A Donzela Joana - Paradoxo Franco-Pernambucano

marcosskilletlajedo 0 views 32 slides Sep 25, 2025
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About This Presentation

Apresentação a respeito dos paradoxos encontrados entre a obra brasileira Donzela Joana e a obra francesa Joana D'arc.


Slide Content

Um Paradoxo Franco-Pernambucano na Obra A Donzela Joana Maria Luanna & Marcos Ferreira

Tópicos Vida e obra do autor 01 O Teatro Popular do Nordeste 02 03 A Joana Francesa e o Paralelo Intertextualidade 04 A Caça às Bruxas e o Discurso Machista 05

Vida do Autor Escritor, dramaturgo, jornalista, encenador, tradutor, crítico de teatro. Hermilo Borba Filho nasceu em Palmares (PE) em 8 de julho de 1917 e morreu no Recife em 2 de julho de 1976.

Vida do Autor Publicou sete romances, três livros de contos, duas novelas, doze pesquisas e ensaios e mais de uma dezena de traduções, além de 23 peças, das quais sete foram publicadas em vida.

O Teatro Popular do Nordeste Dentre os muitos movimentos artísticos do Brasil após a Segunda Guerra, um dos mais influentes foi o Teatro Popular do Nordeste (TPN). Ariano, junto com o dramaturgo Hermilo Borba Filho e o músico Capiba foram os fundadores desse movimento artístico. Em 1940, Borba e Suassuna se unem, a fim de criarem o Teatro do Estudante de Pernambuco, esse grupo tinha como proposta apresentar peças de teatro de forte influência regionalista do Nordeste, prezando, contudo, pela excelência estética e dramatúrgica. A Pena e a Lei

O Teatro Popular do Nordeste O público-alvo seria a população geral, notadamente, estudantes universitários e trabalhadores do proletariado. Não se tratava apenas de encenar, mas encenar por meio de uma estética e linguagem própria das manifestações populares do Nordeste, dentre elas, o teatro de mamulengos, o teatro religioso, o cordel, o Bumba-meu-boi, e o repente. O Melhor Juiz, o Rei

O Teatro Popular do Nordeste Com o enfraquecimento do TEP, caminho natural de Borba, Suassuna, Capiba e ainda de autores como Cavalcanti Borges e Gastão Holanda foi a criação do TPN, nos anos de 1960, que por sua vez procurou aprofundar as questões levantadas pelo TEP, trazendo textos de caráter político, como o caso de A Mandrágora de Maquiavel.

Sobre o Teatro de Hermilo Borba Filho O teatro, que a princípio era chamado de Centro Experimental Teatro Apolo, surgiu a partir da transformação de dois armazéns localizados nos fundos do Teatro Apolo em espaço cênico. Iniciou suas atividades em 1987, com a montagem de O Balcão, de Jean Genet, com direção de Antonio Cadengue e atuação dos alunos do Curso de Formação do Ator da Universidade Federal de Pernambuco. Reinaugurado em 1988 agora levando o nome do dramaturgo.

A Joana Francesa

Escolhida pelos Santos Joana d’Arc foi uma camponesa francesa que ficou gravada na história do seu país por liderar tropas contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453). A francesa alegava ter visões e ouvir vozes que falavam para ela ingressar na luta contra os ingleses. Joana d’Arc nasceu no período em que a França travava uma guerra contra os ingleses pelo controle de terras e pelo trono francês. Essa era a Guerra dos Cem Anos, iniciada em 1337 e finalizada em 1453. Ao longo desse período, vários armistícios foram acordados entre as duas coroas.

Paralelo Os holandeses conquistaram a capitania de Pernambuco, em 1630, e instalaram uma colônia holandesa que existiu até 1654, quando os portugueses conseguiram expulsar os holandeses e retomar a região.

Paralelo As invasões holandesas no Brasil têm relação direta com a União Ibérica, acontecimento que teve início em 1580, quando o rei português d. Henrique I faleceu e, como não possuía herdeiros diretos ao trono de Portugal, uma crise de sucessão iniciou-se. Três nomes proclamaram direito sobre o trono português, sendo um deles Filipe II da Espanha, o rei espanhol. O fato que iniciou o conflito foi uma disputa dinástica pelo trono francês. Em 1328, o rei francês Carlos IV faleceu sem deixar herdeiros diretos para ocupar o trono da França. Isso abriu a possibilidade para que outros parentes pudessem assumir o trono, e um deles era Eduardo III, rei da Inglaterra.

Paralelo O papel de Joana d’Arc, em liderar e elevar o moral das tropas francesas para conquistar duas vitórias expressivas, chamou a atenção dos ingleses. Assim, franceses aliados dos ingleses e os próprios ingleses organizaram-se para capturar a jovem. Com a captura de Joana d’Arc, os ingleses iniciaram um processo que enumerou dezenas de acusações contra a francesa, das quais se destacam heresia e bruxaria. Joana d’Arc passou oito meses presa, e o rei francês não se moveu para salvá-la.

Intertextualidade

A intertextualidade é a relação estabelecida entre dois ou mais textos. Em outros termos, é estabelecido um diálogo entre ambos em que um cita o outro. Para Bakhtin, a linguagem é, por natureza, dialógica. Em outras palavras, ela sempre estabelece uma relação/diálogo entre pelo menos dois seres, dois discursos, duas palavras.

Usando o Nordeste como palco de sua obra, recriou o perfil da Donzela de Orléans, assim como ficou conhecida Joana D'arc, heroina e mártir durante a Guerra dos Cem anos. Pelo fato de o dramaturgo acreditar que o Nordeste possui diversas histórias heroicas que precisam ser mostradas ao público. Dessa forma, a temática abordada em A Donzela Joana, é a luta para a expulsão dos holandeses que se estabeleceram em Pernambuco, bem como os feitos de Joana D'arc. Tais eventos foram representados de forma alegórica, com a presença integral da cultura nordestina como resultado do seu contato com a literatura, folguedos e espetáculos do povo da região, como nos diz Borba Filho (1966);

Para tanto, HBF fez diversas pesquisa bibliográficas literárias e históricas para a produção da referida peça, tanto que, para que a cultura popular fosse manifestada no desenvolvimento do conflito da Peça, consultou autores como Érico Veríssimo (A vida de Joana d' Arc), C. R. Boxer (Os holandeses no Brasil), Bernard Shaw (Santa Joana, entre outros. A História não é contada exatamente como aconteceu, mas vale-se da alegoria para fazer referência à guerra contra os holandeses, de forma a percorrer atitudes heroicas em um cenário brasileiro. O autor estabelece uma incrível relação entre o pastoril, mamulengos, maracatu, reisado, cavalo marinho, bumba-meu-boi, cancioneiro e o maracatu com o drama colocado quando se refere aos atos heroicos de Joana D' Arc e dos acontecimentos entre pernambucanos e holandeses.

A Caça às bruxas e o Discurso Machista

As mulheres sempre carregaram um sentido de máxima importância na sociedade. Por serem capazes de engravidar, detém o poder de dar seguimento à vida na Terra. Além disso, desde os primórdios da humanidade, era papel das mulheres criar os filhos, transferindo conhecimento sobre como funciona a natureza, as estações do ano, o plantio, quais os animais e plantas perigosos e, consequentemente, começaram a aprender como funciona o corpo humano, como combater uma febre ou gripe, até mesmo uma dor de dente, com o uso de plantas medicinais. Esse conhecimento foi passado de geração a geração, de mãe para filha e, com isso, a mulher garantia seu valor na sociedade. No entanto, à medida que essas mulheres, as antigas enfermeiras, médicas, professoras, estudiosas de qualquer segmento, começaram a questionar seu papel até então inferiorizado pelos homens, a Igreja Católica, dominada por ideias patriarcais, percebeu uma ameaça. O simples ato de não concordar com a opinião imposta por um homem, já era motivo de suspeitarem de bruxaria.

DOM BARRÃO O que essa donzela fez! afirma falar com santos, profetizando, arrogante, e por artes de mágia sai indene das batalhas. Por muito menos que isso já queimei alguns canalhas. Portanto, aqui vos prometo que se ela não se desdiz terá uma brasa ardente como a sua flor-de-lis!

Eram queimadas na fogueira todas as culpadas de bruxaria pelos líderes da Inquisição. Aquelas que sustentavam sua inocência eram queimadas vivas. As que confessavam por meio de tortura eram enforcadas e tinham o corpo queimado logo em seguida “A humanidade é masculina, e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo.” Ainda continua: “Opõe-se por vezes o “mundo feminino” ao universo masculino, mas é preciso sublinhar mais uma vez que as mulheres nunca constituíram uma sociedade autônoma e fechada; estão integradas na coletividade governada pelos homens e na qual ocupam um lugar de subordinadas; estão unidas somente enquanto semelhantes por uma solidariedade mecânica.” (Beauvoir, p. 363, 1949)

O Discurso Machista O macho é um homem forte, grosseiro, autoritário, patriarcal, é o chefe que aplica as regras aos demais e ordena o que cada um deve fazer. Nesse caso, macho vai se referir a esse tipo de homem, mas quando ouvimos “Mulher macho”, temos um problema porque pelo meio social não é possível que uma mulher seja de fato “macho”. O lugar reservado para ele já está preenchido pelo signo masculino e, portanto, não há espaço para a mulher. O que se espera para mulher é que ela seja recatada, que não consiga realizar trabalhos pesados como o homem, que seja subserviente etc.

Existe uma memória discursiva preconceituosa, ainda que essa não apareça de forma evidente, mas essa não deixa de customizar a ideia do homem como um ser superior do qual espera-se que se tenha respeito. Bourdieu em A Dominação Masculina em sua 12ª edição (2012), associa a masculinidade à nobreza.

“A nobreza, ou a questão de honra (nif), no sentido do conjunto de aptidões consideradas nobres (coragem física e moral, generosidade, magnanimidade etc), é produto de um trabalho social de nominação e de inculcação, ao término do qual uma identidade social instituída por uma dessas “linhas de demarcação mística”, conhecidas e reconhecidas por todos, que o mundo social desenha, inscreve-se em uma natureza biológica e se torna um habitus, lei social incorporada. .” (Bourdieu, 2012, p.63-64). Conforme o que Bourdieu afirma, o homem é um ser nobre por possuir esse conjunto de aptidões como a coragem física e moral. O que afasta o perfil feminino que é visto como sexo sensível e dependente que precisa estar coerentemente nos padrões impostos pela sociedade. Logo o sujeito que tenta ultrapassar esses padrões ou aparece rompendo com eles, são mal vistos pela perspectiva masculinista, que não aceitam mulheres determinadas por estarem a frente do seu tempo e do que se espera delas.

A Representação Feminina DOM BARRÃO Como vai, boa menina? Me permita que lhe diga: são de chamar atenção estas vestes masculinas, este cabelo cortado; Este porte de mancebo não vai bem numa donzela, contra as normas eles são,

A Representação Feminina Para Bourdieu (ano, p.34) A ordem masculina se inscreve também nos corpos através de injunções tácitas, implícitas nas rotinas da divisão do trabalho ou dos rituais coletivos ou privados (basta lembrarmos por exemplo, as condutas de marginalização impostas às mulheres com sua exclusão dos lugares masculinos). As regularidades da ordem física e da ordem social impõem e inculcam as medidas que excluem as mulheres das tarefas mais nobres (conduzir a charrua, por exemplo), assinalando-lhes lugares inferiores (a parte baixa da estrada ou do talude), ensinando-lhes a postura correta do corpo (por exemplo, curvadas, com os braços fechados sobre o peito, diante de homens respeitáveis), atribuindo-lhes tarefas penosas, baixas e mesquinhas (são elas que carregam o estrume, e, na colheita das azeitonas, são elas que as juntam no chão, com as crianças, enquanto os homens manejam a vara para fazê-las cair das árvores), enfim, em geral tirando partido, no sentido dos pressupostos fundamentais, das diferenças biológicas que parecem assim estar à base das diferenças sociais.

A Representação Feminina DONA SECUNDINA Não quero mulher aqui! Ninguém manda no Joãozim. VIEIRINHA Bobagem, doce de coco. Essa donzela é mandada por Capitão João Redondo, afirmando em sua carta que tem poderes do Alto, que ela vai me coroar À E num passe de magia Olinda vai libertar, CABO 70 ' Eu não posso acreditar! CASSIMICÔCO Como pode uma mocinha entender do guerrear? VIEIRINHA Vou recebê-la e é já. " DONA SECUNDINA NE Pois então fica avisado que a porta lá do meu quarto hoje pelas onze horas Não se abre pra você.

A Representação Feminina Sabemos que durante décadas a mulher foi subjugada pela sociedade, se fazendo acreditar em ideologias criadas e alimentadas pela mesma, ideologias essas onde a mulher tem um papel na sociedade, como cuidar da casa, marido e filhos, se fazendo assim submissa ao homem, isso tudo acarretou em pensamentos e discursos machistas não só por parte dos homens mas se fazendo presente em muitas mulheres, mesmo que sem perceber elas propagam o que a sociedade as incentivam e as ensinam desde muito pequenas. O machismo surge de discursos propagados no nosso cotidiano, de coisas simples, por isso que muitas mulheres acabam se tornando propagadoras mesmo sem ter a consciência, elas respondem a um sistema, um sistema simbólico já conhecido e estranhamente familiar, pois cresceram sob esta ideologia.

Henrique Magalhães, 1978

Referências CEPE EDITORA. HERMILO BORBA FILHO - CEPE Editora. Disponível em: <http://www.editora.cepe.com.br/autor/hermilo-borba-filho>. Acesso em: 11 dez. 2024. ‌INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Hermilo Borba Filho. Disponível em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/1729-hermilo-borba-filho>. Acesso em: 11 dez. 2024. ‌GROSSO, L. O que foi o Teatro Popular do Nordeste? Disponível em: <https://www.pensarcursos.com.br/blog/o-que-foi-o-teatro-popular-do-nordeste/>. Acesso em: 11 dez. 2024. ‌SILVA, Neves Daniel. Joana d’Arc: biografia, atuação na guerra, morte. Disponível em: <https://www.historiadomundo.com.br/idade-media/joana-darc.htm>. ‌

Referências SILVA, Neves Daniel. Invasões holandesas: contexto, como foram, fim. Disponível em: <https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/invasoes-holandesas.htm>. Teatro Hermilo Borba Filho | Prefeitura do Recife. Disponível em: <https://www2.recife.pe.gov.br/servico/teatro-hermilo-borba-filho>. Acesso em: 11 dez. 2024. ‌ Magalhães, Henrique. Maria, 2: Donzela Joana. João Pessoa: julho de 1978. Editora Artesanal.

Gratos!
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