altos níveis de desempenho. As empresas precisam ir além da competição. Para conquistar
novas oportunidades de crescimento e de lucro, elas também precisam criar seus oceanos azuis.
No entanto, o foco predominante do pensamento estratégico da das empresas têm convergido
para os oceanos vermelhos. Parte da explicação é que as raízes da estratégia empresarial ainda
sofrem forte influência da estratégia militar. A própria linguagem da estratégia está
profundamente impregnada de referências militares, principalmente em um inglês, como se vê
por termos como “headquartes” e “front-lines”. Descrita desta maneira, estratégia significa
enfrentar o adversário e combatê-lo para a conquista de um determinado território limitado e
constante. No entanto, ao contrário da guerra, a história dos setores econômicos mostra que o
universo dos mercados nunca foi estável; em vez disso, ao longo do tempo, sempre se
desbravaram novos oceanos azuis. Portanto, concentrar-se nos oceanos vermelhos é aceitar os
principais fatores restritivos da guerra - território limitado e necessidade de derrotar o inimigo
para realizar os objetivos - em negar a força diferenciada do mundo dos negócios: a capacidade
de criar novos espaços de mercado inexplorados.
Tudo isso sugere que o ambiente de negócios tradicional, no qual a grande parte das
abordagens sobre estratégia e gestão se desenvolveu no século XX, está desaparecendo em
ritmo cada vez mais acelerado. À medida que os oceanos vermelhos ficam cada vez mais
sangrentos, os gestores, bem mais do que estão acostumados, deverão preocupar-se com os
oceanos azuis.
Inovação de valor: a pedra angular da estratégia do oceano azul
O que diferenciou de maneira consistente os vencedores dos perdedores na criação de oceanos
azuis foi a maneira de encarar a estratégia. As empresas que se perderam no oceano vermelho
adotaram uma abordagem convencional, empenhando-se para vencer a concorrência por meio
da construção de posições defensáveis e no âmbito da ordem setorial vigente.
Surpreendentemente, as empresas criadoras de oceanos azuis não recorreram aos concorrentes
como paradigmas. Em vez disso, adotaram uma lógica estratégica diferente, que denominamos
inovação de valor. Nós a chamamos inovação de valor, pois em vez de se esforçar em para
superar os concorrentes, concentraram o foco em tornar a concorrência irrelevante, oferecendo
saltos no valor para os compradores e para as próprias empresas, que assim desbravaram
novos espaços de mercado inexplorados.
A inovação de valor atribui a mesma ênfase ao valor e à inovação. Valor sem inovação tende a
concentrar-se na criação de valor em escala incremental, algo que aumentam o valor, mas não é
suficiente para sobressair-se no mercado. Inovação sem valor tende a ser movida a tecnologia,
promovendo pioneirismo ou futurismos que talvez se situem além do que os compradores
estejam dispostos a aceitar e a comprar. Neste sentido, é importante promover distinção entre a
inovação de valor e os conceitos de inovação de tecnologia e pioneirismo no mercado. Nosso
estudo mostra que a diferenciação entre vencedores e perdedores na criação de oceanos azuis
não é nem o ineditismo tecnológico nem a rapidez de entrada no mercado. Às vezes, tais fatores
estão presentes; no entanto, com mais freqüência, não são relevantes. A inovação de valor
ocorre apenas quando as empresas alinham inovação com utilidade, com preço e com ganhos
de custo. Se não conseguirem associar a inovação e valor dessa maneira, as organizações
geralmente põem ovos que acabam sendo chocados por outras empresas.
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