A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social.pptx

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Teorias de serviço social


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A Construção Teórica e Metodológica do Serviço Social

Os fundamentos  teórico - metodológicos  do  S erviço S ocial  podem ser explicados, a partir do olhar dos métodos, técnicas e instrumentos utilizados pelo profissional, no exercício diário de sua função, no qual, com um posicionamento direcionado ao projecto ético-politico , este, diante das manifestações e expressões da questão social. 

As ciências sociais tiveram grande influência teórica na história do Serviço Social, apresentando teorias que pudessem auxiliar na acção do profissional. A construção teórica do Serviço Social é permeada por vários aspectos , pautada em um conjunto de princípios e conceitos filosóficos, sociológicos e científicos que permitem identificar a natureza do Serviço Social. Há que se considerar que os conhecimentos e teorias do Serviço Social se dão de um modo dinâmico, pois se constroem de acordo com o momento histórico e social de cada período.

De acordo com Vieira (1985, p. 80), o Serviço Social enquanto conhecimento técnico-científico pode ser dividido em quatro fases: Fase intuitiva e mítica : fase em que a interpretação dos factos e da realidade se dá através do conhecimento do “senso comum”. Fase idealista-filosófica : em que se acredita no poder das ideias e na concepção de mundo e de homem, pautado em teorias de valores. Trata-se de um processo indutivo de conhecimento.

Fase empírica-positiva : o empirismo se vale da experiência para a validação dos factos, rejeitando a razão como prova da verdade. Fase científica e prática : momento em que se pode esclarecer o objecto sobre o qual queremos estabelecer conceitos, em um movimento dinâmico, determinados em um tempo e espaço com a utilização de técnicas adequadas. É através da “práxis” ( acção ) que concretizamos os nossos conhecimentos. Isto quer dizer que as acções no Serviço Social deviam ser pautadas em situações práticas e concretas.

Dimensões da profissão do assistente social T eórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política são requisitos fundamentais que permite ao profissional colocar-se diante das situações com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projectos societários, seus vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho.Os fundamentos históricos, teóricos e metodológicos são necessários para apreender a formação cultural do trabalho profissional e, em particular, as formas de pensar dos assistentes sociais

A dimensão teórico-metodológica diz respeito à capacidade de apreensão do método e das teorias e da relação que estes estabelecem com a prática. A dimensão técnico-operativa está relacionada aos instrumentos e técnicas utilizados para o desenvolvimento da intervenção profissional. A dimensão ético-política refere-se ao desenvolvimento da capacidade de perceber a profissão e a sociedade como um campo de forças contraditórias, na qual deve-se levar em conta o caráter político da atuação profissional, assim como a direção social impressa na intervenção.

Contributos das ciências sociais para o serviço social O Serviço Social, no desenvolvimento da sua prática profissional, tem recorrido a conhecimentos produzidos nos mais variados domínios científicos, o que contribui, de forma significativa, para o seu enriquecimento.

O Serviço Social configura-se, desta forma, como uma profissão integradora de conceitos e saberes elaborados por outras disciplinas que lhe permitiram elaborar o seu próprio referencial teórico e metodológico (García e García, 2004: 201). Em consequência, parece-nos útil traçar um breve retrato acerca da relação do Serviço Social com algumas das ciências que mais influenciaram o seu desenvolvimento, como sejam, a Sociologia, a Psicologia, a Economia, o Direito ou a Medicina.

No que respeita à Sociologia, por ter como objecto o estudo da sociedade e dos processos sociais, constitui-se como uma das áreas do saber que maiores contributos tem fornecido ao Serviço Social, tanto a nível conceptual, quanto no plano metodológico, resultante da proximidade e colaboração das figuras pioneiras do Serviço Social com académicos da Sociologia, designadamente, da Escola de Chicago. Do ponto de vista metodológico, a Sociologia forneceu muitas das técnicas e dos instrumentos com que o Serviço Social procede à apreensão da realidade.

Relativamente à Psicologia, as suas influências sobre o Serviço Social, situam-se no plano teórico mas também, e sobretudo, ao nível dos métodos e modelos de intervenção. Na verdade, é possível encontrar muitos elementos em comum, entre eles, dado que ambos se ocupam do comportamento dos indivíduos e dos grupos e dos modelos de interacção por eles estabelecidos. Talvez, por isso, desde os primórdios do Serviço Social que este, ao interagir com os casos e os grupos e ao atender às necessidades e problemas sociais, adoptou como referência as teorizações do campo da Psicologia. Pode dizer-se que os contributos da Psicologia, para o desempenho técnico do Serviço Social, se situam no plano do saber fazer — conhecimentos teóricos — do saber ser — técnicas relacionais — e do saber estar — atitudes.

Quanto à Economia, a sua importância para o Serviço Social advém de elementos fundamentais, como o bem-estar social e a redistribuição da riqueza. Quando se afirma o importante papel do serviço social, no aumento e generalização do bem-estar, é essencial o conhecimento dos métodos de aferição do bem-estar e os modelos explicativos dos efeitos sociais do funcionamento do sistema económico.

Também o Direito se constitui como fonte de conhecimentos relevante para a prática do Serviço Social, na medida em que a intervenção social implica um conhecimento dos enquadramentos legais e normativos da sociedade. O sistema legal fornece as directrizes para dimensões essenciais da vida dos indivíduos, dos grupos e das comunidades, nomeadamente no que respeita aos direitos essenciais, às relações familiares e à protecção dos elementos mais vulneráveis, como sejam os menores.

Em relação à Medicina, desde cedo se constituiu como uma influência fundamental para o Serviço Social. Os desenvolvimentos científicos da Medicina moderna, responsáveis pela identificação das causas de muitas doenças, abrindo caminho ao seu tratamento e erradicação, foram particularmente inspiradores para os teóricos da filantropia social que pretendiam, pelo desenvolvimento de uma metodologia científica, identificar as origens de problemas sociais como a pobreza ou o crime e promover a sua eliminação.

Enquanto referência fundamental do Serviço Social, é claramente reconhecível, no pensamento de Mary Richmond, a importância consagrada à utilização, na abordagem de casos, de uma metodologia semelhante à da Medicina, assente em processos de recolha de dados, elaboração de diagnóstico e tratamento dos problemas. Outra das ligações entre a Medicina e o Serviço Social advém da consciência da forte correlação entre desigualdades sociais e saúde dos indivíduos que levou, desde muito cedo, os trabalhadores sociais a procurarem promover a igualdade de acesso a cuidados de saúde, através de iniciativas de saúde pública e comunitária.

Contributos do serviço social para as ciências sociais O Serviço Social tem os seus fundamentos, científicos no quadro das ciências sociais e humanas e os seus fundamentos éticos nas questões dos direitos humanos, da dignidade humana, da justiça social e da autodeterminação do sujeito como pessoa/cidadão. O Serviço Social é reconhecido como uma acção privilegiada para a coesão social, requerendo no domínio científico da formação e da investigação o aprofundamento das dimensões teóricas e científicas. No âmbito da intervenção do assistente social exige-se, uma intervenção profissional sustentada em procedimentos teóricos e metodológicos (conhecimento/saber) e em princípios ético-deontológicos, reconhecendo o sujeito como parceiro na acção (sujeito/cidadão).

A metodologia do Serviço Social assume-se como um processo reflexivo resultante do agir profissional e dos testemunhos dos sujeitos, tornando-se facilitadora da construção de conhecimento face aos objectivos de ação desta área de conhecimento. O Serviço Social tem desenvolvido uma intervenção individual e colectiva , através da aplicação de teorias e metodologias específicas, que lhe permite a organização e planificação de actividades de desenvolvimento social e humano, respeitando a multiculturalidade e a interdisciplinaridade .

O Serviço Social embora realize formação pós graduada desde a última década do seculo XX, continua a utilizar os quadros teóricos das ciências sociais e humanas, integrando pouco nos seus planos formativos o conhecimento produzido pela investigação nesta área de saber. Por tradição, o assistente social desenvolve a sua intervenção baseada na relação de ajuda psicossocial personalizada, orientada por quatro ordens de valores ou sejam, os valores Humanistas, que centram a sua atenção no Homem e no respeito de si mesmo; os valores Democráticos que desenvolvem as condições necessárias ao desenvolvimento da sua personalidade e a sua participação social e cívica na sociedade; os valores Políticos e os valores Económicos, que promovem o princípio da subsidiariedade e da igualdade de oportunidades e de direitos sociais e os valores educativos sustentados na dimensão científica do saber, nos quais o profissional se apoia e fundamenta o seu plano de intervenção.

A incorporação destes valores na prática do assistente social requer dos planos de formação em Serviço Social o aprofundamento do conhecimento da Ética como referencial teórico e deontológico, que não se restringe aos códigos de ética ou a princípios deontológicos, mas que apela à compreensão conceptual e à sua operacionalização na intervenção profissional no quadro da complexidade social que envolve as políticas, as pessoas, o contexto social, cultural e comunitário.

Ao Serviço Social, neste início do século XXI, propõe-se como desafio o aprofundamento de quadros teóricos e metodológicos que estimulem uma intervenção profissional centrada nas competências do cidadão enquanto ser humano capaz de construir o seu próprio percurso de vida, no âmbito da construção de uma cidadania social plena e participativa.

O assistente social no exercício da sua atividade identifica dois tipos de competências técnicas e teóricas. Ao nível das competências técnicas destacam-se na formação do assistente social as seguintes: « concepção , relação, comunicação, intervenção e avaliação sendo esta a menos exercitada pelos profissionais e a mais necessária». No que respeita às competências teóricas, os assistentes sociais revelam na sua prática o domínio do conhecimento em Serviço Social ao nível do: «saber-fazer, saber-ser / estar, respeito, autodeterminação, não fazer juízos de valor , elaboração do diagnóstico social»

Ainda ao nível das competências técnicas do Serviço Social o assistente social para além de utilizar na intervenção um conjunto de dispositivos operativos das políticas sociais (ferramentas), desempenha um conjunto de funções especializadas no domínio do diagnóstico, do planeamento e da resposta social que exigem do profissional uma capacidade e competência de conceção e estratégia para conciliar com eficácia uma resposta ao problema no contexto institucional em que se insere, no quadro das políticas sociais e dos direitos sociais do beneficiário da acção .

Ao nível das práticas, o assistente social desenvolve uma intervenção individual, colectiva e comunitária fundada nos princípios da interdisciplinaridade, da intervenção em rede e da promoção da cidadania social activa junto da criança e da família. Actualmente, o Serviço Social procura clarificar através do processo de investigação alguns equívocos, nomeadamente: a confusão entre teorias e os modelos de caso, grupo e comunidade que suportam teoricamente a ação do Serviço Social (Amaro, 2012).

Os métodos tradicionais do Serviço Social Serviço Social de casos; Serviço Social de grupos; e Serviço Social de comunidades

Serviço Social de Casos É um método de ajuda baseado num corpo de conhecimentos, na compreensão do cliente e dos seus problemas e na utilização de técnicas específicas, que procura ajudar os indivíduos a ajudarem-se. É cientifico, na medida em que os seus conhecimentos deveriam da ciência e é artístico, na medida em que o seu exercício deve constituir uma verdadeira arte ( Moix 1991: 313). A designação casework terá sido utilizada, originalmente por Charles Loch, na década de 1880, que, com ela, pretendia ilustrar o processo de individualização do caso e de promoção de ajuda individual. Todavia, esta designação não parece, de início, ter sido consensual entre os pioneiros do trabalho social, que nela viam uma evidente conotação paternalista, pelo que só com Mary Richmond se reabilita o conceito de métodos de casos.

De facto, e com claras influências da psiquiatria, foi Richmond, e com a publicação da sua obra Diagnóstico Social, que o Serviço Social de casos conheceu o grande desenvolvimento, enquanto método de intervenção composto por três grandes etapas: o estudo, o diagnóstico e o tratamento. Considerava Richmond que o estudo permite o apuramento de factos e dados da vida do cliente, suscetíveis de condicionar as suas dificuldades pessoais e sociais. Quanto ao diagnóstico, consiste na interpretação dos elementos previamente apurados. Finalmente, o tratamento, sempre fundado no estudo e no diagnóstico precedentes, traduz-se na eliminação das dificuldades identificadas.

Serviço Social de Grupos o Serviço Social de grupos assenta a sua ação na vivência de grupo, enquanto meio de promoção de desenvolvimento dos indivíduos e do próprio grupo, em prol do interesse social global ( Viscarret 2007). Um método de Serviço Social que ajuda os indivíduos a melhorar o seu desempenho social, através de experiências construtivas em grupo, e a enfrentar, de forma eficaz, os problemas pessoais, de grupo ou de comunidade ( Konopka 1989).

Na sua prática quotidiana, os trabalhadores sociais foram, gradualmente, tomando consciência da importância dos grupos para ajudar os indivíduos a participar nas suas comunidades, para dar sentido à vida das pessoas ou para servir como apoio. Começaram, igualmente, a observar que os grupos podiam ajudar os indivíduos a adquirir competências sociais, ao mesmo tempo que constituíam um instrumento útil para a resolução de problemas ( Viscarret 2007). O grupo afirma-se, assim, como um instrumento que permite a prossecução de um duplo objetivo, promovendo, em simultâneo, o desenvolvimento pessoal de cada um dos seus membros e o desenvolvimento social do próprio grupo.

No seu processo evolutivo, o Serviço Social de grupos foi objeto de influências teórico-científicas distintas e adotou modelos de prática profissional, igualmente diferenciados. Em todo o caso, nesta evolução resulta claro que o centro de interesse das metodologias conhecidas como Serviço Social de grupos radica nos grupos socioterapêuticos e socioeducativos ( Barbero Garcia 2004). As metodologias socioterapêuticas e socioeducativas têm objetivos específicos, sendo possível destacar, nas primeiras, o combate ao isolamento e à exclusão, o enfrentamento de crises ou a reabilitação e, nas segundas, a aprendizagem, a orientação comportamental ou a informação.

No que respeita à prática da intervenção com grupos, Friedlander (1989) identifica numa sucessão de etapas, em tudo semelhante ao Serviço Social de casos, designadamente, o estudo social do grupo, o diagnóstico social e o tratamento. No entanto, numa proposta que se pretende em maior conformidade com prática atual do trabalho social com grupos, muito ligada à revitalização deste método de intervenção durante a década de 1990, Garvin (citado por Viscarret 2007) prefere falar de uma prática composta por quatro etapas: 1) fase pré-grupal (preparatória) 2) a fase de formação do grupo 3) a fase de ação com vista a objetivos 4) a fase de avaliação.

No trabalho com grupos, o trabalhador social deve desempenhar algumas funções específicas, como sejam, a de interlocutor para os diferentes membros do grupo; a de facilitador das interações entre os membros do grupo; a de estimular e apoiar na prossecução de objetivos individuais e grupais; a de interpretar as dinâmicas do grupo e os seus significados; a de planificar, preparar e calendarizar as atividades do grupo; a de orientar essas tarefas; a de estabelecer limites e regras; e, finalmente, a de avaliar o processo grupal.

Para realizarem estas diferentes funções, diremos que os grandes desafios do trabalho social com grupos se relacionam com a eficácia na constituição dos grupos, ao nível da seleção e motivação dos membros do grupo, com a elaboração dos diagnósticos, e com a condução das sessões grupais, ao nível das dinâmicas de funcionamento e da realização de atividades. Do ponto de vista dos objetivos do Serviço Social de grupos, Hartford (citada por Moix 1991) identifica dois grandes tipos: os objetivos relacionados com os membros do grupo, como, por exemplo, a reabilitação ou o desenvolvimento individual; e os objetivos relacionados com a mudança social, que se relacionam com o grupo enquanto agente dessa mudança

Serviço Social de comunidades

O Serviço Social de comunidade ou intervenção comunitária, enquanto método de Serviço Social têm, na sua raiz mais remota, uma vontade de resposta a um conjunto de problemas concretos gerados pela industrialização e pela urbanização. Moix (1991) marca como o momento do nascimento do Serviço Social de comunidades a apresentação, ao Congresso norte-americano de Serviço Social de 1939, do Relatório Lane .

A legitimação do Serviço Social de comunidades, como método próprio do Serviço Social, orientado para a solução de problemas ao nível comunitário, ocorre a partir da segunda metade do século XX, sendo objeto de aprofundada teorização por vários autores. Ao promover o desenvolvimento das comunidades locais mais periféricas ou excluídas, a intervenção comunitária contribui para atenuar as injustiças geradas pela globalização, abrindo vias, social e democraticamente válidas, de equilíbrio entre o global e o local ( Viscarret 2007).

Ao Serviço Social cabe o papel de ajuda a essa participação e o papel de mediação entre as comunidades locais e as autoridades, para prossecução dos objetivos de incremento do bem-estar social. De igual modo, e porque a comunidade é um sistema social onde interagem indivíduos e grupos, importa ter presente que o âmbito comunitário é, simultaneamente, o âmbito individual e, sobretudo, grupal, sendo a intervenção comunitária realizada, fundamentalmente, através do trabalho com os grupos na comunidade

A prática da intervenção comunitária regeu-se, ao longo da sua evolução, por duas grandes orientações, identificadas por Twelvetrees (1985): Em primeiro lugar , uma orientação técnica, assente no reconhecimento de um espaço profissional próprio do Serviço Social comunitário, dominado por valores de técnica e eficiência e consubstanciando em funções de gestão e organização de recursos.

Em segundo lugar , uma orientação marxista que perspetiva a intervenção comunitária como uma forma de despertar e dinamizar identidades e organizações de classes, consubstanciada em funções de consciencialização e mobilização. Resulta deste modo clara uma dimensão sociopolítica subjacente à intervenção comunitária e que foi reforçada, em grande medida, pela teorização e prática do Serviço Social latino-americano e pelo movimento de reconceptualização do Serviço Social da década de 1970. Neste sentido, no processo de abordagem a problemas e situações de caráter coletivo, o Serviço Social de comunidades deve promover a organização e a ação associativa.

Desta forma, não apenas se lograrão mudanças efetivas no meio, como também se apoiará a comunidade, como um todo, na aquisição e no desenvolvimento de competências e estratégias, orientadas para a melhoria das suas condições de existência. A metodologia da intervenção comunitária assenta em quatro dimensões fundamentais: o conhecimento da comunidade (suas caraterísticas, problemas e potencialidades); a programação das ações ; a ação social ; e, finalmente, a avaliação da intervenção realizada .

Nesta metodologia de intervenção comunitária, constituem funções do trabalhador social: Contatar com indivíduos e verificar as suas necessidades. Reunir os indivíduos promovendo a discussão acerca das necessidades e motivando-os para a ação. Apoiar na definição de objetivos gerais para a comunidade. Dinamizar a criação e manutenção de uma organização coletiva, orientada para a prossecução dos objetivos definidos. Apoiar na definição de estratégias de ação. Apoiar na divisão de tarefas e na sua realização. Promover a comunicação no conjunto da comunidade ( Twelvetrees 1985).

Desafios técnicos na intervenção em comunidades D esenvolvimento de algumas competências básicas, como sejam: a capacidade de diagnosticar necessidades e potencialidades no todo comunitário, definido e clarificando objetivos e prioridades; a capacidade de mobilizar e manter a ação coletiva, organizando essa ação e repartindo tarefas; ou, ainda, a capacidade de gerir as relações interpessoais e os eventuais conflitos.

O MÉTODO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO

A gradual evolução dos métodos tradicionais, a par com a crescente complexificação teórica e epistemológica, a partir de finais da década de 1960, determinaram a procura de um método de intervenção único. Pretendia-se que este método fosse integrador dos objetivos e propostas dos três modelos clássicos e que pudesse resultar mais flexível e capaz de dar resposta à natural interdependência entre situações individuais, grupais e comunitárias. O método de intervenção permite, justamente, esta abordagem integradora e holística. Tratava-se, ainda, de procurar um enfoque que, centrando-se no conceito de intervenção, fosse capaz de evidenciar o conjunto de ações e estratégias desencadeadas pelo trabalhador social para modificar a situação do(s) seu(s) utente(s), em função das situações e problemas concretos, independentemente de se tratar de um indivíduo isolado, um grupo ou uma comunidade.

O método de intervenção utiliza-se tanto no trabalho com indivíduos, famílias ou grupos pequenos, ou seja, numa dimensão microssocial , como no trabalho de comunidades locais ou em grandes categorias sociais, isto é, numa dimensão macrossocial (De Robertis 2003). O método de intervenção incorpora, por si só, toda a atividade do trabalho social enquanto agente promotor de mudança. Neste sentido, compõe-se duas dimensões complementares que respeitam, simultaneamente, ao “que fazer” – no sentido dos conhecimentos e competências do trabalhador social – e ao “como fazer” no sentido dos valores ideológicos que orientam o trabalhador social na ação com os utentes ( Caparrós 1998).

Modelos de intervenção

A definição do modelo de intervenção é, então, determinada por um conjunto de elementos, como sejam, o tipo de fenómenos a que se dirige essa intervenção; os fundamentos teórico-conceptuais que a suportam; os objetivos a que se propõe; os valores e princípios que a orientam; e, ainda, os métodos e as técnicas que utiliza. Os modelos em Serviço Social enquadram os princípios de ação a implementar, definido os objetivos a atingir e o métodos e técnicas a utilizar, sempre em relação com as condições especificas do meio em que se vai realizar a intervenção.

Os modelos de intervenção registaram uma importante evolução, ligada, naturalmente, a elementos de natureza teórica, ideológica e funcional mais vastos, do Serviço Social. A generalidade dos autores identifica como principais modelos de intervenção social, correspondentes a outras tantas influencias teóricas, ideológicas e epistemológicas, o Modelo Psicossocial; o Modelo de Modificação de Conduta; o Modelo Sistémico e o Modelo de Intervenção em Crise.

MODELO PSICOSSOCIAL

Tipo de situação em que intervêm Destina-se aos cidadãos que manifestem um problema interno (essencialmente em relações familiares, escolares, laborais ou grupais) devido principalmente a dificuldade no seu funcionamento psíquico e na relação dos sistemas.

Natureza da intervenção / objectivo Facilitar a resolução dos problemas resultantes dos desequilíbrios na relação entre o individuo e o meio Promover, facilitar adaptações positivas corrigindo ou prevenindo interacções inadequadas entre as forças envolvidas. Etapas/fases : Diagnostico social Tratamento Avaliação O processo é realizado ao longo de diversas entrevistas com o objectivo de identificar e compreender o problema, para assim focar-se nas suas causualidades , dificuldades bem como na sua resolução

Diagnóstico Na fase de diagnóstico procura-se, num primeiro momento, descrever a situação psicossocial do(s) utente(s) e o problema que o afeta. De seguida, procura-se realizar uma análise causal, verificando possíveis nexos de causa-efeito com relevância para a situação/problema. Finalmente, avaliam-se os recursos individuais, familiares e sociais que podem ser mobilizados para a intervenção. Todos estes elementos pressupõem que, no quadro da relação de ajuda, estas analises sejam partilhados por trabalhador social e utente. Só depois desta análise comum do problema se estabelece o plano de ação, em que são delineadas as estratégias de intervenção, e que representa o momento prévio do tratamento.

Tratamento O processo de tratamento pressupõem procedimentos de Serviço Social direto – realizado diretamente com o utente para modificar elementos de pressão interna – e Serviço Social indireto – realizado junto do meio envolvente para modificar elementos de pressão externa que afetam o utente.

Avaliação A fase de avaliação consiste na avaliação dos resultados conseguidos à luz dos objetivos inicialmente definidos e implica frequentemente o fim da relação de ajuda. É por isso importante que, ao longo da relação, se trabalhe a inevitabilidade desse fim e o seu significado de conquista de interdependência e autonomia por parte do utente.

MODELO DE MODIFICAÇÃO DE CONDUTA O modelo de modificação de conduta funda-se nos princípios do behaviorismo e da teoria da aprendizagem e no Serviço Social foi desenvolvido, do ponto de vista teórico, por Edwin Thomas. A grande finalidade deste modelo relaciona-se com a modificação dos comportamentos-problema dos utentes. Neste modelo, o trabalhador social concentra-se nas situações especificas relacionadas com o comportamento-problema, bem como com os processos de aprendizagem e socialização geradores desses comportamentos

Constituem objetivos gerais deste modelo: a aquisição de novas condutas, o fortalecimento dos comportamentos positivos e a supressão dos comportamentos negativos. No plano metodológico, uma vez identificadas, numa análise comum com o utente, as causas dos comportamentos-problema e os objetivos de mudança a prosseguir, é essencial o estabelecimento de um contrato de ajuda entre o trabalhador social e o utente, favorecedor da participação e da responsabilização deste último, na prossecução dos objetivos negociados.

MODELO SISTÉMICO O modelo sistémico representa, relativamente aos modelos anteriores, uma significativa mudança de perspetiva, na medida em deixa de encarar os fenómenos numa dimensão individual e de causalidade linear, propondo um paradigma de análise totalizador e de causalidade circular, onde os fenómenos só ganham significado a partir das interações entre os indivíduos num dado contexto

O modelo sistémico só existe um verdadeiro processo de ajuda, quando o problema deixa de ser percebido, e afrontado, como fruto de um conflito do individuo (conflito interno ou com o meio) e passa a ser entendido como conflito de uma relação. Se todos os indivíduos estão envolvidos num sistema de relações de interdependência, a mudança num dos elementos do sistema repercute, necessariamente, em mudanças. Quer nos outros elementos, quer no sistema como um todo.

MODELO DE INTERVENÇÃO EM CRISE A crise consiste numa reação subjetiva à tensão desencadeada por determinado acontecimento, que afeta a estabilidade e o desempenho social dos indivíduos. As situações precipitantes de crise são de ordem vária e podem ligar-se a acontecimentos sociais, a ruturas afetivas, a perdas materiais ou a ocorrências graves e súbitas, como acidentes, catástrofes ou crimes.

Independentemente dos fatores precipitantes, as crises caraterizam-se sempre por estados emocionais ambivalentes e desorganizados. Caraterizam-se, também, pela sua duração limitada, de aproximadamente 6 a 8 semanas, em que o período inicial é marcado pela desorganização que, gradualmente, deve ir cedendo lugar a um reajustamento dos comportamentos individuais à nova situação.

As caraterísticas da intervenção em crise são as seguintes: A intervenção é imediata à crise Tem uma duração breve (enquanto intervenção de crise) É uma intervenção fortemente estruturada e dirigida a objetivos muito concretos É uma intervenção intensiva (fundada em contatos muito frequentes entre o trabalhador social e o utente) e muito diretiva (por parte do trabalhador social).

A PRÁTICA DA INTERVENÇÃO SOCIAL

TIPOS DE INTERVENÇÃO SOCIAL Intervenção directa Intervenção indirecta à diferenciação entre as duas grandes categorias de intervenção entre as duas categorias de intervenção social que são a intervenção de carácter assistencialista e a intervenção de carácter autonomizador

Intervenção Directa Decorre da própria relação cara-a-cara entre o trabalhador social e o cliente e constitui-se como o conjunto de acções que implicam o contacto pessoal, ou seja, ocorrem no quadro da relação presencial entre o sistema-interventor e sistema cliente. Segundo Cristina de Robertis (1988), as intervenções directas são: Compreender/Apoiar – as acções desenvolvidas pelo trabalhador social são de promoção da compreensão de si mesmo, por parte do cliente, e de apoio nesse processo de auto-conhecimento . Informar/Educar – as acções do trabalhador social dirigem-se à promoção de informação, assumindo uma função educativa perante o utente.

Controlar/Definir regras – as acções passam pelo acompanhamento do cliente no seu processo de interiorização das normas e limites, fixados na relação, para prossecução dos objectivos . Criar oportunidades – as acções orientam-se para a descoberta e utilização de novos recursos e oportunidades, implicando novas modalidades de inserção e participação no meio.

Estruturar a relação – no decurso do processo de intervenção, é necessário organizar, estruturar e dirigir a própria intervenção e a relação entre o trabalhador social e o cliente. Esta organização e estruturação deve ser definida em conjunto, de modo a fortalecer o empenho e o compromisso na prossecução dos objectivos , bem como para complementar as acções , anteriormente referidas, de definição de normas e limites.

Intervenção indirecta Designam-se todas as acções que são realizadas pelo trabalhador social sem a presença do utente, seja porque se trata de acções no meio envolvente e no sistema de relações sociais do utente, seja porque se trata de acções de carácter organizativo e de gestão dos diferentes recursos ou de planificação das estratégias de intervenção. As acções envolvidas dizem respeito a: Organização e preparação de relatórios; Planificação das intervenções directas – definição de estratégias e actividades e estabelecimento da respectiva calendarização; Intervenção no meio envolvente – com os diferentes grupos e/ou entidades sociais com ligação ao cliente; e Intervenções institucionais – no quadro da promoção de trabalho em rede para prossecução/consolidação dos objectivos de intervenção.

Relativamente à distinção entre duas grandes categoriais de intervenção, ela funda-se, sobretudo, nos grandes objectivos a que se propõem. Assim, a intervenção de tipo assistencialista procura atenuar os constrangimentos do meio, aliviando necessidades, limitações e pressões, através do fornecimento de recursos e serviços, num processo que parte do exterior (meio) para o interior (utente).

Pelo contrário, a intervenção autonomizadora procura promover (ou corrigir) a capacidade de resposta e de fundamento social dos indivíduos, no sentido da sua realização pessoal. Assenta no princípio do desenvolvimento e utilização das capacidades positivas do utente para prossecução da mudança pretendida. É um processo que vai do interior (personalidade/condições pessoais do utente ou sua família) para o exterior (meio social).

FASES DA INTERVENÇÃO SOCIAL A primeira fase da intervenção social corresponde à tomada de contacto com a situação do(s) utente(s), correspondendo, também, ao início da relação entre o sistema-intervenção e o sistema-cliente. A segunda fase corresponde à elaboração, pelo trabalhador social, do primeiro diagnóstico da situação social. Este diagnóstico compreende a definição precisa do problema ou problemas; a identificação preliminar dos factores que produzem (e reproduzem) esses problemas; e, a inventarização dos factores positivos, como sejam, as capacidades e oportunidades, bem como de factores negativos, obstáculos ou impedimentos, envolvidos na situação e que terão de ser considerados no projectos de intervenção.

As informações a incluir neste diagnóstico são de natureza variada e referem-se a elementos de natureza bio.psico -social, designadamente: Dados de identificação do utente; Dados do agregado doméstico e genograma ; Situação de saúde (do próprio e dos elementos do agregado); Situação socioeconómica e laboral (rendimentos e sua origem, situação perante o emprego dos adultos no agregado);

Situação escolar do(s) menor( es ): relação família/escola e habilitações escolares dos elementos do agregado; Dinâmica familiares: relação conjugal dos adultos; relação pais/filhos (estilo educativo/regras), relação entre irmãos ou menores, relação com outros familiares; Relações sociais do agregado, participação social; Lazer e tempos livres do agregado; História social da família (origem, movimentações, relações sociais…); Análise da problemática, das necessidades e dos recursos/capacidades; Avaliação técnica – diagnóstico/prognóstico; e Proposta de intervenção (recursos a mobilizar, calendarização, avaliação).

A terceira fase da intervenção corresponde à elaboração do projecto de intervenção. Este projecto é resultante da relação entre o trabalhador social e o cliente, e da sua análise comum dos problemas, necessidades e prioridades de acção . Nesse sentido, o projecto de intervenção assume, também, um carácter contratual, estabelecendo um vínculo de compromisso e responsabilização mútua entre sistema-interventor e sistema cliente, para prossecução dos objectivos comummente definidos.

No projecto são explicitadas: as acções a realizar, as razões da sua realização; os objectivos pretendidos com essa realização; os alvos das acções ; as metodologias a utilizar; os recursos a afectar (recursos humanos e materiais, formais e informais); o calendário da intervenção e, finalmente, os espaços de intervenção.

A quarta fase da intervenção corresponde à implementação da intervenção, ou seja, à concretização das acções definidas no projecto . Esta implementação da intervenção, por ir de encontro aos objectivos de sistema-cliente e sistema- intewentor , acaba por cumprir uma dupla função, que não deve, em momento algum, ser negligenciada: relativamente ao sistema-cliente, trata-se da função de promover melhorias reais na sua situação e de superar problemas sociais concretos; relativamente ao sistema-interventor, trata-se da função de constituir um desafio pro fissional estimulante e motivador.

O último momento do processo de intervenção social corresponde à sua avaliação. A avaliação consiste numa análise sistemática à intervenção, com o propósito de verificar a sua capacidade de atingir os bbjectivos fixados.

Para o conseguir, a avaliação deve incidir: nas estratégias de acção adoptadas ; nos contextos em que se realizaram as acções , ao nível das suas limitações e potencialidades; no processo de intervenção, propriamente dito, ao nível da planificação, das actividades e das metodologias de intervenção; e, finalmente, nos resultados conseguidos, em relação com os objectivos inicialmente fixados.

Outro dos objectivos da avaliação poderá ser o de propôr ajustamentos ou redefinições da intemenção . Neste caso, o conhecimento resultante da intervenção e dos resultados da avaliação dá origem a um novo diagnóstico social, sobre o qual é feita a redefinição das estratégias de acção , desencadeando novos processos de intervenção, com uma sucessão de fases semelhante