escolhemos para atingir os nossos fins, porquanto, pelo caminho, estão quase sempre
em jogo pessoas… e até vidas!
Particularmente no Candomblé, e porque esta página a ele é dedicada, a prática de
rituais de magia é uma constante, mas, vamos então analisar como ela é utilizada e
como deveria ser utilizada.
Os Ebós, as Oferendas e as Simpatias, são algumas das formas de magia que
utilizamos, mas estes, todos eles sem exceção, foram criados originalmente com o
intuito de corrigir alguma situação errada na vida de uma pessoa e para tal pode-se
recorrer ao auxílio de diversas entidades; em primeira linha aos Orixás e depois, a
outras entidades, que pelo seu estado evolutivo e pelas suas características, se
assemelham mais a nós, humanos – aqui se enquadram os Exús pagãos, as
Pombagiras e os Caboclos – e estão de fato num plano mais próximo de nós.
Qualquer destas entidades pode ser uma mais valia na vida de uma pessoa, pois o seu
auxílio chega sempre, e se devidamente tratados são nossos aliados preciosos. Mas a
magia, como já referi, também tem as duas faces da moeda, e a quem a pratica, é
necessária, diria mesmo essencial, conhecer os dois lados, tornando-se mais uma vez
necessário escolher o lado que se vai utilizar, e esse lado deve ser sempre o lado
positivo e construtivo. Poderíamos aqui, a título de exemplo, encarar como um
veneno, que pode ser utilizado e para o qual é necessário conhecer o antídoto: é do
próprio veneno da cobra que se criam os antídotos que são utilizados para curar quem
é picado por ela - na magia, grosso modo, também temos que conhecer tanto o
veneno como o antídoto, porque para se tratar ou curar alguém que tenha sido
atingido pela magia negativa, é necessário saber contrapor com a magia positiva.
Obviamente, não vou aqui explicar - nem o poderia fazer - os detalhes desse
conhecimento, o importante é que fique claro que quem mexe com um lado tem que
conhecer o outro. Embora não pertencente ao Candomblé, m dos magos mais
conhecidos de sempre - São Cipriano - começou por ser um dos melhores magos que
já se conheceram a manejar a chamada Magia Branca, mas de igual modo, mais tarde
na sua vida, virou, e tornou-se um dos mais temidos e eficientes magos da Magia
Negra. Também para ele isto só foi possível porque tinha conhecimento verdadeiro e
profundo de como os dois lados funcionam. Portanto, assim como se pode Amarrar,
também se pode sem dúvida Desamarrar, mas isto só é possível a quem tenha
verdadeiros e fundamentados conhecimentos. Convenhamos, no entanto que não são
muitos aqueles que estão verdadeiramente capacitados para isto, portanto, quando
pensar em fazer ou solicitar uma Amarração, pense não duas, não três vezes, mas
muitas vezes naquilo que está a pedir, ou vai fazer, pois você jamais terá a garantia
de que o seu pedido possa ser atendido devido a um conjunto de fatores que podem
estar envolvidos e que você certamente desconhecerá. Ao fazer uma Amarração, você
não só estará a pedir algo para si, como estará a mexer com a vida de outra pessoa, e
de alguma forma forçando-a a agir de uma maneira que ela muito provavelmente não
quer, não de forma voluntária e consciente. Quando isso acontece, muita coisa se
altera, e por vezes os resultados não são nada satisfatórios e são até perniciosos para
a vida das pessoas envolvidas. Imagine uma situação em que você quer muito ficar
com outra pessoa e faz uma Amarração para conseguir o seu intento. Imagine agora
que uma segunda pessoa está interessada nessa mesma pessoa para quem você fez a
Amarração e resolve também, para conseguir o seu intento, fazer também uma
Amarração. Como é que fica essa pessoa que está pelo meio? E você, vai conseguir o
seu intento? Ou é a outra pessoa que vai conseguir? Este tipo de situação não é
inédito, é até cada vez mais comum, dado que são cada vez em maior número as
pessoas que recorrem a este tipo de magia (embora a maioria jamais vá admitir que o
fizesse!), e garanto que daqui não sai nada de bom para nenhuma das partes
envolvidas, só confusão e mais confusão e muita dor. Cria-se assim um ciclo vicioso, e