A busca pelo conhecimento

7,974 views 11 slides Mar 23, 2015
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O presente artigo visa apresentar o conceito de conhecimento e diferencia os tipos de conhecimento: empírico, teológico, filosófico e científico. Para tal diferencia o animal que conhece dos demais animais e discute de modo geral as características do conhecimento científico inerentes do espa�...


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A BUSCA PELO CONHECIMENTO: um processo humano e nec essário
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Andréa Kochhann
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Ana Paula Costa
3
 
NayBrunio Borges
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RESUMO:O presente artigo visa apresentar o conceito de conhecimento e diferencia os tipos 
de conhecimento: empírico, teológico, filosófico e científico. Para tal diferencia o animal que 
conhece  dos  demais  animais  e  discute  de  modo  geral as  características  do  conhecimento 
científico inerentes do espaço universitário.  
 
PALAVRAS-CHAVE: Conhecimento. Tipos de Conhecimento. Conhecimento Científico. 
 
ABSTRACT:  This  article  presents  the  concept  of  knowledge  and  different  kinds  of 
knowledge:  empirical,  theological,  philosophical  and  scientific.  For  this  differentiates  the 
animal who knows of other animals and discusses in general the characteristics of scientific 
knowledge inherent in the university area. 
 
KEYWORDS: Knowledge. Types of Knowledge. Scientific knowledge. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A cada dia que passa olhamos a nossa volta e percebemos que as coisas mudaram, que 
os  homens  mudaram,  que  nós  mudamos.  Esse  constante vai  e  vem  de  objetos,  materiais  e 
tecnologias fazem com que pensamos que estamos evoluindo. O tempo que nos é cada dia mais 
precioso,  passa  tão  rapidamente  que  nem  nos  damos  conta.  Nesse  cenário  de  evoluções  e 
transformações, nós estamos inseridos e produzindo conhecimentos e sendo alvo das produções 
de conhecimento. 


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 Artigo elaborado para as palestras ou mini cursos realizados pelo GEFOPI – Grupo de Estudos em Formação de 
Professores e Interdisciplinaridade, com base nos projetos de extensão e de pesquisa, vinculados à Universidade 
Estadual de Goiás – Câmpus São Luís de Montes Belos.  
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 Pedagoga. Mestre em Educação. Professora efetiva em regime de dedicação exclusiva da Universidade Estadual 
de Goiás – Câmpus São Luis de Montes Belos. Pesquisadora e Extensionista. Coordenadora do GEFOPI – Grupo 
de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade. 
[email protected] 
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  Acadêmica  de  Pedagogia  da  Universidade  Estadual  de  Goiás  –  Câmpus  São  Luís  de  Montes  Belos.  Bolsista 
PBIC.  Componente  do  GEFOPI  –  Grupo  de  Estudos  em  Formação  de  Professores  e  Interdisciplinaridade. 
[email protected] 
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  Acadêmica  de  Pedagogia  da  Universidade  Estadual  de  Goiás  –  Câmpus  São  Luís  de  Montes  Belos.  Bolsista 
PBIC.  Componente  do  GEFOPI  –  Grupo  de  Estudos  em  Formação  de  Professores  e  Interdisciplinaridade. 
[email protected]

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No  intuito  de  discutir  o  que  vem  a  ser  conhecimento  e  quais  os  tipos  de 
conhecimentos,  é  necessário  compreender  quem  é  o  ser  que  conhece.  Além  do  mais  é 
importante que acadêmicos tenham o entendimento do processo de saída do senso comum para 
o conhecimento científico. Visando alcançar nosso intuito realizamos uma revisão literária que 
nesse momento apresentamos como um artigo. 
 
 
O CONHECIMENTO E O SER QUE CONHECE: uma discussão n ecessária 
 
 
Dizer  que  ninguém  produz  conhecimento  ou  que  apenas  alguns  produzem 
conhecimento é algo inóspito. Todos nós produzimos de uma forma ou outra, conhecimento. 
Para entendermos essa controvérsia precisamos conhecer o que é conhecimento e como ele se 
procede.    Galliano  (1996,  p.17)  assevera  que  “conhecer  é  estabelecer  uma  relação  entre  a 
pessoa  que  conhece  e  o  objeto  que  passa  a  ser  conhecido  [...]  transforma  em  conceito  esse 
objeto, reconstitui-o em sua mente.”.  
Conceito esse que induz ao processo de apropriação da realidade, pois o autor ainda 
afirmar que “O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a 
penetrar  nela”  (p.  17).  Corroborando  com  essa  idéia,  Cortella  (2008,  p.  39)  afirma  que  o 
conhecimento  “[...]  por  se  constituir  em  entendimento,  averiguação  e  interpretação  sobre  a 
realidade, é o que nos guia como ferramenta central para nela intervir [...]”. 
O que se percebe com a conceituação do termo conhecimento, é que o ser que conhece 
é o humano. Assim, é importante conhecer o ser humano. Afinal, quem é o ser humano, o ser 
do conhecimento? Aranha (2006) assevera que o ser humano é o único animal completamente 
diferente dos demais animais. A autora o define como o ser de cultura.  
Destarte,  Cortella  (2008,  p.  30)  concordando  com  as  exposições  de  Aranha  (2006) 
assevera que o homem é um animal racional, um bípede implume (concordando com Platão) e 
cadáver  adiado  e  que  “Somos,  antes  de  mais  nada, construtores  de  sentido,  porque, 
fundamentalmente, somos construtores de nós mesmos, a partir de uma evolução natural”. O 
autor  apresenta  um  passeio  pelas  nossas  origens,  demonstrando  como  foi  essa  evolução  ou 
construção humana.  
Segundo Cortella (2008) a origem dos homens bem como a sua evolução vem de uma 
racionalidade  ansiosa,  que  embasam  sua  própria  evolução.  O  homem  se  tornou  a  espécie 
dominante no planeta há 35.000 anos. Nessa época não existia outro ser que ameaçasse nosso 
comando. No  entanto, se comparados  a outros seres, o homem é um ser frágil,  cuidado por 

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muito  tempo  pelos  pais.  Nos  primeiros  20  anos  de  vida  de  um  ser  humano  acontece  a 
estruturação,  ou  seja,  seu  desenvolvimento.  A  estrutura,  a  pele,  a  força  física,  a  estrutura 
humana  é  frágil.  Logo,  o  ser  humano  é  adaptado  ao  seu  ambiente,  e  como  afirma  Cortella 
(2008), quando o grau de adaptação é superior ao grau de flexibilidade as mudanças de um 
dado animal, inclusive o ser humano, pode desaparecer. 
No que tange a ciência da evolução humana ou a paleoantropologia, Cortella (2008) 
expõe o homem é da ordem dos primatas, ou seja, tive como ancestrais em algum momento os 
símios.  Há  registro  de  fósseis  de  mais  ou  menos  22 milhões  de  anos.  No  entanto, 
comprovadamente  não  se  tem  data  exata  de  um  ancestral  hominídeo  ligado  a  nos  seres 
humanos  diretamente.  Estipula-se  que  há5  milhões  de  anos  iniciou-se  a  separação  entre  os 
símios e os hominídeos, como assevera Cortella (2008, p. 32) 
 
[...] o fóssil mais aproximado dessa distinção e o do Australopithecus (4,4 milhões de 
anos), quase certamente o primeiro bípede humano”. Na sequência, tivemos o Homo 
Habilis  (2  milhões  de  anos),  o Homo  Erectus(conhecido  como  o  primeiro  a  migrar 
para fora do continente africano, nosso mais possível local de origem, há 1,6 milhão 
de anos), o Homo Neanderthalensis (entre 400 mil e 250 mil anos) e, por fim, o Homo 
Sapiens mais próximos a nós (35.000 anos) 
 
 
  No decorrer desses milhares de anos que se passaram, muitas alterações surgiram no 
sistema  biológico  humano  o  que  segundo  Cortella  (2008)  morosamente  foi  superando  a 
desvantagem  da  não  especialização  humana.  Estas  diferenciações  devem  ser  entendidas 
sumariamente pelos seres humanos de uma maneira verdadeira. Em partes fantasiosa mas, não 
irreal. Uma vez que, se considerar a lei de seleção natural de Darwin entender-se-á que quando 
estes são submetidos às requisições do meio, os que se sobressaem e/ou resistem são os que se 
adaptam melhor ao meio. 
Nessa linha de pensamento Cortella (2008) leva a refletir a cerca do desenvolvimento e 
adaptação dos hominídeos, cujos primeiros ancestrais na África, foram oriundos das regiões de 
savanas,  provavelmente  eram  arborícolas.  Posteriormente,  talvez  por  meio  de  disputa  de 
território,  comida  ou  por  via  da  mudança  do  próprio  clima,  desceram  ao  chão,  pois 
necessitavam sobreviver, e o solo lhes era a saída.  
Segundo  Cortella  (2008,  p.  36)  a  locomoção  poderá  ter  sido  a  primeira  dificuldade 
encontrada  e  “diante  desse  quadro,  os  nossos  antecessores  que  conseguirão  manter-se  vivos 
serão  aqueles  que,  inicialmente,  ficaram  de  pé.”.  Posteriormente,  houve  também  por 
consequência da postura ereta, a  agilidade para  locomover-se  e a possibilidade de liberar  as 
mãos.  
De forma geral, a evolução do homem, seja da sua diminuição do focinho, aproximação 
dos olhos na parte frontal da face, a sua posição ereta, a liberação das mãos, o dedo opositor, 

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todas  se  mantém  por  ter  proporcionado  vantagens  ao mesmo,  para  a  sua  sobrevivência.  É 
preciso considerar também o aumento da massa encefálica, esta que entre tantas as outras dos 
mais  diversos  mamíferos  é  a  maior,  e  também  nela  há  subdivisões  como  o  córtex,  este  que 
integra as mais diversas áreas do cérebro lhe proporcionando mais pujança.  
Percebe-se  que  há  uma  confluência  de  expressões  entre  Aranha  (1989)  e  Cortella 
(2008),  principalmente  no  que  tange  a  cultura.  Para  Aranha  (1989,  p.  4),  os  homens  se 
relacionam e interrelacionam para que assim possam produzir sua própria existência, e a cultura 
pode ser entendida como  
 
[...] a transformação que o homem exerce sobre a natureza, mediante o trabalho, os 
instrumentos  e  as  idéias  utilizados  nessa  transformação,  bem  como  os  produtos 
resultantes. E, mais ainda, nesse processo, o homem se auto-produz, se faz a si mesmo 
um homem.  
 
A  autora  faz  alusão  ao  processo  de  objetivação  da  cultura,  exposto  de  forma  clara  a 
correlação existente entre a produção da mesma e o homem, bem como a relação ou inferência 
do homem na natureza. Nessa perspectiva, Cortella(2008, p. 39) também considera que o meio 
ambiente, bem como a produção e intervenção do homem esta ligado a cultura, pois “Esse meio 
ambiente humano, por nós produzido e no qual somos produzidos, é a cultura.”. 
Há logicamente uma confluência no modo de se pensar a cultura, as considerações de 
como  a  mesma  é  construída,  como  ela  se  origina,  e  por  quais  mecanismos  inicialmente  ela 
perpassa. Desta forma a cultura pode ser entendida como um aglomerado de resultados do ser 
humano, sobre a natureza, sociedade, ou seja, o mundo.   
O termo cultura é “de origem romana, originaria de colere, que significa habituar-se, 
tomar  conta,  criar  e  preservar”,  segundo  Hannah  Arendt  (apud  ARANHA,  2006,  p.  68). 
Segundo  Aranha  (2006),  conceituar  cultura  é  complicado,  pois  inúmeros  pontos  foram 
agregados  a  esse  conceito.  No  entanto,  ela  define  dois  sentidos  para  conceituá-la,  o 
antropológico e sentido restrito.  
O primeiro sentido faz alusão ao que difere os seres humanos dos demais animais, pois 
são  produtores  de  cultura,  pensamentos  e  materiais.  De  modo  amplo,  Aranha  (2006,  p.  58) 
alude que é possível considerar no sentido antropológico que “[...] cultura é tudo aquilo que o 
ser humano produz para construir sua existência e atender a suas necessidades e desejos”. Desta 
forma  como  o  próprio  nome  faz  alusão  (antropológico)  é  imprescindível  que  o  homem  é 
totalmente o foco, para compreender o conceito, que é muito abrangente.  
No  segundo  sentido  entende-se  que  há  uma  referência  ao  sentido  de  interesses 
específicos por isso ou aquilo, seja, nas artes, nas manifestações intelectuais. Nesse segundo 
sentido considera-se também a possibilidade de acesso a estes fatores, ao modo como isso é 

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processado  e  organizado  por  cada  um.  Diferentemente  do  sentido  antropológico  que  abarca 
como alude Aranha (2006, p. 60) “todas as manifestações culturais”. 
 No  sentido  restrito  o  que  se  faz  é  um  recorte,  e  desta  forma  considerar-se-á  o  seu 
sentido  mais  prenotado,  seja  ele  intelectual,  filosófico,  científico,  artístico,  literário  ou 
religioso. É como uma subdivisão do todo. Neste sentido é preciso considerar que pessoas de 
diferentes posições, grupos ocupam diversas formas de expressão cultural.  
Neste  ponto  Aranha  (2006,  p.  60)  leva  a  refletir  sobre  o  processo  de  pensamento 
critico. Uma vez que, é preciso considerar que nem todas as pessoas terão acesso a estes bens 
culturais (grifo nosso) da mesma forma. O que mais uma vez leva a repensar a problemática 
das classes, de como dentro da própria sociedade a partir de uma lógica cultural é “[...] nítida a 
separação entre trabalhadores intelectuais e manuais.”.  
Aranha (2006, p. 60) induz a pensar a cerca da lógica da dominação, da exclusão de 
como os setores subalternos e/ou “as pessoas do povo são impedidas de elaborar criticamente a 
sua própria produção cultural e, consequentemente, são excluídas do acesso a esse tipo de bens 
culturais.”.  
É preciso não generalizar, elas poderão ter acesso a esses bens, entretanto, nem sempre 
eles  terão  uma  lógica  que  correlacione  com  seu  meio  cultural.  Quando  eles  “[...]  deles  se 
apropriam, tende a prevalecer o consumo da cultura dominante”, como assevera Aranha (2006, 
p. 60). É preciso considerar também cultura popular e cultura da elite. Mas, também não se 
deve  fazer  sobre  elas juízos  de  valor,  uma  vez  que a  cultura  de  elite  seria  vista  como  mais 
organizada  e  refinada.  E  a  cultura  popular  seria  interpretada  como  não  intelectualizada  e 
inferior. 
Nessa discussão conceitual, Cortella (2008, p. 37) assevera que cultura é um “conjunto 
dos resultados da ação do humano sobre o mundo por intermédio do trabalho.”. Alega inclusive 
que o homem se faz homem inserido e por conta de uma cultura, pois “o Homem não nasce 
humano, se sim, torna-se humano na vida social e histórica no interior da Cultura.”.Assim, o 
ser do conhecimento, é o ser da cultura. 
 
 
OS TIPOS DE CONHECIMENTOS: uma compreensão necessár ia 
 
 
Esse  homem  de  cultura,  como  apresentado  por  Aranha (2006)  e  Cortella  (2008), 
produz conhecimento e ao produzir conhecimento transforma a realidade e si a mesmo. Para 
Galliano (1996, p. 18) “[...] a realidade é tão complexa que o homem, para apropriar-se dela, 

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teve de aceitar diferentes tipos de conhecimento.”. Na concepção do autor existem quatro tipos 
de conhecimento: o vulgar, o teológico, o filosófico e o  científico. Corroborando  com esses 
quatro tipos de conhecimento se apresentam Lakatos e Marconi (2003). 
O conhecimento vulgar também é apresentado como sendo o conhecimento do senso 
comum ou empírico ou popular, caracteriza-se pelas experiências vividas ou transmitidas por 
alguém. Decorrente das repetições de experiências e dos exemplos dos outros, com a prática e 
também  com  os  erros.  Corresponde  ao  conhecimento  assistemático,  pois  consiste  em 
informações desestruturadas e dispersas, por sua vez, trata-se de um conhecimento superficial, 
porque não questiona as causas e o porquê dos fenômenos, aceita sem se impor, na concepção 
de Galliano (1996). 
Todavia,  o  conhecimento  vulgar  reporta-se  do  funcionamento  das  coisas  e  nas 
realizações de tarefas, por isso é considerado superficial e passivo. Embora o conhecimento 
vulgar seja muitas vezes errôneo e dogmático, constitui um saber válido e indispensável nas 
tarefas do quotidiano e nos diversos ofícios, até mesmo por evoluir com as convergências e o 
aprimoramento de geração a geração.  Além do que, a linguagem do conhecimento vulgar é 
utilizada no dia a dia, porém os termos usados são vagos e imprecisos.  
Corroborando  com  Galliano  (1996),  Lakatos  e  Marconi  (2003)  asseveram  que  o 
conhecimento vulgar ou senso comum, não ultrapassa os limites da vida do cotidiano, pois está 
estreitamente  ligada  à  percepção  e  à  ação.  Sendo  que  é  o  modo  espontâneo  de  conhecer  e 
adquirir  superficialmente  as  coisas  e  os  seres  humanos.  Limitando-se  ao  campo  de  vida, 
podendo ser percebido no dia a dia, também se caracteriza por ser inexato, ou seja, não permite 
a inquietação e formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos além da percepção 
objetiva.  
O conhecimento filosófico segundo Galliano (1996) se caracteriza pelas reflexões do 
homem  e  por  instrumento  exclusivo  a  racionalidade, com  a  finalidade  de  explorar  os 
acontecimentos e dar sentido aos fenômenos do universo, extrapolando os limites formais da 
ciência.  Não se restringe nos dados experimentais, mas reflete e questiona nas inquietações por 
que é, por que das causas, de onde vem e para onde vai o homem, consistindo na totalidade e 
não apenas nas aparências particulares do fato.  
Desse  modo,  o  conhecimento  filosófico  ultrapassa  os  dados  científicos,  já  que  a 
essência deste conhecimento reflete na busca pelo “saber”, tratando de abarcar a realidade e os 
problemas do homem e a sua presença no universo.  Constitui nos valores de forma crítica e 
reflexiva, procurando entender a origem dos problemas e criar respostas coerentes, orientando 
na vida, nas atividades práticas e intelectuais do homem.  

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O  conhecimento  teológico  ou  religioso  ou  místico  se  caracteriza  por  basear-se 
exclusivamente na fé humana, na existência de uma ou mais entidade divinas, também provém 
das revelações de verdades no qual os homens chegaram, porém não com o amparo da ciência 
ou de sua inteligência, mas pelo oculto, do mistério, na aceitação de uma mensagem divina.  
Neste conhecimento, as relações são transmitidas por meio de indivíduos inspirados 
que  apresentam  respostas  a  questões  que  o  homem  não  pode  responder  com  os  seus 
conhecimentos vulgar aos mistérios da mente humana. O teólogo é essencial para interpretar e 
explicar os textos divinos, além do que, provar a existência de um ou de vários Deuses. Assim, 
as  revelações  nos  textos  sagrados  pelos  teólogos  são  baseadas  na  fé  humana,  aceitos  como 
verdades absolutas e indiscutíveis, desprovido de métodos e raciocínio, como afirma Galliano 
(1996).  
O  conhecimento  teológico  ou  religioso  trata-se  do  sobrenatural,  da  essência  e  da 
existência do ser humano, e da relação Deus com o homem. O conhecimento teológico adquire-
se pelas crenças dividas, na existência de um ser superior no qual determina conduta de moral, 
de adoração e de obediência a serem cumpridas pelos fiéis, pois só o justo entrará no céu.  
Lakatos  e  Marconi  (2003)  expõem  o  conhecimento  teológico  como  uma  doutrina 
sagrada, suas verdades são consideradas infalíveis e inquestionáveis, demonstrando na teoria da 
evolução da espécie, nas posições teológica fundamentadas nos textos e livros sagrados. Assim, 
o  conhecimento  teológico  está  sempre  implícito  na  atitude  de  fé,  no  que  se  refere  aos 
conhecimentos selecionados.  
E,  por  fim,  o  conhecimento  científico  ou  crítico  se  caracteriza  por  ser  metódico, 
sistemático  da  realidade,  rigoroso,  exato  e  objetivo.  Com  a  finalidade  de  explicar 
profundamente os fatos e as causas do ponto de vista lógico e racional, através das observações, 
investigações  e  as  experiências  para  desvendar  ou  desvelar  a  realidade.  Além  do  que,  o 
conhecimento científico não trata apenas de explicar os fatos, mas de descobrir os fatos além de 
suas aparências.  
O  conhecimento  científico  expõe-se  de  forma  informativa,  com  o  intuito  de 
comunicar,  com  o  propósito  de  expandir  as  suas  potencialidades  de  ser  ratificada  ou  de 
contestação. Só assim, o resultado pode ser considerado como um trabalho científico. Uma vez 
que, a comprovação de um determinado trabalho torna-o verdadeiro, enquanto isso não ocorra, 
as hipóteses não podem ser ponderadas científicas.  
Na concepção de  Lakatos e Marconi (2003), o  conhecimento  científico  trata de um 
saber  ordenado  e  lógico,  e  não  conhecimentos  dispersos  e  desconexos.  Possuindo  uma 
característica de ser um conhecimento falível, uma vez que, não é definitivo, absoluto ou final, 

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por  ser  motivo  de  desenvolvimento  de  técnicas  que  pode  ser  reformulado  a  cerca  da  teoria 
existente.  
Desse modo, o conhecimento científico é considerado fundamental, por desempenhar 
uma ação crucial na vida dos homens, uma vez que trata de reconstruir o todo, por isso não se 
deve  afrontar  como  passividade,  mas  como  um  espírito  crítico  e  problematizador,  como 
assevera Galliano (1996). 
Destarte  é  importante  discutir  que  o  conhecimento  apresenta  uma  relação  com  a 
verdade  de  maneira  relativa,  objetiva  e  racional.  Galliano  (1996)  discute  que  não  podemos 
afirmar  que  existe  verdade  absoluta  do  conhecimento,  pois  todo  conhecimento  é  relativo  e 
possuiu cinco características próprias de cada ser que o conhece.  
Uma dessas características apresentadas por Galliano (1996) como sendo que o ser ou 
objeto a ser conhecido já existe antes de ser conhecido, ou seja, “O ser precede o conhecimento 
que temos dele” (p. 20). Outra característica é que qualquer ser ou objeto a ser conhecido por 
nós atua em nossos sentidos, ou seja, “As sensações dão-nos a imagem do universo real” (p. 
20). Outra característica é que somos seres sensíveis e racionais e por esse motivo nossa razão 
se  apoio  em  nossos  sentidos  para  conhecer  a  realidade,  ou  seja,  “O  conhecimento  racional 
objetivo  não  dispensa  o  conhecimento  sensível”  (p. 21).  Outra  característica  que  o  autor 
apresenta  é  que  sempre  haverá  uma  deformação  do  que  de  fato  é  a  realidade,  devido  nossa 
percepção,  ou  seja,  “A  verdade  é  a  realidade”  (p.  21).  Por  fim,  o  autor  apresenta  a  última 
característica  como  sendo  que  a  ciência  existe  porque  existe  a  possibilidade  da  verdade 
objetiva, ou seja, “A negação da verdade objetiva é incompatível com a Ciência” (p.21). 
O que se pode inferir é que independente do tipo de conhecimento, o ser humano, é o 
ser que conhece pela racionalidade e objetividade da compreensão da realidade. É conveniente 
o entendimento de que todo conhecimento tem sua verdade relativa. No caso da universidade a 
busca pela verdade do conhecimento se estabelece pela passagem do conhecimento empírico 
para o conhecimento científico. 
 
 
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO: uma compreensão impresci ndível 
 
 
Como nosso intuito na Universidade é o conhecimento científico, cumpre apresentar 
que  a  ciência  se  embasa  na  racionalidade  e  na  objetividade,  pois  para  Galliano  (1996,  p. 
25)“Conhecimento científico racional é aquele que: 1. É constituído por conceitos, julgamentos 
e  raciocínios,  não  por  sensações,  imagens,  modelos de  conduta,  etc.”.  Para  o  autor  o 

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conhecimento  científico  objetivo  “[...]  alcança  a  exatidão  da  realidade,  segundo  o  nível  dos 
meios de observação, investigação ou experimentação de sua época.” (p. 25). Nessa linha de 
pensamento, Lakatos e Marconi (2003, p. 80) apresentam que  
 
Entendemos  por  ciência  uma  sistematização  de  conhecimentos,  um  conjunto  de 
proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos 
que se deseja estudar. ‘A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, 
dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à 
verificação.  
 
 
O  conhecimento  científico  apresenta  características  básicas  e  de  fácil  identificação 
segundo  Galliano  (1996).  Para  o  autor  é  possível  discutir  treze  características,  tais  sejam:  o 
conhecimento científico atém-se aos fatos, transcende os fatos, é analítico, requer exatidão e 
clareza, é comunicável, é verificável, depende de investigação metódica, é sistemático, busca e 
aplica leis, é explicativo, pode fazer predições, é aberto e útil. 
Na visão do autor o papel da ciência é desvelar ou desvendar a realidade e para tal é 
preciso  uma  investigação  sobre  os  fatos,  com  a  preocupação  de  não  falseá-los.  É  preciso 
analisar os fatos tal qual como se apresentam, sem deixar que a interferência humana modifique 
a realidade dos fatos. Outro dado importante é perceber que enquanto o conhecimento empírico 
trata da superficialidade e aparência dos fatos, o conhecimento científico visa explicá-lo para 
além das aparências, o que significa transcender aos fatos. 
Outra característica do conhecimento científica se alicerça na concepção de análise e 
para isso é necessário compreender cada parte do todo complexo. Contudo, antes de analisar as 
partes é preciso compreender o todo. O processo de análise parte do todo para partes e retorna 
ao  todo.  Essa  análise,  segundo  Galliano  (1996)  deve  ser  realizada  com  todo  cuidado  da 
exatidão e da clareza, principalmente com base na verificação. Caso haja equívocos de exatidão 
e clareza, isso deve ser o ponto de partida para novas verificações. O conhecimento científico é 
exato por ser verificado. Na concepção de Galliano (1996, p. 27) o conhecimento científico 
após  ser  verificado  e  comprovado  se  torna  científico,  pois  “A  comprovação  é  que  o  torna 
verdadeiro. Enquanto não são comprovadas, as hipóteses deduzidas da investigação não podem 
ser consideradas científicas.”. 
Tanto Galliano (1996) quanto Demo (2006) apresentam que o conhecimento científico 
ou a pesquisa devem ser comunicadas. De nada serve uma pesquisa engavetada. O pesquisador 
está a serviço da sociedade e os resultados de sua pesquisa precisam ser divulgados para que a 
sociedade possa se beneficiar e, inclusive, validar ou negar seu resultado. Galliano (1996, p. 
27) assevera que  
 

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[...]  todas  as  investigações,  descobertas,  novas  técnicas  e  hipóteses  da  atividade 
científica devem ser comunicadas, a fim de que se multipliquem as possibilidades de 
sua  confirmação  ou  refutação.  Só  assim  o  resultado de  um  trabalho  pode  ser 
reconhecido como científico. 
 
  Toda produção científica a ser comunicada advém de uma investigação já verificada e 
comprovada.  Para  tal  é  necessário  que  o pesquisador  tenha  um planejamento  sistemático  de 
suas ações, com base em princípios metodológicos que visem às análises dos fatos em deturpá-
los  ou  falseá-los.  Toda  investigação  deve  ser  metódica  e  bem  planejada,  para  não  cair  em 
armadilhas  do  apriorismo.  Salienta-se  que  existem  métodos  que  promovem  a  diferença  de 
metodologias ou instrumento de coleta de dados para as análises. O pesquisador deve conhecer 
esses métodos para escolher as metodologias adequadas a sua investigação. 
Outra característica importante que o pesquisador deve levar em consideração é que o 
conhecimento  científico  busca  e  aplica  leis,  ou  seja,  “À  Ciência  não  basta  a  descoberta  das 
características singulares dos fatos individuais -  o conhecimento científico requer o que eles 
possuem  de  universal.”,  como  assevera  Galliano  (1996,  p.  29).  Não  cabe  à  ciência  a 
compreensão do particular, mas na universalidade. 
Nesse contexto que o conhecimento deve ser explicativo. Não é função do pesquisador 
descrever os fatos, mas deve analisá-los e compreender suas relações com os fatos, para que 
como anuncia Galliano (1996) responder às inquietações de maneira de explique os pro quês. 
Destarte,  o  conhecimento  científico  pode  apresentar  predições.  Visto  as  experimentações  já 
efetivadas e as comprovações já concretizadas, têm condições de anunciar hipóteses com mais 
probabilidade de comprovação.  
Como tudo, a predição científica não é infalível. As condições materiais, temporais e 
humanas  de  cada  época  e  espaço  influenciam  nas  análises  e  nos  resultados.  Isso  porque  o 
conhecimento científico é aberto e deve ser revisitado e redesenhado. Para Galliano (1996. p. 
30) “O conhecimento científico não é dogmático [...] Essa condição permite que ele se renove 
[...]  são  como  organismos  vivos  em  constante  crescimento.”.  É  nesse  contexto  que  o 
conhecimento científico se apresenta como útil.  
O homem se esforça para dominar a natureza e a si mesmo, pelos caminhos da ciência. 
Nesse  processo  de  busca  pelo  conhecimento,  uma  condição  necessária  e  imprescindível  ao 
desenvolvimento do homem, ele pode subjugar a natureza mas, também a si próprio, com já 
dizia Horkheimer (apud ARANHA, 2006). O homem como um animal diferente dos demais e 
produtor  de  conhecimento  inseridos  na  sua  cultura, se  faz  homem  pelo  processo  de 
socialização. Nesse processo o conhecimento se estabelece e se fortalece. 
 
 

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NA TENTATIVA DE CONSIDERAR 
 
 
  Como o intuito dessas linhas era discutir sobre o ser humano em constante busca pelo 
conhecimento,  apresentamos  as  características  básicas  que  diferencia  o  homem  dos  demais 
animais,  mostrando  que  o  trabalho  e  a  cultura  lhe  possibilitam  a  humanização.  Grande 
diferença para os demais animais.  
Dentre as diferenças está a condição de produção do conhecimento. Conhecimento que 
pode ser empírico, teológico, filosófico ou científico. Como o espaço universitário visa a saída 
do  senso  comum  e  o  alcance  do  conhecimento  científico,  ousamos  apresentar  algumas 
características do conhecimento científico. A passagem do conhecimento vulgar ao científico 
não é simples e rápido. A ciência se faz com rigor e sistematização.  
O  que  se  pode  afirmar  é  que  o  homem  é  o  único  animal  produtor  de  conhecimento 
científico. Nesse ínterim é preciso despertar nos acadêmicos o gosto pela produção científica e 
o despertar para a construção do conhecimento pelas próprias mãos. Passar pela universidade 
sem  produzir  conhecimento,  pode  ser  uma  situação  vulnerável  para  o  acadêmico.  A 
universidade é o espaço da produção e disseminação do conhecimento científico. Quem ocupa 
o  espaço  universitário  tem  por  obrigação  o  labor  científico.  Sintam-se  todos  convidados  ao 
trabalho. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. Filosofia da educação.  São Paulo: Moderna, 1989. 
   
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo: Moderna, 
2006. 
 
CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento.  12. ed. São Paulo: Cortez: Instituto 
Paulo Freire, 2008.  
 
GALLIANO, Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1996. 
 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia 
científica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
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