta a frase
de S. Paulo: «Tudo te
é permitido, mas nem
tudo te convém».
A originalidade da proposta de São Paulo
consistiu em aliar à liberdade a responsabilidade.
Todos os seres humanos prezam a liberdade, no
entanto,
para não
diminuí-la ou até destruí-la,
requer-se viver com responsabilidade. Se é
verdade que "a consciência é o sacrário das
pessoas" (GS 16), o grande desafio lançado a
todo o ser humano é saber discernir quais são
os melhores caminhos a percorrer no dia a dia.
É assim que a pessoa se realiza e edifica o mundo à sua volta. Nesta ética cristã
da vivência da liberdade é indispensável o discernimento do que posso e do que
devo, sem antagonismos e sem frustrações.
O preço da liberdade é a obrigação de escolher e, por isso, de assumir
responsabilidades rejeitando toda a dominação e falta de coerência com os
valores em que acreditamos. Valorizando a liberdade São Paulo recomenda
que
se mantenha sempre a sabedoria perante as
escolhas. Ll!7E.RDA-DE.
1 SIM
Rf$t10N$~!71LIDA-DE. 1 ThM!7tM Este pode ser o lema de uma vida feliz e coerente.
Somos diariamente estimulados por um conjunto de
propostas que parecem oferecer a chave
da
felicidade:
«vive em função da tua mesada», «age no sentido de
conseguires
obter sempre mais êxito junto dos rapazes/
/
raparigas», «transforma a beleza física no centro da
tua vida», «comporta-te de tal forma que consigas obter
o maior número possível de aplausos» ... E estes ou
outros valores semelhantes -divulgados por meio de
técnicas nem sempre honestas -tornam-se a grande
prioridade de muitas pessoas.
Este
estilo de vida parece
resultar durante um tempo, mas o resultado é uma
enorme frustração: a beleza não existe para sempre, os aplausos nem sempre
são obtidos, muitas vezes não há condições propícias para se alcançar o êxito
desejado. E mesmo que
tudo isto fosse
possível, a frustração não deixaria de
bater à porta, porque a dependência em relação a estas realidades não dá
tréguas: uma vez preso nas suas malhas, o ser humano quer sempre mais e
mais, num
movimento que não o pacifica consigo mesmo nem com os outros.
1 hn r'..1\11
que a mensagem cristã desafia o ser humano a pôr em
primeiro lugar o que é realmente importante: cada pessoa e o seu bem­
-estar e felicidade.

Doc.'10
É só na liberdade que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje
apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade; e com toda a
razão. Muitas
vezes, porém, fomentam-na dum modo
condenável, como se
ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto
que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem
divina no homem.
Exige, portanto, a dignidade do homem, que
ele proceda
segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja movido e induzido
pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por
mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando­
-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e
procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. E cada um
deve dar conta
da própria vida segundo o bem ou o
mal que tiver praticado.
Cf. Concílio Vaticano li Gaudium et Spes, 17
-

Ser livre e libertar os outros
ºº'·
Um dia, um prisioneiro foi posto em liberdade. Querendo pô-lo à prova,
conduziram-no ao coração
de um imenso deserto cheio de
vales profundos
e montanhas inacessíveis. Apenas algumas fontes, dificilmente visíveis,
ofereciam água refrescante. Nos limites daquela paisagem inóspita, existia
uma cidade onde dava alegria viver.
Os guardas disseram, então, ao prisioneiro:
-
És livre. Podes fazer o que quiseres -e ali o deixaram entregue a si mesmo.
Algumas horas depois, um velho sábio nómada, que tinha atravessado muitas
vezes aquele deserto, encontrou o prisioneiro e disse-lhe:
-
Sabes que, se quiseres saborear a tua liberdade, deves atravessar este deserto?
Para lá do seu termo, hás de encontrar os teus irmãos. - E ofereceu-lhe uma
bússola e
um mapa onde estavam indicadas as fontes onde poderia beber e os obstáculos que teria de ultrapassar.
-
Na base da montanha vermelha poderás juntar-te a um grupo de pessoas
que também viajam para a cidade onde
se pode ser feliz. Boa viagem! -
declarou o velho sábio, retirando-se.
Mas o prisioneiro pensou: "Agora sou livre. Acabou o
tempo da opressão. Este
nómada quer impor-me um caminho, mas eu não aceito ordens de ninguém!"
E atirou fora a bússola e o mapa. Deambulando sem rumo pelas dunas do
deserto, acabou por
se perder sem nunca ter podido alcançar a cidade da
alegria.
Um ano depois, os guardas fizeram o mesmo com outro prisioneiro. Este
encontrou o mesmo nómada e, grato pelo conselho, pela bússola e pelo mapa
que lhe havia de orientar o itinerário, seguiu
as indicações. Depois de ter
percorrido alguns dias de viagem, juntou-se ao grupo de pessoas que perseguia
o mesmo fim. E com eles prosseguiu.
A jornada foi longa e difícil, mas experimentou, no meio
do calor sufocante,
o conforto
das fontes de água fresca. E, sobretudo, sentiu quão mais fácil é o
caminho quando
é feito na companhia dos que partilham o mesmo destino.
Finalmente, numa manhã de sol, temperada por uma brisa refrescante, a cidade
desenhou-
se no horizonte. Depois de um último dia de viagem, chegaram à
cidade da alegria, onde puderam descansar do longo percurso e por fim fruir
da felicidade que o encontro com os outros possibilita.
Adaptado de Pedrosa Ferreira, Razões de viver

Nem sempre é fácil acolher os conselhos dos outros, sobretudo dos adultos.
Vale a pena construirmos as nossas opiniões e tomarmos as nossas decisões,
mas
ouvir outros ajuda-nos a decidir
melhor. Nem todos os conselhos que vêm
dos outros devem ser rejeitados. E outras vezes
és tu que tens de ajudar e
aconselhar outros
...
Ooc..
É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um
dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que
tolere, sem protestar, um mestre. Mas é muito diferente fazê-lo reinar sobre
si próprio. Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que
não
sente nada, que significa a s ua liberdade? Não há liberdade a não ser a
de
«alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe
que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam
possibilidades que
teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não
existir gravidade.
Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma.
Antoine de Saint-Exupéry, Piloto de Guerra
Cada um de nós tem pela frente, ao longo de toda a vida, um grande
desafio: ser livre, mas também libertar os outros das várias opressões a que
estão sujei tos. Somos livres na medida em que não nos deixamos escravizar por
nada, sendo capazes de optar, com responsabilidade, por um projeto de vida
dignificante e com sentido. Seremos
tanto mais
livres quanto mais procurarmos
a liberdade para
os outros.
l)OC.t..11
que ser livre não é fazer o que me apetece porque nem tudo
o que
eu quero é bom para mim.

To: [email protected]
Cc: Todos os alunos de EMRC do Biano
Ice
Subjoa: E para a liberdade que Cristo nos libertou
rrom: [email protected]
Queridos brasileiros,
"~para a liberdade que Cristo nos libertou" (Gal 5,1). Com a sua Paixão,
Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras
da morte e do pecado. Procuremos conscientizar-nos mais e mais da
misericórdia infinita que
Deus usou para connosco e
logo nos pediu para
fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que ma is sofrem:
"Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!".
Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos
tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção
de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-
se, em
trabalhadores explorados,
sem direitos nem voz, etc.
Isso é tráfico humano!
"A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de
facto, quantas
vezes
toleramos que um ser humano seja considerado
como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer
desejos imorais? A pessoa humana não
se deveria vender e comprar como
uma mercadoria. Quem a
usa e explora, mesmo indiretamente, torna­
-se
cúmplice desta prepotência" (Discurso aos novos Embaixadores, 12/
Xll/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa,
quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos
que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamamento para
o dom,
se exploram como se fossem um produto
descartável, que se usa
e se deita fora; ido sos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Sim,
há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode
anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade
aqui na terra
é negada?
Queridos brasileiros, tenhamos a certeza:
eu só ofendo a dignidade
humana
do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De
poder, de fama, de bens materiais ... E isso -pasmem! - a troco da minha
dignidade
de
filho e filha de Deus. A dignidade humana é igual em todo
o ser humano: quando a piso no outro, estou pisando a minha. Foi para
a liberdade que Cristo nos libertou! Faço votos de que os cristãos e as
pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum
homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano!
Vaticano, 25 de fevereiro de 2014. Papa Francisco, mensagem para a Campanha da Fraternidade de 2014 (Brasil)
Só é digno da libe
aquele que se ernpe':de, corno da Uída,
em conquistá-ta

-
-
-
I
Olá!
áanio-nie Bo.elen-Fl,welf. Coni ce~+eza já oúViste PalaY
de niini, atYavés dos jovens escuteiYos que conheces.
Nasci eni LondYes eni
1~51.
DuYante a niinha peYnianência na escola ChaYteYhouse
não levava os estudos tão a séYio conio devia, nias eYa niu1}0 sociável
e bani
conipanheiYo. fàyticipava nos jo'jos e atividades escolaYes coni a ale~:J.Yia natuYal
do. juventude e pYoCUYava diveYl-iY-nie coni os nieus cole'jas. Jo3ava futebol e eYa
~ 'JuaYda-iredes da ~quipa da escol~ . _Gostava niuito de d'esenhaY e de YepYesentaY.
Tnlia unia vocação inata paira a nius1ca.
Quando conipletei ICf anos e teYniinei os estudos Pui paira a Índia cunipir iir o seYviço
niilitaY. Dediquei-nie, de alnia e coiração, à caYireiYa niMair poirque aniava o contacto
peYnianente coni a natuireza e coni outiros pa,'ses e cultuYas. Conio não nie Paltava
c0Ya3eni, apYendi a identlicair e se3uiY pistas coni o o~etivo de exploYair novas
situações
Quando YeCJYessei a ln'JlateYYa, dei-nie conta de que uni /iwo nieu, escirito paira
niMaires
(Ãche3as à txploiração Mil1}ay
-AID.S lo &oullNG), estava a seir usado
nas escolas niascu/inas. Conipireendi que esta podia seir unia opoirtunidade única
paYa qjudair a juventude a ciresceY e então abiracei esse desaPio. Estudei os
niétodos usados eni todas as ép~cas na educação de jovens e dei in;cio ao pir~eto
do escutisnio.
No VeYão de ICfOi convidei ceYca de 20 Yapazes paira Yealizair uni acanipaniento que
teve uni êx1}0 enoYnie. Foi então que coniecei a escYeveY pequenos Pasc;cu/os sobYe
o escutisnio A pairtiY destas iniciativas, o pequeno nioviniento ala'ryou-se ao niundo
inteiYo. Eni l'fl2 Piz unia via3eni à volta do niundo contactando coni os escuteiYos de
ouWos pa;ses, paira PazeY do escuhsnio vnia PYateYnidade fnvndial.
Cairas ani1jos, queira irepehir a3oira a niensa3efl1 qve h"ansfl11h, vezes seni conta, aos
jovens escuteiiros do nieu tenipo:
O est1Jelo elo. no.NYezo. ,,,ostyo.Y-os-4 """ t)l1Jn'40
clt.io ele coisos belos • ,,,o.Yo.'lil~oso.s. q1J•
De1Js fez po.Yo. os pessoo.s seY•,,, felizes. -
A ,,,el~oY ,,,o.neiYo. ele seY,,,os felizes é
pYopoYCionO.Yt)IOS felicielo.ele .ls olJtYO.S peSSoO.S.
PYoCIJYe,,, eleixo.Y este """nelo """ po1Jco mel~oY
elo q1Je esto.o. q1Jo.nelo o encontYoYo.,,,.

A humanidade é parte integrante de um imenso univer so em evolução. O
planeta onde vivemos é apenas um pequeno ponto neste grandioso cosmos;
porém, é, segundo parece, o único sítio habitável.
As palavras l ""' 't e OCAWAR representam realidades distintas. Habitar um
espaço é assumi-lo como seu: um local onde a felicidade é possível e a permanência
desejável. Por isso, é arranjado e decorado de acordo com as necessidades físicas,
emotivas e estéticas
das pessoas que o habitam. É o que fazemos nas nossas casas:
pintamos as paredes, penduramos quadros ou fotografias de que gostamos.
Pelo
contrário, ocupar um espaço é apenas tomar posse dele, torná-lo propriedade
nossa; mas nada disso implica a identificação com o mesmo.
O ser humano habita o planeta terra, sente-o como seu lugar de origem,
sítio onde nasceu e cresceu.
É, de facto, a casa de toda a humanidade. Todavia,
não são apenas
as pessoas que habitam o
planeta: o ar, a água, as plantas, os
animais existem lado a lado com a humanidade. Todos eles estão interligados
e dependem uns dos outros. Não poderíamos sobreviver por muito
tempo com ar envenenado e água contaminada, ou sem animais
e plantas. É no meio desta magnífica diversidade ambiental
que formamos uma verdadeira comunidade, uma grande
família, que vive e habita esta Aldeia Global.
O bem-estar de toda a humanidade depende,
em larga medida, da manutenção de um ambiente
saudável, bem como da biodiversidade.
Proteger a beleza, a diversidade e a vitalidade da terra
é um dever de todas as pessoas.
Ecossistema é o
conjunto de todos
os organismos que
coexistem num
espaço geográfico delimitado, bem
como
as
relações e
interações entre
si
e o seu ambiente.

-
Uma casa colorida
A beleza e diversidade naturais da terra surpreendem e prendem muitos
olhares, cativam muitos ouvidos e desafiam pincéis e esferográficas a registar
momentos e lugares. A natureza ensinou o ser humano a reconhecer, admirar
e respeitar a beleza da vida na sua diversidade. Como resposta nascem artistas
capazes
de comunicar a natureza na sua pureza e
simplicidade, seja pela música,
literatura, pintura, fotografia ...
«As Quatro Estações», de António Vivaldi, uma das obras mais
famosas
da música erudita, foram
publicadas em Amesterdão,
em 1725.
Vivaldi, padre, compositor, maes tro e professor italiano (1678-
-1741), foi um ouvinte e apreciador
da natureza, fonte de
inspiração para a
sua criação artística.
«As Quatro Estações» são
uma imagem musical que provoca em quem a ouve sensações
de proximidade com
aves, água, vento, trovões, chuva, brisa,
insetos, etc.
É uma espécie de sinfonia da natureza, retratando
as mudanças de estação: primavera, verão, outono e inverno.

Doe..
No meu prato que mistura de Natureza!
As minhas irmãs as plantas,
As companheiras das fontes, as santas
A quem ninguém
reza ...
E cortam- nas e vêm à nossa mesa
E nos hotéis os hóspedes ruidosos,
Que chegam com correias tendo mantas Pedem «Salada», descuidosos ... ,
Sem pensar que exigem à Terra-Mãe
A
sua frescura e os seus
filhos primeiros,
As primeiras verdes palavras que ela tem,
As primeiras coisas vivas e irisantes
Que Noé viu
Quando
as águas desceram e o cimo dos montes
Verde e
alagado surgiu
E no ar
por onde a pomba apareceu O arco-íris se esbateu ...
Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa, 1988-1935), O Guardador de Rebanhos
Doe.
r.: •
....
O Grito, pintado em 1893, é uma das obras mais importantes do movimento
expressionista.
Retrata uma figura humana contorcida e sem cabelo, manifestando um estado
de profunda angústia, sofrimento e desespero existencial. O pano de fundo é
a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr do sol.
O grito da personagem central
introduz perturbação na paisagem
de fundo que partilha com ela a
mesma desconfiguração. A paisagem
comunga
da angústia da personagem;
toda a natureza
sensível fica abalada
e desfigurada com o grito. Apenas a
ponte e
as duas personagens do canto
esquerdo estão representadas em linhas direitas.
Alguns críticos sustentam que Munch
pôs neste quadro o desespero
das
pessoas de uma
ilha onde teria
ocorrido um tsunami (representado
pelo rio) e uma erupção vulcânica
(representada pelo céu cor de
laranja).
-
1. Faz uma pesquisa
de obras de arte
s
obre a natureza e
regis
ta os
resultados
segundo os s eguintes
tópicos: nome
da obra; a
utor;
data da execução;
elemento(s)
naturais pre sentes;
observações pe ssoais.

-
Uma dádiva de Deus
A mensagem bíblica apresenta-nos Deus como criador. A terra com todos
os seus elementos vitais, o mar com todo o seu dinamismo e o céu com todos
os seus fenómenos são obra da vontade cr iadora de Deus. De forma mui to
especial, Deus cr ia o ser humano à sua imagem e semelha nça, incumbindo-o da
...
tarefa de a obra da criação. Como obra-
-prima de Deu
s, a pessoa é o cume de toda a natureza criada.
Na perspetiva crist ã, não existe oposição en tre o bem das pessoas e o bem da
terra e do universo. A natureza existe em função da
felicidade do ser humano,
mas tem
também autonomia por ter sido criada por Deus e por
ele amada.
Por isso, o bem-estar e a felicidade das pessoas estão intimamente ligados ao
equilíbrio e à saúde do ambiente natural.
De acordo com a nar rativa do
Génesis, tudo o que foi criado por Deus
é necessariamente bom. Assim, o
ser
humano não deve exercer
violência
sobre a terra, como se fosse o seu
senhor absoluto. Na verdade, todo o
ambiente natural pertence a Deus;
desrespeitá-lo é manifest
ar uma
imensa ingratidão para com o criador.
4
Quando
contemplo os céus, obra das tuas
mão
s, a
lua e as estrelas que Tu criaste:
5
que é o
homem para
te
lembrares dele, o filho do homem
para com ele te preocupares?
6
Quase fizeste dele
um ser divino; de glória e de honra o coroaste.
7
Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos,
tudo submeteste a seus pés.
Salmo 8,4-7
Este poema bíblico exalta a grandeza do ser humano e a preocupação que
Deus tem p
or
ele. Sendo alguém tão digno e tão importante, sendo o topo de
toda a natureza, cabe-lhe a ele cuidar e respeitar todos os seres vivos. O ser
humano
tem a missão de garantir a harmon ia criadora d esejada p or Deus.

Doe..
Acreditando no amor de Deus criador, reconhecemos com gratidão o dom da
criação, o valor e a beleza da natureza. Olhamos, todavia, com apreensão o
facto de
os bens da terra serem desfrutados sem ter em conta o seu
valor
intrínseco, sem consideração pela sua escassez nem preocupação pelas
gerações futuras.
Queremos empenhar-nos juntos
em criar condições sustentáveis de vida para
toda a criação.
Conscientes da nossa responsabilidade perante Deus, temos
de fazer valer e desenvolver critérios comuns para determinar o que é lícito
no plano ético, mesmo que seja realizável sob o ponto de vista científico e
tecnológico. Em todo o caso, a dignidade única de todo o ser humano tem de
ter o primado em relação ao que é tecnicamente realizável.
Conselho das Conferências Episcopais da Europa, Charta Oecumenica, 9
i ll'"l C.11.11
que a beleza e diversidade do mundo são dádiva de Deus
que exigem a relação harmoniosa entre o ser humano e a totalidade da
criação.
-
2. Em grupo,
organiza um álbum
de fotografias com
o tema "Natureza,
dádiva de Deus"
para partilhar.

Carta da Terra aos Inqu1inos
Senhor morador,
lJerlro por este meio nPormá-b de ~ o contrato de arrerdamento que
acordá~ ró vários rrêrores de anos está a cadJcar. Para pxx:eder à
sua reroJaÇOO teró de cumprir as segLintes obigações Ptrdamentoo:
l Reduzir a conta da energia, que é demasiado elevada. Como é que
pode gastar tanto?!
l. ~gociar o uso da água. Antes, eu Pornecia água em abundância; hoje.
já não disponho da mesma quantidade.
3. Cuidar de mim e dstrWr os atimentos por todos. Por que é que algtm comem
em excesso e outros morrem de fome, se o <µntal é tão grande?!
q, Repantar o paneta. fstou a transformar-me rüm deserto por cauw do abate sistemático
das Plorestas.
5. PresErulr t® oo crirds e paiws cb ir0ro p'dm CJR seu Proore ~ ~ e rã> as
ercrntrel ~ <:µ!. cµn:b aT0YJei a casa. 008 exisWm. T CllYbém rã> L4 oo peixes CJR rutrcra ercliam
oo r<a; e oo ~ P~ t®? ~ estoo?
6. UeriPicar as estranhas cores que obscurecem os c~! Já não comigo ver o azli!
f. Resdver a questão da imenro quantidade de objetos estranhos que encontrei nos camnhos:
cartões, ~ pásticos_ f uma situação intolerável!
l=ace a estas exigências, preciso de saber se ainda quer morar no meu espaço. fm caso aPirmativo,
o que pode ~azer para cumprir o contrato?
tJa verdade, gostaria que contiroosse na mnha companM, mas só se aprender a respeitar os
limtes. Aguardo resposta, através de compromsso escrito e atitudes concretas.
Atenciosamente
sua casa, a Terra

O planeta terra - que tem sido generoso, relativamente calmo e benigno
ao longo do percurso histórico da humanidade, proporcionando-lhe um habitat
com excelentes condições naturais para o seu desenvolvimento - tem vindo a
dar sinais preocupantes de mudança. Trata-se de alterações que não acontecem
apenas, nem sobretudo, devido a fatores naturais: são reações de protesto da
natureza em relação aos malefícios que a ação humana tem provocado no meio
ambiente, sobretudo a
partir da
revolução industrial.
"""-'
A expressão «revolução industrial» refere-se às transformações técnicas e
económicas que
se iniciaram em
Inglaterra, na segunda metade de século XVIII,
e que, no decorrer do século XIX, se propagaram pelo resto da Europa e pela
América do Norte. A invenção da máquina a vapor e a sua posterior aplicação
à indústria e aos transportes trouxe benefícios: métodos de produção mais
eficientes, maior quantidade de bens de consumo disponíveis e a melhores
preços. Teve, porém, consequências de impacto negativo nas pessoas e no
meio ambiente: aumento do número de desempregados -uma
vez que as
máquinas passaram a substituir a mão de obra humana -, desflorestação, poluição ambiental, poluição sonora, êxodo rural, crescimento desordenado
das cidades, etc.
Os séculos XIX e XX foram
mais agressivos para o nosso
planeta do que todos os milénios
anteriores. Este é o reverso do
desenvolvimento da civilização
humana, já que foi também nestes
últimos séculos que se registaram
os maiores progressos ao nível
das conquistas tecnológicas e, em
geral, do bem-estar humano.

A ecologia estuda
as relações entre
os seres vivos em
consequência
dos proc essos
de nutrição,
reprodução e outras
funções
biológicas
de cada espécie.
Estuda ainda
as
influências que
sobre
eles exercem
as mudanças de
temperatura, luz,
salinidade e outros
fatores ambientai
s.
Estuda também a
influência
dos seres
vivos sobre o meio
ambi
ente.
A terra: um
planeta eseotado?
O ser humano, com a sua vontade de dominar, degradou e esqueceu toda uma
herança legada pe los antepassados sem se questionar s obre as consequências
que tais atitudes provocari am em si mesmo e nas gerações vindoura
s.
Num mundo
globalizado, em que tudo está interligado, os nossos estilos
de vida e as escolhas que fazemos afetam a vida de outras pessoas e a saúde
do planeta. Estamos num momento crítico da história da terra! O planeta
sente- se ameaçado e apresenta sintomas graves da sua doença. Vivemos uma
crise ecológica que resulta da ação individual e coletiva do ser humano, a qual
interfere no equilí brio global de todo o planeta:
Doe..
O nosso planeta é indivisível.
Na América do N orte respiramos oxigénio produzido na floresta tropical do
Brasil. As chuvas ácidas provenientes das indústrias poluentes do centro-oeste
americano destroem florestas no
Canadá. A radioatividade de um acidente nuclear na Ucrânia compromete a economia e a cultura da Lapónia. A queima
de carvão
na China aquece a Argentina.
Os clorofluorcarbonetos que um
aparelho de ar condicionado liberta, na Europa, contribuem para a ocorrência
de cancro de pele na Nova Zelândia.
Quer queiramos, quer não, nós, humanos, estamos presos aos nossos semelhantes
e
às
plantas e animais do mundo inteiro. As nossas vidas estão interligadas.
Carl Sagan (1934-1996), Biliões e Biliões

Aauecimento global
A terra sofre alterações climáticas periódicas devido a fatores naturais
previsíveis, como variações
na
inclinação do eixo terrestre, na curvatura da sua
órbita em torno do sol e alterações na radiação solar. Estas alterações ocorrem
em intervalos de tempo longos. O aumento da temperatura média global
registada nos dois últimos séculos, com destaque para as últimas décadas, não
tem como causas principais estes fatores naturais, mas sim a atividade humana
nas áreas da indústria e consumo.
Quando
se
fala em aquecimento global significa dizer que o equilíbrio térmico
da terra foi perturbado.
O (),UE. ?ObE. ?P-0\JOvfW. O ~UME.NTO b~ TE.M?E.P-~ TUI<-~ TE.P-P-E.STP-E. P
?Oi<-(),UE. E.ST~ ~ TE.!<-!<-~ ~ 00.UE.VE.P-P
O aquecimento global tem como principal causa a libertação e acumulação
na atmosfera de gases com efeito de estufa: dióxido de carbono, óxido nitroso,
metano e halocarbonos
(CFC-clorofluorcarbonetos, por exemplo). O dióxido de
carbono é
um desses gases, libertado em grandes quantidades
pelas chaminés
das indústrias, pelos escapes dos automóveis e pelos fogos florestais. O efeito
de estufa é um fenómeno natural regulador
da temperatura da terra, mas encontra­
-se desregulado como consequência da acumulação principalmente de dióxido
de carbono.
Atualmente já
há muitos sprays
e sistemas de
refrigeração de
eletrodomésticos
considerados
amigos do
ambiente
por não
conterem
CFC.

-
A atmosfera terrestre, graças à camada de ozono, absorve parte dos raios
ultravioletas, prejudiciais ao desenvolvimento da vida, e impede que a energia
solar chegada à superfície terrestre não se desperdice para o espaço, evitando
bruscos arrefecimentos noturnos. A destruição crescente do ozono pelos gases
poluentes abrem como que um "buraco" na camada superior da atmosfera, o
que possibilita a incidência na superfície terrestre de uma maior quantidade de
raios ultravioletas. O efeito de estufa natural gravemente ampliado e o "buraco"
na camada de ozono tornaram-se problemas com múltiplas consequências:
DE.hao E. SU13-lbA bo NÍ\JEL. Mtb\O bAS hhUAS bo MAR E. C-ONSE.G.UE.N1f.
DE.S1RU\yÃO bo LITORAL C-ONnNE.NTAL, bAS vlbADE.S E. INFRAf.S1RU1URA-S
C-OS1f. IP-AS;
E.xnNÇ;Ao DE. E.SPtv\E.S ~\MA-IS E. \JE.hE.TMS
(OS UP-SOS ro...ARE.S E. f\S Foc.tts, roP-E.XE.MltO, VE.\<Ao O SE.U Hf\13-\ThT bE.S1RUÍtx) );
AL 1f.P-A\'Ao boS PM)P-ÕE.S MlhP-A TÓP-IOS
DE. b\FEP-E.N1f.S E.SPtv\E.S 1f.P-P-E.S1RE.S E. M~ínMAS i
PP-OL.IFEP-A\'Ao DE. E.SPtv\E.S PP-LlUb\0\MS ~ SE.P-HUMANO,
GOMO MOSG. U 1 TOS, FUNhOS, 13-~A ThS, E. Tv;
MMOP-fP-E.G.UtNVIA DE.
1f.MPE.SThDE.S) FUP-AGóE.s) (;\Ll..ONE.S) ONbAS DE. vALOP-) VHU\JAS TOP-P-E.NVIMS MA-IS
PP-OL.ONhAbAS E.M DE.1f.P-MINAbAS P-E.h\ÕE.S bFt 1f.P-P-A E. AUME.NTO DE. PE.P-ÍOboS
DE. Sf.(;A ~ums P-E.h\Õf.S) C-OM AhRA-\JAME.NTO bAS C-ONb\Çllf.s PP-OPÍv\AS A
INVtNb\OS;
~AUMENTO bFt INVIOCNVIA DE. \JhRIAS boE.NÇ;AS: 0~0, MALhRIA ... ;
~ MlhP-AÇ,ÓE.S HUMA-NAS E.M l~hA E.SvALA;
~ AhP-A\JAME.NTO bFt FOME. ~ MUNbo.
..

Ooc..
A temperatura da terra aumentou um pouco, menos de 1 grau Celsius, no
século
XX.
Se a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera duplicar, o
que irá acontecer (ao
ritmo atual de queima de combustíveis fósseis) por finais
do século
XXI, o aumento médio da temperatura será entre 1 e 4 graus C. Isto
significa uma mudança climática mais rápida do que qualquer outra observada
desde a origem
da civilização.
Vão acelerar-se as extinções das espécies. Vão
tornar-se necessárias grandes deslocações de pessoas.
Já se regista uma redução da extensão da camada de gelo do Ártico. Tornaram-se
também evidentes fendas enormes
na camada de
gelo do Antártico. Por toda a
terra verificou-se uma sensível retração dos glaciares de montanha.
Em muitas
partes do mundo estão a ocorrer
situações meteorológicas extremas.
O nível
dos mares continua a subi
r. O aquecimento global aumenta as probabilidades
de termos mau tempo: grandes
secas no interior,
fortes tempest ades e inundações
nas zonas
costeiras, um
tempo muito mais quente nuns
locais e muito mais
frio noutros.
As alterações do clima afetam os animais e os
micróbios portadores de doenças. Suspeita-se
de que os recentes surtos de cólera, malária,
febre amarela e febre
de dengue estão todos
relacionados com mudanças do tempo.
O clima esperado para o próximo século depende
do
ritmo a que lançarmos para a atmosfera gases de estufa. Quanto mais gases
de estufa mais calor. Há previsões de que grandes áreas produtoras de bens
alimentares do mundo irão tornar-se quentes e ressequidas.
Os países pobres
serão
os mais duramente atingidos. No século
XXI, a disparidade global entre
ricos e pobres pode aumentar drasticamente. Milhões de pessoas, com
os
filhos a morrer de fome e com muito pouco a perder, colocarão aos ricos um
problema prático, sério e ético.
À medida que a terra aquece, o
nível do mar sobe. Muitas il
has
povoadas poderão ficar submersas.
Preveem- se também impactos
devastadores para regiões costeiras
ou
junto a grandes cursos de água.
Haverá um imenso problema
novo
de refugiados ambientais.
A longo prazo, poderão seguir­
-se consequências ain da mais
gravosas, incluindo a derrocada do
lençol de gelo do Antártico, a
sua
imersão no mar, uma enorme subida global do nível do mar e a inundação de
quase todas
as cidades costeiras do planeta.
Adaptado de
Carl Sagan (1934-1996), Biliões e Biliões
-
3. Em que medida o
efeito de estufa afeta
o bem-es
tar e saúde
do ser humano?

-
Adaptado de João Lin Yun, Como arrefecer o Planeta
F<;aotamento dos recurso natur;::iis
É, sem dúvida, cada vez mais necessário analisar os problemas ecológicos a partir
de uma
perspetiva é tico-moral, ou seja, a partir de questões como as seguintes:
AS ATITUDES QUE TOMAMOS TEM C-OMO
FINAL.IDADE. OS INTERESSES DE. TODos OU
APENAS OS INTERESSES INDl\JIDUMS P
AS C-ONSEO.UtNVIAS Dos
C-OMPO!<-TFTMENTOS HUMl\NOS
SAo ETivftMENTE AVEITÁ\JEISP
A P-ESPONSAB>IL.IDADE. Paos
OUTROS E Pao AMB>IENTE ESTÁ
NA 13>ASE DA A<:;Ao HUM/\NAP

:i f\Q Ççt
As , com toda a s ua biodiversidade, são grandes
consumidoras de dióxido de carbono. Fomentar e preservar a florestação
poderia ser parte
da solução para o problema do aquecimento global.
Porém,
parece não ter sido essa a opção das grandes indústrias. Porque prevaleceram
o desenvolvimento económico e o poder que lhe está associado, procedeu­
-se
à desflorestação em larga escala, empobrecendo os solos e eliminando
a possibilidade de diminuir
os níveis de dióxido de carbono presentes na
atmosfera. Relacionadas com a desflorestação temos a degradação e a
erosão do solo, bem como o
descontrolo do ciclo hidrológico e da qualidade
da água.
IXár\o da Maria
!\cordel às 1 ·.~h Tomei ~cl~o. lavel
vestl-me, com
0
~que h1a e saí para
os dentes, agarrei na ~ me leva à escola.
apanhar o autocarro ~q a roveítei para
~o intervalo da manhã. P a comer uma
beber .um sumo no ~d: ra~ Depois. eu e
sandw\ch queol trou. tr1Amos 0 jardineiro que
os meus c egas ªWim da escola. Claro
anda~a ,ª reg~:,J~; ~dos com aquela
que ~camas vuuu->
brincadeira!
. rrüt.o da sopa que com ao
~o gostei . veio ooscar-me à escda
almoço. O me~J p<ll l\.,tes de me deixar em
no ~m das a1.tas. "''
casa. N com ele lavar o carro.
Q.uando chegue ~ estava o meu ~o
a lavar o chão: tlnha entornado leite.
AiJdei-o e depois ~d-lhe que me
emprestasse umas ~olhas para rer
~azer o trabalho de Português. que
gastei 0 bloco que comprei na sema"?nda
passada a ~azer aviões de papel e ª
1
não sei como vou dzer à minha mãe..
. . C c·dadonio e Formação Cívico
Cristina ruz, '
i\_ (,.
A é um recurso natural pre cioso e necessário à vida. Uma das
consequências graves da crise ambiental é a crescente escassez de água doce
e potável
em vários pontos geográficos da terra. Em vez de se comportar como
consumidor responsável, o ser humano
tem sido um forte explorador deste
recurso natural.
Por causa das diferentes atividades que exerce, esgota os
reservatórios aquíferos que dificilmente poderão ser repostos.
4.
Tal como Maria,
relata um dia da tua
ro
tina em que sejam
evidenciad
as ações
consumidoras d
os
recursos naturais.

IH:I
5. Dos vários
problemas ambientais
e ecológicos, quais
os que mais te
preocupam?
6. Quais os que mais
afetam as pessoas e o
meio em que vives?
7. O que poderá ser
melhorado em favor
da saúde do planeta?
A água tem sido utilizada não só para o consumo doméstico crescente (em
que se verifica grande desperdício), mas principalmente para a agricultura e
indústria, setores
em que são gastas avultadas quantidades de água. A construção
de barragens e canais
tem, por sua vez, afetado uma parte dos maiores rios do
mundo.
Estas intervenções humanas deixam marcas no ciclo
hidrológico. De facto, a
água arrasta consigo testemunhos de destruição humana, sob a forma de esgotos
domésticos, poluição industrial e resíduos de fertilizantes e pesticidas. E quanto
maior for o caudal de água poluída, menor é a quantidade de água disponível
para consumo. Outras consequências da poluição da água são, por exemplo, o
aparecimento de doenças
várias e a extinção de muitas espécies fluviais.
A
bE.SE.R TIF\vAÇ;Ao é a consequência mais drástica que resulta, não só do abate
massivo e
continuado de árvores e dos incê ndios, mas também da agricultura
e pecuária intensiva
s, da crescente urbanização e da poluição provocada pelo
ser
humano. A desertificação arrasta consigo a destruição de ecossistemas, a
diminuição e extinção de espécies, o empobrecimento das populações ... e o
agravamento das condições propícias ao
aquecimento
global do planeta.
O dia 17 de junho foi escolhido para comemorar o Dia Mundial de Combat'e1-'
Desertificação e à Seca. Crê-se que o fenómeno da desertificação afeta cerca
de
1/3 da superfície terrestre e mais de mil milhões de pessoas.

Razões de comportamentos destrutivo
Se, por um lado, o ser humano é vítima da degradação ambiental, por outro, é
também o s
eu maior causador. Que razões poderão sustentar comportamentos
destrutivos? Não é
possível enumerar todas e ainda mais complexo seria
especificar a
razão de cada comportamento humano. Podemos, no entanto,
apontar
as seguintes razões que sustentam muitas atitudes adversas ao bem­
-es
tar
ecológico e ambiental:
~ O f.hOÍSMO> f.N:J.UANTO
SOB>R.EPOS\yAo bl s~nSFf\YAo
Pf.SSON-. ~ B>E.M-f.STrtR G0LE.n\Jo;
'! O bE.Sf.N\JOL \JIME.NTO DIP-f.v\ONhOO
P~ O LUvP-0 E. NAo PrtRh
O B>E.M C-OMUM i
'! h \JONThbE. bE. OB> TER-C-OND\yOf.S
bE. B>f.M-f.STrtR NO IME.bl~ TO E.
Sf.M PP-f.\Jf.NIP-~s C-ONSf.G.UtNvlhS
Nf.hhn\J~S ~ MfD\O OU LONhO PP-~Z-0 ;
~ h SUB>GP-D\Nf\YAo bl roLínv~ ~ f.C-ONOM\h E. ~ LUvP-0.
A preservação da natur eza e do ambiente em que o ser humano vive tem
de
passar a estar na ordem do dia, como
finalidade central da ação humana, se
quisermos construir um futuro promissor. O desenvolvimento da consciência
ecológica, que começa em cada pessoa e se estende a todas as sociedades e
culturas, deve ser um dos propós itos fulcrais da ação humana.
Es
te é o
apelo que a terra lança aos seus
habitantes:
já não é a descoberta do espaço
terres
tre que
possibilita o conhecimento
e a convivência
das
civilizações, mas sim a
descoberta
da dependência e da
fragilidade
humanas perante um mundo conhecido, mas
tão maltratado! É urgente a criação de uma
civilização que integre valores ecológicos e
valores tecnológicos. Sem negar o progresso e
as condições de vida que dele decorrem, urge
afirmar o valor da terra, enquanto casa comum
Paisagem com olivei ras, Van Gogh (1853 -1890) de toda a humanidade.
-

8. Identifica as razões
que poderão
motivar
comportamentos
des
trutivos do nosso
planeta.
Chegou o momento de rejeitar os comportamentos humanos que
condu
ziram o
planeta ao beco em que se encontra: a exploraç ão desenfreada
de
tudo o que, gratuitamente, a terra nos oferece com vi sta ao bem-estar
imediato da humanidade,
sem atender às consequências negativas de
tal
modelo de progresso. ~ Nf.Ck.SSÁRIO USAR A INTalhtNVIA VRIATI\JA
~ARA G.Uf. A \J)A ~AN f.TÁR\A Sf.JA ~P-f.Sf.P.\JAbFT f. P.f.S~f. \TADA. E, em
vez de se pensar exclusivamente nos beneffcios a
curto prazo,
as intervenções humanas devem ser
equacionadas a médio e
longo prazo, prevendo
os efeitos nefastos sobre a natureza e sobre
a humanidade, tanto presente como futura.
A Solidariedade ecológica será o valor
mais adequado para combater os egoísmos
que foram ferindo o nosso ambiente. O
lucro económico, apesar de legítimo, terá
de deixar de ser o objetivo prioritário
das
empres as, cedendo a primazia a objetivos de
natureza
ecológica. Mas isso requer uma enorme
mudança de mentalidade.
alvaguardar a natureza
' __,,,.
Sendo a crise ecológica um problema global, a sua resolução terá de ser
necessariamente planetária. Só a cooperação de todos os países do mundo
poderá trazer soluções duradouras.
Alguns passos já foram dados no sentido da preservação do ambiente, uns
de carácter regional e nacional, outros de âmbito internacional e global.
O aparecimento de movimentos, organizações e partidos defensores do
ambiente e dos valores ecológicos é um sinal evidente de mudança na relação
e interação do ser humano com a natureza. A educação ambiental tem vindo a
ser implementada no sentido de criar nas crianças, adolescentes e jovens uma
consciência ambiental correta.
Em 1997, nasce o Protocolo de Quioto: compromisso internacional mais
ambicioso no que
se refere ao respeito e à preservação do meio ambiente.
Representa um avanço, pois impõe metas
aos países mais
desenvolvidos para
limitar ou reduzir as emissões de gases com efeito estufa.

A União Europeia comprometeu-se a reduzir em 8% as emissões de gases.
Os países signatários deste protocolo desenvolveram ações de cooperação na
gestão das emissões de gases e criaram sistemas de compra e venda de direitos
de produção dos mesmos. Embora possa favorecer quem mais
poder económico
possui, é um compromisso concreto, visando fins
ecológicos.
Estas medidas revelam sentido de responsabilidade e solidariedad e, em
particular para com as gerações futuras. Mas nem todos os países assinaram
este acordo, autoexcluindo-se na partilha destes valores. É o caso dos Estados
Unidos da América, da Índia e da China, países altamente poluidores. Fatores
de ordem económica pesaram sobre a decisão destes países. Mais uma vez
assistimos
à supremacia do interesse económico sobre o interesse
ecológico!
Precisamos de aliar à ecologia a atitude da ecofilia (filia = amor, amizade),
redescobrindo o papel que desempenhamos na natureza.
Doe..
• Aumentar a eficiência dos automóveis para o dobro (gastar metade da
gasolina que atualmente consomem).
• Reduzir para metade o número de quilómetros percorridos por cada carro
(de
15
mil para 7,5 mil quilómetros por ano).
• Reduzir em 25% o consumo de eletricidade doméstica, comercial e
empresarial.
• Substituir centrais de carvão por centrais de gás natural.
• Aumentar 30 vezes a eletricidade atualmente produzida em centrais eólicas
para abandonar as centrais a carvão.
• Parar o abate de florestas.
• Utilizar práticas agrícolas sustentáveis.
João Lin Yun, Como arrefecer o Planeta
9. Comenta
a afirmação
"Precisamos de aliar
à ecologia a atitude
da ecofilia".

-
vUlb~ tos E.<;?AVOS
o.uE. unuz.~s,
bE. \XANbO-OS
Ll~POS.
..
E. \J!T~ O USO bf. iU\>0 O
o.uE. ~oss~ Ll13>E.R.T~
h~SE.S G.UE. w .. o\JOOUE.M
E.FE.ITO bE. E.S'NFA
..
bf.Sl.111~ O C-OMPUT~COR
1
if.L.E. \J\SAo
1 iaE.Mó\JE.L
S ~ L.UZ SE.M~RE. G.UE.
NAD SAo NE.VE.SS~IOS
Doe.
Existe no universo uma ordem que deve ser respeitada; e a pessoa humana,
dotada
da
possibilidade de livre escolha, tem uma grave responsabilidade na
preservação desta ordem, também em função do bem-estar das gerações
futuras. A crise ecológica é um problema moral.
O respeito pela vida e pela dignidade da pessoa hum ana inclui também o
respeito e o cuidado pelo universo criado, que é chamado a unir-se ao ser
humano para glorificar a Deus.
A educação para o respeito pelos animais e, em geral, pela harmonia da criação
tem, além disso, benéfico efeito sobre o ser humano como tal, contribuindo
para desenvolver nele sentimentos de equilíbrio, de moderação e de nobreza
e habituando-o a elevar-se «da grandiosidade e beleza das criaturas à
transcendente beleza e grandeza do seu Autor».
João Paulo li, 12 de março 1982, na Praça de Sta. Maria dos Anjos, em Assis
A ecologia humana estuda as relações entre a espécie humana e os outros
componentes dos ecossistemas.
Tem como objetivo
fundamental conhecer a
forma
como as sociedades humanas concebem, usam e afetam o ambiente, incluindo a maneira como respondem às mudanças ambientais, quer a nível
biológico, quer a nível social ou cultural.
Para além de ser uma ciência, a ecologia humana propõe uma reflexão sobre
os grandes caminhos
que conduzem à
felicidade da pessoa.
A
ssim sendo, é preciso repensar o progresso dentro destes
limites, recusando
os modelos de desenvol vimento que têm sido seguidos até agora, uma vez que
põem
em causa a
sustentabilidade da natureza e o futuro da humanidade.
h~P-fNb\ que é preciso sensibilizar o ser humano para os graves
prejuízos que
as suas ações provocam no
equilíbrio do ambiente vital
onde todos habitamos.

Todas as tradições religiosas exaltam a bondade de
Deus manifestada nas obras da criação e o respeito que
os seres humanos devem à natureza. Com a sua beleza,
diversidade e pureza a natureza reflete a bondade de
Deus. Perante as maravilhas criadas, o crente retribui com
gratidão e louvor. As diferentes tradições religiosas veem
a natureza como um espaço onde
se faz a experiência de
encontro com o divino:
na montanha, no
vale, na floresta,
no mar, no deserto. A natureza é uma dádiva divina que
merece o empenho do ser humano
na sua preservação e
conservação.
O Hinduísmo sugere que tudo, desde as rochas até
ao cosmos, é
casa de Deus, por isso, toda a criação tem
um carácter sagrado.
Uma metáfora para expressar esta
realidadeéaqueconsideratodoomundocomoumafloresta.
Se for gerida numa base renovável, a floresta fornece a
prosperidade dos
seus produtos,
oferece abrigo do
sol quente e das
chuvas torrenciais e é um espaço
privilegiado de contemplação.
Todos os seres humanos são
parte dessa floresta. O corte de
uma árvore,
na perspetiva ética
do Hinduísmo,
implica que se
plantem cinco.

-
O Atharva-Veda
- «conhecimen to
dos sacerdotes
atharvan» -é
um tex
to sagrado
do Hinduí smo. Foi
escrito em sânscrito,
por
volta do ano
1500 a.e..
Doe...
A verdade, a grandeza, a ordem universal, a força, a consagração, o fervor
criador, a exaltação espiritual, o sacrifício, sustentam a terra.
A vasta terra, que
os deuses insones guardam sempre atentamente, nos dará mel precioso.
As tuas montanhas nevadas e as tuas florestas, ó terra, serão bondosas para
nós!
Na terra castanha, negra,
vermelha, multicor, na terra firme, me estabeleci
e não suprimi, nem matei, nem feri.
No teu seio, aceita-nos, ó terra, e em teu umbigo, na força nutriente que
cresceu de teu corpo, purifica-te para nós! A terra é a mãe e eu, o filho da terra.
Os mortais nascidos de ti vivem em ti; tu sustentas tanto os bípedes quanto os
quadrúpedes. Tuas, ó terra, são as cinco raças de homens.
Aquilo, ó terra, que cavo e tiro de ti, rapidamente crescerá de novo. Que eu
não possa,
ó tu que és pura, perfurar o teu ponto
vital, nem o teu coração.
À terra, sobre a qual há alimento e arroz e cevada, sobre a qual vivem estas
cinco
raças de homens, à terra que engorda com a chuva, reverência!
Excerto de Atharva-Veda, 8
O Budismo recomenda a moderação no uso dos recursos
naturai
s: podem reunir- se bens da natureza,
tal como a abelha
recolhe o néctar, mas apenas se se produz ir mel. O Budismo é rico
em metáforas concebidas a partir do ar livre, l embrando que Buda
recebeu a s
ua
iluminação enquanto estava s entado debaixo de
uma
árvore.
Um texto budista (o Avastamsaka Sutra -«Escritura
da Flor Ornamental») fala assim da natureza: «A floresta existe
dependente do solo, o solo permanece sólido porque se apoia
na água, a água depende do vento, o vento pende do espaço;
o
espaço não de pende de nada».
No Judaísmo, sensível aos problemas
ambientai s, o ensinamento dos rabinos
contra os desperdícios e a destruição («não
destruireis») faz parte do mandamento
que recomenda a utilização das próprias
energi
as criativas em imitação do
Criador.
No Islão, muitos versos do Alcorão possuem
aplicação na relação do ser humano com o meio
ambiente.
À humanidade foi dado o usufruto da terra,
mas
sem danos nem desperdício:
«Comei e bebei,
mas
sem exces sos e sem desperdiçar; por certo
Alá
não ama os que excedem os limites» (Alcorão 7, 32).

Ooc..
É Alá quem faz cair, para vós, a água da chuva. Dela tirais a vossa bebida e,
devido a ela, brotam as plantas em que pastais o vosso gado.
Com ela germinam os cereais, a oliveira, a tamareira, as uvas e toda a classe de
frutos. Sem dúvida nisso está um sinal para que o povo reflita.
Deus pôs ao vosso serviço a noite e o dia. O sol, a lua e as estrelas estão
submetidos
à sua ordem.
Sem dúvida, isso são sinais para um povo que faça
uso da razão.
E Ele pôs ao vosso serviço as coisas que para vós criou na terra. Sem dúvida,
isso é um sinal para um povo que tenha cautela.
Alcorão 16, 10-15
Contributo do Cristianismo
no e idada da natureza
O Cristianismo, além dos ensinamentos bíblicos, foi
pródigo, ao longo da história, em homens e mulhe res
Hildegarda num manuscrito medieval
que souberam amar a na­
tureza e, através dela, o seu
Criador. No século XII, a freira
alemã Hildegarda de Bingen
(mística, filósofa, composi­
tora e escritora) deixou-nos
es
te testemunho:
«0 es­
pírito de Deus é vida que concede vida.
Raiz do mundo
das árvores e vento nos seus
galhos. É vida reluzente
atraindo todos os louvores. Toda despe rta. Toda em
re
ssurreição.»

Cântico dos três jovens
Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor:
- a
Ele a glória e o louvor eternamente!
58
Céus,
59
Anjos do Senhor,
62
Sol e lua,
63
Estrelas dos céus,
64
Chuva e orvalho,
65
Todos.os ventos,
66
Fogo e chama,
67
Frio e calor, I
68
0rvalho e geada,
69
Frio e gelo,
70
Gelos e neves,
-,
1
Noites e dias,
72
Luz e trevas,
73
Relâmpagos e nuvens,
74
Que a terra bendiga o Senhor:
75
Montes e çolinas,
76
Tudo o que germina na terra,
77
Mares e rios,
78
Fontes,
79
tudo o que se move nas águas,
sorodas as aves do céu,
81
Todos os animais, selvagens e domésticos,
82
Vós, seres humanos, bendizei o Senho:
-a Ele a glória e o louvor eternamente!
d. OR 3,57-82

Este hino de louvor, que convida repetidamente o crente a bendizer a Deus,
é um apelo a toda a criação para o glorificar; um cântico de agradecimento que
os judeus e os cristãos elevam a Deus por todas as maravilhas do universo.
Como um coro magnífico de barítonos, tenores, contraltos e sopranos, também
mares, montanhas, árvores e céus cantam em uníssono as maravilhas de Deus. É
um cântico inspirador que os homens e as mulheres também cantam sempre que
descobrem o seu verdadeiro lugar na criação e cumprem a vontade de Deus.
A natureza minha irmã
Os problemas ecológicos que afetam a terra e os seres vivos, em geral, e a
vida humana,
em
particular, são sinais de que o princípio do amor, defendido
tão radicalmente por Jesus, não é transformado em princípio orientador da ação
concreta:
amor a Deus que se
revela no amor ao próximo e a todas as criaturas
que habitam a face da terra. O
amor não se circunscreve à relação
entre pessoas; deve manifestar-se
igualmente na relação das pessoas
com a natureza.
São Francisco
de Assis é um
testemunho cristão desta
relação.
Nasceu em Assis em 1181,
morreu a 3 de outubro de 1226 e
foi canonizado (declarado santo)
em 1228. Pela sua relação ímpar
com a natureza, é universalmente
conhecido como o santo protetor
dos animais e do meio ambiente.
Cântico das Criaturas, Maria Ludgera Haberstroh
!Igreja de Nossa Senhora, Frankfurt]
10. Tendo presente as
diferentes perspetivas
religiosas sobre a
criação e a natureza,
identifica três valores cuja prática é
essencial para que o
ser humano viva em
paz com a terra.
11. Faz uma pesquisa
de textos sagrados das
diferentes tradições
religiosas sobre a
relação entre o ser
humano e a criação.
Ilustra esses textos com
fotos
à tua
escolha
e partilha os teus
resultados on-line.

Não é fácil, para as pessoas do nosso tempo, compreender a forma como
Francisco de
Assis entendia a
relação do ser humano com os seres irracionais,
principalmente com as realidades inanimadas. Aprendemos a olhar as coisas como
simples objetos, que se encontram à disposição do nosso projeto utilitarista. A
atitude franciscana, pelo contrário, interpreta as coisas e os seres vivos como
integrados num projeto mais vasto
do
qual faz também parte a humanidade. Por
isso, a relação preconizada por Francisco é de simpatia, admiração e celebração.
S. Francisco rompe com os esquemas do cálculo superficial, que vê nas coisas
apenas a
sua
utilidade económica, com vista à obtenção de lucro.
A<. N': C/./J $0U1'E. 'Jl\IE.R. ~ ~rtRMON ~ C-OSM\CA PR~TIGOU bE. MODO
S NhUL.AR ~ UTOPI~ b~ hP.ANbE. FR~1ERMb~bE. UNl\JEP.SAL..
Tinha uma relação fraterna com todos os
seres da criação. O amor e o respeito de Francisco
pela natureza não correspondiam a atitudes
abstratas, convencionais ou impessoais.
Tratava
cada ser com
delicada cortesia, respeitando
sempre a
sua própria
individualidade e o seu
lugar no cosmos. A partir da sua fé, razão de ser
de toda
esta visão,
celebrava a grande presença
de Deus na criação.
Doe.
Francisco percorria o vale. Viu, reunido, um bando enorme de aves das mais
diversas espécies: pombos bravos, gralhas e corvos. Ao vê-las, Francisco,
homem de grande sensibilidade e singular ternura pelas criaturas irracionais
e inferiores, correu alegremente para elas. E estando já perto, vendo que elas
o esperavam, saudou-as como era seu costume. Notando com espanto que
elas não fugiam como sempre fazem, com imensa alegria lhes pediu que se
dignassem escutar a palavra de Deus. Entre outras coisas, disse-lhes:
-Avezinhas, minhas irmãs, muito têm de louvar o vosso Criador e amá-lo
continuamente, já que vos deu penas para se cobrirem, asas para voar e tudo o
mais
de que têm necessidade. Fez-vos nobres entre as demais criaturas e deu-vos
por morada a
limpidez do espaço. Não semeiam nem colhem e, apesar disso,
ele vos protege e guia, libertando-vos de preocupações.
Por fim, abençoou-as e deu-lhes licença para irem à sua vida, indo também
ele embora, cheio de alegria e louvando a Deus, a quem todas as criaturas
veneram de tantas maneiras.
Tomás
Celano (frade fra nciscano, biógrafo da vida de São Francisco; 1200-1 260), Vida Prim eira

O olhar de Francisco sobre as coisas revela também a sua atitude de
despoj amento (pobreza). Tudo é obra do Senhor. Tudo pertence a Deu s. Qualquer
relação com os seres que fosse interesseira, egoísta ou instrumentalizadora
estava longe da sua intenção. Para ele, as coisas devem ser conservadas ou
protegidas, para o uso que o ser humano pretende fazer delas, mas, sobretudo,
porque existem. Liberto da cobiça, do desejo
de posse e de domínio, Francisco coloca-se
no meio das criatur as, como seu irmão, e não
acima delas. Vê os animais, as plantas e até os
seres inanimados
à
luz da vontade amorosa
de Deus; por isso, canta a bondade de Deus
presente em todas as criaturas.
S. Francisco defende que o ser humano
tem de ser «total»: não apenas espírito, nem
apenas matéria, mas a unidade
entre as duas
dimensões.
Por isso, via vestígios do Espírito
de Deus, em todas as criaturas.
A
atitude de Francisco perante a natureza
não podia passar despercebida aos
ecologistas
e a quantos se preocupam com o meio
ambiente. Em 1979, João Paulo li declarou
São Francisco de Assis patrono dos ecologistas.
• SANCTUS • • fRANCISCUS •
São Francisco de Assis, João D. Filipe
(pintor contemporâneo) [coleção pessoal]
Doe.. e;
Francisco louvava o Criador em todas as suas obras. N as coisas belas reconhecia
a suprema Beleza, pois a todas ele ouvia proclamar: «Quem nos criou é
infinitamente bom». Abraçava todas as coisas com um amor e um entusiasmo
jamais vistos e falava com elas acerca de Deus, convidando- as a louvá-lo.
Aos irmãos que cortavam lenha proibia-lhes arrancarem as árvores
completamente, impedindo
-as de
voltarem a rebentar. Ao hortelão mandava
que,
ao redor da cerca, deixasse uma faixa por
cultivar, a fim de que, a seu
tempo, o verdor
das ervas e a
beleza das flores anunciassem a beleza do Pai de
todas
as coisas. Mandou reservar um canteiro na horta para o
cultivo de flores
e plantas aromáticas, a fim de evocarem, em quantos as vissem, o perfume da
vida eterna.
Afastava do caminho
os vermes para não serem pisados.
Chamava irmãos a
todos
os animais, embora tivesse preferência
pelos mais mansos.
Tomás Celano (1200-1260), Vida Segunda

12. Faz uma p esquisa
sobre Francisco de
A
ssis e
elabora-
-lhe um Cartão de
Cidadão. Acrescenta­
-lhe os momentos
mais
importantes
da s
ua vida.
13. Procura
na tua
área de residência
locais e monumentos
com o nome deste
s
anto.
Ooc.
Entre os santos que respeitaram a natureza como maravilhosa dádiva de Deus
ao género humano, figura merecidamente São Francisco de Assis. Pois, com
sensibilidade singular, ele apreciava todas
as obras do
Criador e, como que
divinamente inspirado, criou o admirável «Cântico das Criaturas», as quais, o
irmão sol sobretudo, a irmã lua e
as estrelas do céu, lhe davam ensejo de dar
devidamente louvor, glória, honra e toda a bênção
ao altíssimo, omnipotente
e bom Senhor.
Por isso proclamamos São Francisco de Assis padroeiro celestial de todos os
cultores
da ecologia.
João
Paulo li, 29 de novembro de 1979
Hoje somos interpelados a desenvolver relações que impliquem o cuidado para
com todas as formas de vid
a, de modo que o grito de Oseias {profeta do Antigo
Testamento,
do século
VIII a.C.) nunca mais ecoe nas consciências individuais e
coletivas: «a seca vai causar estragos: as pessoas vão morrer, juntamente com os
animais do campo e
as aves do céu; e até os peixes vão
desaparecer.» {Os 4,3).
1\-PP E.Nb que a natureza é local de encontro com Deus e motivo de
gratidão e louvor, como testemunha São Francisco de Assis.

Problemas como a criação e o transporte de animais, o abate indiscriminado
e massivo de árvores
... precisam de ser equacionados à
luz de uma visão ética!
O amor, na perspetiva cristã, evita a avidez, a ostentação, a exploração das
pessoas e dos recursos naturais. Como administrador dos bens ambientais,
o ser humano deve centrar-se naquilo que é realmente importante e não na
simples vontade de poder indiscriminado que tudo arrasa à sua passagem.
A Rf.SroNSA1'1LlbMf. lX) Sf.R ttUMN-0
~ SE. LIMITA À W.OlEyOO 00 ~IE.NTE
Nf\lURAL; lffvLU\
1 f\VIMA bE. 1U'i>J> o
圈䅬堩 bAS W.ÕW.lftS \>E.SSOAS. DE.
FAVTO, 00 WESE:R\I~ A SAÚDE. tX)
~\E.N1E NAlUP-Al, E.SThtv'DS Tf\Ml;tM
A GRlt\R GONDlç,óE.S PARA O 1'E.M-E.STW.
f. PARA O FU!URO bA 䡕琭䵎ࡁ䑅⸠
As alterações climáticas e a degradação,
cada
vez mais
visível, do meio ambiente
provocar
ão ainda mais
desigualdades
sociais. Cada vez menos pessoas, em
todo o mundo, verão salvaguardados
os meios de subsistência. Se nada for
feito, a pobreza e a fome hão de afetar
um número cada vez maior de seres
humanos.

Mff 1
Ooc..
• 1,2 mil milhões de habitantes do planeta, dos quase 6 mil milhões, sobrevivem
em condições de extrema pobreza.
• 6,3 milhões de crianças morrem de fome por ano e há 842 milhões de pessoas
subnutridas no mundo.
• Cerca de 115 milhões de crianças não vão à escola e há 876 milhões de
iletrados.
• 13 milhões de crianças morrem antes dos 5 anos de idade devido a causas
que poderiam ser evitadas.
• 2 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de energia e mil
milhões não têm acesso fácil a água potável.
•Apesar de só 15% da população mundial viver nos pa íses ricos, é responsável
por 50% das emissões de dióxido de carbono no mundo.
• 20% da população mundial consome 80% dos recursos do nosso planeta.
• Muitos países pobres gastam mais em juros da dívida externa do que na
resolução dos seus problemas sociais.
Adaptado de Pax Christi (Semana da Paz 2007)

A Sociedade Ponto Verde, S.A. é uma
entidade privada, sem fins lucrativos, com
a missão de promover a recolha seletiva,
a retoma e a reciclagem de resíduos de
embalagens a nível nacional.
sociedade
Ponto verde
Presta apoio às autarquias com programas de recolha seletiva e triagem de
embalagens não reutilizáveis; assegura a retoma, valorização e reciclagem dos
resíduos separados (papel ou cartão, vidro, plástico, madeira, aço e alumínio);
assume a gestão e o destino final das embalagens não reutilizáveis; promove a
sensibilização e educação ambiental junto dos consumidores e apoia programas
de investigação que
fomentem o desenvolvimento do mercado de produtos e
materiais
reciclados.
• Quercus
A Quercus, associação nacional de conservação
da natureza, é uma Organização Não-Governamental
de Ambiente (ONGA), independente, apartidária, de
âmbito
nacional, sem fins lucrativos. É constituída
por cidadãos que
se juntaram, em torno do mesmo
interesse,
pela conservação da natureza e dos recur sos
naturais e pela defesa do ambiente numa perspetiva de
desenvolvimento sustentado.
A Associação designa
-se Quercus, por serem os
carvalhos, as azinheiras
e os sobreiros (cuja designação comum, em latim, é "quercus") as árvores
características dos ecossistemas florestais mais evoluídos que cobriam o nosso
país e de que restam, atualmente, apenas relíquias muito degradadas.
Desde a
sua fundação, tem vindo a ocupar na sociedade portuguesa um
lugar
simultaneamente interpelante, construtivo e de defesa das múltiplas causas da
natureza e do ambiente.
A
Greenpeace, Organização Não-Governamental
com sede em Amesterdão (Holanda), preocupa
-se
com questões
relacionadas com a preservação do meio ambiente e com o
desenvolvimento sustentável. Realiza campanhas dedicadas à problemática
das florestas, do clima, do nuclear, dos oceanos, da engenharia genética, das
substâncias tóxicas, dos transgénicos e das energias renováveis.
As campanhas, protestos e gestos significativos
da Greenpeace procuram
atrair a atenção dos meios de comunicação e
da opinião pública para assuntos
urgentes e a
ssim provocar o repúdio das agressões ao meio ambiente. Promove
também campanhas para proteger a biodiversidade,
estimular a agricultura
socialmente responsável e rejeitar os organismos geneticamente modificados.
O nome da organização (junção das palavras «green» e «peace») expressa a
ideia
da
relação entre pacifismo e defesa do meio ambiente.
-

14. OLHA o mundo
que te rodeia! A
partir do verbo
CUIDAR, indica o quê
e quem
necessita dos
teus cuidados.
15.
Faz pesquisas
sobre a
ssociações,
organizações
ou
movimentos de
defesa
do ambiente.
Escolhe uma e
apresenta o s
seguintes dado
s:
nome, origem e
local de intervenção;
objetivos e ações
realizadas; forma de
funcionamento.
SAberi-
1
• APGVN -Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza
• CIMAR -Centro de Investigação Marinha e Ambiental
• Conselho Ibérico para a Defesa da Natureza
• FAPAS -Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens
• GAIA -Grupo Académico de Intervenção Ambiental

GEOTA
-Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
• lnfoNature
• Instituto da Conservação da Natureza
• LPN, Liga para a Proteção da Natureza
Reciclar é cuidar
A reciclagem consiste no reaproveitamento
e reutilização de alguns materiais. Uma
das vantagens da reciclagem diz respeito
à preservação do ambiente. A reciclagem
diminui, por exemplo, o abate de árvores para o
fabrico de papel. Evita, também, a acumulação
de resíduos que não são biodegradáveis,
podendo ser recuperados e reciclados.
-..(..)
Reciclagem é o novo tratamento dado a materiais -papel, vidro, plástico,
metal -para possibilitar a sua reutilização e, assim, preservar o ambiente e os
recursos naturais.« É a obtenção de materiais a partir de resíduos, introduzindo­
-os de novo no ciclo de reutilização.»
Dicionório Técnico -Ecologia, vol. 1
Outra vantagem está relacionada com o aspeto comercial, pois os produtos
reciclados são de baixo custo.
Os resíduos recicláveis são todos aqueles que podem ser utilizados para o
fabrico
de outros.
Alguns dos resíduos domésticos são recicláveis, tais como
os jornais, as revistas, papel de escrita, caixas de cartão, pacotes de bolachas
de leite e de sumo, de cartão, frascos e boiões de vidro, garrafas de vidro e
plástico, frascos de detergentes e champôs, sacos de plástico limpos, latas de
conserva, latas de bolachas, entre outros. Estes resíduos devem ser colocados
nos respetivos ecopontos.

Al2uns desafios
Face aos graves problemas ambientais que ameaçam a vida na terra,
é urgente assumir atitudes capazes de garantir a sobrevivência do nosso
planeta. Podemos esperar e exigir do Estado e dos organismos competentes
uma política adequada, mas não podemos querer que os outros façam a nossa
parte.
É
fundamental que cada pessoa reveja o seu dia a dia e adote atitudes
verdadeiramente ecológicas .
... t:rtv1t"r.~n
11
'• t.--fawolvexrno-nos n0i proc1,ff0i dei soli..\ç-Oeis pllirOi
os provleirn0is ecol6~iws e, eirnpeinh0irrno-nos eirn 0iç6P.s wncre,t0is.
<"f\l 'b~t>'l="'l\I: -\Jex Oi Mn.ffe,W. Y\~O GOrt\O GO~\..\Y\to de,
possivilid0ideis econ6rniws aio seirviço dos intex-eisse,s peisso0iis, mais
wrno 0i ws0i 0i h0ivit0ir pe,l0is ~ex-0iç6eis vindo1..1rns.
pc.rtic.it'l"I tic.i rc "
1
r.
1111
"-' -be,ve,rnos ~0inh0ir wnsciê,nci0i dei %1..1e, Oi
noss0i vid0i de,peindei do 0irnvieintei n0irurnl. bestruir o 0irnvieintei, 0iléxn
dei se.ir 1..1rn 0ito de, in~rntid~o eirn reil0içbio 0i beMs, é, t0irnl?éxn 1..1rn0i
0itirudei s1..1icid~ri0i.
16. Escreve uma carta
dirigida ao planeta
terra e
na qual dês
a conhecer o teu
contributo para a
habitabilidade da
nossa casa comum.

A Terra não é uma
herança dos nossos
pais.
É antes um
empréstimo dos
nossos ~lhos .
(provérbo cl1nês)
( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
Cara Terra,
Começo por lhe agradecer a sua preocupação sobre os problemas que aPetam o nosso
contrato. Espero que se encontre um pouco melhor. Sei que já N longe de mais, que não cuidei do
meio ambente e que poluí para lá de tudo o que seria sensato, mas isso está a rYUdar.
Tenho vindo a tomar algumas prav;dências para que o nosso contrato de arrendamento seja
mesmo renovado. Eis o que, para já, me é possivel fozer:
-Red.lzir o uso de recursos e o despercfoo: poupando ágJa, desügarOO lâmpadas e equipamentos
sempre que não estiverem a ser utilizados, valorizando energias renováveis, usando o rosto e o
verso de cada Pdha de papel, g.iardaOOo os documentos no comp.tador em vez de os im~ .
-Utilizar prioritariamente produtos biodegradáveis, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis,
evitando todos os descartáveis.
-Prevenir toda a espécie de riscos ambentais, avisando a proteção civil sempre que observar
Pogueiras, lixos acumulados ou quaisquer outros perigos.
-Contribuir concreta e ePetívamente para a melhoria da vida na nossa casa, participando
em ações de voluntariado ambental, ajJ<:lando a limpar as praias, a cuidar das árvores e a
resgatar animais abandonados.
Comprometo-me a cumprir integralmente as ações acima erunciadas e a convencer os outros
írquilinos a ~azer o mesmo.
Espero que desta ~rma o nosso contrato não seja cancelado e que voltemos a viver Petizes
nesta casa que amamos.
Com os melhores cumprimentos.
sua (seu) inquilina(o)
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